Capítulo 21
960palavras
2023-10-05 01:59
Um chamado familiar, por muito tempo não ouvido, ressoou. Alisson sentiu como se tivesse sido paralisada, mantendo aquela pose sem reação.
Nem ela sabia quantas bebidas ele tinha ingerido para ficar tão embriagado assim. Era como se nunca tivesse desentendimentos antes. Instintivamente, Justin a abraçou.
Em seus braços, ela sentiu o calor familiar e ardente do abraço masculino. Para Alisson, foi um impacto avassalador.
Ela tentou manter a compostura, esticando as mãos para afastá-lo, mas Justin segurou seus dedos e os beijou.
Seus lábios cheios de desejo roçaram suavemente as costas da mão dela, enquanto ele murmurava embriagado:
— Querida, onde você estava? Eu te procurei por tanto tempo.
Allison não conseguiu segurar as lágrimas, como se todas as lágrimas de sua vida tivessem sido derramadas ao longo deste ano. Ela lutou contra a tristeza e disse:
— Não foi você quem me afastou com as próprias mãos?
— Isso é um absurdo. - Justin a abraçou ainda mais forte, com um beijo embriagado em sua orelha ele sussurrou: — A pessoa que eu mais amo nesta vida é você. Como eu poderia me permitir te afastar?
Allison o empurrou e perguntou:
— Justin, olhe bem para mim, quem sou eu?
A sala estava às escuras, as cortinas não estavam fechadas, e sob a fraca luz do pátio, Justin viu as lágrimas cintilantes nos cantos dos olhos dela.
— Querida, você está confusa ou algo assim? - Ele se curvou e começou a beijar suavemente suas lágrimas, sussurrando: — Ally, não chore. Quem te magoou? O seu marido vai dar uma surra nele por você!
Suas palavras infantis fizeram Alisson chorar ainda mais. Ela não sabia quantas bebidas ele tinha tomado.
Como ele poderia estar tão bêbado assim?
E como ele não saberia que o maior causador de suas lágrimas era ele mesmo?
Desde que ele tivesse um pouco de lucidez, nunca esqueceria o ódio, e certamente não falaria com ela de maneira tão infantil.
Alisson escondeu a cabeça no peito dele, assoou o nariz, e com a voz trêmula perguntou:
— Justin, se eu estivesse condenada a morte, o que você faria?
— Deixe de bobagem, como você iria morrer?
— Todas as pessoas morrem. Elas nascem, envelhecem, adoecem e morrem. Ninguém escapa disso. Eu não estou imune a isso também.
— Ally, se você morrer eu morreria junto contigo, viveríamos o mesmo sono, compartilharíamos o mesmo túmulo.
Allison apertou o tecido da camisa dele com os dedos, um sorriso resignado nos lábios, ela disse:
— Você está dizendo bobagens. Tenho medo de que assim que eu morrer, você imediatamente vai soltar fogos de artifícios e casar com a Brenda, seu verdadeiro amor.
Justin ficou descontente ao ouvir isso, imediatamente se ergueu, segurou a mão dela e a colocou sobre o peito nu. Sem o tecido para separá-los, a pele firme e elástica do homem foi pressionada contra a palma dela.
"Tum, tum, tum, tum"
O coração dele batia rápido, como um tambor.
Do alto, Justin falou com sinceridade, apesar do efeito do álcool:
— Ouviu isso? Ele está batendo por você, e se você morresse, ele também morreria.
Com lágrimas nos olhos, Allison assentiu com a cabeça:
— Ouvi.
A mão do homem pousou lentamente na cintura dela fazendo o Alisson estremecer, e logo em seguida o corpo de Justin se aproximou dela.
Com um beijo alcoólico roçando sua orelha, até mesmo a frieza habitual dele desapareceu por completo.
— Ally, que tal termos outro filho?
Um filho...
As lágrimas de Allison caíram mais intensamente.
Sentindo seu corpo tremendo, Justin ficou assustado e apressadamente enxugou suas lágrimas a consolando:
— Ally, não chore, não desejo mais, só quero que você esteja bem, não chore.
— Como você me pede isso, depois de não salvar o seu próprio filho? Como você dá o nome do nosso filho para a sua amante. Justin, eu odeio você!
No momento seguinte, ela levantou da cama. Mas uma grande palma a puxou de volta e a abraçou com força. Sentindo o corpo trêmulo de Allison, ele acalmou ela com carinhos na cabeça, como fazia no passado e pacientemente uma vez após outra, ela se acalmou.
Allison lembrou daquele dia, onde ele salvou a vida da amante e deixou ela se afogar causando a morte do próprio filho. Não que ela desejasse que Brenda perdesse o bebê, não, não era isso. O que a destruiu foi ele não pedir ajuda depois que salvou Brenda e a deixou para trás. Ela desistiu de tentar pensar nas coisas boas que ele fez por ela antes.
Allison agarrou firmemente suas roupas, apoiando a cabeça em seu peito, lágrimas umedeceram sua camisa, e ela sussurrou baixinho o nome dele:
— Justin, Justin...
Por que as coisas chegaram a esse ponto?
Ela desejava profundamente voltar a dois anos atrás, àquela época despreocupada.
— Estou aqui, eu estou aqui. - Ele respondia incansavelmente a ela.
Alisson sabia que a gentileza dele naquele momento era passageira, e ela não devia buscar um contato tão próximo com ele novamente. Mas simplesmente não conseguia evitar a vontade de segurar aquele pequeno lampejo de calor e, então, ela decidiu confessar:
— Eu estou morrendo. Tenho apenas meio ano ou três meses de vida.
Ela não ouviu resposta alguma. Levantando seu rosto, ela percebeu que ele estava dormindo.
Talvez seja um sinal de que ele não precisa mesmo saber.
— Justin, como seria bom se você ainda fosse o mesmo. Eu preciso tanto de você agora. - Ela sussurrou gentilmente enquanto tocava no rosto perfeitamente esculpido do homem.
Allison chorou em silêncio. Talvez ela precisava morrer sozinha mesmo. Talvez ele nunca amou ela de verdade. Sua esperança se desvaiu como uma corrente de água límpida. Seus olhos pesaram de tanto chorar e então ela adormeceu.