Oliver chegou na mansão sentindo que o seu corpo iria colapsar. Pela primeira vez, desde que havia se casado com Ashley, sentiu que a mansão era grande demais sem ela. Encheu um copo de uísque, deixando o líquido esquentar o seu corpo, para que talvez assim o efeito do álcool pudesse o acalmar. Enquanto repassava toda a conversa que tivera com Ashley naquela manhã, alguém entrou no escritório sem bater na porta. Oliver odiava que as pessoas invadissem sua privacidade, mesmo que essa pessoa fosse sua mãe.
Madalyn tinha um sorriso no rosto. No momento seguinte, estava ao lado de Oliver o abraçando, deixando-o extremamente confuso.
— Como você consegue entrar para a sociedade e não me conta? – A mulher estava radiante.

— Não tive tempo – Oliver se levantou, se afastando dela enquanto ajeitava o paletó – poderia me avisar que viria até aqui. Odeio visitas surpresas.
— Sou sua mãe, Oliver – o sorriso desapareceu – posso vir até aqui quando eu bem entender.
— Não pode! – Usou um tom seco e frio ao falar com ela – o fato de eu te sustentar, não significa que você pode entrar na minha casa quando bem entender.
— Essa mansão é grande demais para você, Oliver – observou o ambiente – deveria pensar na possibilidade de me ter como sua companhia.
Oliver olhou bem nos olhos de Madalyn e logo em seguida riu da declaração dela.
— Não existe a menor possibilidade de isso acontecer – pigarreou – além disso, você precisar ir embora. Estou esperando uma visita.

A expressão no rosto de Madalyn pareceu quase inconsolável.
— Não me quer aqui, por causa daquela esposa de mentirinha – Madalyn recompôs a postura – Aceita uma desconhecida na sua casa, mas não aceita a sua própria mãe.
— A Ashley não influencia nas minhas decisões – tentou não falar sobre Ashley com a mãe – além disso, os benefícios de entrar para a sociedade não engloba você. Está perdendo o seu tempo vindo até aqui me parabenizar.
Madalyn continuou não gostando nada daquela história. Estava acostumada a lidar com a arrogância do próprio filho, mas sabia também tirar vantagens do Oliver. Não desistiria de conseguir isso também.

