Capítulo 10
1538palavras
2024-01-29 04:59
Patricia
Patricia, eu preciso sair e não volto hoje! - meu marido falou interrompendo a conversa com o Luiz.
Você vai terminar, o que começou mais cedo?- perguntei,mesmo sabendo que estava pisando em campo minado.
Isso não é da sua conta! - Meu marido respondeu de forma ríspida, apesar de nossas brigas e discussões regulares ele nunca tinha sido tão grosso comigo antes.
Gabriel deu as costas , deu três passos lentos virou e disse:
E você, Luiz, eu não te pago para ficar batendo papo com a minha mulher.
Sim senhor! - respondeu o homem que estava sentado ao meu lado agora de pé com a cabeça baixa.
O meu nada gentil esposo se retirou, o Luiz foi liberado e um outro segurança chegou para o turno da noite/madrugada. Eu fui me deitar, fiquei aliviada por ele não voltar hoje,eu realmente não iria conseguir ficar no mesmo cômodo que ele.
No início foi difícil pegar no sono porque hoje foi um dia muito agitado, muitas informações, fiz as pazes com a Sol, descobri coisas horríveis sobre o Gabriel, depois flagrei ele espancando alguém, e depois o Luiz me alertou sobre o meu marido, e para completar o Gabriel me tratou daquela forma hoje.
Normalmente o meu marido é uma pessoa suave, mais relaxado, mesmo sendo muito sarcástico. Tem a possibilidade dele só estar num dia ruim, mas de estar em um dia ruim até espancar alguém , é ir de zero a cem muito rápido. Naveguei por alguns canais na tv, nada de novo sob o sol, vasculhei o instagram, nada de legal também, desci para fazer um chá de camomila.
Nos meus dias de estresse na faculdade em milão, quando eu tinha algum trabalho para entregar, eu ficava horas acordadas cheia de adrenalina, então para desacelerar eu tomava uma grande xícara de chá de camomila, quando não funcionava eu tomava um shot de vodka, mas francamente acho que hoje só rivotril, para me fazer aquietar.
O dia amanheceu e eu só dormi à 2 horas atrás, em parte por tudo o que ocorreu ontem e a outra porque fiquei preocupada com o Gabriel. Decidi me levantar, tomei um banho e penteie o cabelo, me arrumar sempre me deixa melhor, eu posso estar num dia de cão, mas se meu cabelo estiver bonito, me sinto muito mais leve, hoje eu decidi usar apenas um vestidinho preto simples de manga curta , esse vestido tem um cinto também na cor preta, mas com algumas lantejoulas na cor prata, ele é de tecido leve, por isso eu gosto de usar em dias frescos.
Desci para comer, e pedi a dona Marta ovos mexidos, um pãozinho, suco de laranja e uma fruta para acompanhar, passei a noite acordada e isso me deixou com uma fome de leão. Estava no início do meu desjejum quando a Sol chegou na cozinha, e pediu um suco verde para a dona Marta. Ela me perguntou se eu dormi bem, eu menti dizendo que sim, apesar de não estarmos mais brigando como gato e rato, eu não confio completamente nela. Conversamos e comemos, depois decidimos ir para a sala, sentamos e minutos depois , meu marido chegou,e pasmem, ele estava todo sujo de terra, suado e com manchas vermelhas pela sua blusa do que eu acredito seriamente ser sangue.
Ai meu Deus! Gaba! Você está bem?- Sol perguntou levantando e indo até ele. Eu fiquei chocada e sem reação, fiquei parada olhando para ele todo sujo daquele jeito.
Eu vou tomar um banho.- meu marido disse olhando para mim, e desviando da Sol.
Gabriel subiu as escadas, deixando pegadas de terra , lama e sangue, por cada degrau. A Sol e eu ficamos observando a cena caótica.
Viu o que eu disse? Ele continua como sempre!-Sol falou para mim assim que o meu marido sumiu do alto das escadas.
Você tem que fugir,Patricia! Tem que fugir antes que seja tarde demais. -ela disse com um olhar desesperado, e um tanto estranho.
Você não entende Sol!- eu tentei explicar e acalmar ela.
Patricia, isso só vai ficar cada vez pior, Você é quem não está entendendo.- ela disse me puxando para fora em direção ao jardim.
Não precisa puxar.- reclamei me soltando dela.
Você está em perigo Patrícia, ele vai continuar, e a tendência é piorar, se você ficou com dúvidas do que te contei ontem, essa é a prova que você precisava.- ela disse parecendo desorientada.
Sol, eu não posso deixar o meu marido! Eu estou fazendo isso pelo o meu pai.- eu disse a ela
E você acha que vale a pena?-Sol me perguntou parecendo realmente preocupada comigo.
Eu não tenho saída, e eu não devia ficar aqui falando sobre isso com você.
