Uma vez lá dentro, ela sentiu uma energia densa a envolver tornando difícil para ela respirar.
Em um piscar de olhos, alguém agarrou seu braço e a levou até a frente da janela. Era Justin.
Soltando um baque alto, as costas de Allison bateram contra o vidro e a fizeram gemer de dor.
— Qual é o seu problema, Justin?
Allison o questionou com raiva enquanto tentava se livrar do homem. Porém, quanto mais tentava se soltar, mais forte ficava o aperto dele, até fazê-la uivar de dor.
Com um sorriso cheio de escárnio, Justin agarrou o queixo dela e a forçou a encará-lo. A sua voz soou tão fria que arrepiou até os ossos de Allison.
— Já falei mais de uma vez para você não me desafiar. Você não me ouviu! Mas você pagará o preço.
Enquanto falava, o homem foi apertando com mais força o queixo dela. A dor que Allison sentia era excruciante e ela mal conseguia falar com suas bochechas sendo comprimidas:
— Eu... Eu... não... entendo. O... que... significa...esse... prontuário?
Ela conseguiu balbuciar, o tempo todo segurada por Justin e tentando fazer com que ele a soltasse.
— Não se faça de desentendida. Você sabe exatamente o que significa isso. - Victor grunhiu, apertando ainda mais sua mão ao redor do queixo dela.
Allison estava se sentindo fraca. Mas aguentou e apenas encarou, rangendo os dentes. Ela tentou golpeá-lo com o joelho, mirando no meio das suas pernas.
Uma luz fria relampejou pelos olhos dele. Ele se afastou da mulher que, com mais um baque, caiu no chão. Allison jogou os braços instintivamente para frente, mas acabou acertando o cotovelo no chấo e seu rosto ficou mortalmente pálido por causa da dor.
Esfregando seu braço dolorido, ela tentou se sentar. Então ouviu Justin gritar:
— Ryan!! - O assistente, que aguardava do lado de fora, entrou imediatamente.
Ao ver Allison jogada no chão, ele parou de maneira imperceptível.
— Senhor Howard. - Falou.
— Amarre as mãos dela. - Justin ordenou, jogando um rolo de corda na frente dela.
Os olhos de Allison se arregalaram de surpresa. Ela encarou Justin incrédula e questionou:
— Você perdeu a cabeça completamente?
Justin lançou um olhar na direção dela e zombou com um olhar frio:
— Como você é louca o suficiente para tentar me enganar e fingir que iria morrer para me provocar, preciso deixar a lógica de lado. Combater fogo com fogo, entende?
Allison estava com tanta dor naquele momento que não teve forças para resistir. Ryan passou corda ao redor do pulso dela e a prendeu com um nó especial.
Ela fechou os punhos e cerrou os dentes e gritou:
— O que diabos você quer, Justin? Huh? Me solte! - Ela exclamou.
— Você não estava confiante que iria morrer logo? Então, logo você vai ver a morte, bem diante dos seus olhos.
Ele disparou de volta, caminhando na sua direção e a colocando de pé. Seus olhos eram frios como gelo.
Allison estava com tanta dor que sua testa brilhava de suor. Todo seu corpo estava dormente e dolorido.
Ele jogou-a contra a janela mais uma vez, segurando-a junto do vidro gelado.
— Eu falei que você veria a morte se era isso que desejasse. Você ousou mentir para mim. Achou que eu teria piedade se você morresse? Você me faria um favor tão simples?
Justin falou enquanto tirava um controle remoto do bolso.
Allison arregalou os olhos. Ela sabia o que aquele controle comandava. Era o que abria a janela. O vidro não era fixo, ele podia abrir se alguém apertasse.
— Justin, você é um louco! - Ela gritou com seu coração palpitando rápido e o medo tomando conta de si.
Um sorriso frio e cruel apareceu no rosto de Justin. Ele apertou o botão vermelho sem titubear e, com um som baixinho, o vidro deslizou, escancarando a janela.
O vento entrou fresco, drenando o resto de cor que havia no rosto de Allison.
Justin a empurrou para trás, ainda segurando seu braço com toda a força. Allison estava suspensa no ar e a única coisa que a impedia de cair centenas de metros era a mão dele.
Ela tinha pavor de altura. Embora o vento fresco soprasse como uma besta selvagem, as suas costas estavam empapadas em suor. Os seus olhos ficaram cheios de lágrimas e ela tremia de medo.
— Justin, por favor. - Ela pediu com a voz rouca e mal se fazendo ouvir com o uivo do vento entrando pela janela.
O homem parou por um breve instante. Ao encarar os seus olhos lacrimejantes, ele sentiu uma pontada de dor sem saber o porquê.
A garota explodiu em lágrimas naquele momento, não conseguindo mais se segurar.
Justin acompanhou o rastro das suas lágrimas descendo dos olhos, passando pelas bochechas e sendo levados pelo vento para sempre.
Allison havia fechado os olhos para tentar controlar as próprias emoções enquanto todo o seu corpo se tensionava. Nesse momento, muitas memórias dos tempos em que ele a protegia se dissipavam. A medida que as lágrimas caiam, ela sentia que o amor que sentia por ele, também estava deteriorando.
Às vezes a realidade e a fantasia se mesclam e quando se ama é difícil distinguir o que somos capazes de fazer por amor e até mesmo aceitar.
— Por favor. - Ela implorou.
Por um breve instante, ela não sabia se o que mais a assustava era a queda ou a quantidade absurda de coisas que se lembrava agora.
Justin se distraiu por um segundo. Com os olhos arregalados, ele a puxou de volta.
Assim que teve certeza de que ela estava segura, a soltou imediatamente.
Sem o apoio dele, ela perdeu o equilíbrio e seus joelhos cederam.
Por sorte, conseguiu chegar no sofá a tempo.
A janela seguia aberto e o vento soprava como um rio para dentro do escritório. Os papéis que antes estavam empilhados sobre a mesa agora voavam pelo escritório e o cabelo solto de Allison chicoteava sem trégua. Seu rosto seguia muito pálido e ela abaixou a cabeça para não demonstrar turbilhão emocional.
Ainda estava em choque com a experiência. Justin a encarou de forma inquisitiva antes de tomar uma decisão. Com a voz tomada pelo nojo, ele soltou arrogantemente:
— Eu sabia que você era uma mentirosa como o seu pai, mas isso é novo! Você realmente tem medo de morrer! - Ele questionou.
Reunindo toda a coragem que ainda lhe restava, ela levantou tremendo de pavor e olhou para ele com um olhar diferente.
Pela primeira vez, Justin viu que o olhar dela não tinha resquício de amor. Era puro ódio.
— Um dia, você vai pagar por todo mal que me causou. Um dia, você vai implorar pelo meu perdão. E quando esse dia chegar, a única coisa que sentirei por você é nojo e repulsa. Eu amaldiçoo o dia que me casei com você!
Justin sentiu seu peito doer com as palavras dela que perfuraram seu ser.
Ela saiu da sala suada de medo e ainda com a lembrança do que ele fizera antes. Ela não se importou muito com isso, mas com o fato do exame. Conforme o que leu, ela havia comprado o médico para dar um falso diagnóstico. Mas seu médico era Noah. Ela precisava escapar para confrontar o homem.
E ela faria isso.