— Não seja rude, Oliver – sua expressão se fechou – eu não posso nem ao menos demostrar o quanto estou feliz com as conquistas do meu filho?
— Você não precisava se incomodar – foi irônico – agora, por favor, se retire da minha casa, porque estou esperando uma visita importante.
Madalyn ficou calada, embora de forma mais observadora do que o filho. Analisou Oliver com um olhar atento, como se analisar suas expressões faciais fosse revelar bem mais do que o Oliver estava dizendo. Foi embora da mansão com a sensação de que ele escondia algo importante. Quando estava pronta para partir, viu Stefany entrar na mansão e naquele momento ela começou a ver as coisas com outro olhar.
Madalyn sabia que Oliver mantinha um caso escondido com a mulher do seu melhor amigo, mas se espantou ao saber que ele a levava ali, estando casado com Ashley. A impressão que Madalyn tinha era que Oliver estava se arriscando demais, arriscando perder até mesmo sua fortuna. E se tinha uma coisa a qual Madalyn não podia permitir era que Oliver arriscasse sua fortuna por uma aventura extraconjugal.
Ainda no escritório, Oliver sentia a impaciência aumentar. Viu Madalyn ir embora, deixando a sensação de fúria explodindo sobre suas veias. Oliver sustentava a própria mãe desde que ela se separou do seu pai. Não sabia se fazia isso por pena, por amor ou apenas para manter ela longe do seu caminho. Mas a verdade era, Madalyn nunca foi uma boa mãe, sempre explorou Oliver desde quando ele ainda era apenas uma criança. Oliver nunca soube o verdadeiro conceito de família, não, na prática. Ele tinha uma mãe e um pai, mas nunca teve uma família.
Ainda perdido nas lembranças do passado, ouviu uma batida na porta. Se Madalyn demorasse só mais um minuto, se encontraria com Stefany e os seus problemas poderiam se triplicar. Ele mesmo abriu a porta, segurando com firmeza no braço de Stefany a puxando para dentro.
— O que deu em você, Oliver? – Ela tinha uma expressão de dor no rosto, enquanto passava a outra mão no braço que Oliver havia acabado de apartar.
— Por que você tentou atropelar a Ashley?
Stefany arregalou os olhos.
Tentou atropelar? Indagou ela a si mesma. Eu tinha certeza de que havia a atropelado.
— Vamos, me diga alguma coisa – o grito que ele deu, fez Stefany se assustar.
— Eu não atropelei ninguém – Stefany mentiu.
— Claro que não atropelou – disse ele vagamente – mas tentou atropelar.
— Foi ela quem te disse isso? – Cerrou os dentes. A expressão no rosto de Stefany não era mais de assustada, mas de uma mulher furiosa.
— O seu marido me ligou essa manhã, perguntando se a Ashley estava com você – essa confissão fez o corpo de Stefany estremecer – você disse a ele que iria se encontrar com a Ashley, e horas depois, coincidentemente, alguém tenta atropelar a minha mulher.
— Agora ela é a sua mulher?
— Não me irrite ainda mais, Stefany – gritou novamente. O rosto de Oliver mudou de cor – O que diabos deu em você? O que você pensou que aconteceria caso você matasse a Ashley?
Stefany engoliu a seco. Era claro que ela tinha a resposta na ponta da língua, mas dizer ao Oliver que ela havia descoberto que Ashley realmente estava gravida, só afastaria ele ainda mais dela.
— Se livrar da Ashley seria bom para nós dois.
— Então você confessa? – As pupilas de Oliver tremiam.
— Fui eu – estufou o peito como se sentisse orgulho do que havia feito – mas pelo jeito eu não conseguir matar aquela ordinária.
— Você só pode estar louca – ele passou a mão sobre o rosto, tentando assimilar as informações.
— Você não deveria se importar tanto com ela – Stefany gritou – Muito menos me recriminar por querer ajudar você.
— No dia em que eu quiser me livrar da Ashley, eu me divorciarei dela, não a matando.
— Ou seja, você não quer se livrar dela.
— Eu não vou explicar mais uma vez para você os motivos óbvios de eu estar casado com ela – apontou o dedo no rosto dela – e você vai parar de perseguir a Ashley.
— Está me ameaçando Oliver?
— Entenda como quiser – desviou o olhar do dela, se afastando logo em seguida.
Oliver deixou o silêncio tomar conta dele. Precisava resolver essa situação antes que ela o levasse a ruína.
— Você precisa ficar longe de mim – disse enfim, com um tom de voz mais pesaroso.
— O que você está dizendo?
— Que não vamos nos ver mais, pelo menos por um tempo.
— Essa não é a decisão correta a ser tomada, Oliver – de repente as palavras travaram em sua garganta, impedindo Stefany de continuar.
— Eu já estou decidido, Stefany – travou o maxilar – eu não permitirei que você arruíne tudo o que conquistei até aqui.
— Minha intenção sempre foi ajudar você.
— Não está ajudando agora.
— Então esse é o fim? – Mas Oliver não respondeu e nem olhou nos olhos dela – Está acabando com a nossa história por causa daquela garota?
Stefany sentiu-se nauseada com o silêncio de Oliver. Não havia nenhum sentimento expressado no rosto dele. Ela abaixou a cabeça e até pensou ter sentido lagrimas começando a se formar. Mas ela logo abortou todo o medo.
— Se essa é a sua decisão – disse enfim, erguendo a cabeça e olhando-o nos olhos – a minha é não aceitar o fim. Eu não permitirei que as coisas acabem assim, Oliver.
— Fique longe da Ashley – foi tudo o que ele conseguiu dizer, antes de vê-la partir.