Capítulo 58
1510palavras
2024-03-10 08:04
Capítulo 58
Elisa
Estou voltando para casa, bom para o lugar onde deveria ser a minha casa, estou voltando com a minha mãe, depois de matar o meu padrasto , porque a minha mãe precisava de ajuda, então eu o matei.
Eu fiz o que devia fazer. O que houve com o corpo? Bom ele foi enterrado, teve um lindo funeral assim como devia ser, a viagem não é muito longa, eu morava em Curitiba com a minha mãe e com o homem que até pouco tempo eu achei ser o meu pai, e agora estou voltando para São Paulo.
Afinal eu levava o nome dele, ele me criou, apesar de tudo ele foi o único pai que eu conheci. Porque eu o matei? Bom, a pouco tempo eu descobri que o meu “pai” traia a minha mãe, e aparentemente isso era algo frequente, eu peguei o meu “pai” com a sua secretária, na sala de reunião da sua empresa.
A noite estava chuvosa, estava fazendo muito frio, já passava das nove horas da noite, tínhamos um jantar em "família", meu pai, minha mãe e eu, assim como toda sexta-feira à noite.
Meu pai ligou do escritório para casa e disse que ficaria até mais tarde no trabalho por que era fim de mês e ele tinha uma papelada para resolver, a minha mãe quem atendeu a ligação,eu não estava em casa, na verdade eu estava resolvendo algumas pendências do escritório, eu estava bem próxima da empresa, quando a minha mãe me ligou avisando que o nosso jantar havia sido cancelado porque o meu pai estava preso no escritório.
Então eu resolvi ir até ele, afinal não me custava nada ajudar o meu pai, nós trabalhávamos juntos a um tempo, quero dizer eu poderia ajudar ele a terminar mais rápido assim ele poderia ir para casa mais cedo.
Eu estacionei o carro na frente da empresa, falei com o segurança e entrei, subi no elevador, a empresa já estava vazia por conta do horário. Eu entrei na sala de reunião e peguei eles no flagra. A secretária peituda dele estava de quatro sobre a mesa, eu acho que não preciso explicar o resto da cena.
Então eu envenenei o meu “pai”, e ele morreu.
Deixa eu começar do início para que você possa entender, Eu me chamo Elisa Braga, e sou filha de Paloma Braga.
A pessoa que eu jurava ser o meu progenitor agora está morto, e bom ele mesmo foi a causa disso, eu nunca gostei dele mesmo, eu o odiava, assim como eu odeio a minha mãe, aqueles dois filhos da puta, nunca me deram a atenção que eu mereci. A minha infância foi confusa e cheia de conflitos bizarros entre eu e minha mãe.
A dona Paloma Braga, sempre viveu uma vida cercada de luxo, ela torrava a grana do meu “pai” o dia inteiro, e a noite eles saiam para beber e se divertir, enquanto eu, uma criança que deveria ser responsabilidade deles,estava sendo criada por babás, e pelos empregados daquela mansão, eu ficava triste e frustrada eu pensava que eles não me amavam,e não me davam atenção porque eu era uma garotinha má,eu era a criança ruim da história.
Quando finalmente completei treze anos e cheguei à adolescência, meus queridos pais me tiraram do colégio integral,eu estava feliz porque achei que finalmente iria passar mais tempo com eles,mas o que aconteceu?
Eles me mandaram para um colégio interno na Suíça, onde eu só poderia sair aos fim de semana e feriados específicos, como natal e páscoa. Foi aí que eu percebi, que o problema não era eu, o problema nunca foi eu, eles nunca me amaram, nunca me quiseram, eles nunca me amaram.
Para suprir essa dor que eu sentia eu comecei a me cortar, eu tinha fascínio pela dor, pelos cortes , pelo sangue escorrendo pela a minha pele, eu gostava de ver isso acontecer, era como se o alívio das minhas dores emocionais, fosse o sangue escorrendo.
Depois eu me formei no ensino médio, eu fiz faculdade de administração, eu trabalhei com o meu pai desde então, nós nunca fomos uma família de verdade,mas eu não fazia nada para machucá-los, apesar de merecerem muito. Eu passei anos da minha vida, indo ao psicólogo, tomando remédios pesados, eu consegui superar aquele ódio, aquela angústia que sentia por conta da rejeição dos Bragas.
