Capítulo 78
1336palavras
2024-01-25 14:35
Ashley estava paralisada com as palavras de Oliver. Por um instante ela congelou. Sabia que não conseguiria dizer nada a ele, ainda que ele esperasse, Ashley simplesmente nunca havia se preparado para aquele momento.
Nesse instante ela o encarou com uma expressão confusa no rosto e girou os calcanhares, saindo correndo do escritório. Oliver ainda chamou pelo seu nome, mas Ashley o ignorou e foi embora sem olhar para trás. Quando se sentou na sua cadeira, a sua respiração estava acelerada, o olhar perdido e ela ainda tentava entender o que havia acontecido dentro daquele escritório.
Será que ela havia escutado direito? Oliver havia dito, de fato, que a amava, ou aquilo era fruto da sua imaginação? Aquelas palavras ficaram martelando na sua cabeça por vários minutos, até que Val interrompeu o seu desvaneio.
— Você está bem, Ashley? – Tocava o braço dela com uma das mãos e quando ela levantou o olhar encontrou o semblante de uma mulher realmente preocupada – você está pálida, como se tivesse visto um fantasma.
— Eu estou bem – gaguejou, tentando disfarçar o quanto estava perdida nos próprios sentimentos – eu estava pensando sobre o pedido de namoro que o Alfonso me fez nessa manhã.
Val quase deu um salto para trás do tamanho do susto que levou com aquela revelação.
— O senhor, Alfonso pediu você em namoro? – Estava literalmente boquiaberta – o Oliver já sabe disso?
Ashley se irritou com a pergunta dela.
— Por que o Oliver deveria saber disso? – Se agitou na cadeira, ligando o computador com a esperança de se distrair – o pedido foi feito a mim e não a ele. E por favor, Val, não vá contar a ele sobre isso.
— O Oliver ficará muito triste, Ashley – disse como se já sentisse a dor do chefe pulsando sobre o seu peito – você talvez não consiga perceber o quanto ele gosta de você, mas eu consigo.
Nessa hora o mundo pareceu parar para Ashley, então as palavras “eu amo você” ressurgiram na sua memória. Val estava certa o tempo todo. Oliver realmente gostava dela, pelo menos era o que ele dizia sentir, mas alguma coisa bloqueava os sentimentos de Ashley, como um filtro instalado no seu coração, a declaração de Oliver não passava por ali, dando lugar apenas a dúvida e ao ressentimento.
— Não diga bobagens, Val – se levantou impaciente e foi até a cafeteria.
Ashley sempre tomava bastante café todas às vezes que ficava nervosa.
— Diga-me – se aproximou dela novamente, apreensiva – você aceitou o pedido dele?
Enquanto bebia um longo gole de café, Ashley ficou confusa.
— O pedido de quem? – Disse, porque os seus pensamentos estavam presos nas últimas palavras de Oliver.
— No pedido de namoro do senhor Alfonso – disse com ansiedade.
— Eu não respondi nada, Val – disse com tristeza – eu apenas enfatizei precisar de um tempo para pensar.
— Não há o que pensar Ashley – as suas palavras escapuliram com pressa – você não o ama. Como conseguiria ficar com alguém que você não gosta?
— Como você sabe disso? – Franziu o cenho.
— Eu consigo ver nos seus olhos.
— Não me diga que você é uma bruxa? – Brincou – claro, com todo o respeito.
— Não sou uma bruxa, Ashley – ela riu – sou apenas uma mulher experiente, e eu sei quando duas pessoas se amam, como eu vejo com você e o Oliver.
Ashley se engasgou com o café de tal modo que achou até mesmo que morreria com tanta falta de ar. Val correu para socorrê-la dando leves tapinhas nas costas de Ashley. Quando recuperou o folego resolveu encerrar aquela conversade vez.
— Podemos encerrar esse assunto? – Disse com dificuldade, abandonando a xícara de café e voltando para a sua mesa – eu tenho muito trabalho para realizar hoje, Val.
— Compreendo perfeitamente – disse, sorrindo – mas pense sobre o que eu te falei, está bom?
