Capítulo 22
1709palavras
2024-02-02 08:01
Capítulo 22
Gabriel
Será que não entende que ela não te quer?-ele disse debochando de mim.
Acontece que essa mulher é a minha esposa, e eu sei muito bem, de que tudo não passou de uma armação sua, SEU DESGRAÇADO!- Falei me descontrolando.
Antes que aquele babaca pudesse fazer qualquer coisa, eu o derrubei, e o desarmei, soquei ele com tanta força, e com tanto ódio. Fiquei pensando em como aquele idiota me traiu,ele levou a minha esposa, e pior iria levar ela para fora do país. A única coisa que me fez parar, foi os gritos da recepcionista me pedindo para parar, se não ela chamaria a polícia.
Não vai ser necessário.-respondi à mulher que estava com um telefone na mão.
Parei e o Luiz já estava debilitado, então desci as escadas segurando aquele estrume e o ameaçando com a própria arma, que agora estava em minhas mãos.
Cheguei até o meu carro e a Patrícia já estava lá,pedi que abrisse o porta-malas, ela abriu rapidamente sem entender. Usei a minha força e joguei o idiota a quem um dia chamei de amigo no porta-malas do meu carro e disse claramente a ele.
Se tentar alguma gracinha, ou se fizer um ruído sequer, pode ter a certeza que será a última coisa que você irá fazer nessa sua vidinha miserável de merda! -cuspi essas palavras com nojo. Fechei o porta-malas , e caminhei até a Patricia.
Entra no carro - abri a porta, a mandei e ela entrou. Fui até o outro lado e entrei, colocamos o cinto e seguimos viagem de volta para casa, iriamos demorar um tempo, então liguei para o Gael.
Gael, encontrei eles, me encontrei no hospital,e me espera na frente.-eu disse e desliguei rapidamente. O ódio, a raiva, e sobretudo o sentimento de traição que emanava do meu corpo, não me deixavam pensar direito. Eu estava aliviado por finalmente estar com a minha esposa, mas a dor dela ter fugido de mim, não me deixava em paz.
Me desculpe Gabriel, por favor, me desculpe… eu…- A Patrícia começou a explicar, quebrando o silêncio.
Por que fez isso? - eu perguntei de forma calma sem tirar os meus olhos da estrada.
Porque, eu estava com medo.-ela respondeu para mim , a Patrícia estava pálida, a sua voz estava fraca, realmente essa não era a hora de conversarmos.
Com medo?- perguntei, porque fiquei surpreso, mesmo sabendo que essa não era a melhor hora, fiquei confuso, precisava saber o porque ela estava com medo. E principalmente de quem.
Sim, eu estava com medo de você.-ela me respondeu sussurrando. Aquilo cortou o meu coração. Eu não demonstrei a minha dor, mas sei que ela está ciente da minha decepção e angústia.
Esse não é o momento certo para conversarmos,você está muito debilitada,vou levar você ao hospital.Mas eu preciso que me diga uma coisa.- Falei calmamente para que ela pudesse entender perfeitamente o que ela precisava me contar.
Quem mais ajudou você? E não me diga que foi ideia apenas sua e do Luiz.-Eu perguntei a ela sem enrolação, eu sei muito bem o quão difícil seria ela conseguir escapar sozinha, a ainda mais com aquele idiota,ele é mais burro do que uma porta.Ela não tinha motivos para querer fugir de mim, e ainda mais dessa forma.
A Sol, ela me ajudou, e o plano todo também foi dela.-ela disse um pouco frustrada,e mais lenta que o normal.
Ok!- eu respondi de forma seca. Eu já suspeitava que poderia ter sido ela, eu só não entendo o porquê.
Qual foi a última vez que você comeu?-Perguntei a ela
No dia da festa…- ela respondeu lenta.
E bebeu água?-Perguntei
Bebi, um pouco antes de você chegar, bebi água na pia do banheiro.-ela respondeu fechando os olhos e encostando a cabeça no encosto do banco do carro.
Eu dirigi por pelo menos uma hora até chegar até o hospital, cheguei na porta, e avistei Gael, estacionei e pedi que ele pegasse uma cadeira de rodas para a minha esposa, a Patrícia estava muito fraca, e precisava de cuidados médicos, ela estava ferida, mas no momento eu não poderia cuidar dela, eu tinha algo pior para resolver.
Gael, leve ela para dentro, aqui estão os documentos dela, registre, faça tudo o que for preciso, e não saia daqui até que possa voltar e ficar com ela.-Falei um pouco desesperada.
Tudo bem cara, fica em paz, eu vou cuidar dela.-Gael respondeu para mim, e levou a minha esposa para dentro do hospital.
Entrei no carro, e peguei a estrada, eu sei que minha esposa está segura, então chegou a hora do acerto de contas.
Meu pai tem um lugar que ele gosta de levar alguns filhos da puta que tentam ser engraçadinhos com ele, na verdade ele tem vários locais, mas esse particularmente eu gosto, e é longe o suficiente para o que eu preciso fazer. Estou meio decepcionado comigo, a ideia ridícula de aceitar a Sol na minha casa, foi minha. Afinal ela é a minha ex-namorada, e não é o tipo de coisa normal a se fazer quando se é casado.Eu deveria saber, que isso podia dar merda, mas eu não imaginei que ela induzia a minha esposa a fugir de mim, e muito menos com o idiota que achei ser meu amigo.
