Capítulo 75
1726palavras
2024-01-24 08:33
Oliver dirigiu para casa pensando sobre tudo que havia acontecido. Ele não entendia, porque havia beijado Ashley ou talvez não quisesse admitir sentir algo profundo por ela. Estacionou o carro em frente a mansão e ainda conseguia sentir o gosto doce do beijo dela. Ele não conseguia parar de pensar naquilo. Estava disposto a entrar e subir indo direito para o seu quarto, mas a presença de Stefany o impediu.
Ela vestia uma camisola vermelha e tinha um copo cheio de bebida em uma das mãos. Estava abatida, com olheiras profundas e os cabelos desarrumados. Oliver nunca havia visto ela tão mal assim. Stefany esperava ele sentada na sala, com ansiedade e impaciência.
— Onde você estava, Oliver? – Se aproximou dele o suficiente para sentir o odor do álcool que exalava da sua boca.
— Estava trabalhando para sustentar os seus luxos – disse ele demonstrando indiferença ao seu sofrimento – aliás, eu não entendo por que continuamos juntos. Talvez eu tenha pena de você.
A raiva a consumiu quase completamente e não acreditou nas desculpas dele. Se aproximou ainda mais, sentindo um perfume diferente exalando de Oliver.
— Esse perfume, – disse, tentando lembrar de onde reconhecia aquele cheiro – é perfume de mulher.
— Não inventa coisas, Stefany – ele começou a subir as escadas – no dia em que eu tiver uma amante, certamente você será a primeira a saber.
Stefany por sua vez, ficou ainda mais brava com a indiferença de Oliver. Ponderou ir atrás dele e fazer um escândalo, mas isso só afastaria ele ainda mais. A verdade era que ela estava enlouquecendo. Passava o dia inteiro pensando em uma forma de se livrar de Ashley e da bastarda da filha que ela dizia ser de Oliver. Queria encontrar a solução para fazê-lo amá-la mais uma vez. Chorava por não conseguir viver a história de amor que a vida inteira sonhou e não conseguiu. Sentou-se de volta no sofá e chorou pela décima vez naquele dia. Stefany já não tinha forças para lutar contra os próprios sentimentos.
No andar de cima, Oliver tirou o paletó e camiseta deixando jogados no chão e se preparava para tomar um longo banho. Quando saiu do banheiro, recebeu uma mensagem de Ethan avisando que voltaria para o Texas na manhã seguinte. Oliver se lembrou da casa e os documentos da propriedade ainda estavam sob a sua proteção. Aquela seria uma desculpa perfeita para estar a sós com Ashley novamente. Caminhou até o quarto onde Stefany dormia e sabia haver guardado os documentos em uma daquelas gavetas da cômoda. Enquanto revirava as coisas, encontrou um objeto enrolado em uma camisola velha de Stefany. Então, como se sentisse que aquilo era necessário, desembrulhou, sem hesitar e levou o maior susto da sua vida quando descobriu o que havia escondido ali.
Um calor repentino invadiu o seu corpo. A raiva foi percorrendo as suas veias como um veneno mortal. Oliver não acreditou haver sido tão inocente aquele ponto. As suas mãos tremulas segurava o antigo celular de Ashley.
Com uma expressão sombria no seu rosto, ele tentou ligar o aparelho, até e que enfim conseguiu. Buscou nos antigos arquivos a mensagem enviada a Filipe na noite em que ele foi descoberto. Ela estava ali, intacta como prova de que ele havia sido enganado por três longos anos.
Logo ele, que se achava tão esperto, frio e arrogante, havia sido levado por uma noite de sexo, enquanto a mulher que dizia amá-lo armou uma cilada para ele. Coo Oliver não conseguiu desconfiar daquilo?
Após ficar em choque por longos minutos, ouviu passos vindo na direção do quarto, mas ele não se moveu. Continuou em pé, com o aparelho em mãos, pronto para encurralar a traidora.
Stefany levou um susto quando viu Oliver no seu quarto, e levou mais tempo do que o necessário para perceber o que ele segurava em uma das mãos. Primeiro os seus olhos foram atraídos para a cômoda bagunçada, depois para o celular que Oliver segurava e por fim para a escuridão que havia nos olhos de Oliver.
O seu coração quase parou de bater. As suas pernas agora não a obedeciam. Os seus olhos inchados indicavam que ela iria chorar mais uma vez.
— O que está fazendo no meu quarto, Oliver? – Indagou com a voz embargada – por que está mexendo nas minhas coisas?
Ela caminhou apressada na direção dele e tentou pegar o celular da sua mão, mas Oliver a impediu segurando com força no seu braço. Havia fúria nos olhos dele.
— Esse celular não é seu – disse, enfim, soltando-a com brutalidade.
Stefany gemeu de dor e engoliu toda a vontade de chorar, olhou para ele sabendo haver sido descoberta.
— É claro que esse celular é meu – riu em desespero – eu o tenho há tantos anos…
Oliver não acreditava em suas palavras e disse com desdém.
