Capítulo 41
1715palavras
2024-02-19 23:36
Capítulo 41
Gabriel
Eu estava na última reunião do dia, estava indo tudo muito bem, eu estava até impressionado como as coisas estavam fluindo, porque normalmente esse tipo de negociação além de levar horas,sempre surgem mais estresse que o esperado, alguém sempre atrasa, ou a papelada da reunião tem algum erro, mas dessa vez por incrível que pareça tudo estava fluindo muito bem.
Depois de uma hora de apresentação do novo projeto que iremos investir e iniciar no próximo semestre, e de mais trinta minutos de negociação, a minha secretária bateu na porta e me deu a pior notícia que eu poderia receber.
A minha esposa não estava segura, descansando em casa, não na verdade ela estava a caminho do hospital porque ela foi assaltada e aparentemente está muito fraca.
Eu deveria desconfiar, o dia estava perfeito demais para ser verdade. No momento em que eu recebi essa notícia avassaladora, eu entrei em um mix de choque e desespero, a minha mulher, estava num hospital, alguém teve a coragem de encostar nela.
Eu me levantei da cadeira, pedi desculpas , e em seguida licença , eu avisei que algo urgente aconteceu e eu precisava ver a minha esposa, eles entenderam, e mesmo que eles não entendessem , isso não iria me impedir de sair daquela sala e ir até a minha esposa. Então eu deixei a reunião por conta do meu vice-presidente financeiro.
Eu pedi a minha secretária para chamar o motorista para me levar, porque as condições que eu me encontrava naquele momento não eram favoráveis para dirigir, eu apenas peguei as minhas coisas e desci, eu peguei o meu elevador exclusivo porque se fosse para esperar o outro eu iria ter um ataque de tanta ansiedade. Enquanto eu descia aqueles vinte andares,as perguntas na minha cabeça não paravam de surgir.
Como ela se machucou? Será que ela quebrou algum osso? Será que é muito grave? Como ela poderia estar sozinha? Quem a machucou? A vida da minha esposa corre perigo? O nervosismo tomou conta de mim por completo, eu comecei a tremer, as minhas mãos estavam muito geladas.
Algo aconteceu a minha esposa e mais uma vez eu não pude proteger ela, eu não estava para proteger ela, mas que espécie de marido eu sou? Que porra de marido eu sou?
Eu liguei para o Gael, mas só dava na caixa postal. O elevador finalmente chegou no terio.Eu corri pela recepção, até a porta da frente e o carro chegou segundos depois,pois o motorista já estava na parte de baixo do prédio, então ele apenas me esperou. Entrei no carro e o motorista acelerou, eu tentei ligar novamente para o Gael,e novamente caiu na caixa postal. E para completar nós ficamos preso no trânsito. Enquanto estavamos parados naquele maldito trafego a minha mente me levou até uma memoria, a memoria mais triste da minha vida. Eu diria que aquele foi com certeza o pior dia da minha vida. O meu coração acelerou ao lembrar daquela cena que impediu meu sono por muitos anos. Era dia treze de dezembro de dois mil e cinco, eu tinha completado dez anos de idade a poucos dias. O dia tinha sido muito legal, mesmo não estando com a minha família, eu me diverti bastante com um amiguinho meu, nesse dia minha mãe me deixou na casa dele e não me disse o motivo, apenas disse que eles tinham me convidado para passar o dia, o que parecia muito estranho porque não lembro de ter recebido o convite e na época eu não sabia o motivo.
Conversei e brinquei o dia todo na casa do meu amigo de infância.
Quando chegou a hora de ir para casa, o motorista do meu amigo me levou para minha casa,chegando lá eu apenas vi uma movimentação estranha dentro de casa pela janela do carro, naquela época nós morávamos no condomínio em que o pai da Patrícia mora até hoje, é claro que passou por algumas reformas, afinal já faz muito tempo,o motorista me deixou na porta, as luzes estavam todas acesas, então eu desci do carro, agradeci pela carona, e fui em direção a porta da frente, girei a maçaneta e entrei em casa, passei pelo hall de entrada, estava tudo muito silencioso, na época a dona Marta ainda não trabalhava com a gente.
Eu entrei e estava tudo muito quieto, aparentemente nenhum empregado estava em casa,eu chamei pela minha mãe, e pelo meu pai, mas nada foi ouvido, eu atravessei a sala, e continuei gritando pelo nome da minha mãe.
Cheguei até o escritório do meu pai e vi uma luz acesa, e a minha mãe jogada no chão, eu corri até ela e gritei, “mamãe”, “mamãe”. ai eu percebi que havia sangue, muito sangue, sangue para todo lado, o corpo dele estava frio, a minha mãe… Ela… Ela estava morta…
Alguns segundos depois o meu pai chegou no escritório e me tirou de cima do corpo ensaguentado e frio da minha mãe. Ele me segurou forte e me abraçou, eu estava despedaçado e em choque, eu tremia e chorava muito. Aquele foi o pior dia da minha vida, eu fiquei muitos dias sem conseguir dormir,aquela cena me marcou para sempre, e eu nunca mais havia me lembrado disso, até hoje.
