Capítulo 11
2079palavras
2023-09-21 00:20
Eu tinha tido um verdadeiro dia de cão, brigando com médicos no hospital, irritado com toda a demora em tirar um raio-x, minha mãe com dor e precisando ser atendida. Tudo havia sido um borrão a partir do momento que recebi a ligação, dizendo que ela havia caído e se machucado, não consegui nem reparar em nada, só sabia que precisava de alguém para ficar com Will.
A ideia de deixar Maria cuidar do meu filho não tinha me passado pela cabeça de primeira, só depois que todas as minhas opções se esgotaram foi que eu vi a fachada do restaurante ainda acesa e corri até lá com esperança, mas aparentemente tinha sido a melhor coisa que já fiz em anos. Meu garoto até mesmo dormiu com ela.
E então ali estava Maria, na minha frente, usando um vestido azul soltinho e cheio de flores, ela estava descalça, os cabelos cacheados soltos emoldurando seu rosto, os olhos brilhantes em minha direção, assim como o sorriso largo, que aparentemente estava sempre grudado em seus lábios.
Ah, aqueles lábios! Não consegui me segurar por muito tempo, especialmente quando as palmas de sua mão tocaram meu peito, enviando uma onda de calor poderosa sobre meu corpo, algo que eu não sabia explicar.
Os lábios macios dessa vez não tinham gosto de chocolate e whisky, mas de um jeito estranho era como se meu corpo se acendesse dizendo que era ela. Eram aqueles lábios. Uma constatação que eu não me lembrava de ter sentido em muito tempo, uma sensação totalmente nova, mas eu sentia meu corpo todo afirmar que aquilo era mais do que certo.
Abri os olhos de relance, querendo me certificar que todo o reboliço que estava sentindo era mesmo causado por ela. Mas vi seus olhos abertos, em choque me encarando enquanto eu a beijava.
Havia duas coisas que fariam uma mulher ficar com os olhos esbugalhados daquele jeito enquanto era beijada, ela não queria ou não havia gostado do meu beijo. Independente de qual dos dois fossem eu só tinha como reagir de uma forma, me afastando.
— Desculpe... Eu não... — o que poderia dizer? Que não queria fazer aquilo? Não podia, porque não era verdade. Então deixei que o silêncio nos embalasse, mas Maria tinha outros planos.
— Oh, não! Você entendeu errado! — se apressou em dizer. — Eu só estava surpresa.
— Eu pensei que...
— Eu quero mais, Herói tatuado. — ela se lançou em minha direção, seus braços envolvendo meu pescoço e seus lábios descendo sobre os meus.
A língua esperta circulou a minha e eu não me fiz de rogado, tomando tudo o que ela me oferecia. Minhas mãos desceram por seus braços, alcançando suas costas e parando somente quando toquei sua bunda. Moldando a carne macia, apertando, acariciando, arrancando suspiros dela.
Mas antes que tivesse a oportunidade de continuar Maria se impulsionou para cima, com as mãos apoiadas firmes em meus ombros e rodeou minha cintura com suas pernas. As coxas grossas abraçando meu corpo perto do seu, alimentando ainda mais os sonhos eróticos que eu tinha tido com ela.
Prendi seu lábio inferior, puxando com os dentes e arrancando um gemido dela, que teve resultado direto no meu pau. Segurei mais firme em sua bunda e dei alguns passos até o balcão da cozinha, a depositei ali aproveitando para passear minhas mãos por dentro do vestido.
Eu tinha que agradecer a ela por estar usando aquela roupa, era fácil de tirar, fácil de alcançar o objetivo, fácil de foder.
Senti contra a palma da minha mão a pele macia dela se arrepiar, subi por suas coxas até o quadril, sem deixar de beijá-la em nenhum segundo, mas assim que alcancei o tecido da calcinha suas mãos me pararam.
— Você não vai querer ir por esse caminho agora. — ela se afastou apenas o suficiente para falar, mas ainda se mantendo perto dos meus lábios com os olhos fechados. — Eu sou uma garota muito barulhenta.
