Capítulo 71
1148palavras
2024-01-21 08:29
O dia estava adorável e a luz do sol refletia o movimento agitado da cidade. O carro dirigia em uma velocidade menor do que o de costume. O silêncio era sepulcral. Ethan e Oliver, lado a lado, prontos para acertas as suas diferenças.
— Por favor, não conte a Ashley o que aconteceu hoje – Oliver se surpreendeu com o tom de voz do homem que a poucas horas atrás havia o enfrentado.
— Que diferença isso fará, você disse que não a perdoaria – zombou desdenhosamente – recusou o dinheiro que ela havia dado a você. Um problema a mais não fará diferença.
A expressão fria no rosto de Oliver, fez Ethan se sentir estranho.
— Não quero nada que venha de você, Oliver – declarou – você ia nos jogar no meio da rua. Humilhou a minha filha.
— O que você está fazendo agora não é muito diferente – continuou disposto a fazer Ethan perceber o erro que havia cometido – apostar a fazenda? O único patrimônio que a Ashley e a Valentina têm? Por quê? Do ego ferido, ou por que não se perdoa por apostar a própria filha em um jogo de azar?
Ethan imediatamente fechou o punho para dar um soco em Oliver, mas seu corpo parecia entorpecido pela dor. Ainda assim ele não deixou de colocar todo o ódio que sentia por aquele homem.
— Não tem nenhum direito de dizer essas coisas – as salivas escapavam pelos seus dentes – você é tão culpado quanto eu nessa história toda.
— Mas eu já me perdoei pelo que fiz – Oliver se defendeu ansiosamente – e estou disposto a consertar os meus erros com a Ashley. Agora você não se esforça nem um pouco para ser um pai melhor para ela.
— Está tentando me convencer que agora você é um bom rapaz? – Ethan zombou com um sorriso alto.
— Eu paguei a sua dívida – Oliver observou as feições do velho com o rosto inchado e machucados expondo suas vergonhas – e isso não é um empréstimo Ethan. Pegue o dinheiro que a Ashley te deu e pague as dívidas da fazenda.
— Se não o quê? – Ethan não estava disposto a ceder – vai me chantagear como fez com a Ashley?
— Eu contarei a ela toda a verdade sobre você.
As palavras proferidas por Oliver fizeram o seu corpo tremer. Um silêncio prosseguiu entre eles e nesse intervalo de tempo, podia ver nas feições de Ethan que ele sabia exatamente do que Oliver estava falando.
— Não sei do que está dizendo – virou o rosto para o outro lado, olhando para a janela de vidro, fingindo se distrair com a paisagem, enquanto o seu sangue fervia.
— Nós dois sabemos – Oliver olhou para o homem que evitava encará-lo e franziu a testa – eu sempre permitir que você me descrevesse como o homem que roubou a sua fortuna, mas sabemos que isso não é verdade.
— E você acha que a Ashley acreditaria em quem? – Virou o rosto novamente para olhá-lo – não seja ingênuo Oliver. Minha filha odeia você e nada do que dizer a ela, soará como verdade.
Agora era a vez de Oliver sangrar por dentro. Engoliu as próprias palavras e pensou que Ethan tinha razão. Ashley realmente parecia detestá-lo. Era como se ela fosse incapaz de perdoá-lo pelos erros do passado e dar a ele uma nova chance.
— Não me importo – disse em um tom seco, de um homem aparentemente vazio por dentro – está na hora de contar a ela toda a verdade.
No entanto, Ethan suspirou e encarou Oliver sem medo.
— De qual verdade está falando? – Nesse momento uma freada indicou que eles haviam chegado ao seu destino.
— De que você foi o responsável por falir a sua empresa, apostando as suas ações e até mesmo as minhas naqueles jogos malditos – os olhos de Ethan se arregalaram em completa vergonha – você só não perdeu tudo o que tinha porque eu não deixei. Eu paguei as suas dívidas, Ethan e você pôde ter uma casa para morar.
O Olhar teimoso de Ethan deixou Oliver desanimado. O homem não parecia disposto a dar uma trégua e assumir os seus erros.
— A Ashley não precisa saber disso – disse, abaixando a cabeça – eu já causei sofrimento demais a ela.
— Nisso temos que concordar – abriu a porta do carro, já pronto para sair – mas eu também mereço a minha redenção.
Quando Ethan levantou o olhar, percebeu onde estava. Ao lado havia uma casa que ele conhecia muito bem. Os seus olhos encheram-se de lagrimas com as recordações que o invadiam. Olhou para Oliver, que saia do carro e com as mãos tremulas ele moveu a maçaneta. Como os seus joelhos estavam inchados, os seus passos eram lentos e dolorosos. Mas cada passo que Ethan dava em direção a sua antiga casa parecia mais fácil do que o interior.
— Trouxe-me aqui para me torturar? – Indagou, olhando para o homem que parava ao seu lado.
— Eu não sou o monstro que pensa que eu sou – enfiou uma das mãos do bolso e tirou de lá uma chave, o entregando a Ethan – Essa casa sempre foi sua. Não é justo que eu fique com ela.
Ethan olhou para ele sem entender, depois encarou as chaves que Oliver oferecia a ele. Quais eram as verdadeiras intenções daquele homem?
— Por que está fazendo isso? – Indagou, levantando a mão lentamente e pegando as chaves.
— Porque eu também errei no passado, e está na hora de consertar isso.
Durante esse tempo inteiro ele estava errado sobre Oliver. Foi difícil reconhecer isso, mas Oliver sempre esteve lá quando Ethan mais precisou. Ainda que o seu corpo estivesse fraco e debilitado, nada se comparava a vergonha e a dor que Ethan trazia no coração.
— Fique aqui até que eu explique as coisas para Ashley – disse caminhando de volta para o carro – os meus seguranças trarão mantimentos para você passar o dia.
Ethan assentiu e sorriu lentamente. Quando percebeu que Oliver estava prestes a entrar no carro, ele disse:
— Oliver – ele virou o rosto para olhá-lo mais uma vez – obrigado.
— Estamos acertando nossas contas, Ethan – disse, sorrindo – eu posso ser muita coisa, mas eu não sou injusto e sei reconhecer os meus erros.
Observou ele entrar no carro e sair. Quando se viu sozinho, percebeu o quanto estava machucado, tanto o seu corpo quanto o seu coração. Caminhou lentamente para a entrada da sua antiga casa, enquanto as lagrimas escorriam pelo seu rosto. Nada havia mudado, os moveis eram os mesmos, o aroma, as lembranças. Era hora de recomeçar e fazer dar certo dessa vez.
Começando em contar a verdade a Ashley.