Depois que as coisas se acalmaram no Dia de Natal, Kelsey foi para a outra sala com seu celular e discou o número da irmã.
　　Ela atendeu de imediato. "Alô?"
　　"Shannon!" Disse Kelsey, feliz por ouvir sua voz. "Como você está?"
　　"Kelsey!" Shannon respondeu. “Onde você está? Você está aqui?"
　　Kelsey balançou a cabeça, mesmo que sua irmã não pudesse ver. "Não. Eu ainda estou em Estrea."
　　“Ah, eu pensei… bem… deixe pra lá."
　　"O que?" Kelsey perguntou, se perguntando se algo havia acontecido com Shannon.
　　Houve uma pausa do outro lado. “Shannon, eles querem usar quimioterapia mais forte, mas eu vou precisar de um transplante de células-tronco para que a quimioterapia mais forte possa ser usada."
　　“E eu sou uma correspondência perfeita," disse Kelsey secamente. Quando havia visitado Shannon e sua mãe em Nova York pela última vez, Kelsey havia sido testada. Ela detestava ter que deixar Estrea, principalmente agora, mas Kelsey faria de tudo para salvar sua irmã. "Quando você precisa de mim?"
　　Shannon suspirou. “Kelsey, eu não posso te pedir para fazer isso."
　　“Você não está pedindo. Eu estou me oferecendo," respondeu Kelsey. “Quando você precisa de mim?"
　　Shannon suspirou. “Você pode esperar até depois do Ano Novo. Eu duvido que os médicos queiram agendar isso antes."
　　Kelsey assentiu. “Por que você não fala com seu médico, descobre quando ele gostaria de fazer isso e me avisa? Enquanto isso, falarei com Edwiin e verei o que posso fazer da minha parte."
　　"Parece um bom plano", Shannon disse no telefone. Ela parecia cansada, embora estivesse tentando parecer animada.
　　"Então, como está a nossa mãe?"
Houve uma longa pausa. “Entre nós, ela está me deixando louca. Mas, por outro lado, eu não sei o que faria sem ela." Shannon suspirou profundamente. "Eu continuo dizendo a ela para ir para casa e descansar. Mas no dia seguinte, ela está de volta. Eu tenho que dar o crédito a ela, contudo, pois eu não acho que ela tenha perdido um dia sequer."
"Uau." Kelsey sabia muito bem o que aquilo significava. Ela amava a mãe dela também, mas às vezes ela poderia ser um incômodo, apesar de suas boas intenções.
"É." Houve outra pausa e então Shannon perguntou: "Então, o que o Edwiin te deu de Natal?"
Por um momento, Kelsey ponderou se deveria contar a ela ou não, mas acabou cedendo. “Você não vai acreditar, mas ele me deu um colar e brincos de diamante ontem à noite." Kelsey não lhe contou que ele também lhe deu um anel combinando hoje e um computador de mesa, também.
"Uau."
"É." Kelsey ia perguntar a ela o que tinha ganho, mas achou melhor não perguntar, sabendo que a mãe delas não podia se dar ao luxo de gastar muito. Kelsey se sentiu mal por não ter enviado nada a elas. Apesar de não ser uma desculpa, o tempo simplesmente se esgotou.
Houve uma pausa do outro lado e então Shannon perguntou: “Você não vai me perguntar o que eu ganhei de Natal?" Por um momento, ela soou como a velha Shannon que ela sempre conheceu.
Kelsey riu. "Shannon! O que você ganhou de Natal?" Perguntou Kelsey, exagerando.
Shannon riu. “Espertinha."
“Eu tento."
“Eu sei." Houve outra pausa. “Bem, eu ganhei um laptop e um belo colar de você!"
Kelsey riu, desejando que ela tivesse pensado nisso. "De mim, é?"
"Sim, obrigada."
"Na verdade, o Edwiin comprou para você."
“Mas foi de você também," respondeu Shannon. “De qualquer maneira, agora podemos fazer Skype ou Facetime!"
