Capítulo 81
1339palavras
2024-01-27 08:37
Oliver não procurava Ashley nem ao menos para falar sobre o trabalho na empresa. Os recados eram sempre dados por Val. Ficou claro para ela que ele havia entendido o seu recado. A distância seria melhor para os dois, ainda que o seu coração se entristecesse com isso.
Foi para casa com a sensação que faltava algo na sua vida. No caminho pensou em como contaria a Valentina que Oliver era o pai dela, de uma maneira que a menina entendesse toda a situação. Ela só tinha três anos, mas era curiosa e inteligente demais para uma menina da sua idade.
Assim que cruzou a porta, toda a tristeza se dissipou ao olhar nos olhos de Anny novamente. Correu para abraçá-la calorosamente e parecia eufórica por vê-la após tanto tempo.

Mas quando Ashley olhou nos olhos de Anny percebeu o quanto ela parecia preocupada. Havia um peso enorme sobre ela, Ashley conseguiu sentir isso.
— Achei que não a veria tão cedo, Anny – disse, tentando decifrá-la.
— E eu não pretendia voltar agora – um longo suspiro mostrou ter algo de errado – eu tenho algo importante para contar a você, Ashley.
Ashley exibiu a ela um sorriso amargo, enquanto esperava pacientemente Anny contar toda a verdade. Em seguida, Anny abaixou a cabeça como se sentisse vergonha em olhar nos olhos de Ashley disse.
— Eu contratei um detetive particular para descobrir o paradeiro da sua mãe - de repente as bochechas de Anny ficaram vermelhas e ela começou a chorar – e as notícias não são boas.
Ashley arregalou os olhos, deixando o desespero tomar de conta dela. Ainda que a sua expressão fosse um esgar de descrença por Anny ter feito aquilo em segredo, ela não sabia se estava preparada para ouvir a verdade sobre a sua mãe.

— Porque não me disse nada, Anny? – Indagou, mas não havia decepção na voz dela.
— Queria fazer uma surpresa a você e o Ethan – disse, erguendo o olhar e oferecendo um sorriso para Ashley – vocês tinham o direito de saber onde ela estava.
Ashley concordou sentindo um nó sufocar a sua garganta. Ela só conseguia pensar no pior.
— Então diga-me, o que descobriu?

