Justin acordou antes do amanhecer e sentiu que havia alguém ao seu lado, antes mesmo de abrir os olhos.
Pensando nas várias garrafas vazias que havia bebido na noite anterior, ele sabia que tinha uma boa resistência ao álcool e que, com moderação, nunca ficaria tão fora de si a ponto de não se lembrar do que aconteceu.
Com uma dor de cabeça lancinante, não conseguia recordar nada da noite anterior, sentindo uma inquietação crescente que o impedia de encarar a situação de frente.
Só quando reuniu coragem suficiente foi que ele finalmente suspirou aliviado ao ver que era Allison deitada em seu braço.
No entanto, no segundo seguinte, percebeu a situação desconfortável em que se encontravam e quase a empurrou para longe.
Antes de retirar o braço, seu olhar caiu de repente sobre o rosto de Allison, congelando o seu movimento.
Havia quanto tempo que ele não a observava silenciosamente assim?
Relembrando seus últimos encontros, quantos deles não foram cheios de tensão e ódio?
Sem a maquiagem que costumava usar, sua pele pálida ficava mais evidente do que nunca.
Embora ela sempre tivesse uma pele clara, não estava com uma palidez um pouco exagerada agora?
Quase se poderia dizer que estava branca como papel.
Seus traços delicados e finos não tinham nenhum traço de cor, tão pálidos quanto uma bola de algodão.
Allison estava deitada em seu braço, mas não se agarrava a ele como costumava fazer. Ao invés disso, estava encolhida como um pequeno camarão.
Justin levantou o canto dos lábios em um sorriso irônico, isso apenas indicava que ela já não acreditava mais nele.
Ao pensar nisso, uma raiva inexplicável se apoderou dele, e Justin puxou o seu próprio braço com força.
Allison abriu os olhos apressadamente. Com o olhar confuso de quem acabou de acordar, ela parecia um gatinho olhando perplexamente para o mundo ao seu redor.
Tão ingênua e bela.
No entanto, quando seu olhar se concentrou no rosto bonito de Justin, sua expressão mudou drasticamente, e as palavras saíram de sua boca sem hesitação:
— Foi você quem ficou bêbado e insistia em me agarrar.
A imagem encantadora deles abraçados na cama desapareceu repentinamente.
Justin a olhou com uma expressão séria, sua voz rouca pelo sono recente ao dizer friamente:
— Eu sei, se eu tivesse pelo menos um pingo de sobriedade, não te abraçaria nem com nojo.
Para mascarar o constrangimento, Justin pegou suas roupas e entrou no banheiro, enquanto Allison rapidamente arrumava os cabelos espalhados na cama, após ele fechar a porta.
Justin, cheio de raiva, desabotoou sua camisa com impaciência, pensando consigo mesmo:
"Mas que inferno! Afinal, nós ainda somos marido e mulher. Por que eu preciso explicar algo depois de dormir abraçado a ela?"
Ele considerou a situação, sentindo que sua atitude anterior não tinha sido adequada. Quando ele estava prestes a jogar a camisa no cesto de roupas sujas, o polegar encontrou um fio de cabelo preto.
Se fosse apenas um fio de cabelo, não o incomodaria tanto, mas o problema era que havia um emaranhado de cabelos pretos espalhados pelo antebraço. Ele fez uma contagem rápida e havia cerca de quarenta e poucos fios.
No passado, quando Allison tinha cabelos compridos, ela sempre reclamava sobre queda excessiva de cabelo. Ela tentou várias marcas de shampoo, sem sucesso, brincando que talvez um dia ficaria completamente careca.
Na época, ela brincou pulando nas costas dele dizendo:
"Querido, se eu ficar careca, talvez você deva se tornar um monge"
Os olhos de Justin piscaram inquietos.
A perda de cabelo era tão intensa assim para as mulheres?
Ao lembrar do rosto pálido dela e das lágrimas que derramou naquele lugar, ele lembrou das palavras dela enquanto explicava recentemente: "Eu não te enganei, eu só estava doente..."
Justin abruptamente abriu a porta e caminhou em direção a cama.
A porta do banheiro foi empurrada com força, fazendo Allison, que havia acabado de arrumar seu cabelo, dar um salto de susto. Ela olhou nervosamente para ele e disse:
— Você não iria tomar ba...
Mal a palavra foi dita e Allison já se deparou com Justin de torso nu, seu corpo masculino e robusto invadindo seus olhos sem aviso. Mesmo que já tivessem tido um filho juntos, a paisagem que não via por mais de um ano, ainda a deixava desconfortável.
A silhueta lançada sobre o corpo dele cobria suas bochechas, e o aroma característico dele, carregando uma onda de calor atingiu seu rosto. Allison instintivamente encolheu-se, observando- o com cautela.
— O- O que você quer fazer?
Justin se inclinou devagar, seus profundos olhos negros fixaram-se no rosto pálido dela enquanto perguntava:
— Você disse antes que estava doente. Que doença você teve?