Capítulo 20
2498palavras
2024-11-12 05:14
Gemi fechando os olhos e sem mais nenhum aviso seus dedos tocaram o meu clitóris, precisei morder meus lábios para refrear o gemido. Miguel se enfiou no meio das minhas pernas, empurrando-as mais abertas e me obrigando a mantê-las assim enquanto seus dedos afastavam minha calcinha antes de descer mais fundo até minha fenda. Um dedo ágil circulou minha entrada e se enfiou em mim, comprovando o quão molhada eu estava antes que outro se juntasse a ele.
Miguel me segurou mais firme com a mão esquerda apoiando meu quadril, ele puxou meu lábio inferior até que eu abrisse os olhos, ele uniu nossas testas e manteve seus olhos presos aos meus quando bombeou os dedos, uma, duas, três... cinco vezes... eu perdi a conta.
Meus lábios estavam tão apertados que doíam contra os dentes quando tudo o que eu queria fazer era gritar por ele, pedir por mais, exigir que me fodesse com vontade como na noite passada.
Quando eu pensei que não podia ficar melhor ele tirou os dedos de dentro de mim, me deixando confusa, apenas para espalhar toda a lubrificação em meus lábios e em meu clitóris. Quando seus dedos voltaram a me penetrar seu polegar massageou meu clitóris de forma escorregadia, me levando a beira do precipício.
— Miguel... — eu gemi baixinho, minha voz estava rouca por forçar a garganta a não deixar escapar nenhum som. Mas ao invés de intimidá-lo a se controlar e me deixar ali naquele estado apenas para não atrair atenção, ele virou o rosto, pousando os lábios sobre minha orelha para disparar sacanagem sussurradas ao pé do ouvido.
— Isso não te deixa mais excitada? Todos os seus funcionários lá fora, o salão lotado de clientes, e você aqui, com minha mão em suas calças, meus dedos enterrados nessa boceta que está pingando querendo mais. — como para dar ênfase nas últimas palavras ele estocou com força os dedos dentro de mim. — Ninguém sabe o que estamos fazendo aqui, mesmo que estejam a um passo de nos pegar no flagra, enquanto eu te fodo com meus dedos.
Segurei com força a borda mesa e inclinei os quadris em sua direção, faltava pouco para que eu perdesse a cabeça e gemesse alto, mas mordi seu ombro como forma de me controlar.
— Eu não... não vou aguentar...
— Goza pra mim linda. Goza assim, pra toda vez que entrar na porra desse escritório você se lembrar de como eu te fiz gozar com todo mundo lá fora. — minhas pernas involuntariamente tentaram se fechar, mas foi sem sucesso, tudo o que conseguiram foi apertar as suas coxas que me mantinham aberta para ele. — Goza minha Rainha!
Merda, não tinha como não gozar, não com aquelas palavras a voz grave no meu ouvido, os dedos indo e vindo enquanto o outro circulava meu clitóris. Não tinha como resistir muito, não com aquele homem!
Então me entreguei, explodi gozando mordendo o lábio e apertando o rosto contra o peito de Miguel para não fazer barulho, enquanto ele me abraçava e continuava a me masturbar mesmo vendo meus tremores.
— Você sabe bem como dar um bom dia. — murmurei com a cabeça ainda contra seu peito enquanto tentava recuperar o fôlego, depois de afastar a mão dele.
A risada gostosa retumbou estremecendo seu peito e me sacudindo, então senti seus lábios se apertarem contra meus cabelos em um beijo calmo. Aquilo era diferente pra mim, assim como na outra noite não me senti incomodada com sua caricia depois do orgasmo, nem me incomodou o fato dele ter vindo até meu trabalho. Que merda era aquela que Miguel estava fazendo comigo?
Respirei fundo me afastando e deixando meus olhos caírem no volume dentro de suas calças, não era algo que dava para passar despercebido e era deliciosamente tentador. Deslizei os dedos sobre a dobra grossa no jeans ganhando sua atenção.
— Não agora. — suas mãos pararam as minhas. Um sorriso preguiçoso se formou em seus lábios e mesmo que seus olhos denotassem desejo ele as afastou levando para seu peito. — Passei mesmo para cuidar dessa boceta gostosa, agora eu tenho que ir. — não teve como não gargalhar diante do comentário dito com a cara de quem dizia que o tempo estava ensolarado. — Tenho uma mercadoria para receber daqui a pouco e vou buscar Will depois.
Eu concordei, também tinha muito o que fazer ali. O acompanhei de volta a cozinha e o obriguei a levar almoço pra eles. A pobre da dona Magda ainda estava com a perna engessada e naquela idade não devia ser nada fácil. Ele agradeceu e se despediu com um beijo longo, nem parecia que iria só atravessar a rua.
