Capítulo 82
1584palavras
2024-01-27 14:37
Ashley reclamou quando os primeiros raios de sol bateram nos seus olhos. Quando se olhou no espelho, teve a sensação de se parecer com um morto-vivo, ou que havia sido atropelada por um trem. Olhou para Valentina antes de se levantar e ligar para o Oliver. Disse a ela que não iria trabalhar naquela manhã, mas também não justificou os seus motivos. Certamente Oliver estava sendo compreensível demais ou estava a evitando para que ela sentisse na pele a dor de ser despreza. Pois, era exatamente isso que Ashley vinha fazendo com ele. Será que Oliver estava se vingando.
Foi frio e seco com ela ao telefone, mas ele logo se arrependeria disso. Quando Ashley saiu do quarto, se deparou com Marina pronta para ir ao trabalho. Ela arregalou os olhos quando viu Ashley, querendo saber por que ela ainda não estava pronta para ir trabalhar.
— Prometi ao Oliver que conversaria com a Valentina sobre conhecer o pai.

Respondeu extremamente desanimada.
— Que noticia incrível – Marina abriu um largo sorriso, provocando em Ashley uma careta de insatisfação pelo comentário – que bom que ele quer assumir a Valentina.
Mas Marina logo percebeu que Ashley não parecia tão animada assim.
— Está acontecendo alguma coisa a mais a qual você queira me contar? – Encheu uma xícara com café e ofereceu a Ashley.
— O Oliver anda estranho – olhou para o café sentindo o vapor invadir as suas narinas – esses dias ele até disse que me amava.
A revelação foi tão surpreendente que Marina se engasgou com o café.

— Ele se declarou para você? – Perguntou com a voz falhando.
— Não é estranho? – Fez outra careta, – ele tem me tratado de um jeito diferente e agora deu para me tratar com frieza só porque eu ignorei a declaração de amor.
— E você parece estar bem irritada com isso – zombou dela, soltando um riso provocador – Não há nada de estranho alguém se apaixonar por você.
— Estamos falando do Oliver – enfatizou – Não de um homem igual o Alfonso, por exemplo.

