Capítulo 23
1492palavras
2023-10-08 18:53
Alisson encontrou o olhar investigativo em seus olhos e sua emoção se tornou complexa.
Esses olhos não estavam carregados de zombaria, desdém ou frieza. Ele estava realmente preocupado com sua condição.
Nesse momento, Allison ficou com um turbilhão de sentimentos. Uma ideia repentina surgiu em sua mente:
Se ela dissesse a ele agora, ele poderia sentir pelo menos remorso por suas ações anteriores?
Ele acreditaria nela?
Vendo que ela estava hesitante, Justin se inclinou ainda mais, e a distância entre eles diminuiu. Seu olhar parecia capaz de penetrar em tudo.
— Então? Responda a pergunta, Allison! - Ele a pressionou.
— Eu estou....
O telefone de Justin começou a tocar, era o toque exclusivo de Brenda, o pesadelo no coração de Allison há mais de um ano.
Quando estavam juntos, sempre que ouvia esse toque, Justin largava tudo e ia correndo para Brenda, não importando o que estivesse fazendo.
Até agora sempre que Allison ouvia esse toque em outro lugar, sentia-se nervosa e ansiosa.
Hoje, o toque de chamada ressoou como um balde de água fria, deixando-a encharcada dos pés à cabeça, congelada até os ossos.
Se depois de ser machucada tantas vezes e ainda não conseguia aprender a lição, ela simplesmente merecia sentir essa dor.
Justin, depois de desligar o telefone, olhou novamente para Allison. O olhar dela já tinha mudado, a confusão em seu coração silenciosamente se dissipou, deixando apenas serenidade.
Algumas cicatrizes depois de terem sido criadas, não se fecham facilmente.
Allison voltou o olhar para ele e falou:
— Não era nada, apenas peguei um resfriado e fiquei alguns dias no hospital.
Justin pensou no buquê de flores murchas na casa deles, então nos dias em que ela não voltou, era porque estava resfriada.
Desde a última ligação deles, fazia três meses que eles não se comunicavam, e ele não fazia ideia de que ela estava no hospital.
Seu coração ainda estava agitado, como se tivesse sido picado por uma agulha, um pouco dolorido e até mesmo um pouco culpado.
Não era de se admirar que ela tivesse emagrecido tanto.
Seria outro truque dela?
— Tanto... - Justin abriu a boca mas não sabia o que dizer.
A relação deles agora não permitia que ele falasse palavras de preocupação.
— Já passou, Justin. Chegamos ao ponto em que não suportamos mais nos olhar. Então, por que continuar segurando isso? Vamos nos divorciar, estou realmente cansada disso.
Não mencionar o divórcio estava tudo bem, mas quando ela tocou no assunto, ele lembrou do sorriso dela para Noah na frente do cartório. Noah era uma chama acesa em seu coração, gradualmente se espalhando como um incêndio incontrolável.
Cada vez que ela pedia o divórcio, Justin sentia que ela estava ansiosa para ficar com Noah.
— Ah, tá. - Ele riu friamente, e Allison ouviu um sarcasmo evidente escapar da garganta dele. Ele segurou o queixo dela e disse palavra por palavra.
— Se vamos nos divorciar ou não a decisão é minha. Você ainda não sofreu o suficiente, como vou deixar você escapar?
Dito isso, ele saiu com raiva em direção ao banheiro, seus olhos cheios de um ódio avassalador.
Antes que ele tocasse a maçaneta, ela perguntou:
— Se eu tivesse condenada a morte e tivesse pouco tempo, mudaria algo para você?
Justin ficou petrificado. Seus músculos tendiam pressionando suas costas eretas.
Morrer? Ela ?
Allison esperou pela resposta dele. Mas nenhuma resposta veio. O silêncio era tão gritante que se uma agulha caísse, ouviria o barulho.
Justin lembrou da época em que ela fingiu estar doente para ele não ir a uma festa no exterior. Ela usava todos os meios para enganá-lo.
Mas e se ela estiver dizendo a verdade agora?
Ou ele queria acreditar que fosse verdade para mantê-la a seu lado?
Justin riu em zombaria.
— Esse truque não vai mais funcionar comigo. Morrer ou viver não faz diferença. Você deve pagar pelo erro do seu pai.
A voz dele estava carregada de escárnio e zombaria
Allison não disse mais nada. Afinal, as palavras dele significavam muito para ela.
Justin não viu nenhum cabelo extra na cama. E pensar que ele tinha ficado preocupado com ela e temido que algo tivesse acontecido com ela. Enquanto isso, ela só tinha o divórcio em mente.
Noah era tão bom assim?
Três meses atrás, ela ainda estava ajoelhada diante dele, implorando para não se divorciar, e agora ela conseguia dizer com uma expressão séria que estava farta.
