Capítulo 67
1752palavras
2024-01-17 08:58
Oliver
Uma hora depois que Hendrix havia ido embora, Oliver finalmente saiu do escritório. Quando percebeu que Madelyn ainda estava ali, se arrependeu por não fugir pela janela do escritório.
— Precisamos conversar, Oliver – ela disse, enquanto andava apressada atrás dele.

— Estou farto de conversar – ele respirou fundo, enquanto continuou subindo pelas escadas – seria mais sensato da sua parte, ir embora, antes que eu decida eliminá-la de vez da minha vida.
— O que o Hendrix te contou? – Alcançou o braço dele, o puxando para olhá-la.
Oliver lançou um olhar impaciente até ela. Ele realmente sentia-se cansado.
— Nada do que você não saiba – obrigou ela a soltá-lo – eu ainda não decidir o que vou fazer em relação a isso, e se a senhora quiser ter qualquer chance de perdão, por favor, me deixe ter um momento de paz.
Madelyn continuou indo atrás dele, conforme Oliver avançava em direção ao quarto. A mulher parecia assustada com a ideia de que Hendrix envenenasse a mente de Oliver contra ela e ela perdesse as vantagens que vinha conquistando há anos.
— Eu só quero ajudá-lo o meu filho – disse, quando de repente ele parou, já em frente ao quarto e girando a cabeça lentamente, lançou a ela um olhar fulminante.

— Vindo até a minha casa sem ser convidada? – A sua voz, mesmo baixa, carregava a arrogância de um homem extremamente irritado – afinal, quem contou a você sobre a Ashley ter uma filha?
Madelyn desviou o olhar, como se sentisse incapaz de olhar nos olhos dele e contar a verdade.
— A coitada da Stefany já não sabia mais o que fazer – ela encenou uma postura de mulher piedosa – como queria que ela reagisse quando soubesse que aquela mulher voltou dizendo ter uma filha sua?
— Isso não é da sua conta – fechou os olhos com força, tentando eliminar toda a raiva - não quero que se meta nesse assunto.