Continuei dirigindo mas no caminho fiz uma ligação e chamei a minha equipe, bom, não exatamente minha, e não éramos exatamente uma equipe, eram apenas uns caras que meu pai conhecia, alguns deviam favores ou dinheiro ao meu pai, e outros apenas trabalham para ele, mas enfim uma equipe de homens que estão prontos para o serviço que preciso que eles façam.
Conheci o Luiz a muito tempo, nos conhecemos no bairro, meu pai poupou a família dele , eles estavam endividados , não com o meu pai, mas com uns caras bem piores que ele. Meu pai pagou a dívida, e poupou o Luiz , sua mãe , e seus irmãos menores, na época eu tinha uns quinze ou dezesseis anos, não me lembro muito bem.
Não sei o motivo do meu pai ter salvo eles, apenas sei que ele salvou.Depois daí ele começou a frequentar lá em casa, e depois começou a andar comigo e com o Gael, que na época já era meu parça. Ele também conheceu A Sol. Depois de um tempo nós estávamos trabalhando todos juntos, estávamos adultos e a gente já se conhecia a mó cota( há muito tempo), então eu confiava nesse cretino.
Demorei algumas horas na estrada, cheguei em um terreno longe de tudo e todos, estacionei e pedi aos caras que já tinham chegado, para tirar o estrume em forma de gente que eu havia jogado no porta-malas. Eles o levaram até o Galpão abandonado como eu havia mandado.
***
Patricia
Depois que cheguei ao hospital, fui colocada em uma cadeira de rodas, o Gabriel nem se despediu de mim, fiquei um pouco chateada, mas eu não o culpo, e nem tenho o direito, afinal o que eu fiz foi imperdoável, até para mim.O Gael me levou para dentro do hospital, Não lembro de muita coisa, apenas dele me levar para dentro e uma enfermeira vir em minha direção, e perguntar o que eu estava sentindo. Minutos depois eu apaguei, fiquei muito tempo sem comer,estava fraca e ferida.
Acordei meio tonta, num quarto do hospital, achei que estava sozinha, mas o Gael estava sentado em uma poltrona grande e marrom, bem perto do leito de hospital em que eu estava deitada, olhei para o lado e pude ver o acesso no meu braço e o soro. Eu estava me sentindo um pouco melhor,meu corpo já não estava tão fraco.
Gael..Falei e ele olhou em minha direção.
Oi, Você está bem, Patrícia?-Ele me perguntou.
Estou…- respondi.
Só um instante que eu vou chamar o médico.-ele respondeu. em seguida se levantou, veio em minha direção e apertou um botão que chamava o médico.
Você precisa de alguma coisa?-uma médica surgiu poucos minutos depois.
Sim, a paciente acordou.- o Gael respondeu a médica.
Ok, vamos conferir se está tudo bem.
Depois de alguns segundos chegou um enfermeiro para me ajudar, aferiram a minha pressão, fizeram algumas perguntas e por fim concluíram que está tudo bem comigo, só preciso me alimentar, beber muita água e me alimentar direito.A médica saiu e disse que eu ficaria ali por mais um tempo, até está boa o suficiente para poder receber alta e voltar para casa.
Me serviram uma bandeja enorme de comida, sanduíches de frango, fruta, suco e até mesmo gelatina,normalmente eu não suporto gelatina, mas eu estava com tanta fome que comi tudo.Mas ai vocês me perguntam, mas Patricia, tanto tempo sem comer, você não iria conseguir comer tanto de uma vez, pois é, verdade, mas isso vai de organismo para organismo.E aparentemente eu tenho a fome de dois pedreiros de quarenta anos após o serviço de um dia inteiro debaixo do sol.
Nossa, como o Gaba pode achar isso bonito?-O Gael comentou, ao me ver comer como um filhote de leão faminto.
O que?-eu perguntei ainda com a boca cheia.
O seu marido, vive se gabando de como a esposa dele é linda, que parece uma princesa, toda delicada, toda educada, uma verdadeira dama. Depois de ver a forma que você come, cheguei a duas conclusões, a primeira é que ele deve te amar muito para ver você comer desse jeito e ainda te achar atraente e a segunda é que o amor e cego.-ele disse rindo.
Me respeita que eu sou uma leide ,tá bom?!-respondi depois de comer.
Leide, sei.-ele respondeu balançando a cabeça.
Gael…-chamei um pouco receosa.
Você sabe para onde o meu marido foi?-perguntei ao gael com medo da resposta.
Olha Patrícia, eu sinceramente não sei, mas não acho que você deveria se preocupar com isso agora.-ele me respondeu de forma sincera.
Foi muito difícil quando ele soube que eu tinha fugido?-perguntei
Difícil? O cara ficou possesso, nunca tinha visto ele daquela forma antes. Não sei qual foi sua motivação para fugir assim, mas se foi para atingir o Gaba, funcionou.
Não, nunca foi por isso.-eu respondi com a cabeça baixa.
Mas e agora?-perguntei a ele.
E agora o que?-ele me perguntou de volta.
O que vai acontecer agora?