— Acha que pode me enganar novamente? – Um grito que ele soltou fez ela se encolher de medo – chega das suas mentiras, Stefany. Como foi que o celular da Ashley veio parar aqui? O que você fez para conseguir ele?
Se aproximou dela, e segurou com força o rosto da mulher.
— E se eu não quiser te dizer? – O desafiou – você vai me expulsar dessa casa de todo o jeito.
— Mas eu posso fazer muito pior se você não me contar toda a verdade agora mesmo – empurrou ela sobre a cama e virou as costas se afastando para que não cometesse uma loucura.
— Quer saber da verdade, Oliver? – Disse com firmeza, franzindo os seus lábios com força – contratei uns homens para assaltar a Ashley e roubar o celular dela. Eu te seduzir, e quando você estava na cama comigo, mandei uma mensagem do celular dela para o Filipe.
Enquanto ela falava, Oliver pode notar o ódio estampado no rosto da mulher. Três anos. Mesmo após tanto tempo o seu coração permanecia fechado para ela.
— Eu te manipulei para acreditar que a culpa era dela – sorriu – e você acreditou. Foi tão fácil enganar você me divorciar do Filipe e me livrar daquela garota e do bastardo que ela carregava na barriga, que eu até me surpreendi com a minha genialidade.
— Você sabia que a Ashley estava gravida? – Outro choque – você é uma mulher perversa Stefany e eu vou fazer você experimentar o mesmo sofrimento pelo qual a Ashley passou.
— Acha que eu já não estou sofrendo o suficiente, Oliver? – Perguntou Stefany, levantando o queijo e o olhando sem hesitação – viver ao seu lado sem experimentar do seu amor e algo torturante.
— Cale a boca – gritou Oliver novamente – você não merece o amor de ninguém, Stefany.
Ele caminhou até o closet e começou a jogar as roupas dela, no chão. Quando Stefany viu aquela cena, entrou imediatamente em desespero. Correu na direção dele, agarrando as suas pernas.
— Já escureceu e eu não tenho para onde ir – ela berrava, enquanto se humilhava – podemos esquecer tudo isso e recomeçar. Por favor, Oliver, perdoa-me.
— Ele olhou para ele com o mais puro desprezo que jamais olhou para alguém e quando os olhos dela se encontraram com o dele, Oliver disse.
— Eu já te dei uma segunda chance, Stefany. Eu fui piedoso com você quando o Filipe te deixou na rua, eu fui lá e te amparei. Mas dessa vez não terei misericórdia.
A expressão de Oliver estava ainda mais fria do que o de costume, quando ele se afastou dela, deixando a caída no chão. Era normal sentir-se triste em uma situação como essa, mas ele não podia deixar de pensar que alguém havia apunhalado o seu coração e destruído os seus sonhos, fazendo-o cometer uma enorme injustiça, para quê?
— Eu só queria que você percebesse que ficaria melhor sem ela – disse Stefany, referindo-se a Ashley – e que eu era o suficiente para você.
— Destruindo os meus sonhos? – A dor era intensa – me fazendo cometer injustiças?
— Você manipulou aquela menina, Oliver – se levantou, jogando a verdade sobre ele – agiu igual a um monstro ao ponto dela se sentir obrigada a mentir para você sobre a gravidez. Acha mesmo que pode me condenar, sendo quem você é?
A expressão no rosto de Oliver se contorceu. As palavras fizeram o seu coração sangrar pela segunda vez.
— Você está certa, eu fui um mostro – abriu os braços, enquanto reconhecia as suas fraquezas – mas a diferença entre nós dois é que eu me arrependi do que eu fiz e estou consertando as coisas. Agora você, é incapaz de reconhecer os seus erros e deixar de ser perversa.
Stefany ficou sem reação. Aquele era o fim da linha para ela. Não havia mais o que dizer que convencesse Oliver de que tudo o que ela havia feito foi por amá-lo demais.
— Arrume as suas coisas e saia da minha casa – disse com indiferença, e pegou os documentos que precisava e não olhou para ela.
— Me deixe ficar só essa noite, Oliver – fez o pedido com o coração queimando no peito – eu não tenho para onde ir.
— Isso já não é mais da minha conta – afastou-se ainda mais dela e retrucou – eu não quero mais vê-la na minha casa.
Stefany apenas viu Oliver se afastar até desaparecer completamente. O choro dela era como um uivo dado no silêncio da noite. O único arrependimento que Stefany tinha era não ter se preparado para aquele momento. Ela não tinha onde se refugiar, nenhuma propriedade, nenhum saldo em contas bancárias. A vida inteira ela viveu dependendo dos outros, sugando o que as pessoas ao seu redor podiam oferecer. Agora não havia hospedeiros e se ela não arrumasse uma saída, certamente morreria de fome.
Meia hora depois, dois seguranças altos entraram no quarto de Stefany. Em silêncio, um pegou a mala sobre a cama e o outro a arrastou pelo braço. Ela gritasse loucamente para que ele a soltasse, mas Stefany foi levada, ainda vestindo uma camisola, para fora da mansão, e jogada na rua, em uma noite fria e solitária. Apenas observou o portão fechando e quando olhou para o céu percebeu o quanto estava perdida.