— Como eu não vou me meter, Oliver – disse Madelyn elevando a voz para chamar a sua atenção - a sua ex-mulher está usando essa criança para dar um golpe em você.
A expressão de Oliver revelou o quanto ele achou irônico aquela declaração.
— De golpe a senhora entende bem, não é mãe? – Indagou ele, com um sorriso zombeteiro no rosto - está com medo de que tomem o seu lugar como trapaceira?
— Eu exijo que você me respeite – resmungou a mulher, enquanto fingia constrangimento – estou apenas tentado protegê-lo.
— Não está – declarou Oliver vagamente – você só se importa com o meu dinheiro, mãe. Deveria agradecer por eu ainda ter consideração por você. Não pense que me esqueci de todo o mal que me causou durante todos esses anos.
Decerto, o rosto de Madelyn se contorceu de raiva, por Oliver está jogando a verdade sobre ela.
— Tudo o que eu fiz foi para protegê-lo – uma sensação de impotência tomou conta de Madelyn.
— Estou cansado das suas mentiras – sentiu uma pontada de medo percorrer o seu corpo quando pensou no que iria dizer – eu deveria ter ido atrás do meu pai quando tive a chance. Infelizmente eu descobrir quem realmente você era, tarde demais.
— Está sendo injusto, Oliver – disse ela com os olhos cheios de lágrimas.
— Quer que eu seja justo com a senhora? – Aproximou o rosto do dela – a partir de hoje vou usar o meu dinheiro para interná-la em uma clínica, para ver se assim você melhora como ser humano. Mas acho não haver tratamento para mau-caratismo.
Oliver girou a maçaneta e entrou no quarto rapidamente. Trancou a porta e enquanto a voz estridente de Madelyn ecoava por todo o andar de cima, ele pegou o telefone e deu ordens aos seguranças para retirar Madelyn da mansão imediatamente.
Quando o silêncio reinou no lugar, Oliver finalmente pode tomar o seu banho e se deitar na cama para descansar. Por alguns segundo, Oliver ficou paralisado, enquanto olhava para o teto, sem conseguir se mover. Os pensamentos que iam e viam não o permitiam ter paz. Alguns segundos depois, virou-se para a direita e fechou os olhos com força e tentou dormir. Dez minutos depois ele já estava em um sono profundo e só acordou no dia seguinte.
Eram cinco horas da manhã quando ele se levantou. O dia ainda não havia clareado quando ele desceu as escadas e foi em direção a cozinha preparar o próprio café da manhã. Era muito cedo para acordar os empregados, mas Oliver não se importou em fazer aquilo. Precisava ocupar a mente para não deixar os problemas o atormentarem.
Depois que terminou a sua refeição, recolheu a louça suja e os depositou na pia e saiu de lá direto para o escritório. Quando o relógio marcava oito horas em ponto, ele ligou para a sua secretaria dizendo que não iria à empresa naquele dia, e que a reunião com Alfonso seria feita na sua casa.
Não ousou sair dali até ele chegar, mas avisou aos empregados sobre a visita e encaminharem ele até o escritório. Stefany havia batido algumas vezes na porta, mas Oliver sempre se mantinha em total silêncio. Ele não permitiria que ninguém o perturbasse também naquele dia.
No momento em que Alfonso chegou, ele já vestia um terno elegante que a empregada o havia trazido. Cumprimentou-o com um sorriso e ofereceu uma bebida, mas Alfonso recusou.
— Obrigada por vir – disse, enquanto se sentava a frente dele – sei que não é o adequado recebê-lo na minha casa, mas hoje precisarei resolver os assuntos daqui.
— Não há problema – Alfonso se ajeitou na poltrona e pigarreou – por um momento achei que marcou a reunião aqui porque não queria me ver perto da Ashley.
Oliver encarou o homem com certa intensidade. Ele mal conhecia Alfonso e não fazia ideia das suas intenções. Ainda que a reunião fosse para falar sobre investimentos, Oliver podia ver que o homem estava disposto a levar aquela conversa além.
— Não deveria ter tanta pressa para presumir as coisas – havia certa ironia na sua fala.
— Por que estava no hospital no dia que a Valentina foi atropelada? – A pergunta causou arrepios em Oliver.
Mas uma vez analisou o homem minuciosamente. Não era possível saber quais eram suas intenções em ter aquela conversa. Mas se Alfonso queria saber a verdade, ele estava disposto a contar.
— Eu fui o responsável pelo atropelamento – respondeu com indiferença – a Ashley não te contou o que aconteceu naquele dia?
Alfonso permaneceu em silêncio por um instante tentando digerir a informação. Havia algo sutilmente errado naquela ligação do Oliver com Ashley e Alfonso sentia que não iria gostar de descobrir.
— Ela estava muito atordoada com que havia acontecido – continuou encarando Oliver, como se quisesse ler os seus pensamentos – eu preferir não fazer perguntas.
— Então você não sabe que eu sou o pai da Valentina – declarou Oliver.
Havia uma certa leveza em confessar aquilo. Oliver observou o semblante de Alfonso se transtornar com o que acabara de ouvir. Ficou satisfeito em ver o homem decepcionado com Ashley.
— Você terá todo o tempo do mundo para conversar com ela – disse, em um tom irônico – mas eu não chamei aqui para falar sobre a Ashley. Temos assuntos mais importantes a tratar.
Um suor começou a percorrer pela espinha dorsal de Alfonso. Era claro que ele estava bastante interessado em Ashley, pela beleza e inteligência que ela tinha, porém, ele não sabia se estava disposto a se envolver em um triângulo amoroso, ainda mais com o seu novo sócio. Mesmo que Ashley e Oliver negasse a ligação que ainda havia entre eles, Alfonso não tinha certeza se queria continuar com as suas investidas.
Do outro lado da mesa, Oliver comemorava em silêncio o seu triunfo. Ele podia constatar no semblante de Alfonso que a verdade sobre ele e Ashley havia destruído as suas intenções. Por um momento ficou difícil prosseguir com a reunião. Alfonso parecia distraído, como se tivesse um turbilhão de coisas para dizer ao Oliver, mas que não conseguia. Mas prosseguiu com a reunião, resgatando o seu lado profissional, deixou de olhar para Oliver como um rival e o tratou apenas como um homem comum que fazia negócios com ele.
A reunião durou cerca de duas horas e o nome de Ashley não foi mais mencionado entre eles. Quando Alfonso saiu da mansão já era hora do almoço e Oliver sentia-se extremamente esgotado. A sua comida foi servida no escritório. Foi muito difícil trabalhar durante o resto da tarde. Quando a noite chegou pareceu ainda mais insuportável. A sua alma se contorcia de tédio, mas ao menos desta vez não apareceu ninguém na mansão para perturbá-lo. Ainda que ele fugisse dos problemas, Oliver sabia precisar resolver aquilo que o atormentava. Foi acometido por uma espécie de sensação de culpa ao pensar em Valentina. Claramente ele estava confuso em relação a ela e com razão. Mas ele não conseguia evitar lembrar dos olhos, tão pequenos e brilhantes dela quando olhava para ele. Do carinho que ela exalava por ele, da sensação de paz que sentiu ao estar ao lado da menina. Ser pai era algo estranho para ele, mas Oliver queria vê-la novamente. E aquela vontade parecia ser mais forte do que ele.
Levantou-se quando percebeu que já havia passado do horário normal de trabalho. Ligou novamente para a secretaria e solicitou informações sobre onde poderia encontrar Ashley. Quando a ligação foi encerrada, saiu do escritório e não se surpreendeu quando o primeiro rosto que viu foi o de Stefany. A mulher parecia está disposta a não o deixar em paz. Quando viu Oliver aproximando-se, não hesitou em caminhar na direção dele e o envolver nos seus braços calorosos.
— Precisamos conversar – ela mal repousou a sua cabeça sobre o peito dele, quando Oliver a afastou.
— Não temos nada para falar – começou a se afastar dela em direção a saída da casa.
— Para onde está indo, Oliver? – Stefany parecia não entender por que ele estava agindo daquela forma.
Oliver parou, já em frente a porta aberta e olhou para ela, antes de responder.
— Estou indo ver a minha filha.
Stefany até tentou impedi-lo, mas já era tarde demais. Quando alcançou a porta, Oliver já havia dado partida no carro e saído em disparada ao encontro de Ashley.