Capítulo 34
1347palavras
2024-11-12 05:20
Eu não conseguia acreditar que aquilo estava realmente acontecendo, a primeira vez que tinha me apaixonado e era simplesmente trocada.
— Muito obrigada destino! — gritei dentro do carro parada em um maldito trânsito.
Eu já não me importava em controlar as lágrimas, quanto mais eu pensava mais me odiava, não conseguia entender como eu tinha sido tão burra. Entreguei meu coração para um babaca, o único homem que me fez sentir algo além de tesão, me trocou por alguém do seu passado.
Soquei o volante querendo socar a cara dele, mas não daria esse gostinho a Miguel, não deixaria que ele visse o quanto tinha me afetado me chutando daquele jeito.
Como se o universo quisesse rir da minha desgraça, a voz de Vanessa da Mata invadiu o carro cantando Amado. Só podia ser uma piada do universo, ter que ouvir aquela letra pior com ela cantando sendo que eu já tinha escutado com ele.
“Como pode ser gostar de alguém
E esse tal alguém não ser seu”
Senti um sufoco tomar conta do meu peito, quase me impedindo de respirar, sentia como se meu coração estivesse se partindo e sempre achei essas coisas ridículas quando os outros diziam, mas agora que eu estava sentindo não era uma dor nada ridícula.
Porque Miguel mudaria tanto assim do nada, ele ficou distante da noite para o dia e hoje decidia jogar aquela bomba desse jeito.
Não conseguia entender onde as coisas deram errado. Sim, talvez fomos rápidos de mais, não conseguimos manter a família dele longe por muito tempo, Will e eu estávamos grudados e ele agora me chamava de mãe...
Will, como ele ia ficar quando soubesse disso? A ideia de que não iria mais vê-lo, ou colocar meu menininho pra dormir, me destroçava ainda mais. Miguel não tinha direito, não tinha o direito de fazer isso com nós dois, ele não estava só terminando o nosso namoro, estava acabando com o relacionamento que eu tinha com o seu filho e com a família dele.
— Anda mulher!
— Sai da frente roda presa!
Os gritos e xingamentos, juntos com as buzinas me fizeram sair dos meus devaneios e voltar ao transito infernal. Voltei a dirigir até em casa, sem conseguir tirar o pensamento do nosso termino.
Miguel não parecia feliz, alguém que estava reluzindo quando me pediu um tempo, ele parecia incomodado, como se não quisesse fazer aquilo. Mas uma voz na minha cabeça continuava repetindo que isso era só algo em que eu queria acreditar e não a realidade.
Tomei um banho quente e me enfiei na cama, mesmo que fosse uma sexta eu não queria sair para lugar nenhum e não fazer nada. Mas quando a noite chegou eu não aguentei me manter naquela cama choramingando e comecei a cozinhar.
E foi assim que passei o fim de semana, cozinhando, comendo e repassando nossos momentos juntos. No sábado de manhã meus enjoos voltaram com força e tive que pedir pra Debora vir buscar toda a comida que eu tinha feito, antes que eu colocasse um órgão pra fora de tanto vomitar.
— Garota, você está péssima. — ela era direta e eu já deveria estar preparada para isso, mas chamar ela era melhor do que alguém da minha família e ter que explicar sobre o que estava acontecendo. — Está doente? É por isso que você e Miguel
Debora semicerrou os olhos na minha direção e eu soube que ele não tinha dito nada a ninguém. Claro, Miguel quis me pedir um tempo, ele não ia espalhar que terminamos, ao menos não por um tempo.
— O que aconteceu entre vocês? — ela cruzou os braços tirando o sorriso do rosto. Eu tinha duas opções, entrar na mentira dele ou contar a verdade de uma vez por todas. Mas se ele me conhecia bem sabia que eu não ficaria aqui pagando de boba as custas dele.
— Miguel terminou comigo ontem! — ela arfou chocada e eu continuei. — Ele disse que queria um tempo, porque tinha reencontrado uma amiga e estava confuso.