Demorou um tempo para que Anny dissesse, enfim.
— Algo terrível houvera ocorrido com ela – disse Anny com lagrimas nos olhos – eu sinto muito Ashley, mas a sua mãe está morta.
Ouvir aquilo foi como uma faca entrando direto no coração. Ashley precisou ser amparada por Marina para que não desabasse. Já não sentia as suas pernas. Tudo o que ela conseguiu pelos quinze minutos que se passaram foi chorar e lamentar a morte da mãe que partiu tão cedo da sua vida.
— Onde a minha mãe estava Anny? – Havia muitas perguntas que Ashley queria fazer, mas não conseguia se expressar direito.
Quando Anny começou a contar o que havia descoberto sobre Amanda, o horror se instalou no rosto de Ashley. Depois que ela saiu de casa, foi morar na Califórnia, onde uma conhecida dela arrumou um emprego de faxineira e Amanda pode enfim seguir com a vida. Ashley pensava que talvez o plano de Amanda fosse juntar dinheiro o suficiente para mandar buscá-la, mas Amanda nunca telefonou para Ashley. Nunca lhe enviou uma mensagem ou preocupou-se em saber que a filha estava sequer viva. O trabalho exaustivo fez Amanda ficar doente e contrair uma doença altamente contagiosa. Com a tuberculose avançando e consumindo os seus pulmões, ela escondia a doença e não buscava os tratamentos adequados, fez ela morrer cinco anos depois que viu Ashley pela última vez. Sem familiares por perto, foi enterrada como indigente no cemitério da Califórnia, sem dar a chance a Ashley de se despedir da mãe, que nunca a quis por perto.
— Conseguir a certidão de óbito dela – estendeu o documento na direção de Ashley, que pegou o papel com as mãos tremulas – é quase impossível saber o local exato onde a sua mãe foi enterrada. Eu lamento muito.
Enquanto passava os olhos pelo documento que provava a morte de Amanda, Ashley se questionou se poderia ter diferido se ela tivesse ficado ali. Se as duas seriam amigas, se teriam um relacionamento normal de mãe e filha. Se Amanda ainda estaria viva. Certamente, quando decidiu ir embora de casa decretou a própria morte e ainda que Ashley tivesse poucas lembranças dela, chorava se lamentado como se tivesse vivido anos ao seu lado.
— Você contou para o Ethan? – Indagou, olhando para Anny.
— Não! – Disse em um sussurro – eu não saberia como fazer isso.
Nem ao menos Ashley saberia como fazer. Ethan amou Amanda mesmo após ela o abandonar. Depois dela não houve mulher capaz de preencher o vazio do seu coração. Contudo, ele nunca foi atrás dela e nem visou saber onde ela estava. Ethan apenas respeitou a decisão da mulher em partir, ainda que jamais se perdoasse por isso.
Durante alguns minutos elas ficaram em silêncio apenas se lamentando, quando Anny concluiu.
— Acho que Amanda sabia que não iria voltar – disse, segurando em uma das mãos de Ashley – por isso, ela nunca enviou uma mensagem a vocês, para que não tivessem esperanças do seu retorno.
— Eu acho isso um pouco cruel – lamentou Ashley.
— Eu conhecia a Amanda muito bem – passou os dedos por cima da pele macia de Ashley – ela amava você e lutava para oferecer a você uma vida melhor. Ela ficaria tão feliz em conhecer a Valentina.
Os seus olhos se voltaram para a pequena menina que dormia no sofá. Quando Ashley se lembrou de Oliver. Se Amanda ainda estivesse ali, Ethan não teria realizado a aposta, Ashley não teria se casado com Oliver, Valentina não teria nascido. A partida dela só foi a primeira peça a ser derrubada. Pensar nisso fez a angústia de Ashley se intensificar ainda mais. Porém, ela só aumentou depois que Anny lhe revelou outro segredo.
— O Ethan me contou sobre o Oliver – a sua voz saiu baixa como se ela não quisesse que ninguém mais escutasse aquilo.
Ashley foi dominada pela vergonha. Era como se ela estivesse traindo a confiança de Anny se envolvendo com Oliver novamente. Abaixou a cabeça e se lamentou em um sussurro.
— Não deve se envergonhar disso, Ashley – apertou a sua mão carinhosamente – afinal o Oliver é o pai da Valentina.
— Eu só aceitei trabalhar com ele devido à fazenda – disse, quase atropelando as palavras – eu deveria ter te comunicado sobre a nossa situação e ter evitado isso...
— Não se justifique – sorriu para ela, tentando transparecer que tudo estava bem – o fato do Oliver ter feito o que fez não me dar o direito de julgá-lo. Eu sabia que no momento que ele conhecesse a Valentina, tudo iria mudar.
Ashley riu, quando uma lagrima escorreu pelo seu rosto.
— Ele quer assumir a paternidade da Valentina – olhou nos olhos de Anny para saber qual seria a reação dela – eu não sei como fazer isso.
Anny sorriu.
— Isso é ótimo! – Disse otimista – mostra que as pessoas mudam.
— Eu queria acreditar nessa mudança – se lamentou Ashley.
Anny logo percebeu que Ashley estava envolvida muito mais do que uma simples paternidade. A presença de Oliver na vida dela, estava a deixando confusa sobre os próprios sentimentos.
— Vai acreditar – disse com convicção - comece permitindo que ele seja o pai da sua filha. Facilite as coisas para ele Ashley, ainda que não consiga acreditar que ele mereça.
Ashley ficou aliviada em saber que Anny não se opôs contra Oliver. Logo ela, uma mulher conservadora e sabendo do passado horrível que envolvia eles dois. Quando a casa ficou silenciosa novamente, Ashley não queria saber de dormir. Passou quase toda a madrugada tentando encontrar uma maneira simples de revelar a verdade da morte da sua mãe para Ethan e contar para Valentina que Oliver era o seu pai.