Capítulo 9
1656palavras
2024-01-28 05:31
Patricia
Me arrumei, lindamente para um passeio no shopping, sem muitos exageros, eu amo usar shorts de linho, mas dessa vez optei por um macaquinho preto de alfaiataria que combina muito com a sandália que eu escolhi,um look bem simples e ao mesmo tempo elegante, coloquei alguns acessórios e estava pronta. A sol já estava a minha espera quando desci, e diferente de mim que estava com uma roupa que ia um pouco abaixo das coxas , ela usava um vestido azul florido que ia até o chão de tão longo, um vestido fofo de alças finas, e uma fenda que chegava pouco acima do joelho.
E então? Pronta?- Ela me perguntou.
Claro! Vamos?- respondi.
Passamos pelo portão e o Luiz estava de pé esperando a gente na frente do carro, ele abriu a de trás para que pudéssemos entrar, fechou a porta, deu a volta e dissemos para onde iríamos, a viagem até lá foi um pouco silenciosa , a sol só me fez algumas perguntas aleatórias e eu as respondi. Coisas como, vamos tomar sorvete? Ou Você gosta das bolsas da Gucci? Acredito que apenas para não ficar um silêncio constrangedor no carro.
Ela não parece ser uma pessoa tão ruim quanto pensei, talvez só não tenha conseguido superar Gabriel, até porque eles se conhecem a um eternidade. Provavelmente ela pensou que eles seriam um casal feliz para sempre, sem importar as dificuldades que a vida colocassem no caminho deles. Aquele draminha básico.
Chegamos ao shopping e o Luiz não sai da nossa cola, o Gael ficou com o Gabriel, aqueles dois nunca se separam, mas vivem em pé de guerra também, mas nada tão sério, apenas discussões besta, parece até que eles são o casal da história.
Mas voltando e focando um pouco no passeio com a Sol, nós duas fomos há muitas lojas, estou feliz pois Gabriel me deu um cartão de crédito pouco antes da Sol chegar lá em casa, só usei no salão de beleza, porque não tive tempo de usar em mais nada , não estava com cabeça para fazer compras.
Compramos muita coisa, comprei uma bolsa e um sapato que eu estava namorando no instagram faz um tempo, comprei diversas coisas e até presente para a dona Marta e um perfume para o meu marido.
Depois de tanto rodar pelas lojas sentamos para conversar e tomar sorvete, e claro o Luiz estava numa mesa logo atrás da gente fazendo o trabalho dele. Pedi um sorvete de chocolate na casquinha. E ela um de morango também na casquinha. Colocamos as compras logo ao lado e sentamos uma de frente para a outra, de fato nos divertimos muito fazendo compras.Estava indo tudo bem até o momento.
Pati? - a Sol começou a puxar assunto.
Sim.- respondi desviando o olhar do meu delicioso sorvete.
O Gaba está realmente bem?-ela perguntou abaixando o tom de voz
Como assim realmente bem?-perguntei confusa
Você sabe… Ele já está completamente curado? -ela perguntou tentando explicar , mas só me deixou mais confusa ainda.
Curado de que?-continuei confusa, mas o que é que essa mulher tá falando?
Você não sabia?- ela continuou misteriosa.
Acredito que não…- eu disse um pouco desconfiada.
Olha, se você não sabe é porque ele está com medo de te contar, mas como agora somos amigas , eu tenho o dever de te contar. Mas você tem que me jurar que ele não vai saber que te contei. Tá bom?
Claro ! Eu juro. - esse povo com mania de jurar.
Você sabe que o Gabriel e eu namoramos por um tempo, né?
Sim , isso eu já sei.
Pois é, então deve saber que terminamos a cerca de dois anos atrás né?
Sim, ele disse que você foi estudar fora do país.
Isso, porém, o que você não sabe é que eu usei isso apenas como um pretexto para poder terminar com ele.
E por que fez isso?-perguntei extremamente curiosa
O Gabriel, depois que perdeu a mãe ainda muito pequeno, se tornou um garotinho muito agressivo, e a única pessoa com quem ele ficava calmo era eu, sua amiga da escola. -Ela disse e eu estava começando a ficar menos confusa.
O tempo foi passando nós fomos crescendo e ele sempre estava comigo, porém quando não estava , ele era extremamente agressivo, ele foi expulso de diversas escolas por ser tão violento.
ela continuou
Mas o que isso tem a ver com a história de vocês?
Nós começamos a namorar na adolescência, mas o Gaba sempre foi muito ciumento e possessivo, qualquer garoto que chegava perto de mim ele surtava, ele agrediu muitos amigos meus, bom, ex-amigos agora, nenhum deles chegou perto de mim de novo. - a Sol contava e cada palavra parecia atingir ela mesma como se fossem facadas.
Ele sempre me amou, mas eu não conseguia mais suportar esse amor sufocante. Eu perdi todos os meus amigos por causa disso. Ela disse com muita dor na alma.