— Porra! — quase rosnei e mordi seu lábio. — Você não pode dizer isso e esperar que não tenha um efeito imediato em mim. — diante do som rouco da minha voz seus olhos se abriram de imediato e desviaram para meu amigo que se mostrava visível diante da calça jeans.
— Não faz assim, herói tatuado. — sua cabeça tombou contra meu peito e ela suspirou, descendo as mãos por meu abdômen, me alisando por cima da camisa. — Seu filho está bem ali no quarto, dormindo, a última coisa que vamos querer é dar um show e é isso que vai acabar acontecendo se você não parar de traçar esses malditos padrões em meu quadril. — a voz pareceu ficar irritada, mas quando ela se ergueu eu vi que o sorriso estava lá em seu rosto.
— Por mais desafiador que tenha soado seu pedido, eu preciso concordar, Will acordando e nos pegando assim é a última coisa que quero. — segurei seu rosto firme, afastando as mãos daquela pele macia. — Mas eu não quero me afastar, não tive o suficiente ainda.
Seus olhos castanhos brilharam com minhas palavras, ela não parou de me encarar, mantendo meu olhar preso no seu. Então suas mãos começaram a se mexer, subindo para meu pescoço, alisando minha nuca e enroscando os dedos nos fios grandes do meu cabelo.
Podia ver no seu rosto que ela queria mais, o desejo expresso ali era simples e fácil de ler, não duvidava que estava refletido nos meus também.
— Que tal se eu colocar uma calça e você prometer ser um bom gatogro, sem me fazer perder a cabeça?
Aquela cara sexy era um inferno na terra, uma puta tentação. Como iria me manter são em ficar apenas beijando essa mulher? Não sabia, mas não ia recusar, não agora.
— Você vai ter que me explicar todos esses apelidos que ganhei da noite para o dia. — falei segurando-a apertado uma última vez, colei nossos lábios para então descê-la do balcão, mas assim que ela se virou para sair com um sorriso sapeca no rosto, eu acertei um tapa no traseiro empinado chamando sua atenção. — Uma calça bem grossa mocinha!
Eu não era santo, estava longe de ser, mas se o único jeito de tê-la era ir devagar então eu ia ser a porra de uma tartaruga e que Deus me ajudasse!
Aproveitei o tempo para colocar a moto no quintal dos fundos e quando voltei a espertinha estava sentada como um anjo no sofá, com a maior cara de inocente, como se não estivéssemos prestes a transar em sua bancada na cozinha.
— Acredito que você ainda não jantou. — aquilo não era uma pergunta e sim uma constatação. — Tem uma toalha limpa no banheiro pra você se quiser e coloquei um prato no micro-ondas.
— Isso é a ordem ou um pedido? — questionei me abaixando perto dela.
Não tinha nenhum problema em mulheres me dando ordens, pelo contrário aquilo me excitava. Meus lábios tocaram os seus rapidamente, era para ser apenas um toque suave, mas ela o sugou, puxando para si, me tomando novamente com vontade, enfiando sua língua na minha boca.
— É pra você ficar mais confortável. — disse me dando um selinho estalado e eu sacudi a cabeça em descrença, ela sabia como testar o auto controle de um homem. — O banho é opcional, mas a comida é uma exigência! — novamente um selinho.
— Aceito os dois.
— Primeira porta a direita. — ela falou por fim com um sorriso doce nos lábios enquanto assistia eu me afastar.
Eu necessitava de verdade de um banho, depois de passar a noite no hospital e o dia correndo como um louco, nada melhor do que um banho para me livrar de tudo. Quando terminei mantive as calças, mas descartei a camisa suja no banheiro.
Quando sai Maria me entregou o prato cheio de macarrão, que eles tinham feito e me contou sobre a noite dos dois. Assim que devorei tudo, até a última migalha sem me dar conta da fome que sentia, ela me arrastou para o sofá.