No dia que eu matei o meu pai, ele tinha acabado de assinar o testamento dele, onde deixava todas as suas coisas para a minha mãe e eu, bom eu fiquei com quase tudo, incluindo as casas, os carros, e as ações de suas empresas. Basicamente tudo que ele tinha agora é meu, e eu acho muito justo.
Eu passei todos os dias da minha vida sendo desprezada por aqueles dois, então eu acho que isso é o mínimo que eu mereço, por ser maltratada, humilhada, ofendida por aqueles desgraçados.
Quer saber como eu o matei? Claro que quer, você já ouviu falar de uma flor chamada “espirradeira”? Então é uma flor na cor rosa, ela é linda, linda e venenosa assim como a minha mãe.
Essa flor é conhecida por conter uma substância chamada oleandrina, que quando é ingerida, ela causa problemas estomacais, e em casos mais graves ela ataca o coração, causando ataque cardíaco. O meu “pai”, já tinha um problema cardíaco, então nada mais justo do que acelerar o processo, ele ia morrer por causa disso de qualquer forma.
Na manhã em que a minha mãe ficou viúva, o meu pai e ela haviam tomado café pela manhã, e como de costume o meu pai antes da academia tomou o seu pré-treino , uma vitamina de banana sem açúcar com leite vegetal e wei,é claro que eu dei uma passadinha na cozinha antes que ele pudesse concluir o preparo dessa vitamina, coloquei umas pétalas da planta, e bati a vitamina novamente.
À noite recebemos a notícia de como o meu pai tinha tido uma parada cardíaca, e morrido na hora.
A minha mãe estava arrasada, parecia uma típica viúva desolada pela morte de seu querido marido, claro isso aos olhos dos outros, por ela não passava de uma péssima atriz para mim. Ela não conseguia me enganar,pelo menos não mais.
Ela me enganava, me controlava, assim como ela fez para que eu matasse o meu pai…. Sim, eu matei o meu pai, porque a minha mãe me implorou.
Ela não pediu diretamente, mas ela sofreu dia após dia, depois de ter descoberto a traição do meu pai.
Porque naquela noite,em que eu peguei o meu pai e a secretária, mesmo que eles não tivessem me visto,ao chegar em casa eu contei a minha mãe, que não ficou nada surpresa.
Mas ela parecia triste, ela ficou deprimida, ela me fez acreditar que tudo o que ela tinha feito comigo todos esses anos, tinha sido por culpa do meu pai, que tudo era culpa dele, que ele quem nunca a deixou me dar amor e carinho, e que a ideia de me manter longe sempre foi dele, e como todo o dinheiro era dele, ela precisava obedecer, por que ela não queria ter que deixar a casa, ela não queria que eu crescesse sem um futuro garantido.
A minha mãe me manipulou, ela me cegou até que eu chegasse a esse ponto, e como eu nunca tive o amor e o carinho dela, eu pensei que só assim eu ganharia um pouco de afeto, porque já que a culpa era dele, se ele não existisse… Eu.. Eu finalmente teria a vida que eu sempre quis, com uma mãe que me ama e me apoia.
Mas sabe o que aconteceu depois que finalmente eu me livrei daquele desgraçado? Ela jogou a culpa em mim, ela disse que nunca tinha me pedido para matá-lo, ela me disse que nada nesse mundo iria fazer com que ela admitisse que foi ela quem mandou matar o próprio marido.
Então eu entendi tudo, ela só queria se livrar de nós dois, tanto do meu pai, quanto de mim,porque ela ficaria com tudo, com o dinheiro, com a empresa , com as casas, ela seria a única herdeira de toda a fortuna.
Mas o que ela não sabia, é que o ódio que eu senti por ela todos esses anos, o ódio que ficou anos guardado dentro de mim, sendo apaziguado por medicamentos e terapias intensivas no psicólogo, ela conseguiu reacender.
E eu vou fazer ela pagar por tudo o que já me fez passar, a Paloma Braga vai se arrepender por ter me tratado mal todos esses anos, ela vai sentir o gosto amargo do arrependimento por ter acabado com a minha vida, por ter me deixado de lado, eu vou fazer com que pague pelos vinte e cinco anos arruinados da minha vida, anos que nunca vão voltar.
Onde está a Paloma Braga agora? Bom, ela está sentada ao meu lado, no jatinho particular herdado do meu falecido pai, estamos indo para São Paulo, onde eu nasci, e com certeza onde tudo isso começou.