Marina olhou no relógio de pulso, percebendo que já estava na sua hora de sair para o trabalho.
— Olha só, Ashley, o Oliver parece ser um homem legal, deveria dar uma chance a ele.
— Você só pode estar maluca – observou Marina pegar a bolsa e caminhar para a saída – ou talvez a louca seja eu por ouvir os seus conselhos.
— Você sabe que estou certa – abriu a porta – além disso, deveria confessar que também ama ele e acabar com essa novela sem fim.
Ashley estava pronta para dar uma resposta bem mal-educada para Marina, mas ela saiu batendo a porta com força, não dando nenhuma chance dela se defender. Ashley sentia a garganta inchar com as palavras que ficaram presas dentro dela.
Ora essa! Ela apaixonada pelo Oliver? De onde Marina havia tirado isso.
Após dez minutos esperando que a raiva passasse, ela esperou que a baba chegasse e a ajudasse a preparar Valentina para aquele momento. Quando se sentou em frente a ela e se preparou para contar toda a verdade, sentiu como se o mundo parasse completamente de girar. Faltava-lhe ar nos pulmões.
— Vamos conversar? – Observou a menina balançar a cabeça.
Ashley retirou tudo que de algum modo poderia tirar a atenção de Valentina. Talvez ela não entendesse muito aquele momento, mas Ashley sabia o quanto Valentina tinha vontade de ter um pai.
— Lembra que você perguntou sobre o seu pai uma vez? – Perguntou, acariciando a cabeça da menina.
— E você disse que ele murava muito longe – ela esticou os braços para se expressar melhor.
— Você quer conhecer ele? – Perguntou e percebeu que a menina abriu um largo sorriso.
— Ele está aqui? – Ashley riu.
— Ele já não está mais longe como a mamãe disse – soltou um longo suspiro – e ele quer conhecê-la.
— Eu também quero conhecer – não completou a frase. Os pulos que ela dava no sofá eram contagiantes.
Ashley teve que segurar a menina para que ela se sentasse novamente e ficasse atenta ao que ela dizia.
— Como é o cabelo dele? – A pergunta fez Ashley achar graça – os olhos são azuis como o meu?
— Os olhos dele são azuis como os seus – riu para ela – Lembra do tio Oliver, que te levou para o hospital naquele dia?
A menina balançou a cabeça novamente. Mas Ashley demorou mais do que deveria para contar a verdade a filha. Foi como se as palavras ficassem pressas na sua garganta.
— Você gosta dele? – Queria ir mais fundo, para descobrir qual seria a reação da menina ao saber a verdade.
— Ele me dar presentes – foi sincera.
Mas a inocência de Valentina não permitiu que ela percebesse o que Ashley estava tentando dizer.
— Ficaria feliz se ele fosse o seu pai? – Observou a fisionomia da menina mudar, enquanto mais uma vez afirmava com a cabeça.
— Ele é o meu papai? – Um sorriso escancarado com aqueles dentes tão pequenos fez Ashley chorar. Ela não conseguia pronunciar as palavras, apenas balançou a cabeça afirmando que sim. Valentina pulou no pescoço dela feliz em saber que Oliver era o pai dela.
— Quando ele vem me visitar? – Disse empolgada.
— Em breve – disse enxugando as lagrimas.
No final, a conversa não foi tão difícil quanto Ashley achava. Valentina havia recebido a notícia da melhor maneira possível. Logo depois, Valentina correu para a cozinha e contou a novidade para a baba, que tinha uma expressão surpresa no rosto. Até a sua saída de casa para ir trabalhar, Ashley viu Valentina cantarolando pela casa e contando para as suas bonecas que agora ela tinha um pai.
Chegou na empresa ainda pensando sobre isso. Assim que pisou no andar principal, Val caminhou apressada na sua direção, e disse ofegante.
— O senhor Oliver pediu para que assim você chegar, fosse direto para a sala dele.
Ela engoliu a seco, passando as mãos suadas sobre a saia. Caminhou até o escritório. A má iluminação da sala, transmitia uma sensação deprimente. As cortinas interrompiam os raios de sol, mas quando Oliver se virou para olhar para ela, foi como se o céu se abrisse. Realmente, Valentina tinha os mesmos olhos que ele. Entretanto, um frio percorreu a sua espinha quando ele se aproximou dela.
Oliver limpou a garganta antes de perguntar.
— Como foi com a Valentina? – Oliver fazia de tudo para controlar a sua ansiedade e não demonstrar aquilo para Ashley.
— Ela ficou feliz em saber que você é o pai dela.
Percebendo o quanto Oliver estava radiante de felicidade, Ashley mais uma vez começou a chorar. Estava com a sensibilidade a flor da pele. Desde a hora em que soubera da morte da sua mãe, qualquer coisa, que era dita a ela, fazia ter vontade de chorar.
— Por que está chorando? – Mais um passo e ele estava a pouco centímetros dela, passando os dedos nas suas bochechas molhadas.
— Não é nada – ela tentou disfarçar a tristeza – só estou emocionada.
Oliver encarou os olhos dela assim que ergueu o seu queijo com as pontas dos dedos.
— Achei que estava decepcionada por Valentina ter me aceitado tão facilmente.
O comentário pegou Ashley de surpresa, mas ela estava tão hipnotizada com aquele olhar que não pensou nem por um minuto brigar com Oliver novamente.
— A minha tristeza não tem nada a ver com você – os seus pensamentos se voltaram para a mãe morta que ela jamais veria novamente, fez Ashley desabar no choro – eu descobrir que a minha mãe morreu.
Colocou as duas mãos no rosto, enquanto sentia Oliver a puxar pela nuca e a abraçar.
— Eu sinto muito, Ashley – disse, com pesar.
Envolveu o seu corpo ainda mais no dele, afundando o rosto no seu peito.
— Eu nunca mais a verei – continuou se lamentando – nem ao menos poderei colocar flores no seu túmulo e me lamentar pela sua breve partida.
Foi quando Oliver beijou a sua testa que Ashley se afastou, ficando com o rosto colado no seu.
— Eu tenho certeza de que ela sabe o quanto sente falta dela – um sussurro e Ashley já não conseguia pensar em nada além do que aquele momento.
Ela apenas fechou os olhos esperando que ele a beijasse, mas uma voz e a porta do escritório se abrindo interrompeu o que poderia ser o começo de uma reconciliação.
Ashley foi pega de surpresa quando viu Alfonso entrar na sala. Se afastou de Oliver rapidamente e abaixou a cabeça se lamentando por aquele episódio. Ela era incapaz de olhar nos olhos de Alfonso e constatar a decepção estampada no seu rosto.
— Desculpe se interrompi algo, Oliver – o cumprimentou – espero que não tenha esquecido da nossa reunião.
Enquanto dizia, os seus olhos não desgrudavam do modo como Ashley reagia. Quando ela levantou a cabeça e olhou para ele, percebeu o quando Ashley estava mal com aquele momento.
— Não vou interromper a reunião de vocês.
Girou os calcanhares e começou a caminhar para fora do escritório, quando sentiu a mão de Alfonso segurar o seu braço, a obrigando a parar.
— Precisamos conversar Ashley – sussurrou no seu ouvido – e dessa vez você não vai fugir de mim.