E depois?- eu perguntei com a mão no coração.
Há dois anos atrás estávamos prestes a ficar noivos, mas surgiu uma oportunidade para estudar fora do país.-uma lágrima escorreu pelo seu rosto triste.
Eu só tinha duas opções, me livrar desse peso que era o nosso relacionamento, apesar de amá-lo profundamente, ou continuar aqui me casar com ele e nunca poder viver livremente. -ela disse soluçando de tanto chorar.
E…E eu .. Eu … - ela continuava chorando .
Você escolheu a sua liberdade.
Sim.. - ela respondeu se acalmando.
E , então, Sol, porque voltou?
Voltei por você!
Por mim?
Sim, eu soube que o Gabriel tinha se casado, e eu tive que vim me certificar que estava tudo bem com a esposa dele. E que ele não estava te forçando a nada e muito menos te machucando ou te mantendo presa.
***
A conversa que tivemos no shopping, foi bem emocionante digamos assim, mas eu não consegui responder a ela quando me perguntou se o Gabriel estava totalmente curado. Não sei se ele fez acompanhamento psicológico, apenas sei que nunca o vi sendo agressivo, pelo menos não até agora.
Chegamos em casa e a sol foi direto para o banho eu fui para o quarto procurar o meu marido e quando não o encontrei, decidi ir até o escritório do andar de baixo para ver se estava em casa, o que eu não sabia é ia presenciar a cena mais assustadora da minha vida de casada.
Ouvi gritos vindo de dentro do escritório a porta estava entreaberta decidi chegar mais perto para ver o que estava acontecendo, me esgueirei pela porta e pelo feixe de luz vindo de lá pude ver o meu marido, entre socos e chutes espancar um homem que estava jogado no chão.
Eu gelei por completo e paralisei, não sabia como reagir, então era tudo verdade? O que a Sol me disse mais cedo no shopping, era verdade. Sai correndo dali tentando fazer o menor ruído possível, fui para o quarto e me tranquei lá tentando raciocinar, passei o resto do dia fugindo dele.
A Sol bateu na porta do quarto, ela perguntou se eu estava bem, ela também veio me avisar que o jantar já estava quase pronto, eu disse que estava bem, mas estava sem fome e que iria descer mais tarde para comer.
Eu realmente não sabia o que pensar, no começo estava com dúvidas, mas quando vi o jeito que a Sol ficou quando conversou comigo, e mais ainda quando presenciei com o meus próprios olhos e ouvidos o meu marido espancar de forma tão covarde aquela pessoa jogada no chão, eu tive a certeza que o Gabriel não é quem eu pensei que ele fosse.
Depois de passar muito tempo pensando sobre como fui enganada, como eu pude ser tão inocente? Ele me comprou como se eu fosse um objeto, como ele poderia ser uma boa pessoa? Eu decidi ir comer, desci e Marta ainda estava na cozinha ela esquentou o jantar para mim.
A Marta percebeu que algo tinha acontecido comigo, e que de alguma forma tinha a ver com o Gabriel, ela perguntou se estava tudo bem mas eu não quis responder.
Eu comi, e como sempre estava uma delícia, porém nem uma generosa fatia da torta de morango da dona Joana iria me tirar dessa crise.
Não vi Gabriel e nem a Sol, ela me disse que iria dormir cedo pois estava cansada do passeio pelo shopping de mais cedo, eu fui caminhar no jardim, e apesar de estar de noite, o jardim tinha muita iluminação por todo ele, muitas lamparinas vindas do chão, e postes de luz para iluminar do alto. Me sentei em um banco de pedra que ficava no meio de algumas plantas depois de uma pequena trilha de rochas no chão, me distrai olhando a paisagem e o Luiz se aproximou.
Tudo bem, senhora?- ele me perguntou e parecia genuinamente preocupado.
Está… É só que… Você trabalha para o meu marido há muitos anos, certo?- perguntei ao homem que estava de pé.
Sim senhora! - Ele respondeu.
Você trabalhava aqui quando Gabriel namorava com a Sol?- perguntei
Sim.- ele me respondeu , fiz sinal para que ele sentasse no banco comigo, ele estava meio receoso mas sentou assim mesmo
O capanga do meu marido me confirmou tudo o que a Sol falou, e me contou depois de muita insistência minha as diversas vezes que o Gabriel foi agressivo, pessoas que o meu marido agrediu, homens e mulheres que ficaram no seu caminho. Naquele momento foi que a minha ficha caiu, o Gabriel estava louco e eu corria perigo se ficasse por perto, não tinha passado tempo o suficiente com ele para conhecê-lo de verdade.
Eu só estou te contando porque não quero que outro inocente pague por isso. Aqui não é o seu lugar. Luiz disse e implorou pelo meu silêncio, se Gabriel descobrisse o que me contou o mataria e eu concordei.