Capítulo 22
1064palavras
2023-11-25 13:27
Durante um longo intervalo, Ashley só conseguiu encará-lo. Nesse momento ela nem sequer sabia por onde começar. Os dois passaram um longo tempo a se encarar, antes de Oliver por fim balançar a cabeça e dizer:
— Por que pediu para o Ethan me ligar? – A voz saiu fria e impaciente.
— Eu não pedi – Ashley sentiu o calor da irritação irradiar todo o seu corpo – por que eu iria querer você aqui? Para jogar a culpa em mim?

— Realmente, eu não deveria ter vindo – ficaram parados se encarando e nenhum dos dois desviou o olhar – Anny fez questão que eu viesse. Eu não podia estragar o seu brilhante plano de fingir uma gravidez, dizendo não a ela.
Ashley engoliu a seco.
— Tem ideia de quem tentou atropelá-la? – Foi nessa hora que ele desviou o olhar, porque sabia que se continuasse encarando-a denunciaria que sabia de toda a verdade.
— Como posso saber? – Retrucou Ashley, conseguindo não se sabe como manter a calma – eu só não acho que foi um acidente.
Oliver assentiu com a cabeça. Caminhou alguns passos na sala, pensativo.
— Você me fez perder o meu primeiro dia na sociedade – a frustração transpareceu novamente – da próxima vez peça para o Ethan não me incomodar, nem mesmo se você estiver morta.

— A minha morte não seria um bom negócio para você, Oliver – o tom que ela usou e a implicação evidente, fizeram os pelos dos braços de Oliver se eriçarem – eu consegui o que você tanto queria. Imagina como seria sem mim.
Ele caminhou apressado em direção a ela e a empurrou com força contra a parede.
— Não se ache tão importante, Ashley, porque você não é – seu tom expressava uma raiva que ela nunca havia escutado antes.
As palavras demoraram alguns segundos para surgir efeito em Ashley. Pela primeira vez ela estava assustada e conforme a gestação avançava, ela ficava cada vez mais sensível. Abaixou o olhar porque sabia que eles já estavam inundados de lagrimas.

Foi nessa hora que Oliver recuou e sentiu uma pontada de arrependimento pelo que acabara de falar a ela. Deu a volta na sala, até ficar de costas para ela.
— Use esse incidente para dizer que perdeu o bebê – a voz dele saiu tão baixa que ela mal escutou – se livre desse problema, antes que seja tarde demais.
— Pena que eu não posso me livrar de você, também – deixou uma lagrima escorrer, ao perceber que um filho só passava de um problema para Oliver – farei o que você deseja.
Apesar da raiva que ele sentia, ele riu.
— ótimo! – Mas Oliver não gostou da sensação que aquela conversa estava lhe causando e – Faça o que você sabe fazer de melhor, mentir e convencer a Anny dessa grande perda.
— Odeio você, Oliver – outra lagrima escorreu – você já conseguiu o que quer, por que não se livra logo de mim?
— Não me faça ter que explicar isso novamente a você – se virou e enquanto a observava sentiu um frio na barriga – diga a Anny que passei a tarde com você no hospital e que eu lamentava muito pela perda do nosso bebê.
Ashley o fitou com tristeza. Ela quis gritar e o expulsar dali. Queria nunca mais ter que vê-lo. Nunca mais ter que ouvir sua voz. Oliver a fazia sentir a pior das mulheres. Uma mentirosa sem valor.
— Preciso ir – as palavras saíram arrastadas – tenho um assunto importante para resolver.
— Você sabe quem tentou me atropelar – algo em seu tom de voz fez Oliver parar mais uma vez e sentir arrepios.
— Eu não faço ideia – mentiu – já deixei claro o quanto você é insignificante para mim, Ashley, sendo assim tenho outras prioridades.
— Então saia daqui – gritou, colocando para fora toda a frustração – você já causou estragos demais por hoje.
Oliver riu. Um sorriso zombador. Sem dizer mais nada a ela, ele saiu da casa, mas assim que cruzou a porta, o sorriso desapareceu e uma sensação estranha o invadiu novamente. Parou no meio do caminho, olhou para trás, para a porta fechada logo atrás dele, como se tivesse esperança de ver Ashley ali e depois de alguns segundo, partiu em direção ao carro.
Já na casa, podia-se ouvir os gemidos angustiantes do choro de Ashley. Ethan correu para o lugar, preocupado e não avistou mais Oliver ali. Se aproximou de Ashley, que estava sentada no chão, como se tivesse acabado de perder a guerra, e perguntou:
— O que ele fez contra você? – Indagou – diga-me agora, que irei atrás dele resolver isso.
— O que ele fez? – Ela a encarou com os olhos cheios de lagrimas – quem cometeu um erro aqui foi o senhor, quando chamou Oliver para vir até aqui.
— Eu não o chamei – disse, agitado – eu só avisei do seu estado.
— Nem ao menos isso deveria ter feito – se levantou do chão e enxugou as lagrimas – nunca mais chame o Oliver para resolver os meus problemas. Não interessa o estado em que eu esteja, ele não merece saber.
Ashley saiu da sala, deixando o pai com as palavras entaladas na garganta. Não deu a ele nenhum direito de resposta. Se trancou no quarto. E quando o sentimento de tristeza passou, o de arrependimento a invadiu logo em seguida. Ashley sentia-se péssima por demonstrar tanta fraqueza diante dele. Logo em seguida, seu peito encheu-se de preocupação. Ela tinha quase certeza que havia sido Stefany a autora do atropelamento. Que Stefany seria capaz disso, Ashley não tinha a menor dúvida, mas por qual motivo ela iria querer matar Ashley? Para ficar com Oliver, ou por que havia descoberto a gravidez? Um turbilhão de sentimento a invadiu instantaneamente. Cada vez que ela mentia, uma consequência era criada, o problema era que Ashley nunca se preparou para encará-las de frente.
Já do outro lado da cidade, Oliver dirigia em direção a sua mansão. Com o celular em mãos, ele digitava uma mensagem:
“Quero você na mansão em menos de uma hora”
Enviou a mensagem para Stefany e jogou o celular no banco do carona.
Stefany pagaria por aquele erro, e Oliver não teria nenhuma pena dela.