Capítulo 23
1187palavras
2023-10-12 14:23
Ponto de vista da Madrina
"O que você disse?" Ele perguntou de forma assustadoramente devagar, aproximando-se de mim enquanto eu caminhava em direção à porta, até finalmente enrijecer e respirar fundo, virando-me para encarar sua expressão séria.
"Eu disse que..."
"Os seus batimentos cardíacos estavam muito rápidos agora." Ele me interrompeu e, sem aviso, tentei sair do quarto correndo, quando duas mãos grandes agarraram os meus ombros e me empurraram contra a parede mais próxima. Arquejei e olhei para Derek, que me encarou com uma expressão horrorosa, os orbes azuis brilhando de suspeita e aborrecimento. Para ser honesta, estou surpresa de, pela primeira vez, não ter visto raiva ou ódio neles.
'Não posso contar que conheci Termis, senão ele vai caçá-lo e espancá-lo por ter entrado furtivamente na mansão e me dar aquela pulseira.' Pensei, mordendo o lábio inferior, hesitante.
"Quem deu isso pra você, Madrina?" Derek perguntou, pressionando o antebraço contra a minha clavícula e levantando o meu queixo com a outra mão para encontrar o seu olhar. Era óbvio que ele planejava me compelir, então fiz a única coisa que pensei que funcionaria nessa situação. Fechei os olhos com força e, a julgar pelo silêncio que tomou conta do quarto pelos próximos segundos, presumo que Derek ficou bastante surpreso com a minha reação.
"Olhe para mim!" Ele falou suavemente, soltando um grunhido frustrado quando não o obedeci. "P*rra, olhe pra mim antes que eu te obrigue, Madrina!" Ele demandou, e eu soltei um gemido suave ao sentir sua respiração nos meus lábios. 'Não posso, não posso colocar um ser humano inocente em risco por causa de algo que é minha culpa.'
"Eu... eu já te disse que não sei..." Choraminguei, agarrando suas mãos, na espera de que ele afrouxasse o aperto.
"Então abra os olhos antes que eu faça algo que faça você se arrepender!" Ele esbravejou, e eu pressionei os lábios em uma linha fina, fechando ainda mais os olhos. "Como você quiser, cara de boneca." Ele murmurou, e meu coração quase parou quando senti algo macio pressionando os meus lábios. Duas mãos grandes agarraram as minhas bochechas, então abri os olhos e dei de cara com os lábios de Derek sobre os meus, ficando ainda mais perplexa com o que estava acontecendo.
"Pare, o que você está fazendo?!" Falei brava, e meus olhos ficaram marejados enquanto eu pressionava as mãos contra o peito sólido e duro para dar-lhe um empurrão forte.
"Eu te avisei!" Ele respondeu muito calmo, e eu esfreguei os lábios com as costas da mão, furiosa e lutando contra as lágrimas. "Agora, você vai me dizer a verdade?" Derek perguntou, e os pensamentos de desgosto acerca do selinho desapareceram assim que o encarei. Foi quando o vi enfiando a mão nos bolsos para pegar a pulseira novamente.
"Quem te deu isso?" Ele perguntou, enfatizando cada palavra, e eu comecei a entrar em pânico de novo. 'Pense em algo para distraí-lo, qualquer coisa!'
Sem refletir direito, corri até ele e peguei a pulseira, para então cortar a palma da minha mão direita com toda força, usando as pontas afiadas e pontiagudas da pulseira. Eu devia estar ficando louca!
Gritei de dor ao jogar a pulseira no chão e ver o sangue escorrendo, perguntando-me por que fizera aquilo.
"Mas que p*rra, o que deu em você?!" Ouvi Derek gritando ao passar um braço em volta dos meus ombros e afastar a mão sangrenta do meu vestido.
"F... foi um acidente." Menti, um pouco grata por ele não ter feito mais perguntas sobre Termis. Se ele me obrigasse a dizer a ele que fora Termis quem me dera aquela pulseira, havia uma grande chance de Derek perguntar como nos conhecemos também, e, com isso, ele acabaria descobrindo que eu estava tentando usá-lo como rota de fuga, mesmo nunca tendo feito nada nesse sentido... ainda. Mas imagine o quão bravo o vampiro ficaria? Pensando nisso, machucar-me para distraí-lo não era nada, se com isso ele parasse de me fazer perguntas.
"Estou bem, Derek..." Ele puxou as minhas mãos em direção aos lábios e, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, começou a lamber o sangue, e estremeci de dor ao sentir sua língua roçando o meu corte.
"Você precisa limpá-lo." Ele rosnou assim que tentei afastar sua mão. Fiquei em silêncio e engoli em seco quando seus olhos ficaram um pouco mais escuros, e ele fechou os lábios contra a palma da minha mão novamente, encarando-me o tempo todo.
"P*rra..." Ele gemeu ao lamber mais um pouco de sangue, e eu aproveitei a oportunidade para me afastar. Parecia que ele estava quase perdendo o controle.
"V... vou embora." Engasguei e me virei para sair, mas Derek abraçou os meus ombros, causando arrepios na minha espinha. 'O que eu fiz?'
"Não estou pronta..." Um gemido escapou dos meus lábios quando senti seu hálito quente na nuca. No entanto, ele pareceu ignorar as minhas súplicas, dando um beijo suave no meu pescoço e roçando os lábios contra a minha pele, sentindo o meu cheiro. Meus joelhos começaram a tremer, e lutei contra as lágrimas que ameaçaram cair. 'Faça alguma coisa, Madrina!'
"Você não deveria ter se machucado..." Ele sussurrou no meu ouvido, e eu virei a cabeça para mirá-lo com os olhos lacrimejantes, murmurando baixinho. "Por favor, não." Vi algo brilhar nos olhos do vampiro, que logo desapareceu, então me virei, tentando ao máximo me manter firme.
"Não vou fazer nada." Meus olhos se arregalaram com as suas palavras, então o senti soltando os meus ombros e estremeci ao ouvir o som de passos recuando.
"Por... por quê?" Perguntei, pasma por ele não ter feito nenhum movimento. Só o fato de ele, até aquele momento, ter me deixado passar ilesa já era chocante. Por que ele fazia isso? Estava brincando com a minha cabeça??
"Como assim por quê?" Ele perguntou, e eu percebi o quão estúpida parecera. Afinal, a razão era óbvia, porque ele sabia que eu não queria. Por que outro motivo um vampiro sedento de sangue se forçaria a se conter todas as vezes?
"Obrigada..." Parei, não tendo energia para abrir um sorriso agradecido. "Obrigada por me deixar ir..." Consegui forçar um sorriso antes de me virar, o nó no estômago se desfazendo enquanto eu pegava a maçaneta. No entanto, assim que abri a porta, uma mão a bateu por trás, e eu engasguei de surpresa. Meu coração quase saltou do peito.
"Ah, mas quem disse que vou deixar você ir, cara de boneca?" A voz fria me fez estremecer e me arrepender de ter ido até lá, inclusive de ter falado a Santiago que queria minha pulseira de volta.
"C... como assim…?" Gaguejei, virando-me para encará-lo enquanto ele se aproximava com a mão ainda na porta, bem em cima da minha cabeça. Os olhos azuis fixos nos meus de repente me deixaram com falta de ar. Eu queria afastá-lo, porém o medo me impediu de me mexer. Como ele era capaz de causar esse efeito em mim?
"Você vai dormir aqui esta noite, cara de boneca..." Ele começou, e um sorriso surgiu no seu rosto ao ver a minha expressão de choque.
"Comigo."