Capítulo 23
1937palavras
2024-02-02 20:01
Capítulo 23
Gabriel
Depois que o jogaram no chão, não consegui conter a raiva, e chutei o filho da puta, dois dos meus homens o pegaram e colocaram ele amarrado pelas mãos, de modo que ficasse pendurado como um saco de boxe.
Eu até pensei em deixá-lo amarrado numa cadeira, mas é mordomia demais para aquele merdinha. Fiquei observando, aquela cena,e tudo isso só confirma o que o meu pai sempre diz e até pouco tempo eu não acreditava. “ Nenhum homem merece uma confiança ilimitada - na melhor das hipóteses, a sua traição espera uma tentação suficiente.” Eu não dava trela para esses bagulho que o meu velho dizia não. Mas caralho não é que ele tava certo? Puta que pariu mano! Era a última coisa que eu pensava, ser traído por um cara que eu jurava que era um parça de verdade.
Esse maluco deve ter merda na cabeça só pode, como é que um cara tenta sequestrar a mina do chefe dele? Como é que ele achou que ia conseguir sair do país, pegar um avião, com uma mulher sendo feita de refém, e não ia acontecer nada? Mano, tem que ser muito burro mesmo, esse maluco deve comer feno no lugar de cereal no leite pela manhã.
Agora vou falar um negócio pra vocês, tô ligado que a Pati não é nenhuma santa, tô ligado que ela queria fugir, mas puta que pariu, tinha que ser com esse lesado? Vou descobrir o que aconteceu, mas nem que seja a última coisa que eu faça na vida desse infeliz. Que é óbvio que quem vai se dar mal aqui é ele.
Depois de deixar aquele idiota pendurado por um tempo fui até onde ele estava, um galpão abandonado, onde estavam homens armados, o lugar era muito velho, quase caido aos pedaços, era escuro, frio, havia algumas caixas de mandeiras muito antigas, algums canos, tubos quase não havia luz, era um lugar extremamente desconfortavel,ou seja um lugar perfeito para ratos e insetos, perfeito para um rato como ele, um rato ardiloso e traidor, e a melhor forma de se livrar dele é matando, friamente sem qualquer sentimento de pena.
Entrei e coloquei uma cadeira a cerca de 2 metros a frente daquele filho da puta traidor de merda. Me sentei, peguei uma garrafa de cerveja e assisti o show, ele estava sendo espancado, levando chutes e socos,por toda parte do corpo, a reação dele foi a pior de todas, no início não parecia com medo, ele ria, ria escandalosamente, parecia que estava tendo um tipo de surto psicológico. Enquanto eu apenas olhava para ele de maneira fria, não iria deixar nada daquilo que estava saindo da boca daquele filho da puta me atingir.
Pode bater o quanto quiser, ela nunca vai te amar, seu imbecil.-ele gritava e tossia , ao mesmo tempo.
Um soco atrás do outro. Mandei parar quando ele começou a cuspir sangue. Estava com medo Gaba? Não, mas preciso dele vivo até ter todas as informações que preciso.
Então, você sabe que preciso de resposta, e eu sei que você tem todas elas. Me diga , velho amigo… Vai ser do jeito fácil, ou do jeito difícil?- perguntei.
Eu fiquei de pé para poder ver mais de perto o sangue sujo dele escorrer pela sua face imunda e traidora. Cheguei mais perto, cravei os olhos naquele idota, sem piscar e fazendo o mínimo de expressões possíveis.
Ele estava todo roxo, com hematomas espalhados por todo o corpo , ele já estava sem forças, tossia um pouco, olhando mais de perto , percebi que um dos seus dentes tinha sido cuspido junto com o sangue.
Me afastei dele um pouco, o único ruído sendo ouvido , era a respiração dele que devido aos socos e chutes que recebeu quando estava sendo feito de saco de pancadas pelos homens que contratei já estava ofegante.