Estou tentando proteger você! O Gabriel pode até gostar de você, mas ele não te ama. E quando ele finalmente perceber que só eu posso acalmá-lo você estará em perigo!-ela tentou me explicar, segurando mais uma vez o meu braço.
Sol, eu vou decidir isso sozinha!- respondi soltando o meu braço.
Ok, mas tome cuidado.-ela retrucou
Eu vou conversar com o meu marido! Com licença.- eu disse e logo me virei, entrando em casa e subindo as escadas, que por sinal já estava limpa, a dona Marta sempre é muito eficiente no seu Trabalho.
Estou realmente preocupada,e se Gabriel for realmente um maluco agressivo? E se ele ainda for apaixonado pela Sol? E se o episódio de ontem se repetir e ficar frequente?
Eu não conheço o meu marido a muito tempo, estamos casados a pouco mais de quatro semanas, não tivemos muitas oportunidades de nos conhecer, ele nunca demonstrou ser agressivo, mesmo quando eu tentei matá-lo, (claro uma tentativa ridícula de matar uma montanha de músculos com uma caneta bic.) e nem mesmo quando tentei fugir, ele sempre demonstrou compreensão, mesmo sendo um casamento completamente forçado.
Eu realmente não sei se devo acreditar em Gabriel e dar uma chance a ele, mas também não acho que a Sol seja completamente confiável. Mas claro, mesmo que ela ame o meu marido, não acho que seja capaz de inventar tantas coisas a seu respeito, só para que eu me separe dele, e a ainda mais a esse nível.
Eu preciso esclarecer essas coisas com o meu marido, mas temo que se eu falar sobre o que a Sol me contou no shopping, as coisas possam piorar para mim, eu realmente fiquei com medo do que vi ontem.
Subi até o nosso quarto, respirei fundo e abri a porta, o Gabriel ainda estava no banheiro, não ouvi o chuveiro, então decidi bater na porta.
toc toc
Sou eu, Gabriel!- falei para ele.
Entra!-ele disse para mim.
Olha Gabriel… Opa.. Achei que estivesse acabado… eu volto depois! - eu disse ao me deparar com o meu marido completamente nu, esfregando shampoo no cabelo.
Você está fugindo de que? Até parece que nunca me viu pelado!- ele disse ligando o chuveiro.
Não é isso, é que eu quero conversar, espero você acabar e conversamos.
Se for urgente é melhor começar a falar logo, eu tenho que dormir.-ele disse ligando o chuveiro.
Ok, já que insiste…- eu comecei me dando por vencida.
Então comece a falar querida esposa.- ele disse continuando o seu banho.
O problema é que eu não consegui me concentrar com ele tomando banho, ver aquela fumaça subir,enquanto ele passava as mãos no cabelo, e no rosto, e em contrapartida a água descer e escorregar pelo seus músculos, desenhando cada um deles,o peitoral completamente exposto, os braços fortes, e aquele abdômen que parece ter sido esculpido delicadamente por anjos.
Parecia que eu estava num comercial de shampoo, conseguia ver aquela cena em câmera lenta, e quisera eu poder repeti-la na minha mente mais tarde,bom nesse caso seria um comercial de shampoo bem sexy.
Pati?- Gabriel me chamou, me arrancando do que eu acredito ser um devaneio nada apropriado para a situação que eu me encontrava naquele momento.
Que?- eu respondi, limpando a baba, meu Deus, que homem gostoso!
Você vai falar? Ou só vai ficar me olhando?
Olhando o que?- eu respondi me fingindo de desentendida.
Meu delicioso corpo, querida e amada esposa.- ele respondeu com a voz mais tranquila do mundo.
Ah, isso, não , eu não estava te olhando, estava pensando.-eu disse mentindo descaradamente.
Gabriel acabou o banho, e estava se secando, se dirigiu até o quarto saindo do banheiro.
E então o que tem para me falar?- ele perguntou enrolando a toalha na cintura.
Você e a Sol namoraram por muito tempo?-perguntei tentando apenas confirmar o que a Sol me contou.
Sim, mas porque essa pergunta agora?- ele me respondeu vasculhando o guarda-roupa.
Vocês se conhecem há muitos anos, não é?-perguntei ainda tomando cuidado com as palavras.
Sim, desde sempre eu acho.- ele respondeu , mas agora resolveu sentar na cadeira e me ouvir.
Vá direto ao ponto Patricia!- ele disse engrossando mais ainda a voz, parecia sem paciência.
Esquece! Não era tão urgente assim! conversamos depois tá bom?!- eu disse saindo do quarto e o deixando sozinho.
Não sei o que está acontecendo comigo, se não perguntei diretamente por medo de ser verdade, ou por medo de perder algo que na verdade nunca foi meu… O amor de Gabriel.