Capítulo 27
1282palavras
2023-11-30 12:36
O motorista desligou o motor enquanto esperavam o portão da mansão ser aberto. Oliver sentia-se extremamente cansado por mais um dia de trabalho na sociedade que mal percebeu o erro perigoso que o funcionário havia cometido. O carro foi destravado e alguém abriu a porta e entrou no veículo sentando-se bem ao lado de Oliver.
Oliver tinha um olhar assustado, mas ao perceber de quem se tratava, o ódio se transformou em repulsa.
— O que você acha que está fazendo Stefany? – Uma careta instantaneamente se formou no rosto de Oliver.

— Você não atende aos meus telefonemas, não me deixa mais vir a mansão – o tom de Stefany era maçante e impaciente – o que você realmente esperava que eu fizesse?
— Que esperasse as minhas ordens – gritou impaciente.
Do lado de fora o portão se abriu, mas o motorista não deu sinal que iria ligar o motor do carro.
— Até quando, Oliver? – Stefany lançou um olhar frio e arrogante – você está completamente obcecado com a sociedade que ficou cego para as coisas que acontecem ao seu redor. Eu estou esperando por mais de um mês a sua decisão.
Oliver não havia percebido que já estava há um mês trabalhando na sociedade. Aquilo lhe pareceu fascinante. Olhou para o motorista e percebeu que ele continuava parado com o carro desligado.
— O que diabos você está esperando para entrar na casa? – A impaciência de Oliver estava prestes a chegar a um nível bem mais elevado - está esperando que outro louco entre no meu carro para me atormentar?

Com as mãos tremulas, o homem deu partida no carro e entrou na garagem da mansão. Sem saber ao certo o que fazer, o motorista estacionou na entrada principal e desceu do carro, esperando Oliver descer também. Mas não foi o que aconteceu. A conversa no veículo parecia que duraria horas.
— Agora você me chama de louca? – Stefany agora parecia inconsolável - preciso ter acesso a sua vida novamente, exceto caso você queira ver a minha loucura.
— Espero que não esteja me ameaçando – segurou firme pelo braço dela o apertando.
Ela inconscientemente prendeu a respiração, sentindo a pele ardendo com a força que Oliver a segurava.