***
Gael
A ambulância demorou cerca de trinta minutos para chegar até o hospital mais próximo. Assim que chegamos na porta do hospital a Patrícia foi tirada da ambulância primeiro, ela estava muito debilitada,ela parecia ter levado uma surra,estava com algumas manchas pelo corpo, eu realmente espero que ela esteja bem, ela usava o oxigênio, e estava desacordada.
Logo depois os paramédicos levaram a Geovana,diferente da Patrícia a Geovana parecia quase não estar machucada, ela estava acordada e também usava o oxigênio, acredito que tenha haver com as diretrizes e regras dos primeiros socorros. ambas foram levadas para a área de emergência do hospital.
Eu não pude entrar com a patricia e nem a Geovana na área de ,eu tive que preencher as fichas delas, apesar de eu não ser parente nem da Prática e nem da Geovana, eu era a única pessoa que estava lá naquele hospital com elas naquele momento. É a segunda vez que eu acabo no hospital com a Patrícia, isso não parece ser coisa boa.
Depois de preencher as duas fichas, que seriam complicadas demais para resolver se eu não tivesse com os documentos das duas, antes da ambulância chegar eu e os outros seguranças conseguiram pegar o que tinha ficado espalhado pelo chão, na verdade só pegamos as coisas mais importantes, que no caso foram os documentos.
Depois de analisar a cena do crime em questão, mesmo que brevemente, e pelo o que eu pude perceber, tem algo errado naquilo tudo, e depois de ouvir o que aconteceu, eu tenho certeza que não foi um assalto comum, eles queriam mesmo atingir a Patrícia.
Alguma peça não está se encaixando e eu vou descobrir o que é, e mais importante eu vou descobrir quem está por trás de tudo isso, quem teria tanta coragem assim para mexer com a esposa do Gabriel Almeida? Quem faria isso, quem seria tão burro a esse nivel?
Eu me sentei em dos bancos da recepção para esperar alguma novidade, e esperar pelo Gaba, que provavelmente deveria estar a caminho do hospital, então a única coisa que posso fazer é esperar por ele.
Eu acabei lembrando do meu celular que estava sem bateria, então eu pedi um carregador emprestado para uma das enfermeiras da recepção, ela pegou o meu celular e colocou para carregar em cima do balcão da recepção, eu agradeci e voltei a sentar no mesmo lugar de antes para esperar alguma notícia sobre o estado médico da Patrícia e da Geovana.
Depois de aproximadamente quinze minutos uma das recepcionistas do hospital, saiu com algumas fichas e acho que as que eu preenchi estavam junto com aquelas, para entregá-las aos médicos responsáveis, ou as enfermeiras, na verdade eu não sei quem é responsável por isso, a única coisa que eu sei é que foram entregues para o responsável.
Enquanto eu espera por notícias, além dos pensamentos de incerteza, os pensamentos de culpa estavam me encurralando, e me deixando cada vez pior, afinal eu entendia que isso tudo aconteceu por minha causa, se eu não tivesse deixado a Patricia e a Geovana sozinhas, nada disso teria acontecido, eu as deixei para trás e não é isso que se faz.
Não é para isso que treinei durante muitos anos da minha vida, eu jurei proteger todos aqueles que estivessem sob a minha proteção, mas eu… eu falhei, e falhei com a esposa do meu melhor amigo, alguém que eu sempre considerei como um irmão, alguém que sempre me apoiou, que sempre esteve comigo… e pior.. eles estão esperando um filho, se algo acontecer a essa criança eu não sei se vou conseguir me perdoar por isso, não sei se vou conseguir viver com a morte de um bebê inocente nas minhas costas, um bebê que traria felicidade não só para os seus pais, mas para toda a sua família, e para os amigos próximos a família, essa criança é um anjinho enviado do céu, e se eu consegui estragar isso, eu com certeza nunca vou conseguir me perdoar, por tamanha irresponsabilidade da minha parte.
Depois de longos minutos de espera um médico veio me chamar e disse que a Geovana estava bem, que ela não tinha quebrado nada, mas que precisaria ficar o resto do dia no soro, mas talvez fosse liberada amanhã.
Ele disse que ela estava sendo transferida para um quarto e que se eu quisesse poderia vê-la mais tarde. Eu fiquei muito aliviado por ela estar bem, mas eu ainda estava muito preocupado com a Patrícia, porque ela sim estava sob minha responsabilidade, e mais ainda, ela está grávida.
Eu perguntei sobre a minha patroa para o médico, ele disse que ainda não tinha notícias sobre a Patrícia porque não tinha sido ele o médico responsável por ela.
Eu agradeci ao médico então ele deu as costas e foi embora, eu fui em direção ao balcão e pedi a recepcionista o meu celular, ela me devolveu e eu consegui ligar pois ele já tinha pego carga. Eu liguei o celular e retornei a ligação do Gabriel.