Sabe Luiz,você é um homem de coragem, muito burro, um verdadeiro asno, mas ainda sim, corajoso, esse merito pertence a você.-eu disse quebrando o silêncio.
Sequestrar a esposa do seu patrão, não qualquer patrão, mas o filho do homem que salvou você e a sua família da miséria e da morte.Como eu disse, um verdadeiro asno.-continuei.
Eu não a sequestrei, ela quis vir comigo.-ele disse com a voz rouca e falha.
Você não planejou isso sozinho, planejou?- eu perguntei virando as costas para ele, claro estávamos cercados de homens armados, ele não fugiria dali, nem se quisesse.
Ela sempre me amou, ela pediu para ir comigo, ela me pediu ajuda,ela nunca vai ficar com você!- ele disse, parecendo um lunático completo.
Ela demonstrou, ela me avisou que isso poderia acontecer, ela me disse que você tentaria de tudo para me separar dela! Ela me disse que era perigoso, mas estaria disposta a tudo para ficarmos juntos.-ele continuou parecendo mais lunático ainda.
Do que é que é que você está falando?-eu perguntei, a essa altura eu já tinha certeza que ele era maluco, e com certeza essas não eram as respostas que eu precisava e muito menos as respostas que eu queria. Esse cara tá me fazendo perder a paciência que eu já não tenho.
Quem te ajudou?- Perguntei a ele sem calma alguma por que aquele pedaço de estrume já tinha acabado com a minha paz interior a muitos dias, sei que nesse momento que a minha expressão de nojo era imensa.
Você não a merece,ela é perfeita demais para ficar com alguém como você! Ela precisa de mim, ela precisa ficar comigo!- ele gritava desesperado.
Já vi que teremos que fazer as coisas do jeito mais difícil! -eu disse a ele.Voltei ao meu lugar de antes e me sentei na cadeira. Fiz um sinal para o um dos homens armados e ele tirou um taser (Uma arma de eletrochoque é um dispositivo não letal capaz de emitir uma descarga elétrica de alta tensão e baixa corrente com o objetivo de provocar dor e afastar um agressor.) do seu colete e deu um choque em Luiz.
Infelizmente, nada adiantou, ele não queria falar, e aparentemente estava disposto a ir para o túmulo com aquele segredo, eu precisava saber quem o ajudou, quais motivos, que planejou tudo, e qual era o plano. Então eu tive que tomar medidas drásticas, me levantei novamente e falei:
Sabe Luiz, eu imaginei o que seria difícil fazer você falar, eu realmente não queria ter que chegar tão baixo, mas já que você pediu por isso.-Falei olhando para ele.
Mexi no bolso e peguei o celular.
Quando eu conheci você, eu gostei de você, é sério, um carinha legal, meu pai ajudou sua família, sua mãe, seus irmãos, que por um acaso são gente de bem, nunca cometeram um crime na vida.-eu disse de forma clara e fria.
Sabe onde está sua mãe agora Luiz?-perguntei a ele,e os seus olhos encheram de lágrimas e dúvidas. Eu sei muito bem o quando ele ama a mãe,e que ele faria tudo pelo seus irmãos, eu só não consegui entender o porque ele foi burro o bastante a ponto de não pensar na possibilidade de acontecer alguma coisa com a familia dele, caso o plano nada brilhante e quase nada pensado desse errado.
Você não faria isso!-ele disse tentando me testar.
Quer apostar?-eu respondi tripudiando. Eu obviamente não faria nada com eles, a família dele não tem culpa de nada, então eu nunca os fariam pagar por um erro hediondo cometido pelo Luiz, mas isso não significa que eu não iria usar eles como uma boa desculpa para fazê-lo finalmente abrir a boca. E como o Luiz apenas ficou calado. Eu pedi para que os meus amigos tapassem a boca dele, então eu fiz uma ligação e coloquei no viva voz.
Alô? -A dona Ana Maria,mãe do Luiz, atendeu o telefone.