Aquilo era estranho, desgraçadamente confuso para mim, eu estava acostumada com sexo casual, nada de caricias e passadas no trabalho para dar um oi. O último que tinha feito isso foi Fernando e nem sei se ele conta, já que me conheceu como cliente e depois que paramos de sair ele se casou e passou a frequentar o restaurante com a esposa, que era um amor de mulher.
Então acho que Miguel é o primeiro, o primeiro que eu permitia isso. Mas ele trabalhava do outro lado, contava a passada no trabalho ou era mesmo algo que faríamos independente de onde ele trabalhasse?
O resto do dia tive de lidar com as gracinhas na cozinha, quando fechamos e pensei que finalmente poderia chegar em casa e tomar um longo banho com uma cerveja gelada, mas fui convocada a casa dos Nascimento. Como não era dia de jogo, feriado ou aniversário de alguém só podia significar novidade, o que resumia meu papel em fazer o jantar e ouvir qual era a da vez.
Meus pais sempre foram um casal feliz e apaixonado, nunca tiveram vergonha de se beijar ou manter o carinho escondido, o que me fazia questionar minha aversão a essas demonstrações de afetos todos esses anos, assim como a relacionamentos.
— E aí maninha, o que você acha que eles vão aprontar dessa vez?
— Bem, eu pensei que você finalmente tinha engravidado alguém e fosse ser obrigado a casar. — Bruno me empurrou rindo e fazendo um sinal de cruz. — Se você não sabe da novidade muito menos eu.
Bruno Nascimento era meu irmão mais novo e isso queria dizer que ele era idiota, mimado, cafajeste. Às vezes conseguia agir das três formas ao mesmo tempo, como eu nunca descobriria. Ele era o único dos quatro filhos que ainda morava em casa, Mariane tinha saído de casa assim que se casou, era a filha perfeita, casada, um filho, uma bela casa, uma família impecável. Seria o papel perfeito de pura, recatada e do lar, mas ela era apenas ótima em cuidar do lar, nada do resto, ela era uma rainha de bateria de escola de samba e adorava o que fazia, aí de quem dissesse qualquer coisa sobre.
Então vinha Marcela, a segunda filha, a mais cabeça dura e durona de nós três. Quem me ensinou tanto de lei? Ela mesmo, a policial da família e que cursava direito para se tornar delegada. Marcela sempre bateu de frente com papai, se mudou para outro estado mesmo que ele não quisesse, ela fez carreira para a profissão que nosso pai detestava e agora cursava direito o que o irritava ainda mais.
Depois veio eu mesma, a terceira na linha de sucessão, que fez tudo o que ele quis, até certo ponto, já que ele ficou bem bravo quando larguei o trabalho de contadora para seguir a carreira de culinária, mas nada como o tempo para o fazer ver a razão.
E então vinha Bruno, o caçula, não preciso dizer muito porque na verdade não tem o que dizer. Ele ainda vivia com meus pais, era sustentado pelos mesmos e não se preocupava em fazer nada apesar dos seus vinte e três anos. Tudo o que ele queria era bailes, festas e mulheres.
Sim, eu sabia que todas nós ridiculamente começávamos os nomes com as iniciais MA, coisa dos meus pais, o único que se livrou foi o idiota mais novo que nasceu com a bunda pra lua.
— Eles vão expulsar você se tivermos sorte. — Mariane provocou entrando na cozinha e encostando-se a pia ao meu lado. — Deveria ter comprado rojões para a ocasião.
Nos olhamos de forma cumplice e gargalhamos da indignação dele e o medo de perder a vida boa. Marcela não tinha como estar aqui e poderia estar em chamada de vídeo, isso se não estivesse em horário de trabalho, então teria que se contentar com uma mensagem de atualização das ideias malucas da família.
Eu fiz uma coisa rápida, pratica e deliciosa. Meus pés estavam me matando e tudo o que eu queria era me sentar.
— O jantar está na mesa! — gritei depois que Bruno e Douglas, meu cunhadinho, terminaram de colocar a mesa.
Rapidamente estávamos sentados atacando a comida, até mesmo o pequeno Sam sentado na cadeirinha com apoio para ficar mais alta comia animado minha comida. E por um breve momento imaginei ele e Will brincando, eles seriam bons amigos, a diferença de idade era de dois anos, mas Will era uma ótima criança apostava que os dois adorariam brincar juntos.
— E então qual é a novidade? Já sabemos que Bruno não vai ser pai, pelo menos não que ele saiba. — foi a vez de Douglas provocar ele.
— Haha, muito engraçado. Pra isso existe uma coisa chamada camisinha.
— Coisa que você nunca aprendeu a usar. — eu disse fazendo todos gargalharem e Mariane dar um soquinho na minha mão em concordância.
— Parem já vocês! Não vão acertar o que é de qualquer jeito. — minha mãe advertiu sabiamente quando a gritaria aumentou.
Ela e meu pai compartilharam um olhar que parecia dizer tanto, mesmo que suas expressões nem se alterassem do sorriso leve e as sobrancelhas erguidas sugestivamente.
