Capítulo 28
1095palavras
2023-12-04 17:45
Ashley
— Foi uma péssima ideia ter pedido ao Oliver seguranças, para ficar vigiando a nossa casa – Ashley estava cansada de ter que ouvir sempre as mesmas reclamações de Ethan.
Bastava ele olhar para os seguranças que instantaneamente as queixas começavam.
— Não é tão ruim assim, pai – observou Ethan bufar de raiva do outro lado – precisa só me auxiliar a despistá-los, para que eu possa ir a minha consulta.
— Você não pensou nisso quando os trouxe para nossa casa, não é Ashley?
Os olhos de Ethan fulminavam.
— Não seja ranzinza e me ajude a sair daqui.
Embora ela tivesse falado calmamente, não tinha certeza de que o Ethan concordaria.
— De que serve eles na porta da minha casa, se eles não podem acompanhá-la pelas ruas onde realmente está o perigo?
— Como vou permitir que eles me acompanhem e descubram o meu segredo? - Ashley sentiu-se uma idiota por estar explicando o obvio para Ethan.
Houve uma pausa no ar, onde Ashley tentava recuperar a calma, e Ethan convencê-la do seu grande erro.
— Se você não fosse tão teimosa e contasse a verdade para o Oliver, nada disso estaria acontecendo.
— Está frustrado porque não pode mais ir ao cassino sem que os seguranças saibam e contem para o Oliver – Ethan finalmente enfureceu-se com aquele comentário. Seus lábios se contraíram – eu entendo o senhor perfeitamente.
— Está me dizendo que enviou esses homens até aqui para me impedir de ir até o cassino?
— Essa não foi a verdadeira intenção, - Ashley reagiu muito rapidamente, persuadindo Ethan a pensar duas vezes - mas a ideia parece ser ótima.
— Eu vou ajudá-la – ele assentiu desconfortavelmente – desde que me prometa que esses homens não permanecerão por muito tempo na minha casa.
— Seria impossível – olhou as horas no relógio – minha barriga vai começar a crescer e não quero eles por perto quando isso acontecer. Eu lhe prometo isso.
— Ótimo! - lançou a ela um último olhar, antes de caminhar para fora da casa atrás dos seguranças.
Enquanto o pai estava lá fora, convidando os seguranças para entrar e tomar café com ele, Ashley se esgueirou para os fundos da casa e saiu antes que eles a visse. Quando se certificou que nenhum deles a veria, ela partiu em direção ao posto de saúde.
Cerca de meia hora depois, Ashley já estava no posto conversando com o médico e verificando os batimentos cardíacos do bebê.
— Já podemos realizar o ultrassom para saber o sexo do bebê.
Ashley franziu a sobrancelha, demostrando desagrado. Mas não havia como ir contra as recomendações médicas. No fundo, ela queria que fosse uma menina, tão doce e forte como ela, e que não herdasse nenhum traço arrogante e frio de Oliver. Tinha medo de ser um menino e quando crescer se tornar um homem tão ruim como Oliver era.
Na verdade, Ashley não tinha noção do que a esperava no futuro quando decidiu ter aquele filho. Mas de uma coisa ela teria certeza, ela o amaria e o protegeria, mesmo que um dia ele parecesse com o homem que mais havia lhe feito mal na vida.
Com a solicitação dos exames nas mãos, ela saiu do posto. Precisava se apressar e voltar para casa o mais rápido possível, antes que os seguranças percebessem a sua ausência. Sentia que o jogo estava ficando perigoso demais. Os dias se passavam de pressa e aquele segredo ia tomando uma proporção gigantesca a qual Ashley não saberia por quanto tempo poderia suportar.
Caminhava apressada pela rua, sem se atentar ao movimento ao redor. Carros que iam e vinha em uma velocidade constante. Pedestre que cruzavam a rua, o barulho sonoro, nada disso tinha a atenção de Ashley. A pressa quase a cegou completamente.
Quando virou a esquina da rua deserta, dois homens em uma moto, freou bruscamente na sua frente, fazendo Ashley levar o maior susto da sua vida. Ela podia sentir o calor do sol se difundindo com o calor que exalava do próprio corpo. Batimentos acelerados, mãos tremulas e Ashley só conseguia observar um dos homens se aproximar com uma arma na mão.
O grito ficou entalado na garganta e por uma fração de segundos ela acreditou que aquele era o seu fim.
“Esse homem vai atirar em mim e morrerei afogada na minha própria poça de sangue”
O homem apontou a arma na direção dela e ordenou.
— Me dê o seu celular – mas Ashley não conseguia se mover - está surda vadia, me passa a merda do celular.
Ela mal percebeu estar segurando o aparelho em uma das mãos, que logo em seguida lhe foi arrancado quase com os dedos juntos. Ashley sentiu a mãos arder com a brutalidade com que o homem a puxou. Um gemido agudo foi tudo que ela conseguiu pronunciar.
Ela achou que levaria um tiro logo em seguida, mas o homem correu de volta a moto, agora com o celular em mãos e saiu em disparada pela rua deserta. Depois que o som estridente do motor cessou, tudo que se ouvia era o soluço constante de Ashley.
Ela não se lembrava de sentir o medo tão apavorante como aquele desde que viu a mãe indo embora.
Apoiou-se no muro da primeira casa da rua, enquanto sentia as forças das pernas se esvaziarem. O chorou durou mais do que dez minutos. Ethan realmente tinha toda a razão quando dizia que os perigos estavam nas ruas.
Quando enfim recuperou suas forças e pode voltar para casa, Ashley caminhou mais apressadamente e dessa vez com o olhar atento. Ela nunca desejou tão ardentemente voltar para casa e se sentir segura mais uma vez. Seu descontrole era tão grande, que ela se esquecera do plano em passar despercebida pelos seguranças, e passou por eles entrando na casa pela porta da frente.
— Onde a senhora estava? - um dos seguranças pareciam desconcertados por ser enganado – se o patrão souber, seremos demitidos.
— O seu patrão não saberá de nada – ela murmurou enquanto tentava controlar o terror que ainda pairava sobre ela – desde que vocês também mantenham a boca fechada.
Os homens concordaram e voltaram para o seu posto em silêncio. Mas Ethan percebeu que algo de muito estranho estava acontecendo com Ashley.
— Não me diga que alguém tentou atropelá-la novamente – observou Ashley desabar sobre o sofá, como se carregasse um peso insuportável.
— Muito pior – disse com a voz tremula – eu fui assaltada. Levaram o meu celular.