　　“Muito legal!"
　　“E adivinha o que mais?"
　　Kelsey riu, sentindo falta da irmã, desejando que ela estivesse ali com ela. “O quê?"
　　“Você deu um laptop para a mamãe também... igual ao meu!"
　　Kelsey riu. “Eu gostaria de ter pensado nisso."
　　“Você pensou", corrigiu Shannon. “Obrigada."
　　“Foi um prazer", respondeu Kelsey. “Fico feliz que você tenha gostado."
　　“Bem, certifique-se de dizer ao Edwiin que nós duas agradecemos a ele também", instruiu Shannon.
　　Uma pequena pontada de culpa puxou seu coração. “Eu vou falar."
　　“Bem, a enfermeira acabou de entrar, então eu tenho que ir."
　　Kelsey assentiu, odiando o fim da ligação. “Eu te amo, maninha."
　　“Também te amo." Kelsey pôde ouvir Shannon sorrir no outro lado.
　　Elas se despediram e então Kelsey desligou, sentindo mais falta da família do que nunca.
　　***
　　Depois que Kelsey desligou, ela tocou o telefone com os lábios, olhando para o espaço, pensando na irmã. Elas sempre foram próximas, mas quase assim que Shannon descobriu sobre sua doença, tudo mudou da noite para o dia. Elas não tinham uma de suas longas conversas de garotas há um tempo e estavam em atraso.
Quando eram mais jovens, costumavam ficar acordados a noite toda nos fins de semana, rindo e gargalhando, bebendo muito leite e comendo muitos Oreos. Aqueles dias eram despreocupados. Então, muito em breve, a realidade se fez presente.
"Tudo bem?" Edwiin perguntou, tirando-a de seus devaneios.
Kelsey assentiu, forçando um sorriso.
"Shannon está bem?" Foi a primeira vez que ele se referiu a ela pelo nome e não como "sua irmã".
"Ela está bem." Kelsey deu um suspiro profundo. Preciso conversar com você sobre algo, mas pode esperar até amanhã.
Edwiin se apoiou na ponta da mesa ao lado dela. "Me conte."
Kelsey fez uma pausa por um momento, odiando ter que contar a ele. Além da investigação, as coisas estavam finalmente começando a ir bem entre ela e Edwiin e ela não queria que isso mudasse. "Shannon precisa de um Transplante de Células-Tronco para que eles possam dar a ela doses mais fortes de quimio."
Edwiin esfregou as costas dela. "Sinto muito."
Kelsey olhou em seus olhos. "Sou uma correspondência perfeita."
A mão de Edwiin congelou em suas costas, olhando em seus olhos enquanto a realidade se fazia presente. "Quando você vai?"
Kelsey sorriu, impressionada por ele ter ligado todos os pontos que levaram à sua partida tão rapidamente. "Não tenho certeza. Shannon vai descobrir quando o médico gostaria de agendar o procedimento, mas provavelmente em breve." Kelsey suspirou. "Shannon quer esperar até depois do Ano Novo, mas se o médico quiser fazer mais cedo —"
"Então você tem que ir," Edwiin terminou. Ele assentiu, sorrindo. "Vá. Faça o que tem que fazer. Eu estarei esperando quando você voltar."
Kelsey sorriu, e desta vez, era genuíno. "Eu não mereço você."
Edwiin a puxou para seus braços. "Temo que você esteja tristemente enganada, pois sou eu quem não merece você." Então ele lhe deu um rápido beijo nos lábios, puxando-a para seus braços.
"Tem certeza de que não se importa?" Kelsey perguntou contra o ombro dele. "Você não vai precisar de mim para algum tipo de função com você?"
Edwiin balançou a cabeça. "Nada que eu não possa dar conta." Então ele começou a se dirigir para a porta, puxando-a junto. "Vamos. Vamos aproveitar o feriado."
E juntos, ambos se reuniram com sua família, determinados a aproveitar ao máximo o tempo que tinham antes de ela ter que partir.