Ashley não sabia o que fazer. Fechou os olhos por alguns segundos tentando pensar na melhor forma de ajudar Oliver naquele momento, e então correu até o quarto de Ethan pedindo ajuda.
— O senhor pode ficar com a Valentina essa noite? – Os olhos arregalados, revelando a preocupação em cada poro do seu corpo.
— O que aconteceu? – Ethan conhecia tão bem Ashley que sabia quando ela estava em apuros só olhando para o seu rosto.

— O Oliver está com febre, tremendo em cima daquela cama – passou a mão sobre o rosto – eu não sei o que fazer.
— Como não sabe o que fazer? – Passou por ela, caminhando em direção ao quarto.
Mediu a temperatura de Oliver, percebendo que ele estava com quase quarenta graus de febre.
— Precisa dar um banho gelado nele, para a temperatura abaixar – sugeriu Ethan, deixando Ashley instantaneamente paralisada.
— Eu? – Disse com a voz assustada – eu não posso fazer isso.
— Isso não está em discussão. Depois do banho dê o remédio para ele – caminhou até a cama de Valentina pegando a menina no colo – eu cuido da Valentina e você cuida do Oliver.

— Pai… – tentou convencê-lo a ajudá-la, mas Ethan saiu deixando Ashley novamente sozinha com Oliver.
Ashley ficou um pouco confusa com os seus pensamentos e irritada com Oliver por ele deixá-la naquela situação. Caminhou até a cama, sentando-se ao lado de Oliver. Precisava acordá-lo. Olhou para o homem, que tremia e o chamou, mas Oliver não acordava. Aproximou o rosto um pouco mais perto, o chamando pela segunda vez, quando ele abriu os olhos, olhando direto para ela.
— Ashley – um sussurro, mas ele mal conseguia manter os olhos abertos.
— Eu preciso que você se levante e tire a roupa – Ao ver a expressão cansada, acompanhada de um sorriso malicioso no rosto dele, percebeu o que havia dito.

