Capítulo 28
1456palavras
2023-10-12 16:39
Ponto de vista da Madrina
"Saia de cima de mim!" Gritei com a última gota de coragem que tinha e empurrei Derek de cima de mim. Ele se levantou, com o rosto imperturbável pelo o que tinha acontecido, e eu enxuguei as lágrimas antes de encará-lo com ódio.
"Você se sente melhor?" Ele me interrompeu com um murmúrio, e parei para pensar por um minuto. "A sua febre já deve ter passado." Ele garantiu, caminhando até minha penteadeira e pegando um lenço de papel para limpar o sangue dos lábios. Meus olhos se arregalaram, e coloquei a mão na testa, só para ter certeza de que ele estava falando a verdade. De fato, a febre já tinha quase cedido.
"Como você fez isso?" Perguntei baixinho, sentando-me direito após recuperar a energia. Eu me sentia muito melhor para ser honesta.
"O meu sangue te curou." Ele estava claramente esfregando o fato na minha cara, então fiquei em silêncio ao ver o seu olhar irritado.
"Eu pensei que me transformaria em..."
"Um monstro?" Ele me interrompeu com a voz cheia de veneno, e comprimi os lábios em uma linha fina. "Só se eu quisesse. Como eu disse, não é tão simples quanto você pensa. Você só pode se transformar em um vampiro com o meu consentimento." Ele explicou, tirando a camisa, e eu me virei, corando um pouco.
"Eu não sabia…" Respondi, e o ouvi murmurando algo para si mesmo antes de suspirar.
"Você não parou para ouvir." Ele retrucou, aborrecido, e eu lhe lancei um olhar de falsa culpa. Não é como se eu tivesse pedido a ajuda dele, mas também seria um pouco egoísta da minha parte não ficar agradecida. Afinal, ele tinha feito aquilo com a melhor das intenções, não é?
"Obrigada, Der..."
"Não!" Ele gritou, aparecendo de repente na frente da cama e agarrando as minhas bochechas com força, o que me fez arfar.
"Eu já te falei, cara de boneca, que parei de ser legal com você." Ele levantou o meu rosto para encarar os seus frios olhos azuis.
"Mas eu..." Derek sibilou, e eu fechei a boca. Então, ele me soltou.
"Prepare-se para a festa de amanhã." Ele disse pouco antes de caminhar até a porta com a camisa no ombro. Suponho que ele a tirara por esta manchada de sangue.
"Que festa?" Ele se virou para mim com um olhar inexpressivo e resmungou impaciente.
"Descubra por si mesma." Depois saiu do quarto, deixando-me confusa.
À meia-noite, coloquei um jeans preto rasgado com um top de mangas compridas da mesma cor, e saí correndo do quarto para encontrar Santiago, que encontrei logo ao descer as escadas. O vampiro estava me esperando perto da porta principal, e seu rosto ficou tenso de preocupação assim que ele me avistou.
"Madrina, Derek não está aqui, então não acho que seja seguro você sair agora." Comecei a balançar a cabeça ao ver que ele já mudara de ideia.
"E daí que ele não está aqui? Você prometeu, Santiago! Fiquei esperando por isso a noite toda!" Reclamei, colocando as mãos nos quadris, frustrada, e ele bagunçou o cabelo, nervoso.
"Acho que o Derek saiu, porque não consegui encontrá-lo. E se você esbarrar nele? Além disso, por que você quer sair para passear? Você vai tentar fugir de novo? Porque já sabe que é impossível..."
"Não vou tentar fugir, Santiago, só quero tomar um pouco de ar fresco." Eu o interrompi, afastando o cabelo com impaciência enquanto ele suspirava.
"Por favor, só uma caminhada. Estou presa aqui há duas semanas, Santiago. Já estou ficando louca." Comecei a apelar para o lado sentimental, esperando que ele me deixasse sair por compaixão. E, para minha sorte, Santiago era o tipo de pessoa que caía nesse tipo de drama.
"Tudo bem, mas se algo acontecer com você..."
"Santiago!" Falei um pouco alterada, já impaciente, e algo brilhou nos olhos dele nesse momento.
"Volte em dez minutos! E tenha cuidado." Ele sorriu e passou por mim, abrindo a porta. "Todo mundo está na sala de jantar, e já já vão começar a comer. Vou distraí-los o máximo que puder." Ele murmurou, e eu logo assenti, correndo da mansão, sentindo uma brisa fria ao sair pelo gramado.
"Devo só dar uma caminhada rápida ou visitar os meus pais?" Eu me perguntei enquanto passava pelo portão e saía. Porém vi apenas algumas pessoas ao redor da área, e estremeci ao me ver envolvida pela escuridão.