Ashley apenas balançou a cabeça em afirmação e tentou se concentrar no trabalho. Foi um processo difícil. As lembranças do que Oliver havia dito a ela iam e viam em sequências assustadoras. Ela não poderia ignorar o que havia escutado dele, e todas às vezes que se lembrava, o seu coração pulsava no peito desenfreadamente. Seu estômago tremia, como se tivesse borboletas dentro dele, e muitas vezes ela se pegava sorrindo, como se sentisse feliz em relembrar da voz de Oliver dizendo que a amava. Às vezes ela achava que estava ficando louca em acreditar nele. Oliver apaixonado por ela? Qual era a probabilidade de isso acontecer?
Passou aquela manhã inteira sem conseguir concluir um arquivo sequer e os seus olhos sempre atentos a porta do escritório de Oliver a deixava alerta. Quando ele saísse dali ela fugiria, iria para qualquer lugar bem longe dele, onde não pudesse conversar com ele sobre aquele assunto. Contudo, onde quer que Ashley fosse, ela não escaparia do turbilhão de sentimentos que a paralisava naquele exato momento.
No escritório, Oliver se questionava o que havia feito de errado. Talvez dizer amar Ashley tivesse sido precipitado e a sua pressa em dizer o que sentia a assustou ao ponto de ela fugir. Ponderou pegar o telefone e pedir a Val para ordenar que Ashley fosse até o seu escritório, para que assim terminassem de vez aquela conversa, mas desistiu quando pegou o celular pela décima vez. Podia sair do escritório para encontrá-la, mas não funcionaria também. No fim da manhã, Oliver chegou à conclusão de que o melhor era dar o tempo devido a todas as coisas.
Quando Val entrou no escritório, percebeu que Oliver tinha o mesmo humor que Ashley. Estava com o olhar perdido, distraído e sem conseguir se concentrar em nada. Precisou chamá-lo pela terceira vez, sem que o chefe sequer percebesse a sua presença ali.
— Eu perguntei se o senhor vai sair para almoçar – Oliver nem sequer havia percebido que a manhã havia passado tão depressa.
— Estou sem fome – disse ele, desanimado.
— Aconteceu alguma coisa, senhor? – Indagou a secretaria extremamente preocupada.
— Tenho muitos problemas na minha casa, Val – concluiu, fugindo do assunto que envolvia Ashley – Estou me separando da Stefany.
Estava aí outra notícia daquele dia que deixou Val completamente boquiaberta.
— Quer saber, senhor – disse, mastigando as palavras para que não soasse inconveniente – o senhor merece uma mulher melhor.
Oliver riu do comentário de Val e concordava com ela, apenas não comentou isso.
— E que tipo de mulher você me sugere? – Indagou curioso.
— A Ashley é um bom partido – ouvir um nome dela encheu o seu coração de insegurança. Imediatamente ele se lembrou de como ela havia saído do seu escritório horas antes – mas devo lhe dizer que deve se apressar se realmente quiser ficar com ela.
Oliver olhou intensamente para a secretaria, tentando decifrar o que Val estava querendo dizer.
— Por qual motivo diz isso? – Cerrou os olhos e uma ruga de preocupação se formou na sua testa.
— A dona Ashley pediu para que eu não contasse, senhor – a mulher deu um longo suspiro antes de prosseguir. No fundo, Val sabia que estava traindo a confiança de Ashley – Mas o senhor Alfonso a pediu em namoro essa manhã.
O coração de Oliver quase parou. Podia-se ver o desespero estampado no seu belo rosto. Ele se agitou na cadeira com o incômodo da revelação. Olhou para Val com os olhos arregalados e perguntou:
— E ela aceitou? – Sentiu medo de ouvir a resposta.
— Ela não deu a ele nenhuma resposta – concluiu – apenas disse que iria pensar.
Foi quase como um alívio, mas seu coração encheu-se de tristeza ao perceber que para o Alfonso ela deu uma chama de esperança, enquanto para ele não havia sobrado nada. Mas Oliver precisava fazer algo. Ele não permitiria perder a mulher que amava assim, tão facilmente.