Secretária — Bom dia doutora Macnamara...
Sou recebida pela secretária que o doutor Pedro me encaminhou.
Nina — Bom dia.
Entramos no consultório e começo a perguntar.
Nina — Como está o preparativo para a cirurgia do Rafael Cochelo.
Secretaria — Quase tudo em ordem doutora, a única coisa que irá atrasar é o banco de sangue, infelizmente ainda não conseguimos achar o tipo sanguíneo compatível com o do paciente.
Ela fala e me levanto da cadeira pegando o meu celular.
Nina — Vou resolver isso.
Ligo para meu pai, eu sei que ele está acordado.
Nina — Pai, a mamãe vai ter que fazer um teste de DNA hoje não vai...
Escuto ele falando que sim e perguntando o porquê.
Nina — Eu preciso que ela doe sangue para o meu paciente, ela tem o tipo sanguíneo compatível com o dele, eu não posso doar por conta da quimioterapia que fiz quando criança.
Escuto alguns protestos da parte dele, que a mamãe estava sob muita pressão.
Nina — Pai, eu não estaria pedindo se não fosse muito importante para mim, o Rafa não é só o filho do Juan, ele…
Me calo e respiro.
Nina — Ele é importante para mim também, por favor, sei que as coisas estão complicadas agora é muita coisa acontecendo, mas confia em mim.
Falo e apenas o silêncio reina do outro lado da ligação, um suspiro e uma confirmação de que ele vai falar com a minha mãe e vai trazer ela aqui.
Nina — Eu te amo Vincent Macnamara.
Escuto uma gargalhada.
Vincent — Eu te amo bonequinha.
Ele desliga e me levanto da cadeira indo até a minha secretária.
Nina — Avisa o ambulatório que Liz Macnamara vem fazer a doação de sangue para o paciente, ah! E me avisa assim que ela chegar.
Saio dali em direção ao apartamento em que o Rafael está, ando pelo corredor do hospital o cheiro de álcool e éter me faz ficar com saudade do hospital onde trabalho há cinco anos.
Paro na porta e bato escuto o Juan falando lá dentro e depois abro a porta.
Nina — Olá... Entro e vejo Maria e Martín ao lado sentados no sofá, Juan estava sentado na cadeira e meu pequeno na cama deitado, meu filho e é por ele que vou lutar dentro daquela sala de cirurgia.
Rafael— Oi tia... Ele fala com a sua vozinha fraca, mas tentando sorri com os seus dentinhos ainda faltando, fiquei com raiva do Juan, por que perdi três anos dele, mas não vou ficar triste com isso tenho que lutar e ajudar ele a vencer assim como eu venci.
Nina — Oi meu amor, como você está.
Falo entrando e pegando na mão dos dois que estavam sentados, depois indo na direção do Juan e colocando a minha mão nos seus ombros.
Rafael— Tá doendo de novo aqui tia...
Ele fala e saio de perto do Juan indo até à cama e sentando ao lado dele, pego a sua mãozinha e estava fria, dou um beijo e sinto o cheirinho dele, quanta coisa vou fazer com ele, tantos passeios que faremos, tantas histórias eu vou promover a partir de agora em sua mente.
Nina — Lembra que a titia disse que vai ajudar a sarar a dor, então daqui a pouco uma outra tia vai vir aqui e vai te ajudar a dormir e quando acordar a dor terá ido embora.
Eu falo e tenho que me controlar para não chorar ,sinto a mão do Juan em minha perna e sorrio para o meu filho.
Nina — Depois que tudo isso acabar, eu e você vamos tomar sorvete em um castelo, lá tem uma vovozinha que adora fazer chocolates e doces de montão, tem dois soldados muito legais que gostam de brincar de pipa, de avião, de fazer roupas bacanas para você...
Ele sorri.
Rafael — Eu quero tia.
Nina — Ah, tem um rei e uma rainha muito legais nesse castelo, que vai te mimar e amar muito.
Cada vez que conto a história seus olhos brilham de felicidade.
Nina — E você, será o grande guerreiro a visitar esse castelo.
Os olhos dele começa a ficar moles e ele dorme, as lágrimas filhas de uma mãe teimam em cair de meus olhos, dou vários beijos nele enquanto dorme.
Nina — Daqui à pouco meu filho essa dor vai acabar eu prometo,prometo que de hoje em diante sua mãe, não vai sair de perto de você.
Enxugo minhas lágrimas e levanto da cama,Juan me puxa para ele e beija minha barriga,minhas mãos vão até sua cabeça e acaricio seus cabelos loiros.
Nina — As enfermeiras vão começar a arrumar ele para a cirurgia, quero que fiquem calmos e se alimentem, o Rafa vai precisar de vocês fortes.
Olho para a moça que estava ao lado de Martín.
Nina — Você deve ser a Maria, me chamo Nina e sou a mãe do Rafa, quero te agradecer por ter cuidado dele tão bem, e principalmente por ter deixado ele longe daquela vaca loira.
Falo e o Juan ri em minha barriga.
Ela me olha sem graça, olha para Martín e depois para mim.
Nina — A trapalhada foi dele, mas de hoje em diante quero que saiba que Rafa tem uma mãe, que agradece aqueles que estão ao seu lado e por isso lhe agradeço do fundo do meu coração.
Juan beija minha barriga o tempo todo.
Maria — Que isso senhora, só fiz o que era minha obrigação.
Ela fala sem graça e com as bochechas vermelhas.
Nina — Você tinha a obrigação de cuidar dele sim, mas amar, proteger e se doar não, e se fez isso é por que tem o coração puro e agradeço. Agora tenho que ir,ah e consegui o doador de sangue, eu queria muito mas não posso doar por ter feito quimioterapia quando criança,mas minha mãe já está vindo e vai doar, ela doou para mim quando criança e vai ajudar a salvar o neto dela.
Juan — Obrigado meu anjo.
Nina — Não me agradeça, é por ele, é por nós...
Me abaixo e dou um beijo em sua boca.
Juan — Boa sorte.
Nina — Que a Virgem de Guadalupe nos proteja.
Falo e dou um tchauzinho para os dois e fecho a porta.
Secretária — Doutora, a senhora Macnamara já está no ambulatório.
Nina — Obrigada.
Agradeço e vou até o elevador descendo até o ambulatório,meu pai estava ao lado de minha mãe.
Liz — Filha, por que estou aqui meu amor.
Nina — Mãe, obrigada por vir, a senhora vai ajudar a salvar uma pessoa muito importante novamente.
Falo e ela me olha.
Liz — Seu pai me contou que te viu com o Juan, espero que saiba o que está fazendo.
Sorrio para ela e dou um beijo em sua testa.
Nina — Confia em mim.
Liz— Sempre é por isso estou aqui filha.
Nina — Obrigada mãe..
Ela vai até a cadeira e retira uma bolsa de sangue, o sangue de minha família que já corre nas veias do meu filho.
Nina — Eu amo vocês.
Liz — Que a Virgem de Guadalupe abençoe os seus caminhos, proteja sua mão e te livra dos inimigos.
Nina — Amém...
Saio de lá,olho no meu celular e tem uma nena da minha secretária indicando que estavam me esperando para começar a cirurgia.