Capítulo 25
1706palavras
2023-10-08 18:54
Allison pegou um táxi e se dirigiu ao hospital A, onde Noah trabalhava.
Ela chegou em poucos minutos porque o hospital era próximo da empresa de Justin.
Ela não teve que esperar muito para chegar a sala onde ele atendia a última paciente.
— Tome esse medicamento e depois retorne para novos exames.
O médico parecia realmente preocupado com a paciente. Mas Allison não acreditava que ele a enganou. Por isso, não esperou muito e entrou sem ser anunciada.
Quando Noah viu a jovem diante dele com o olhar sério, ele sabia que algo ruim estava prestes a acontecer.
— Alli...
Plaft!
Antes que as palavras saíssem de sua boca, ela deu um forte tapa no rosto do médico. O tapa foi tão forte que ele deu alguns passos para trás.
— Como pôde dizer que eu contratei você para dar um falso diagnóstico? Como Noah? Eu confiei em você!!!
Lágrimas caiam dos seus olhos tristes e ele sentiu que devia muito a ela.
— Eu posso explicar. Você precisa ouvir meu lado. Você...
— Não quero que me explique nada!!! Eu exijo que nunca mais chegue perto de mim.
Ela sentiu sua força se esvair. Mas conseguiu recuperar a compostura.
Olhando friamente para ele, ela cuspiu as palavras:
— Eu sei que tenho pouco tempo de vida, mas você é o maior culpado por tornar ela mais curta ainda. Eu nunca vou perdoar você, Noah. Você era a única pessoa que eu confiei.
— Allison, eu...
— Cala a boca!!!
Ela saiu batendo forte a porta com um estrondo.
Recebendo ordens de Justin, ela mal teve tempo de sair do local, quando dois seguranças a pegaram a força.
— Me solta!! Quem- quem são vocês?
— Senhor Howard disse para manter você sobre vigilância.
— Deixe-me ir! Eu quero ir embora!! Isso é sequestro!
— Senhora, não dificulte as coisas para nós. Ou usaremos a força bruta. E prometemos que não somos nada gentis.
Ela desistiu de tentar e entrou no carro. Allison estava cada vez mais furiosa com esse homem. Ele mudava de humor mais rápido do que virar a página de um livro.
Antes, era ele quem queria se divorciar. Agora que ela exigia o divórcio ele ficava irritado e até estava disposto a matá-la.
Será que ele havia sofrido estímulo mental com a morte da irmã e se tornado pervertido emocionalmente?
Ou será que a menopausa chegou mais cedo?
Allison estava mais fraca nos últimos dias, e a decepção de saber que confiou no médico errado, a fez ela se sentir deprimida.
Ás vezes, nem sempre quem a gente mais confia estará sempre ao nosso lado.
Quando ela chegou na mansão, percebeu que a única coisa que não mudou neste casamento foi o entusiasmo de Branca. Ela estava lá todos os dias, usando um avental e segurando uma colher de pau preparando refeições deliciosas para ela.
— Senhora hoje fiz um caldo de peixe para fortalecer o seu corpo. Tome um pouco mais. - Maria percebeu o rosto abatido e pálido de Allison. — O que aconteceu senhora? Está muito triste hoje.
Allison sorriu suavemente:
— Branca, você pode fazer mais um pouco de moqueca para mim também, com peixes frescos e tempero mais leve. Eu estou com fome.
Branca sabia que algo mais havia acontecido. Mas decidiu evitar perguntar.
— Claro. - Branca olhou para o tempo lá fora e disse:
— A neve encheu o pátio. A senhora não vai brincar na neve? Eu me lembro de que a senhora costumava amar brincar de guerra de neve com o senhor. Não é só uma questão de brincadeira entre homem e mulher. Uma pequena discussão, uma pequena conversa e logo tudo fica bem.
— Branca, você daria esse conselho para sua própria filha se tivesse? Você viu tudo o que eu estou passando esses dias. Não vou lá fora, ok? Vou tirar uma soneca e por favor pare de se meter na minha vida. Eu te dou o Justin se quiser. - Allison rebateu mau humorada.
Branca ficou pálida. Allison que sempre foi tão gentil, nunca havia falado com ela naquele tom. Ela observou a jovem subir as escadas em silêncio e voltou para a cozinha triste.
Branca ficou intrigada com Allison. Ela costumava não gostar de peixe e era uma pessoa bastante animada. Recentemente, no entanto, ela estava tão murcha e agora a pouco rude, ela poderia dizer.
Branca achou que Allison estava apenas brigada com Justin e não pensou muito mais a respeito. Mas no íntimo, ainda estava magoada pelas palavras de Allison.
Allison passou vários dias deitada, e aos poucos, sua sensação de mal estar diminuiu. Ela comia alimentos ricos em proteínas e ferro todos os dias, tudo para manter seus glóbulos brancos e vermelhos em valores estáveis. Ela não iria mais confiar em Noah para tratar sua doença e optou por procurar outro médico discreto.
Justin voltava para casa todas as noites para dormir, mas os dois não trocavam nenhuma palavra. Á noite dormiam em quartos e separados como se uma galáxia os separasse.
No dia seguinte, ela estava se sentindo muito melhor do que nos dias anteriores, devido a sua alimentação. Olhou para o céu, ainda era cedo, ele provavelmente não havia voltado.