Justin olhou para seu próprio rosto no espelho.
Ela já estava enjoada dele, era isso?
Pegando o seu celular, ele ligou para Ryan:
— Chefe.
— Consiga as informações sobre o prontuário médico de Allison dos últimos dois meses atrás.
— Sim, chefe. Farei isso. - Respondeu Ryan confuso.
Ele sabia que seu chefe amava a esposa, mas ele a tratava mal.
Então por que de repente, ele estava interessado na saúde dela?
Na corporação Howard, Justin estava sentado analisando relatórios sobre a empresa. Ele estava ansioso, pois as palavras de Allison reverberavam no seu íntimo.
"Se eu tivesse condenada a morte e tivesse pouco tempo, mudaria algo para você?"
Como seria a vida sem ela? De quem ele iria se vingar pela morte da sua irmã?
— Chefe, a investigação que o senhor propôs.
Justin olhou para ele de forma inquisitiva.
— Eu investiguei a fundo três vezes, chefe.
Ryan sabia que Justin não aceitava uma investigação apenas baseado em provas de primeira tentativa. Por isso, investigou pessoalmente. Justin abriu a pasta e leu o documento com prontuário médico de Allison. O rosto de Justin ficou sombrio.
— Traga aquela mulher aqui! - A voz dele continha um ódio avassalador.
Ryan assentiu e saiu da sala depressa. Ele sentiu pena da mulher.
Allison recebeu a ligação de Ryan avisando que estava passando na mansão para buscá-la. Acreditando que Justin lhe daria o divórcio, ela arrumou-se, mesmo ainda fraca. Ela tinha que ir embora para ele não ver a sua condição deteriorar e pisar sobre ela. Passou um pouco de maquiagem e ouviu Branca avisar que Ryan estava esperando por ela.
— O senhor mandou Ryan levar a senhorita para a empresa. Será que finalmente ele vai anunciar o casamento de vocês?
— Ah, Branca. Você sonha demais. - Allison respondeu triste.
Mesmo casados há muito tempo, ninguém sabia que ela era a esposa legítima dele. Para o mundo externo, Brenda era a noiva dele enquanto Allison, tinha que se contenta sendo tratada como amante. Essas lembranças eram tão dolorosas para ela.
Ela desceu as escadas devagar, pois ainda sentia uma fadiga extrema. Ela saiu da casa e Ryan desceu do carro abrindo a porta para ela.
— Senhora.
— Ryan, o que seu chefe deseja falar comigo tão de repente?
— É melhor irmos logo, senhora. Acredito que ele vai responder a sua pergunta. - Ryan era frio e direto. Ela sabia que mesmo que tentasse os persuadir, ele não iria contar.
Você conhece uma pessoa leal pela maneira que ela responde a sua pergunta.
Allison ficou inquieta durante a viagem, ela observou o grande prédio da corporação Howard com um imenso H no topo. Olhar para o imenso prédio era como permitir ser engolido por ele.
Ryan estacionou o carro e Allison entrou pelo elevador executivo. Justin exigiu que ela entrasse pelo elevador de serviço, mas Justin não achou justo. Foi a primeira vez que ele não obedeceu uma ordem de Justin.
Ding
O elevador sinalizou que o andar havia chegado. Quando Allison bateu na porta, ela ouviu uma voz tranquila:
— Entre.
Allison sabia que ele estava suprimindo sua raiva e isso deixou ela em alerta máximo. Quando ela entrou a sala estava gelada de quebrar os ossos.
— Eu odeio gente que se acha inteligente. Gente como você, Allison.
Assim que ele terminou, Victor levantou da cadeira de couro dele parecendo um rei e caminhou diretamente para ela, ele segurou seu queixo e a pressionou contra a parede.
Allison não pôde pôde nem reagir quando ele a agarrou. Havia um abismo entre a força dele e a dela.
No segundo seguinte, ele empurrou-a com força e ela estatelou-se no piso frio
Por causa dos seus reflexos, ela conseguiu se proteger usando as palmas das mãos para amenizar o baque. Agora, por consequência, as suas palmas continham arranhões e escoriações, e estavam sangrando. Ela encarou-o perplexa:
— O que está acontecendo com você?
Justin, agarrou o documento da mesa e jogou no rosto dela, os papéis espalharam-se na sala. Com as mãos doloridas, ela pegou um papel próximo a ela e o conteúdo a deixou sem reação.
"Paciente Allison.
Medicamento em dose extrema: Pragta"
— Você realmente acha que tomar esses remédios fariam você adoecer para enfim, tornar-me um tolo? Provavelmente aquele médico ajudou você a usar meios vis para me enganar, não é? - Foi a primeira vez que Allison sentiu que Justin a odiava profundamente.
Mas ela estava atônita sobre o papel nos seus dedos.
Ela tremia.