O sofá que virava uma cama não ajudou a nos manter menos afoitos, em busca de mais contato. Porra não era fácil, dois adultos, bem resolvidos, depois de deixar claro que estavam loucos querendo transar e não conseguindo manter as mãos longe um do outro. Se controlar e nos contentar com beijos e carícias, que de inocente não tinham nada, foi realmente difícil.
Eu ostentava uma ereção dolorida e a certeza de que sua boceta estava molhada como um maldito rio. Mas entendi sua fala sobre ser barulhenta, pois quando apertei um de seus mamilos que apontava na regata fina ela gemeu alto, de forma desavergonhada. Maria jogou a cabeça contra meu pescoço e mordeu minha pele, com um pouco mais de força do que o necessário.
O meu auto controle ficou seguro por um fio, faltou pouco para que descesse a maldita calça de moletom e me enterrasse dentro dela de uma vez por todas, faltou muito pouco.
Maria era um perigo para a sanidade de qualquer pessoa. Mas entendi que era um perigo ainda maior para meu estilo de vida, especialmente quando seu corpo se aninhou em meus braços e ela adormeceu contra meu peito.
Não demorei a cair no sono, mas o pensamento permaneceu lá.
Quando eu acordei tudo não parecia ter passado de mais uma noite sonhando com aquela mulher, a única certeza de que nada daquilo tinha sido um sonho era estar no sofá que não era o meu, em uma casa que não era a minha.
Me levantei em busca dela ou de Will mas nenhum dos dois estava a vista. Fui até o banheiro e não demorou para que eu ouvisse a conversa animada dos dois entrando pela porta da frente com sacolas.
— Papai! — ele gritou quando me viu e correu vindo me abraçar.
— Como dormiu?
— Bem e você não acodava nunca! Eu tava com fome, ai a gente foi na padaria. — meu filho tagarelou, já indo para a cozinha com Maria.
Encarei a mulher que me lançou um sorriso doce, então se virou colocando meu filho na mesa e já se virou para o fogão, os dois conversavam sobre o que ela ia fazer para comer, algo que Will tinha pedido.
Era uma entrosação que parecia existir há muito tempo entre os dois, como se já se conhecessem de longa data. Não era nada difícil de lidar com meu menino, ele era uma criança doce, alegre e bem comunicativo. Mas tudo parecia diferente com ela em volta, especialmente o fato dele ter dormido com ela de companhia, Will não tinha costume de dormir com ninguém além de minha mãe e eu.
— Papai! — ouvi ele gritando me chamando de volta para o presente. — Você não tá ouvindo a Maria! — resmungou ganhando minha atenção.
Eu olhei para a mulher que deu um sorriso discreto como quem pede desculpas.
— Perguntei se você toma café ou prefere suco?
— Café. — respondi rápido, ainda intrigado com meus pensamentos.
Tomamos café da manhã todos juntos, sentados na mesa como não me lembrava de ter feito em muito tempo. Meu horário maluco de chegar em casa quase sempre as seis da manhã, me limitava a acordar para almoçar com Will, cafés da manhã faziam um bom tempo que não tínhamos.
Will parecia bem animado conversando o tempo todo com ela, mesmo mastigando ele tentava falar. Eu me mantive calado apenas observando os dois a minha frente enquanto comiam.
Depois avisei que tínhamos que ser rápidos para ele ver a vovó, o que fez o garoto se adiantar rapidinho, ele nunca tinha ficado tanto tempo assim longe da avó.
— Você está bem? — foi a única coisa que ela me perguntou quando alcancei a porta indo pegar a moto nos fundos.
Acenei com a cabeça concordando e sai. Quando voltei ela e Will já se despediam, Will a abraçou apertado, agradeceu por tudo e correu para a moto comigo.
Observei uma última vez a mulher linda em pé na porta, ainda usando a mesma roupa da noite passada, onde minhas digitais estavam espalhadas. No rosto o sorriso largo sempre presente enquanto acenava para nós dois.
Onde diabos eu estava me metendo? Tinha acabado de conhecer a mulher e ela já parecia tão disposta a bagunçar toda minha vida.