Pela primeira vez, Allison saiu do quarto principal e entrou no escritório de Justin. Enquanto digitava a senha, ouviu de repente a voz de Branca atrás dela:
— Senhora.
Isso a assustou. Nos últimos dias, Branca a via tão abatida que frequentemente emprestava o celular para Allison se entreter um pouco. O que ela não sabia, era que Allison ainda estava na busca de um médico.
A conexão de Allison com o mundo exterior nunca foi cortada, mas o detetive, também não conseguiu descobrir a causa da morte de Clarice.
Portanto, Alisson decidiu arriscar e vasculhar o escritório de Justin.
Ao ver Branca se aproximando, Alisson pensou que seu plano havia fracassado, mas para sua surpresa, Branca disse:
— Senhora, a porta do escritório do senhor estava quebrada. A fechadura foi trocada para um leitor de impressões digitais. Deixe-me ajudá-la.
Branca limpou as mãos em seu avental, e sem hesitar, abriu a porta do escritório com sua impressão digital. As ações de Branca deixaram Allison sem palavras, ela se arrependeu imediatamente do que havia dito para ela um tempo atrás.
— Branca, desculpe-me pelo que disse para você antes.
— Está tudo bem, senhora. Eu me intrometi nos assuntos dos patrões, cometi um erro e peço desculpas.
Branca se curvou e sorriu gentilmente.
Bem, aos olhos de Branca, os dois eram como crianças briguentas, então, como ela poderia entender as complexidades entre eles?
— Obrigada.
— De nada. vou fazer a sua moqueca.
Allison entrou no escritório de Justin, que não tinha muita diferença em relação ao passado. Ele era uma pessoa organizada, e a disposição de todos os materiais era clara para Allison.
Ela rapidamente encontrou um cofre, onde estavam guardadas todas as lembranças dele e da irmã, incluindo fotos e brinquedos de quando eram crianças.
Isso era uma ferida no coração dele, e durante o tempo que Allison passou ao lado dele, nunca tinha aberto esse cofre.
Enquanto digitava a senha, seu coração inexplicavelmente acelerou.
Antigamente, a senha costumava ser a dia que Allison nasceu, mas provavelmente agora tinha sido trocada para a data de nascimento de Brenda.
Rindo de si mesma, Allison tentou digitar sua própria data de nascimento e surpreendentemente a senha estava correta. Ele não a tinha mudado.
Com sentimentos mistos, Allison abriu a porta. Dentro do espaçoso cofre havia muitos objetos, incluindo algumas pastas de documentos. A primeira coisa que ela viu estava escrita "certidão de óbito."
Ela pegou a pasta rapidamente e começou a ler, antes que pudesse ler mais algumas linhas, uma voz fria veio da porta:
— Decidiu não ser mais atriz e virou ladra agora?
Ela estava lendo o documento, completamente absorta em seus pensamentos, quando a voz repentina de Justin fez Allison pular e cair no chão, deixando os documentos que segurava caírem ao redor.
Justin geralmente só voltava tarde da noite, então por que ele estava de volta tão cedo hoje?
Embora fossem casados, esse comportamento dela não era muito elegante, especialmente considerando que ela sabia o quanto Justin odiava intrigas pelas costas.
Allison engoliu em seco, seu rosto tornando-se visivelmente desconfortável. Ela disse:
— Você.... você voltou.
Talvez por causa de algum evento, Justin estava vestido com um conjunto de traje formal preto e branco. O terno delineava sua estatura alta e elegante.
Seu olhar gelado pousou sobre ela e Allison sentiu como se estivesse no frigorífico.
Ele avançou em sua direção com passos longos e calmamente tirou o paletó do terno. Sendo um filho ilegítimo de família abastada ele exalava uma aura de nobreza em cada gesto.
Embora fosse apenas um ato de tirar o paletó, Allison estava petrificada de medo. Ela queria fugir, mas seus pés estavam pregados no chão como se fossem controlados por ele.
Antes de começar a namorar Justin, ele era conhecido por ser impiedoso e o verdadeiro demônio nos negócios.
Agora, porém, ela estava verdadeiramente percebendo quão aterrorizante Justin poderia ser do ponto de vista de uma pessoa comum. Era o horror inato que emanava dele, algo acima de tudo, que fazia Allison se sentir encurralada. Com as mãos e os pés apoiados no chão, ela recuava para trás enquanto ele avançava.
Até que ela se viu com as costas encostadas no cofre, não havia mais para onde recuar. Justin já estava na sua frente, ajoelhado com um joelho no chão.
— Viu tudo? - Sua voz era calma, sem qualquer traço de emoção em seus olhos.
Mas Allison entendia, quanto mais calmo ele parecia, mais furioso estava.
Seus olhos negros pareciam tinta, tão densos que nenhuma emoção era visível neles.
Era difícil distinguir se ele era um homem ou um animal.
Allison engoliu em seco e assentiu com cautela, depois sacudiu a cabeça rapidamente.
Ela viu, ou melhor, ainda não tinha terminado de ver, tinha lido apenas parte dos relatórios de óbito.
Os dedos ossudos de Justin se ergueram e levantaram o queixo dela, forçando o encontro de seus olhares.
Foi quando ele perguntou:
— Sabe por que não deixei aquela criança nascer?