— Sua mãe e eu decidimos fazer uma festa para renovar os votos. — meu pai disse ainda encarando a mulher que amava, então sua mão avançou sobre os pratos e ele segurou a mão dela. — Vamos fazer trinta e cinco anos de casado, eu sei...
— Mas é uma vida e queremos celebrar com vocês. — ela disse concluindo a frase dele.
Chegava a ser exagerado o relacionamento dos dois, mas pra falar a verdade era lindo, tinha seus momentos, é claro. Quantas brigas em todos os meus vinte e cinco anos eu já tinha visto? Muitas. Mas isso mostrava o quanto real eles eram, quando se ama a ponto de se incomodar e brigar por aquilo, ao invés de fazer o fácil e seguir em frente.
— Adorei a ideia. — Mari bateu palmas empolgada e pelo que já sabia ela já estaria fazendo planos naquela cabecinha, das músicas que colocaria, a decoração, o vestido que usaria, até mesmo o que meus pais usariam. — Já precisamos organizar tudo, falta menos de um mês. Só vocês dois mesmo para surgir com uma coisa assim tão em cima da hora.
— Não queremos nada extravagante, vai ser só pra família. Algo simples. — ai estava a mentira de minha mãe, não existia esse tipo de coisa na nossa família. Simples era uma palavras que os Nascimento desconheciam.
— Eu faço a comida e o bolo. — me adiantei antes que qualquer um falasse o óbvio. — Pode ficar tranquila que eu te mando até o fim da semana que vêm o cardápio para você aprovar Rainha.
Ela me olhou de forma desconfiada enquanto mastigava, com os olhos semicerrados em minha direção e eu me arrisquei a provar um pedaço para ver se eu tinha feito alguma coisa que estragasse o gosto ou o deixasse diferente, mas não tudo estava nos conformes.
— De onde veio essa de rainha? — questionou quando terminou de engolir e se deu satisfeita com a análise silenciosa. Senti meu rosto ir da confusão para surpresa, não tinha me dado conta do que falei até ela me questionar. Tinha usado o apelido que Miguel me deu sem nem notar. — Seja lá o que for eu gostei. — concluiu desviando o olhar para o meu pai. Mas se eu a conhecia bem e sabia que ela não deixaria passar batido, estaria de olho em mim de agora em diante. — Pode começar a me chamar assim de agora em diante. — disse encarando ele.
Ele se ergueu da cadeira e a levou com ele, puxando-a até ter seus corpos apertados e então começou a rodopiar com ela pela sala, a música que tocava baixo na sala pareceu ganhar mais vida enquanto eles se balançavam pra lá e pra cá no ritmo.
Eu não sei parar de te olhar
Eu não sei parar de te olhar
Não vou parar de te olhar
Eu não me canso de olhar
Não sei parar
De te olhar
Essa música definia bem aqueles dois e todos nós tiramos um minuto para encará-los dançando, devagar, como faziam quando eram mais jovens, sempre que faziam as pazes eles dançam e quando estavam comemorando, quando queriam namorar.
Se as coisas ficavam difíceis e meu pai se preocupava com o que faria no dia seguinte para pagar alguma divida, com o salário pequeno para dividir entre cuidar de quatro filhos, pagar aluguel e as contas. Minha mãe estava lá o puxando para uma dança e conversa, para consertar tudo.
Fosse pagode, bossa nova, ou qualquer música que eles pudessem se abraçar e dançar. Não importava. Mas dessa vez eu prestei atenção na letra, vendo como se encaixava perfeitamente no casal.
É isso aí
Um vendedor de flores
Ensina seus filhos a escolher seus amores
A voz de Seu Jorge encheu a casa me deixando ainda mais mexida. Eu amava minha família e admirava meus pais, minha vó, todos que faziam parte dela, que me ajudaram a crescer. Mas naquele momento eu estava admirando os dois ali, eles eram o centro das atenções, a forma como passaram por dificuldades, pelas alegrias e tristezas, na saúde e doença, o amor não maltrata, não procura seus interesses, não guarda rancor. Era verdade, eu tinha isso dentro da minha casa e nunca tinha parado para dar o devido valor. Tudo sofre, tudo suporta.
— Você está chorando? — Bruno me cutucou querendo me provocar, mas dei um tapa em sua nuca e apontei para que ele prestasse atenção.
Achei que de alguma forma ele veria o mesmo que eu, mas aquele pensamento estava em minha cabeça apenas, era eu que estava vendo mais beleza na cena simples que estávamos acostumados a ver.
E em minha defesa não estava chorando, era só uma emoçãozinha que molhou meus olhos. Mas sim, fui dormir com o coração quentinho naquela noite, apesar de cansada eu estava radiante e feliz. Se me perguntassem o motivo eu mentiria, mas estava feliz e ponto final, ninguém precisava saber o motivo.