— Ele o que? Não, isso não coisa do Miguel, ele não faria isso com você!
— Eu também queria que isso fosse verdade, mas ele fez e nem protestou quando eu disse que não daria um tempo, mas sim que terminaríamos de uma vez. — respirei fundo sentindo o cheiro da comida invadir meus sentidos e me arrependi por isso. — Enfim, acabou. Espero que ele seja muito feliz com a outra, seja ela quem for.
— Não, não, isso está errado! — Debora segurou meus ombros me sacudindo. — Eu conheço Miguel, ele detesta essas coisas de traição, pessoas indecisas. Confia em mim Maria, ele não entra em relacionamentos se não tiver certeza absoluta do que quer, não pode existir outra.
Me desgrudei dela e me joguei no sofá, já bastava o cheiro me enjoando, não precisava dela me sacudindo.
— Escuta, sei o quanto você ama o Miguel, mas foi o que ele fez! Ele me trocou por outra mulher!
Mesmo que não quisesse ela começou a entender que era a verdade e com o passar dos dias, vendo que ele voltou atrás a ficha dela e dos outros começou a cair.
Duas semanas, duas malditas semanas sem ver Will, sem ter os almoços malucos em família. Aparentemente Miguel estava fugindo até mesmo do próprio bar, pois eu não tinha visto nem os cabelos dele nessas semanas, qualquer barulho de moto fazia meu coração bater mais rápido com esperança de que fosse ele, mas nunca era. Mesmo que eu não quisesse admitir minha vida estava chata e monótona sem eles.
— Que bom que finalmente deu um jeito de vim no médico, ninguém aguentava mais seus enjoos. — Mariane estava do meu lado na sala do hospital enquanto esperávamos o resultado do exame de sangue. — O que te deu nessas últimas semanas? Você tem andado tão calada, parece até que alguém morreu.
Ergui a sobrancelha escolhendo continuar em silêncio fingindo ler a revista, ela sabia que eu tinha termina com Miguel, mas todos na minha casa estavam tratando aquilo como algo bom. Minha mãe foi a única que demonstrou sentir muito e tentou me consolar.
— Pelo amor de Deus, não acredito que ainda está assim por causa daquele idiota? Supera ele com outro homem Maria, você sempre foi boa em trocar de caras como quem troca de roupa.
Joguei a revista na mesa, ignorando minha tentativa de ignorá-la.
— Você pode me deixar quieta por um segundo sequer? — rosnei não querendo fazer uma cena.
A única razão para ela estar aqui comigo é porque eu não podia chamar ninguém do restaurante e estava tentando me manter longe de Debora, por motivos óbvios.
— Maria Nascimento. — a voz a doutora foi minha salvação para fugir discussão. — Olha vendo seus exames tudo está perfeito, não há nada de errado com você. E encontrei o motivo dos seus enjoos, você está grávida!
Acho que meu mundo todo girou ou eu estava enlouquecendo, não podia estar grávida... sim eu poderia, na noite do bar. Isso queria dizer que eu estava com dois meses e algumas semanas. Meu Deus, o que eu ia fazer!
— Esse filho é do Miguel? — minha irmã teve a capacidade de perguntar e eu me segurei para não socar a cara dela.
Meu celular tocou me tirando a atenção dela e o nome de Brutos brilhou na tela. O universo estava mesmo conectado e empenhado em não me deixar esquecer de Miguel.
— Oi linda, precisamos conversar. — ele falou antes mesmo que eu dissesse alô. — Descobri porque Miguel fez essa merda de terminar e você não vai gostar nada do que eu tenho pra contar.
Como assim o motivo? E porque eu não ia gostar? Achava que tinha sido por uma mulher. Mas de qualquer jeito precisava falar com ele, especialmente sobre o bebê, Brutos me ajudaria a saber o que fazer com essa notícia e como contar a Miguel.
— É acho que temos muito o que conversar.