Capítulo 74
1668palavras
2024-01-23 14:31
Ashley estava alguns quilômetros longe de casa. O céu ganhava um tom alaranjado e ia escurecendo ao pouco, como e acompanhasse a dor que Ashley carregava. A escuridão também estava dominando-a. Incapaz de raciocinar ou chegar a uma conclusão, ela apenas caminhava pela rua de La veja. Todo o mundo estava correndo, com presa de chegar em casa depois de um dia agitado e cansativo. Todo procuravam um refúgio, enquanto ela vagava em rumo.
O celular na bolsa não parava de vibrar, mas ela não insinuava nenhum movimento de que iria atender. Ashley achava que era melhor ficar sozinha, ainda que não conseguisse chegar à conclusão alguma sobre o que estava acontecendo naquele momento.
De repente uma freada brusca a assustou, fazendo os seus extintos ressuscitarem. Ela arregalou os olhos, enquanto pensava no pior. Outro susto, dessa vez mais intenso, aconteceu quando Oliver saiu de dentro do carro e parou bem a sua frente.
Ashley revirou os olhos. Não iria perguntar o que ele fazia ali, porque ela sabia os seus motivos, mas Ashley não estava disposta a prolongar ainda mais o eu dia. Virou as costas para ele, em silêncio e começou a caminhar para longe, quando a mão de Oliver a agarrou pelo braço e a puxou de volta.
— Para onde você vai? – Ela podia sentir a respiração dele tocando o seu rosto.
— Em um lugar onde eu possa ter paz – os seus olhos vermelhos indicavam a sua dor – por favor, Oliver, me solte.
— E deixar você andando sozinha por aí? – Puxou ela para mais perto – estamos em Las Vegas, Ashley.
Enquanto Oliver falava, parecia muito calmo e inabalável, decidido a levar Ashley embora dali.
— Vamos, o Ethan está preocupado com você – começou a caminhar puxando-a delicadamente pelo braço, mas Ashley resistia.
— Então está fazendo isso só pelo Ethan? – Ashley franziu o cenho quando Oliver parou e pareceu triste ao ouvir aquelas palavras.
Ele ficou em silêncio por alguns segundo, pensando sobre o que iria dizer. O roto de Oliver se virou para olhá-la e a atmosfera do lugar ficou tão tensa que poderia ser cortada com uma faca.
— Não estou fazendo isso pelo Ethan – disse, apertando os lábios – mas podemos conversar sobre isso, se você quiser.
— Eu sair de lá justamente para não ter que conversar sobre isso.
Ashley estava ao ponto de entrar em desespero e Oliver percebeu isso.
— Não falaremos sobre isso então – os olhos de Oliver com ternura, enquanto ele voltava a se aproximar dela, – mas eu a levarei para casa mesmo que seja contra a sua vontade.
Com um gesto rápido ele a segurou e a colocou no seu ombro de ponta cabeça e a levou para dentro do carro. Ashley protestava agitando as pernas e pedindo incansavelmente que ele a soltasse. Oliver a colocou no banco do passageiro e fechou a porta. Quando entrou no carro, Ashley parecia mais calma e inconformada de que não adiantaria lutar contra o Oliver, ele sempre venceria no final. Observou ela antes de ligar o carro e dirigir em direção a casa da Marina, totalmente em silêncio. Era obvio que Oliver queria falar sobre aquilo, explicar as coisas, mostrar o seu lado da história, mas ele engoliu toda a sua vontade e respeitou a vontade de Ashley.
— O Ethan não tinha o direito de meter você nisso – Ashley segurou um pouco a respiração, sentindo um medo inexplicável tomando conta do seu corpo.
— O Ethan é um velho inconsequente – disse, sem olhar nos olhos dela – mas ele só estava preocupado com você andando sozinha por aí.
— Não estou falando sobre isso – o seu rosto ficou vermelho e o eu corpo enrijeceu quando ela tocou no assunto que tanto queria fugir – por que deixou o meu pai enganar você? Por que ainda ajuda ele?
Nessa hora, Oliver tirou toda a atenção da estrada e olhou para ela.
— O seu pai foi o único homem que teve coragem de me dar uma oportunidade quando eu mais precisei – os seus olhos escuros brilhavam, mas ele desviou o olhar de volta a estrada – tudo o que eu sei sobre gestão de negócios eu aprendi com ele. Se hoje eu sou um homem rico e poderoso foi com a ajuda dele.
— Isso não faz o menor sentindo, Oliver – pela primeira vez naquela noite ela sorriu – ele perdeu as suas ações naquele maldito jogo de azar, arruinou a empresa, como pode me dizer que ele te ajudou?
— Eu não tinha só aquela empresa, Ashley – disse ele – o seu pai sempre me incentivou a investir o dinheiro que eu ganhava em outros ramos. Quando a empresa faliu eu não fui tão atingido quanto ele.
Quanta ironia! Ethan não seguir o próprio conselho, demonstrava o quanto parecia perdido nas próprias decisões.