— Por que quer que eu tire a roupa? – Segurou nos dois braços dela, aproximando o rosto de Ashley perto demais do seu – podemos deixar isso para depois? Agora eu não estou me sentindo bem.
O seu semblante se fechou diante do sorriso de Oliver, ela levantou-se furiosa e se afastou.
— Você me parece estar ótimo, está até fazendo piadas – envolveu os braços ao redor do corpo, virando as costas para ele – você precisa tomar um banho, para abaixar a febre.
Oliver começou a se levantar lentamente. Teve dificuldades em manter-se de pé, mas conseguiu desabotoar a camisa. Quando Ashley percebeu que ele estava se despindo, fechou os olhos com força. A expressão no seu rosto escureceu ainda mais.
— Consegue fazer isso sozinho? – Perguntou, ainda de costas para ele.
Porém, Oliver não respondeu, caminhou em direção ao banheiro quando as suas pernas fraquejaram mais uma vez. Os olhos de Ashley se estreitaram e sem pensar direito, ela correu na direção dele o segurando.
— Acho que eu não consigo fazer isso sozinho – sentiu a mão dela envolvendo as suas costas, enquanto a outra foi colocada nos seus ombros.
— Deveria ter se alimentado. Agora está com febre e fraco.
— E você fica linda quando está brava – disse isso olhando nos olhos dela, fazendo Ashley quase esquecer que tinha que ligar o chuveiro.
Olhava para Oliver quase nu, se perguntado como havia esquecido que se casara com um homem tão bonito. Quando a água gelada caiu sobre o corpo de Oliver, Ashley acabou se molhando também. Respirou fundo ao toque gelado dele, que logo a soltou, encostando na parede do banheiro. Ashley sentia a sua garganta secar ao perceber o olhar dele sobre ela. Precisou desviar o olhar e se afastar, para, talvez assim, recobrar a consciência.
Quando ele terminou, ela o envolveu em uma toalha e o levou de volta a cama. Deu a ele o comprimido e apenas observou ele fechar os olhos e tentar dormir.
— Se precisar de mim, é só me chamar – começou a caminhar para porta, na intenção de sair dali.
O problema era que Ashley não conseguia ficar perto de Oliver sem que os seus sentimentos se bagunçassem dentro do seu peito. Precisava fugir do toque dele para não cair no erro de considerar beijá-lo mais uma vez. Quando ele segurou pelo seu braço a impedindo de partir, ela teve certeza de que estava tudo perdido.
— Por favor, Ashley – disse em um sussurro, enquanto ele evitou não olhar para ele – eu preciso de você, agora.
Por mais que ela quisesse, não conseguia negar o pedido. Voltou a fechar a porta, inspirando o ar com força, tentando se acalmar e entrando no quarto novamente. Sentou-se na pequena cama de Valentina e viu Oliver dormir novamente. Logo ela também pegou no sono, se encolhendo na pequena cama desconfortável. Despertou com os gemidos constantes de Oliver. Arregalou os olhos novamente, indo na direção dele. Verificou a temperatura e a febre parecia ter aumentado, quando estava pronta para sair, Oliver segurou novamente no seu braço e a puxou, fazendo Ashley cair sobre ele.
— O que você está fazendo, Oliver? – Mas ele não respondia.
Tentou sair pela outra extremidade da cama, mas ele a impediu novamente. Meia hora depois ela pegou no sono, dessa vez deitada ao lado dele. Quando acordou na manhã seguinte, percebeu haver dormido nos braços de Oliver. Olhou para ele, sentindo uma dose exagerada de sentimentos a invadindo. Tocou no seu rosto delicadamente, como se quisesse sentir cada traço seu, e percebeu que ele já não estava mais com febre. O olhar dela revelava tudo o que ela sentia naquele momento e Oliver viu isso quando abriu os olhos e olhou para ela.
— Acho que você já está melhor – levantou-se apressada, se afastando dele – já não tem mais febre.
Tentou disfarçar o que sentia, escondendo o rosto dele. Oliver se ergueu na cama, mas ainda se sentia fraco.
— Obrigado por ter ficado – disse, sentindo a cabeça girar.
Ela girou a cabeça lentamente e percebeu que Oliver estava pálido pelas longas horas em que havia ficado sem comer.
— Vou preparar alguma coisa para você comer – disse caminhando apressada e certificando que dessa vez ele não a impediria.
Por fim, depois de alguns minutos, ela voltou com ovos mexidos e um copo de suco e deu a ele para comer. Saiu do quarto, o deixando sozinho novamente indo em direção ao quarto de Ethan. Se deparou com Valentina ainda dormindo e resolveu não a acordar. Quando, decidiu pôr fim retornar ao quarto, Oliver já estava de pé.
Ele estava sem camisa e aquilo a incomodava. Quis sair do quarto novamente, quando ele a segurou pelo braço a impedindo.
Os olhares se encontraram e Ashley já estava cansada de ter que encarar Oliver o tempo todo e não saber o que fazer.
— Vou ter que voltar para Las Vegas, hoje.
Foi como se o mundo parasse de girar. No princípio ela não quis que ele estivesse ali, no fim, ela queria que ele não fosse.
— A Val me ligou e disse que um dos meus sócios marcou uma reunião urgente a qual eu não posso faltar.
Ela se afastou, tentando disfarçar a tristeza em ouvir aquilo. Forçou um sorriso antes de dizer.
— Tudo bem – desviou o olhar, engolindo a seco, enquanto sentia um nó sufocando a sua garganta.
Mas Oliver se aproximou novamente, ficando perto demais dessa vez, de modo que Ashley sentiu um enorme calafrio invadir o seu corpo.
— Está tudo bem mesmo? – A pergunta foi persistente, enquanto ela sentia o hálito dele adentrar suas narinas – porque não é isso que os seus olhos me dizem.
— Você está vendo coisas – soltou um breve e forçado sorriso, antes de desviar o olhar para baixo – talvez a febre não tenha passado e você esteja delirando.
— Olha para mim, Ashley – a voz saiu alta e autoritária – e diz para mim que você não se importa que eu vá. Que você não sente nada por mim.
Levantou o olhar e havia tristeza nele, mas Ashley não conseguiu dizer nada por alguns segundos.
— Oliver, por favor – foi como um sussurro – não torne as coisas mais difíceis do que já é entre nós dois.
— Se você disser que quer que eu vá embora, eu vou – continuou insistindo – mas eu não consigo acreditar que não há nada dentro de você, depois do que fez por mim ontem.
— Você é o pai da Valentina, Oliver – desviou o olhar novamente – eu fiz por ela.
— Então diz isso, olhando nos meus olhos – ergueu a cabeça dela a forçando olhar para ele mais uma vez.
Mas Ashley não conseguiu. O coração dela ficou imediatamente apertado, fazendo-a perder a capacidade de falar. Ashley franziu a testa olhando para ele como se não soubesse o que fazer. O medo a invadiu, quando ela percebeu o que estava acontecendo.
— Oliver, eu… – mas as palavras morreram na sua garganta.
Sabendo que não conseguiria dizer a ele o que precisava, girou os calcanhares para partir e quando achou que conseguira escapar, novamente a mão de Oliver a agarrou, a puxando, e ele a beijou mais uma vez.