— Estou apenas reivindicando o seu amor de volta – Oliver recuou instintivamente, soltando-a.
— Eu não posso arriscar tudo agora que conseguir entrar para a sociedade.
— Há quanto tempo estamos juntos Oliver?
— Isso não interessa – voltou a sua rigidez para ela – você quase colocou tudo em risco quando tentou matar a Ashley. Como quer que eu confie em você dessa forma?
Ela engoliu a seco, sentindo todo o seu corpo estremecer.
— Precisa voltar na sua decisão.
— Não preciso – o tom dele era de provocação – não agora.
— Eu não vou mais esperar você se decidir sobre o meu destino – olhou para o rosto carrancudo de Oliver, o coração de Stefany doía ao perceber que ele não mudaria de ideia – eu vou fazer o que for preciso para tê-lo de volta.
— Está na hora de você ir, Stefany – Oliver olhou para o motorista, que atento a cada movimento, percebeu o pedido do patrão, dando a volta no carro e abrindo a porta onde Stefany estava - não ouse mais vir até aqui sem a minha permissão.
Ele abriu a porta e saiu do carro. Oliver parecia não se importar com as ameaças de Stefany. Era como se as palavras dela não surgisse nenhum efeito nele.
— Não pode fazer isso comigo, Oliver – Os cabelos de Stefany caíram sobre os seus olhos quando o seu corpo se agitou freneticamente. Ela gritava.
Oliver olhou para os seguranças que estavam na entrada e imediatamente eles souberam o que fazer. Caminharam apressados em direção a Stefany e a agarraram pelo braço, a arrastando para longe de Oliver.
A atitude em expulsá-la da mansão daquela maneira, levou Stefany a um abismo escuro e congelante. Enquanto era arrastada para fora, ela sentiu um ligeiro ódio pelo homem a sua frente. Sua força foi se esvaziando quando viu Oliver virar as costas e entrar na mansão como se nada estivesse acontecendo. Stefany foi jogada no meio da calçada como um saco de lixo. As lagrimas inundavam o seu rosto. Mas Stefany tinha um plano e naquele momento ela decidiu colocá-lo em prática.
Já do lado de dentro da mansão, Oliver sentiu-se extremamente exausto. Mas antes que pudesse descansar, precisava se certificar que Ashley estava segura. Oliver sabia que era arriscado demais provocar a ira de Stefany, quando ela estava disposta a assassinar sua mulher, mas Oliver não sabia agir de outro jeito quando pessoas o ameaçava. Ainda no meio do corredor que dava acesso ao escritório, ouviu a voz tremula do empregado logo atrás dele.
— O senhor Romero esteve aqui nessa manhã – o empregado estremeceu quando olhou nos olhos fulminantes do patrão.
— Quem deu permissão para que ele entrasse na mansão? – Sua voz rouca grunhiu de aborrecimento.
— Ele não entrou, senhor – o homem gaguejou sabendo que precisava ser mais claro com Oliver – mas ele pessoalmente veio até o portão lhe deixar essa encomenda.
Oliver não havia percebido que o homem segurava um caixa. Ele não gostou de saber que o Romero havia se dedicado apenas para aquilo. Olhou para a caixa que o empregado estendia em sua direção e com receio a segurou.
— Da próxima vez que esse homem aparecer na minha casa, expulse-o como um animal – quando o empregado viu o quanto Oliver estava atordoado, sentiu seu corpo quase desfalecer.
— Sim, senhor – ele quase não conseguiu pronunciar as palavras.
Deu meia volta e saiu cambaleando pelo corredor até não ser mais observado pela fúria de Oliver.
Oliver entrou no escritório segurando a caixa e tentando imaginar o que havia de tão importante ali dentro que Romero não pudesse ordenar alguém lhe entregar. Jogou a caixa sobre a poltrona e voltou sua atenção ao celular que segurava na outra mão. Precisava primeiro certificar que Ashley estava segura.
Um dos seguranças atendeu o telefone rapidamente.
“Como ela está?”
“Há uma semana que não sai de casa, senhor”, informou o homem, “O senhor Ethan disse que ela está indisposta”.
“E você se certificou que ela está na casa?”
“Sim senhor”.
“Ótimo!”, travou o maxilar.
Encerrou a ligação. A última vez que Oliver havia visto Ashley, foi na sua nomeação. Ele se mantinha distante de tudo que envolvia ela e Ethan. Ashley de algum modo havia cumprido bem o seu papel e ajudado Oliver a conseguir alcançar seu objetivo. Desse modo ele se sentia obrigado a dar o que ela tanto queria, ficar longe dele. A repulsa que ela sentia por ele, o agitava por dentro. Porém, Oliver afastou aqueles sentimentos e voltou a sua atenção para a caixa que Romero havia deixado.
Instintivamente pegou uma faca que sempre escondia na primeira gaveta da escrivaninha e rasgou a caixa. Seus olhos se arregalaram quando percebeu o que havia dentro. Oliver levou a mão lentamente apanhando as fotografias.
Como Romero havia conseguido aquilo?
As fotografias revelavam mais do que deveriam. Beijos ardentes entre ele e Stefany. Várias fotos diferentes com as datas registrada.
Oliver passou a mão sobre o rosto, sentindo o grito ficar preso dentro da garganta. Percebeu que, no fundo da caixa, havia um recado escrito em um discreto papel.
“Um mês já se passou. Espero que o seu melhor amigo Filipe não seja mais paciente do que eu”.
Foi nesse momento que Oliver deixou o desespero tomar conta dele. O que mais ele teria que fazer para resolver aquela situação?