— Você estava sempre em guerra – ela ficou olhando para a estrada movimentada, com as luzes dos faróis piscando – o Ethan sempre demonstrou odiar você.
— Por um tempo eu o odiei também – foi sincero – pela ingratidão, irresponsabilidade. Mas eu nunca fui esse mostro que ele dizia que eu era.
Ashley ficou olhando para ele e o seu coração se afundou como pedra, com as lembranças que iam e viam em uma frequência constante. Tentava buscar um Oliver diferente a qual conheceu, mas ainda não conseguia encontrar. Com ela, Oliver mostrou o eu lado mais cruel e isso ninguém conseguiria apagar, portanto, se existia um homem bom nessa história, onde ele estaria?
Quando o carro estacionou em frente à casa, ela ainda o observava atentamente. O olhar de ambos se encontrou e no fundo Oliver sabia o que ela estava pensando, e se perguntava o que poderia fazer para convencê-la.
Ele saiu do carro e deu a volta, abrindo a porta para ela sair. Ashley limpou a garganta com um leve pigarro quando saiu e ficou de frente a ele.
— O que está fazendo? – Indagou curiosa.
— Me certificando que você não vai fugir novamente – o olhar dele era penetrante – vamos, vou te levar até a porta.
— Eu não preciso de babá, Oliver – mas ela não se moveu, como se não tivesse nenhuma intenção de sair dali.
— Certamente que não – Oliver deu um passo para frente – mas prefiro me certificar disso.
Ashley riu novamente e por um momento toda a dor daquele dia desapareceu. Os olhos de Oliver ainda brilhavam, admirando cada detalhe dela.
— Seria bom superar o passado é recomeçar de novo – ele percebeu o rosto de Ashley mudar de cor.
— O que está querendo dizer com isso? – O coração dela pulando no peito cheio de expectativas.
— Que estou cansado de brigar com você – deu outro passo com o rosto quase colado no dela – quero um acordo de paz com a mãe da minha filha.
Foi como e o mundo parasse naquele momento. Memo com a iluminação fraca da rua, Ashley conseguia observar os traços marcantes de Oliver e o quanto os seus olhos brilhavam na direção dela. Ainda que quisesse fugir, ela não podia. As suas pernas travaram. Ela mal conseguia acreditar no que havia escutado.
— Está falando sério? – Gaguejou – você disse que a Valentina não era a sua filha, e então eu pensei...
— Eu não quero mais falar do passado, Ashley – a interrompeu – eu não vivo mais lá.
Mas para ela não era tão simples assim. Todas às vezes que ela olhava para o Oliver, ela se lembrava das coisas pelas quais passou ao seu lado. Da pressão psicológica, das humilhações, das palavras dele dizendo que a mataria caso estivesse gravida. Então ela recuou. Com o medo a dominando, ela deu um passo atrás, quebrando o contato entre eles.
— Acho que agora você já pode ir – disse com dificuldade, como se tivesse milhões de palavras presas na sua garganta – e já pode avisar ao Ethan que estou segurava em casa.
Outro passo para trás. Então ela virou as costas, pronta para partir, contudo, mais uma vez Oliver pegou pelo seu braço e a puxou novamente, dessa vez segurou a sua nuca e a beijou. Eles nunca haviam se beijado, não daquele jeito, com sentimentos escondidos a tanto tempo. Ashley não resistiu, deixou ser beijada e quando ele se afastou sentiu falta dos seus lábios tocando os seus.
A respiração pesada impedia que qualquer um dos dois dissesse qualquer coisa que pudesse estragar aquele momento. Ela abriu os olhos lentamente e encontrou os olhos de Oliver perdidos nos seus. Ashley parecia confusa e imersa aos sentimentos que a invadiam.
A voz doce de Valentina rompeu o contato dos dois. Ashley se afastou rapidamente quando observou a menina correr na sua direção e abraçá-la. Quando a soltou, observou ela voltar toda a sua atenção a Oliver.
— Que surpresa agradável – ele abaixou para abraçar a menina.
— Você veio me ver? – Perguntou, com um sorriso.
— Claro que eu vim te ver! – Disse, olhando nos olhos dela – mas é uma visita bem rápida. Eu prometo que volto outro dia e fico um pouco mais.
Valentina apenas sorriu, enquanto balançava a cabeça em concordância. Quando Oliver se levantou e olhou para Ashley, percebeu o quanto ela parecia desconfortável com aquela situação. Olhou para a entrada da casa e cumprimentou Marina de longe.
— Nos vemos amanhã na empresa – pronunciou ele e aquilo não parecia nada romântico.
Ashley sentiu-se incapaz de olhar para ele. Pegou Valentina no colo e se despediu, se certificando que dessa vez ele não a agarraria novamente.
— Obrigada pela carona – pigarreou, envergonhada – tenha uma ótima noite, Oliver.
Caminhou apressada para entrada da casa sem olhar para trás. Não pode ver o sorriso no rosto de Oliver. Ele realmente teria uma ótima noite, disso não teria dúvidas.