Oliver chegou à empresa quase, duas horas depois do almoço. Ele sabia que no momento em que abrisse a boca para conversar com Ashley, a moça o tornaria um vilão. Ele não parou para olhá-la, girou a maçaneta da porta e disse, antes de entrar.
— Eu preciso que venha até a minha sala, Ashley. Agora.
Ela olhou para ele assustada. Pelo tom de voz, o assunto parecia sério. O estranho era ela acreditar que Oliver a demitiria devido ao beijo que havia dado em Alfonso. O seu coração quase a trai. Quando se levantou, deixou de sentir os batimentos cardíacos e sentia como se ele estivesse na sua garganta.

Tentou o inevitável, mas já era tarde demais, quando entrou na sala os seus olhos encontraram-se com os de Oliver. Caminhou exacerbada em direção a ele e disse:
— O que aconteceu, Oliver? – Indagou ela, com a expressão de preocupação.
— Porque haveria algo, Ashley? – Ela arregalou os olhos na direção dele, achando que Oliver estava brincando com a sua cara – me parece preocupada.
— Não sei – engoliu a seco, com a voz tremula – talvez queira me demitir porque me viu beijando o Alfonso hoje pela manhã.
Então ela esperou ansiosa que ele dissesse que não era isso, mas Oliver olhava parar ela em silêncio e soltava uma risada baixa, mas provocativa.
— Realmente você é bastante obstinada em me desobedecer, Ashley – se levantou e deu a volta, parando bem em frente a ele – e apesar de eu não ter gostado nada do que vi, não é por isso que te chamei aqui.

Ashley fez uma breve pausa, esperando que Oliver continuasse a falar, mas mesmo ouvindo ele dizer que não a demitiria, nem assim ela conseguia sentir o seu peito se acalmar. Havia alguma coisa estranhamente perturbadora no modo como Oliver falava com ela.
— Onde está o Ethan? – A pergunta fez o coração de Ashley doer. Ela sentiu vontade de chorar.
— Eu não sei – sussurrou, porque não queria que ele percebesse que ela estava prestes a chorar – desde a noite anterior que eu não tenho notícias do Ethan.
Um lagrima rolou pelo seu rosto. Ashley abaixou a cabeça e fechou com força os olhos.

— Ele não atende o celular e o ajudante dele na fazenda me disse que ele não havia voltado – quando percebeu já estava choramingando em frente ao Oliver – eu fico pensando coisas horríveis sobre isso. E se aconteceu algo grave com ele? E se o meu pai estiver morto?
Oliver segurou delicadamente no seu braço, a puxando para perto e a envolveu em um abraço. Nem ele mesmo entendia por que fazia isso. Essa necessidade em estar perto dela e protegê-la era mais forte do que ele.
Sentindo o seu rosto em chamas, Ashley não pode fazer nada além do que afundar a cabeça no peito dele e descansar.
— Deveria ter me contado sobre o desaparecimento dele – acariciou o rosto dela, limpando as lagrimas – eu perguntei por que um dos meus seguranças encontrou o seu pai.
Ela se afastou rapidamente. O seu rosto vermelho como um pimentão e os seus olhos grudados nos dele em desespero.
— Onde ele estava? – Tentando controlar a dor no seu coração, não podia fazer nada do que acelerar o passo – por que ele não me ligou?
— O Ethan está bem, – disse com a voz gentil – mas eu não posso te dizer onde ele estava.
A expressão no rosto de Ashley demonstrava que ela não havia gostado que havia acabado de ouvir.
— Como não pode me dizer, Oliver? – Saiu quase como um grito – você sabia esse tempo todo onde ele estava e não me disse nada?
— Eu não sabia, Ashley – disse com um tom nervoso e suspirou logo em seguida, fazendo uma pequena pausa antes de continuar – só o Ethan pode contar a você o que aconteceu.
— Mas você sabe o que aconteceu – ela soltou um riso de desespero.
— Eu sei! – Exclamou ele – mas essa parte não me cabe. Eu vou pedir para o meu segurança levar você até onde ele está e vocês poderão conversar à vontade.
Oliver se viu obrigado a se afastar dela, porque se sentia irritado com a situação. Ashley limpou as lagrimas no seu rosto e forçou um sorriso dizendo:
— Esse assunto deve ser bastante delicado para você agir assim – mas Oliver não se virou para olhá-la – mas obrigada por cuidar dele e ter me auxiliado a encontrá-lo.
Ela começou a se afastar em direção a porta, mas Oliver conseguiu ver que o canto dos seus olhos ainda estavam visivelmente vermelho por chorar tanto.
— Não precisa mais voltar a trabalhar hoje. O segurança está no terraço te esperando – Ashley parou ainda na porta e olhou para ele pela última vez – desejo que tudo se resolva entre você e o seu pai.
Foi um desejo sincero e Ashley pôde sentir isso no seu coração. Saiu do escritório, pegou a sua bolsa e saiu em silêncio. Se questionou o caminho inteiro porque o Ethan procurou o Oliver para ajudá-lo ao invés dela, se ele o odiava tanto? Aquilo não fazia o menor sentido. Olhou pela janela e reconheceu aquele lugar. Aquela rua era familiar. Os seus olhos se arregalaram. De repente, Ashley se engasgou de surpresa, quando o carro parou ao lado da sua antiga casa. Aquilo não podia ser real. O segurança gentilmente abriu a porta para ela sair. As pernas de Ashley quase travaram. Ela olhou para o segurança sem acreditar no que estava vendo.
— Tem certeza de que estamos no lugar certo? – Perguntou ao homem.
— Absoluta certeza, senhora – respondeu o homem – o senhor Ethan está ali dentro esperando.
Ashley olhou para a casa e as lagrimas voltaram a cair. Aquela casa lhe trazia as lembranças de toda a sua vida. Ela ainda conseguia se lembrar do dia em que estava brincando no jardim e viu a sua adorável mãe partindo. Um passo de cada vez, sentindo o corpo fraquejar, quando se deu conta estava em frente a entrada. Girou a maçaneta com as mãos tremulas e a abriu.
Oliver havia tomado essa casa deles. O que estava acontecendo. Antes que pudesse imaginar uma resposta, viu Ethan na cozinha preparando um café. O cheiro era deliciosamente embaraçoso. Ele parecia feliz e sorriu assim que a viu se aproximar.
Mas uma vez os olhos de Ashley se arregalaram, só que dessa vez de espanto.
— O que aconteceu com o seu rosto, pai? – Andou apressado na direção dele, o tocando.
— Sente-se – segurou na mão da filha e a levou até uma cadeira – temos muito o que conversar.