Juan — As coisas estavam esquisitas com a organização, aqui quem tem poder é quem tem homens e drogas da melhor qualidade, Eduardo estava interceptando e entregando drogas com farinha para os aliados do meu pai e vendendo as nossas como se fosse dele, não estávamos entendendo como ele sempre tinha um passo a frente, fomos em cada casa de pião a soldado, em cada aviãozinho, em todas as casa e não achamos os traidores, desconfiei de Gustavo e fui atrás, mas ele descobriu e fui ferido, as coisas a partir daí piorou, enquanto eu estava na sua casa o meu pai perdeu muito mais, força, poder, homens, tudo foi saindo da sua mão, até que ele apareceu no seu apartamento e me contou tudo que estava acontecendo, Ramón um dos meus irmãos foi pego pelo Eduardo e o meu pai ficou louco, mas o que me deixou desnorteado foi saber que a Yolanda era a cobra que enganou a todos.
Ele me conta cada detalhe do que aconteceu, eu estava em choque sem saber o que falar.
Juan — Eu pensei em me rebelar, acabar com tudo, mas foi aí que a história mudou Nina.
Ele fala e tinha tanta amargura, tanta dor, tanto ódio.
Juan — Gustavo me ameaçou com fotos suas, ele sabia cada detalhe seu, o que você fazia, seus pais, seus irmãos, cada pequeno momento seu eles sabiam, Yolanda e ele estavam ficando e tramaram tudo, ele queria o pai do Dante, lavar a sua honra pelo passado e ela queria poder e o nome Cochelo.
Nina — Pela Virgem...
É a única coisa que falo.
Juan — Meu casamento foi para deixar quieto a Yolanda fazer ela deixar você livre. Lembro quando eu era pequeno e a minha avó disse uma vez. Você vai saber que uma pessoa te ama, quando você deixar ela ir, se voltar é por que é sua para sempre e foi por isso que deixei você ir, para ser livre Nina, ser o que eu não podia, o que eu não era.
As palavras de Juan entra em minha mente e começo a chorar baixinho.
Juan — Eu não tive escolha Nina, o meu irmão voltou para nós dois dias depois do meu casamento, ele tinha apanhado tanto, estava tão machucado, a minha mãe tinha emagrecido, o meu pai estava louco.
Cada palavra que ele fala são lágrimas roladas no meu rosto.
Nina — Sempre temos escolhas Juan.
Juan — Sim, eu escolhi te deixar viver longe dessa merda, eu escolhi te deixar ser livre, eu escolhi…
Soluço com isso, já não enxergo nada em minha frente e ele não olha nos meus olhos.
Juan — Dois anos depois, os meus pais morreram, você não sabe o que eu passei, eu senti o corpo quente da minha mãe nos meus braços com um tiro na cabeça, eu vi o meu pai usando o seu corpo com o meu irmão nos braços morto, a sua última palavra foi: "Me perdoa filho eu não consegui proteger vocês, eu não consegui proteger a sua irmã ".
Nessa hora eu já nem tinha mais bebida no meu corpo, as lágrimas tinha levado tudo.
Juan — Meu irmão, eu vi o pior que o ser humano pode fazer, Martín até hoje não conversa, não fala, tem pesadelos e o pouco que acho que ele tem de humanidade foi quando ele conheceu Maria e mesmo assim ele acorda toda a noite se lembrando do tanto que abusaram dele.
Nina — Pela Virgem...
O meu coração está rasgado com tantas palavras. Como o ser humano pode ser capaz de fazer maldades só por poder?
Juan — Há cerca de 6 anos eu procuro pela minha irmã que foi levada para onde eu não sei, Nina eu vi o inferno com os meus olhos, mas eu deixei você livre, eu me afundei em drogas, bebidas eu estive perdido por anos e só consegui viver e colocar um fim na minha dor, quando foi até a sua formatura e vi o quanto estava feliz, alí eu enterrei o meu coração e fiz a minha vingança, fui a cada canto de merda desse mundo e matei todos, menos Yolanda essa eu quero que pega a arma e dê um tiro na própria cabeça, matar ela vai ser pouco por tudo que ela aprontou.
Nina — Juan...
Juan — Eu preciso arrancar o que escondo de todos Nina e você é a única que vai me ver de verdade, depois de ouvir você pode sair por aquela porta e não voltar mais.
Eu continuei ali calada.
Juan — Yolanda não é a mãe do Rafa, eu fui a uma clínica e paguei por uma fertilização um vitro queria um herdeiro, uma pessoa que desse continuidade ao nome Cochelo, já que Martín não pode ter filhos e Yasmin ainda não a achamos, não seria justo aos meus avós, aos meus pais se morresse aqui.
Eram tantas coisas que ele me falava que mal acreditava.
Juan — Eu juro que se eu pudesse voltar no tempo, não teria feito você sofrer, eu teria mudado tudo, aquele dia que você foi a minha casa eu morri ali com as suas lágrimas.
Nina — O que você fez com a Yolanda.
Juan — Ela teve grande participação em tudo de ruim que aconteceu, posso dizer que ela recebe diariamente um lembrete.
Olho para ele que ainda está com a sua cabeça baixa.
Nina — Quem é a mãe do Rafael Juan.
Pergunto por que algo me veio na cabeça.
Juan — Eu… Pensei tanto no dia, procurei a doutora Ravine e ela me ajudou.
Nina — Você o quê…
Juan — Eu queria um pedaço de nós dois e fui atrás.
A cerca de quatro anos atrás, eu estava com a minha ginecologista no hospital onde trabalhava e propus a ela de congelar os meus óvulos, estava com 24 anos e não queria filhos agora e então fiz isso na clínica da doutora Ravine.
Nina — Você não fez isso...
Pergunto incrédula.
Nina — Isso é crime.
Juan — Só precisei de um óvulo e foi fecundado.
Eu me levanto e vou até ele.
Nina — Você não tinha o direito de fazer isso, você não tinha o direito de fazer isso.
Juan — Eu fiz e não me arrependo, olhar para ele me dá forças para continuar é o mesmo que olhar para você.
Ele fala e aperta o meu pulso me fazendo cair no sofá.
Começo a chorar, Rafael é meu filho, mas que foi gerado no ventre de uma vaca...
Nina — Você não tinha esse direito.
Ele me solta e dou um tapa na cara dele que aceita sem dizer nada.
Juan — Eu te amo Nina Macnamara, mais do que você possa imaginar, esses anos todos eu te vi feliz e livre e para mim isso bastava.