Capítulo 10
1095palavras
2023-09-21 00:19
Minha casa era pequena, afinal eu morava sozinha. Era lindamente decorada por mim mesma e pintada em cores vivas e vibrantes, nada de bege e branco comigo. A casa tinha um quarto, a sala e cozinha eram um ambiente só, no estilo americano, assim eu ganhei mais espaço para minha preciosa cozinha.
Will fez seu tour pelo lugar, pulou no puff enorme que tinha na sala gargalhando ao afundar, ligou a tv, bagunçou alguns discos e CD’s, até que fez o impensável me surpreendendo. Ele colocou um CD e ligou o som, mostrando o quanto era familiar pra ele mexer naquele tipo de aparelho. Então o garotinho pulou no sofá cantando a música, engolia uma letra aqui e ali, mas ele sabia praticamente toda a música.
Coloquei o macarrão no fogo e me juntei a ele, cantando e dançando com ele ao redor da sala. Quando a massa já estava pronta nós corremos para a cozinha e ele me ajudou a preparar o molho, nós mexemos tudo, ele escolheu um suco para acompanhar, parecendo tão adulto que acabava comigo.
— E então? O que achou? — perguntei quando ele afastou o prato mostrando que estava satisfeito.
— De que? — falou novamente parecendo incerto. A música agora estava baixa, passava das onze horas e ele parecia realmente cansado. — Meu papai vai demola? — a voz doce e dengosa quebrou meu coração.
Eu não gostava de mentir para crianças, mas Miguel não tinha nem visualizado a mensagem, então não tinha nem ideia de que horas ele daria sinal de vida.
— Que tal se a gente ver um filme enquanto ele chega, você escolhe. — ofereci, mas ele não pareceu tão animado com a ideia. Mesmo assim Will me seguiu até o sofá onde nos aconchegamos e ele escolheu o que assistir.
Não demorou para que ele estivesse com a cabeça tombada no meu colo enquanto eu fazia cafune nos cabelos loiros, porem por mais sono que sentisse ele não se deixava vencer, não fechava os olhos.
— Eu preciso do papai pra dormir. — como se para responder minha pergunta o menino pediu e novamente eu não tinha uma resposta para o pobrezinho.
Desbloqueei o celular pela vigésima vez e encarei o nada, nada mesmo, nenhuma mensagem.
O que faria pra criança descansar? Minha vó sempre fez leite com mel quando eu era pequena, a receita tiro e queda, até hoje funcionava comigo... era isso!
Praticamente pulei do sofá falando que já voltava. Coloquei o leite em uma leiteira e o mel, enquanto o leite esquentava eu mexia, mas rapidamente mãos pequeninas se embrenharam em meu quadril em busca de colo.
Ergui Will nos braços e ele deitou a cabeça em meu ombro, atento a que eu estava fazendo. Ele era fácil de se gostar, fácil de mais de se apegar. Assim que o leite estava bom coloquei em uma caneca e dei pra ele, ainda grudado em mim como um macaquinho, as pernas penduradas em meu quadril, um braço em volta de meu pescoço enquanto o outro segurava o leite.
— Ainda bem
Que você vive comigo
Porque senão
Como seria esta vida?
Sei lá, sei lá.
Antes que percebesse o que estava fazendo eu cantarolei minha musica favorita pra ele enquanto o embalava em meus braços. Aquela musica me lembrava tanta coisa boa, sempre cantava quando sentia falta da minha vó, mas nesse momento ela estava coberta de um sentimento diferente. Um sentimento de casa, aconchego.
— Nos dias frios em que nós estamos juntos
Nos abraçamos sob o nosso conforto
De amar, de amar.
Não demorou para que o peso dele se tornasse maior, eu retirei a caneca da suas mãos e fui em direção ao quarto, Will já havia adormecido e mesmo assim eu continuei cantando quando o coloquei na minha cama e o enrolei.
Fiquei ali extasiada cantarolando enquanto tocava fios loiros macios e o ouvia ressonar cada vez mais fundo.
Não sei por quanto tempo fiquei ali até que ouvi meu celular apitar na sala. Corri imediatamente pescando antes que o barulho acordasse o pequeno, no visor o nome de Miguel piscava me trazendo alivio.
Ele já estava na calçada, avistei pela janela antes de atender o telefone. Abri a porta e o homem desceu lindamente da moto e veio andando a passadas largas até a porta.
— Desculpa, foi uma complicação do cassete no hospital. Minha mãe precisava de um raio-x e você sabe como é a demora desses lugares e... — ele soltou uma lufada de ar, como quem está cansado e disso eu não duvidava, sua expressão o entregava. — Oi, desculpa. — falou querendo começar de novo e um fantasma de sorriso passou por seus lábios.
— Como você está? — perguntei realmente querendo saber. — Desculpa por ter trazido ele pra cá, mas até que foi bom já que ele pegou no sono.
— Ele dormiu? Meu filho está dormindo? — ele questionou surpreso, me comprovando que o garoto não dormia facilmente com qualquer um.
O puxei para dentro, tranquei a porta da frente e segurei em sua mão, me dando conta do calor emanando naquele ponto unido nós dois, então o levei até meu quarto e empurrei a porta, que estava encostada, para que ele pudesse ver o filho adormecido.
Ainda segurando minha mão Miguel entrou no quarto e se abaixou beijando várias vezes a cabeça do menino, que só fez murmurar coisas incompreensíveis e se mexer na cama, mas continuando dormindo.
Antes que ele conseguisse acordar o filho eu o puxei pela mão, que ainda estava atada a dele, o arrancando de dentro do quarto.
— Você está bem? — questionei vendo seu rosto um tanto transtornado.
— Me desculpa, desculpa mesmo ter te envolvido em tudo isso e... — seu suspiro saiu pesado e assisti seus ombros caírem cansados.
Cheguei mais perto e coloquei minhas mãos sobre seu peito, tentando passar algum conforto com um carinho, mas aquilo desencadeou novamente uma onda de calor e eu não fui a única que senti, percebi isso quando ele ergueu os olhos me encarando.
Só que dessa vez Miguel não ficou parado esperando, suas mãos seguraram meu rosto e me puxaram para ele. Sua boca tomou a minha, ele tinha pressa em devorar os meus lábios, em degustar minha boca.
Eu não consegui fechar os olhos de imediato, estava chocada com seu ataque, aproveitei mais para encarar as mudanças de suas feições enquanto sua boca encaixava na minha com perfeição e suas mãos me seguravam firme, fazendo meu corpo todo queimar em desejo.