Oi dona Ana, aqui é Gaba.-eu respondi
Oi Gaba! Como você está?- ela respondeu, a dona Ana se mudou com os irmãos do Luiz, para outro estado há alguns meses atrás.
Estou bem, e a senhora?-perguntei parecendo o doce de menino que ela acreditava que eu era desde sempre. Os olhos de Luiz passaram de marejados para inundados, enquanto as lágrimas escorreram no seu rosto. Se eu tivesse pena desse infeliz, eu até diria que foi uma cena de cortar o coração, vê-lo chorar e sangrar, pendurado daquela forma.
Depois de uma conversa amigável para mim, porém torturante para o Luiz, eu desliguei o telefone, meus homens o soltaram.
E então? Está pronto para falar? E caso a resposta ainda for não, saiba, que eu sei onde estão os seus e irmãos e sei onde está a sua mãe, tenho homens em todos os lugares, inclusive vigiando eles agora, e uma ligação minha e eles morrem. Que pena não acha? Sua mãe lutou tantos anos pelos filhos, fez de tudo por sua família, para no final morrer de forma tão injusta por causa do seu filho malcriado.
O que você quer saber?-ele cuspiu as palavras depois de parar de chorar.
Agora estamos falando a mesma língua.-respondi e um sorriso sarcástico surgiu na minha face.
Me diga, de quem foi essa ideia tosca?-eu perguntei.
Foi da Sol… ela me procurou e pediu para que eu ajudasse a Patricia a fugir, porque ela precisava dela longe.-ele respondeu, mas isso eu já sabia, a Patrícia me contou mais cedo.Não fiquei surpreso então continuei.
Ela também te mandou ir para fora do país com a minha esposa?-eu perguntei a ele.
Não, isso foi ideia minha,mas a Patrícia me pediu ajuda, ele demonstrou que precisava da minha ajuda- ele respondeu, e eu pude perceber o quão maluco esse cara era.Sinceramente, a Patricia por mais desesperada que estivesse não seria sem noção o suficiente para pedir ajuda a um dos meus.Essa história está muito mal contada.
Qual era o plano? me conte desde o princípio.- perguntei curioso para desvendar essa palhaçada.
Como eu já disse, a Sol me procurou, porque precisava da minha ajuda, ela disse que a Patricia queria fugir. A minha parte era fácil, eu deveria levar ela até uma rodoviária, ou fazer o que eu quisesse com ela, a única coisa que ela queria era que eu me livrasse da Pati, digo Patricia.-ele falou.
Então no dia da festa eu passei na sua casa, peguei a mala, e fui para a festa buscar a dona Patrícia, que estaria sozinha, porque a Sol iria dar um jeito de te distrair, enquanto eu levava ela para longe dali.
Eu escutei cada palavra daquele desgraçado com atenção, eu fiquei revoltado, porque eu me deixei ser levado pelo Sol, que me enganou direitinho, e eu caí feito um patinho na inocência dela. O Luiz também me contou que a Sol , inventou para a minha esposa que eu tinha problemas com violência, e que isso tinha deixado a minha mulher com medo e esse foi o motivo dela concordar com o plano da minha ex namorada. Eu fiquei possesso mas como já sabia o que eu queria saber, apenas pedi para que soltasse o Luiz no chão.
Você foi um bom amigo, eu te ajudei muito, mas você não honrou isso como deveria.É uma pena Luiz.-falei
Mas eu não vou sujar as minhas mãos com o seu sangue imundo em virtude a tudo o nós vivemos.Eu fui em direção a saída, ele estava de joelhos com as mãos na cabeça.
Você já sabe o que fazer.-eu disse a um dos homens que estava presente.Deixei o Galpão e ainda consegui ver de relance a pistola sendo apontada para a cabeça dele.
Caminhei até o meu carro, e ao abrir a porta apenas pude ouvir o disparo.