"Talvez não tenha sido uma boa ideia." Murmurei para mim mesma, olhando para a lua cheia e me abraçando.
"Que bom encontrar você aqui, querida." Ouvi uma voz familiar e me virei, encontrando Termis. Seus olhos azuis encararam os meus enquanto eu dava não um, mas vários passos para trás.
"Que d*abos, Termis? O que você está fazendo aqui?!" Sussurrei meio alterada, olhando ao redor e rezando para que ninguém notasse sua presença.
"Por que você está sempre tão nervosa?" Ele brincou, deslizando a mão para dentro do moletom e se aproximando de mim, enquanto eu dava outro passo para trás.
"Eu não confio em você!" Falei a verdade de uma vez, semicerrando os olhos, e ele riu, coçando a lateral do queixo.
"Não me diga..." O sarcasmo era evidente na sua voz, e eu o fitei por um tempo, calada, pensando se deveria simplesmente voltar para dentro ou ficar e ter uma conversa decente com aquele esquisitão. "Respire fundo primeiro." Ele sugeriu com uma risada enquanto se aproximava mais, fazendo-me recuar novamente. Porém, antes que eu pudesse me afastar, ele segurou o meu rosto, levantando-o para encarar os seus olhos.
"Me solte!"
"Respire, eu não vou te machucar. Você tem minha palavra." Ele falou calmo, com um sorriso de canto, enquanto eu estremecia com o seu toque.
"Não tenho medo de você, Termis. Só quero algumas respostas." Menti, afastando suas mãos, e ele levantou uma sobrancelha antes de encostar-se num enorme carvalho.
"Vá em frente." Ele inclinou a cabeça para o lado enquanto eu me aproximava, certificando-me de manter uma distância segura. Como eu dissera, não confiava mais naquele cara.
"Quem é você? O que você tem contra os vampiros? Por que você me deu aquela pulseira? Como nos encontramos naquela noite? E por que continua me perseguindo?" Despejei todas as perguntas de uma vez, e ele balançou a cabeça para todas, com uma expressão indiferente.
"Eu já te disse o meu nome. Eu te dei a pulseira porque quero te proteger. Eu te segui naquela noite, e nos encontramos perto da sua tenda. Você já estava bêbada." Ele respondeu depois de um tempo, e eu me aproximei dele, cruzando as mãos sobre o peito.
"Onde estava todo mundo quando você me deu aquela pulseira? Como você não foi visto?" Eu já estava impaciente, e ele simplesmente encolheu os ombros.
"Eles não estavam por perto quando te encontrei. Fui bastante cauteloso, querida." Ele enfiou as mãos dentro da calça jeans e pegou outra pulseira bastante parecida com a anterior. A única diferença era a pedra vermelha incrustada no meio dela.
"O que você tem contra os vampiros? E por que está me ajudando, Termis?" Eu me abracei com força enquanto o via colocando a pulseira de volta no bolso. 'Por que está tão frio esta noite?'
"Não tenho nada contra vampiros, só tenho alguns assuntos pendentes com Derek Brunswick." Ele levantou a voz, caminhando na minha direção, e eu dei alguns passos para trás, com o coração disparado por sua revelação.
"Por... por quê?" Gaguejei um pouco, claramente intimidada por sua presença, e ele me lançou um olhar inexpressivo, enquanto um sorriso crescia sorrateiramente no seu rosto.
"Isso não posso te contar!" Ele afirmou, coçando a nuca. "Mas e aí? Consegui a sua confiança agora que respondi as suas perguntas?" Neguei com a cabeça.
"Sinto muito, mas sua história não bate. Os vampiros teriam sentido a sua presença, o seu batimento cardíaco teria te delatado naquela noite." Protestei, balançando a cabeça, e ele se encolheu um pouco antes de suspirar.
"Acho que você não é tão burra quanto esperava..." Ele murmurou baixinho, e meus olhos se arregalaram com as palavras rudes.
"Como é?" Dei outro passo para trás, e ele coçou a nuca novamente.
"Por que você não junta as peças e descobre, querida." Ele começou, aproximando-se, e desta vez, não recuei. "Como consegui fugir se estava cercado por vampiros sedentos de sangue?" Ele me devolveu a pergunta, e eu o mirei confusa. Como eu deveria saber?
"É isso que estou perguntando, então me diga." Exigi em alto e bom som, nem me preocupando mais em me esconder.
"Tick tock, tick tock, pense rápido, amor." Ele cantou, batendo no relógio de pulso, e eu soltei um suspiro frustrado. Ok, esse cara definitivamente estava brincando com a minha cabeça.