Capítulo 26
1235palavras
2023-11-29 12:35
O dia havia sido agitado. Mas antes que Oliver pudesse realmente começar a trabalhar, ele ainda precisava resolver algumas coisas. Efetuou uma ligação e exigiu a presença de dois dos seus seguranças na sede da sociedade. Assim que os homens chegaram, Oliver desceu até o térreo para conversar com os seus funcionários.
— A partir de hoje vocês dois serão responsáveis pela segurança da senhorita Ashley – os homens apenas concordaram em silêncio – não tire a atenção dela nem por um segundo e não deixe ninguém além de mim se aproximar sem a permissão dela.
Os homens continuavam em silêncio.

— Estamos entendidos? – Vociferou.
— Sim, – respondeu um deles – mas, senhor, o cassino tem passado por problemas. Com a nossa saída, as coisas, podem piorar bastante por lá.
Oliver sabia que problemas eram aqueles. Arruaceiros estavam invadindo o cassino para tumultuar, com brigas e até roubos, os negócios de Oliver. Ele esfregou a têmpora, irritado porque desde o dia em que se casou com Ashley tudo o que havia feito foi se dedicar exclusivamente a sociedade.
— Eu vou resolver isso.
Mas senhor, – interrompeu um dos homens e mesmo com o olhar gélido de Oliver, resolveu prosseguir – se não fizer isso logo, o cassino será obrigado a fechar as portas.
— Eu já disse que vou resolver isso – o tom de voz dessa vez foi mais repreensível – o papel de vocês, agora, é cuidar da Ashley. Subam lá, peguem-na e leve para casa.

Os homens ficaram aparentemente contrariados com as ordens, mas obedeceram e saíram do estacionamento em silêncio.
Oliver passou a mão sobre o cabelo, com uma ruga de preocupação se formando na testa. Ele havia largado o cassino na mão, sem um administrador ou um olhar atento que pudesse resolver todos os problemas que surgiam. Sua obsessão pela sociedade era tão grande, que ele quase se absteve do seu único ganha-pão.
— Se quiser posso cuidar do cassino para você.
A voz que vinha logo atrás dele, fez Oliver se assustar. Ele conhecia aquele tom. Se virou para olhar nos olhos de Romero, que tinha um cigarro acesso nos lábios e os olhas semiabertos por detrás da fumaça que saia de suas narinas.

— Não conhecia esse defeito seu de escutar as escondidas assuntos que não lhe diz respeito.
— Ora, como não - jogou o cigarro no chão pisando em cima – eu sou dono das maiores redes de cassino deste estado, administrar mais um não seria nenhum grande problema para mim.
— Desde que eu lhe desse essa oportunidade, o que não é o caso.
Romero continuou parado a luz tênue do estacionamento enquanto observava Oliver caminha para longe. Um passo depois do outro. Romero não permitiria que o assunto acabasse ali.
— A sociedade o tem roubado um grande tempo Oliver – o timbre de voz elevado fez Oliver parar no meio do caminho – imagina perder o cassino, e logo em seguida perder também a sociedade. Seria horrível, não é mesmo.
— Do que você está falando? – Se virou lentamente, o olhando bem nos olhos.
Oliver não gostou do que constatou no olhar de Romero. Ele já havia visto aquela expressão em seu rosto em outras ocasiões, e todas às vezes as coisas sempre terminavam mal.
— Eu fico imaginando quando a Anny souber que esse casamento é uma farsa.
Oliver correu na direção dele segurando firmemente no seu colarinho e o empurrando contra um dos pilares do prédio. Romero tinha um sorriso sínico no rosto, satisfeito por atingir o alvo.
— O que você acha que sabe sobre mim? – Mas Oliver não esperou o homem responder - está frustrado por eu tomar o seu lugar na sociedade?
Romero riu novamente e Oliver o soltou logo em seguida.
— Você é um homem astuto, Oliver e eu admiro isso em você – arrumou o colarinho e passou a mão soada no cabelo já oleoso – no entanto, ninguém me toca e sai impune.
— O que está acontecendo com você? – Tinha uma expressão confusa no rosto de Oliver – o que afinal você quer de mim.
— Que convença a Anny a me integrar a sociedade.
Oliver encarou o homem por alguns segundos, tentando entender a ousadia de Romero em lhe pedir tal coisa. Logo em seguida começou a rir.
— Posso concluir que os anos em que você ficou trancado naqueles cassinos, o deixaram louco – Oliver estava em êxtase por provocar a ira de Romero – por que eu ajudaria um inimigo meu?
— Porque eu sei do seu segredo – confessou. Um passo, depois outro e logo Romero estava face a face com Oliver – eu sei que o velho Ethan apostou a pobre Ashley em um jogo onde você fazia parte, e ele a perdeu. Obrigando a própria filha se casar com você. Quanta tragedia para uma menina de dezoito anos.
Oliver travou o maxilar, enquanto sentia o calor do ódio tomar conta dele.
— Está blefando – concluiu Oliver tentando manter a calma diante do olhar observador de Romero.
— Eu não estou e você sabe disso – os olhos de Romero se escureceram levemente – vamos lá Oliver, faça a sua aposta.
De repente, Romero deu um passo para atrás, abrindo os braços com um sorriso desconcertante no rosto.
— Como descobriu? – A expressão no rosto de Oliver escureceu.
Era claro que ele queria ter um plano B. Negar até a morte, dá a Romero um atestado de insanidade. Mas Oliver conhecia aquele homem. Ele nunca blefava. Tinha tudo planejado na mente diabólica.
— Eu não vou lhe entregar os meus segredos, Oliver – Romero agora estava feliz, por, enfim, ver que seu plano estava dando certo – só precisa saber que não há nada nessa cidade que Romero Luiz não saiba.
— Quais são as suas cartas Romero? – Seus olhos tremiam. Oliver sabia que havia sido pego.
— Agora estamos falando o mesmo idioma, meu amigo – o provocou dando um leve tapa nas suas costas – minhas cartas já estão na mesa.
— Não posso convencer a Anny – confessou.
— Nunca soube de qualquer ato que Oliver White não pudesse realizar – afirmou. Oliver não podia suportar o olhar suspeito de Romero – eu vou ser generoso com você e te oferecer alguns dias para conseguir esse feito.
De repente, a voz alegre e acolhedora de Romero, mudou completamente diante de Oliver, enquanto seu olhar insaciável se desviava para a outra extremidade do estacionamento.
Quando Oliver também olhou para onde Romero olhava, ele avistou Ashley, na companhia dos seus seguranças. Ela olhou para Oliver, mesmo de longe ele ainda conseguia ver seu olhar chocado. Olhando para a figura evanescente da esposa, enquanto ela entrava no veículo, Oliver suspirou.
— Você tem um bom gosto para mulheres – lançou para ele um último olhar, cheio de malícia – e uma mente brilhante. Tenho certeza de que fará o que te pedir.
A última frase soou como uma ameaça. Oliver apenas ficou atordoado e silencioso, enquanto ouvia os passos apressados de Romero caminhando para fora do estacionamento. Quando, enfim, ele percebeu estar sozinho, pode colocar para fora toda a sua dor. Um grito fulminante ecoou pelas paredes do estacionamento. Quando, enfim, Oliver se recuperou, prometeu a si que Romero não conseguiria manipulá-lo tão facilmente. Ele pagaria por sua ousadia.