Capítulo 21
1380palavras
2023-10-10 16:17
Ponto de vista da Madrina
Naquela noite, Derek e eu não trocamos uma palavra, o que me deixou bastante aliviada, fiquei feliz de ele não mencionar o que acontecera pela manhã. Caso contrário, seria muito estranho.
"Então, Madrina, você está se acostumando a morar com a gente?" Santiago perguntou, e respondi com um aceno rápido, nem me importando com a mentira óbvia. "Não gostamos de mentirosos." Ouvi Daniel dizer rudemente, mas o ignorei.
Todos continuaram conversando por mais algum tempo, falando sobre um baile ou algo do tipo, mas não prestei atenção na conversa deles. Em vez disso, jantei e já ia me levantar quando o telefone de Derek tocou. Nós o observamos atender a ligação, porém ele logo gesticulou para que continuássemos o que estávamos fazendo.
"Sim, ela está." Ao vê-lo me encarando, olhei para ele, confusa. "Um momento." Ele murmurou e me entregou o telefone, e eu não me preocupei em questionar quem era, simplesmente coloquei o aparelho no ouvido.
"Madrina, por favor… nos ajude." Levantei assim que ouvi a voz da minha mãe, com suor já escorrendo pelo rosto ao perceber a sua inquietação. "O que aconteceu? Você está bem?!" Eu a ouvi murmurar algo e respirar fundo. "Vampiros..." Sua voz tremia, e eu mordi o lábio inferior para impedir as lágrimas.
"Eles estão por toda parte, matando todo mundo." Eu ia dizer algo, mas ela continuou. "Eles não são dos Alexandre, tenho certeza disso." Eu abri a boca para questionar onde ela estava quando a ouvi ofegar e desligar o telefone.
"O que aconteceu, Madrina?" Santiago perguntou, mas eu mal consegui ouvir sua voz devido ao desespero. "Os meus pais estão com problemas..." Engasguei, olhando para Derek, que me fitou com um olhar confuso e aborrecido.
"Eles estão sob ataque de alguns vampiros." Continuei, levantando a voz, o pânico já tomando conta do meu corpo. "Como é?" "Não é um de nós com certeza." "Se não é um dos Alexandre, então quem está invadindo o nosso território?" "Não é da nossa conta. Os humanos provavelmente estão exagerando..."
Todos começaram a se levantar, incluindo Derek, mas logo percebi que nenhum estava pensando em sair. "Como não é da conta de vocês? Eles são meus pais, por favor!" Comecei a implorar, batendo as mãos na mesa e encarando-os com lágrimas no rosto.
Com isso, metade deles se sentou novamente, porém suas expressões continuaram indiferentes. "Devem ser os Amani, mas não podemos nos envolver se eles vieram aqui apenas para se alimentar, porque não estão quebrando nenhuma regra." Sherlock disse finalmente, e sua frieza me irritou.
"Por favor, eles não estão apenas se alimentando, estão drenando as pessoas completamente, matando-as!" Gritei, e pude ouvir uma das garotas me mandando sentar, mas balancei a cabeça, enxugando as lágrimas e dando vários passos para trás.
"Como vocês podem ser tão cruéis?! Pessoas inocentes estão sendo mortas, e vocês estão aí sentados..." "Cale a boca, quem você pensa que é para nos dar ordens?!" Nick berrou, levantando-se, e eu me encolhi de medo, com os olhos se enchendo de ódio e desespero, completamente ressentida com aqueles vampiros patéticos e sem saber quanto tempo mais conseguiria aturá-los.
"Calma Nick, ela só está preocupada com os pais. Desculpe, Madrina, mas só podemos seguir as ordens de Derek." Santiago falou, lançando-me um olhar de desculpas, então mirei Derek, que abriu um sorriso doentio e doce, como se esperasse que eu implorasse a ele ali mesmo.
"Por favor..." Comecei enquanto ele se levantava novamente, já com a expressão séria. "Eles precisam de ajuda!" Supliquei, aproximando-me, enojada comigo mesma por estar lhe dando exatamente o que queria.
"É perda de tempo..." Ele respondeu friamente, e eu me vi agarrando sua camisa, aproximando-me ainda mais, as lágrimas que vinha tentando conter rolaram pelo meu rosto, impotentes. "Por favor, não estou pedindo, Derek, estou implorando."
Agarrei sua camisa ainda mais forte, olhando para cima para encarar seu olhar frio e penetrante. "Eles são meus pais. Por favor, farei qualquer coisa que você pedir, eu juro." Enterrei o rosto na camisa dele involuntariamente, e o material macio ficou encharcado de lágrimas. "Por favor, Derek..."
Solucei e congelei ao sentir uma grande palma sendo gentilmente colocada no topo da minha cabeça antes de ele falar. "Tudo bem, agora pare de chorar, é chato pra c*ralho." Olhei para ele com o sorriso mais idiota de todos os tempos. E eu sentia como se mil tijolos tivessem sido retirados do meu peito, por isso nem percebi os meninos gemendo e murmurando algo para si mesmos antes de ouvir o som das cadeiras sendo arrastadas.
"Sairemos agora, mas vocês cinco ficarão aqui. Se eu descobrir que alguma de vocês tentou escapar enquanto estávamos fora..." Derek fez uma pausa para olhar para mim e arrancar as minhas mãos de sua camisa com força. "Se eu descobrir que esse é só um plano para você tentar escapar..." Ele se corrigiu, fazendo uma cara feia, e eu engoli em seco. "Saiba que seus pais serão a menor das suas preocupações." E terminou, passando por mim, enquanto eu enxugava s lágrimas.
"Inacreditável." Ouvi Alice sibilar, depois a vi se levantando da cadeira e marchando para fora da sala. Não demorou muito para que todos desaparecessem, deixando eu e as outras três garotas para trás junto com mais dois mordomos.
"Parabéns, bebê chorão." Nadia zombou, batendo no meu ombro com força ao sair da sala, mas eu não me importei. Só conseguia sentir felicidade e alívio. Nem acreditava que Derek concordara em ir, pois não esperaria um "sim" dele nem um milhão de anos.
"Gostaria de comer mais alguma coisa, senhorita?" Um dos mordomos me abordou, e neguei com a cabeça, com um sorriso estampado no rosto. Em seguida, os mordomos se curvaram um pouco e saíram da sala, deixando-me sozinha.
Foi quando soltei um suspiro. 'Eles vão ficar bem agora, tudo vai ficar bem agora. Os Alexandre são os mais fortes da espécie, não há como perderem.' Fiquei me convencendo de que estava tudo bem, até me virar e me deparar com um homem desconhecido. E o susto foi tão grande que tropecei para trás com um suspiro, com o coração quase saindo do peito.
"Quem..." "Olá, Madrina." Sua voz era muito familiar, e meus olhos se arregalaram quando percebi que era o mesmo cara que eu conhecera no dia do discurso. Fora ele quem me sugerira usar Derek como rota de fuga. 'O que d*abos ele está fazendo aqui?!'
"O que você está fazendo aqui?! E como entrou?!" Sussurrei um pouco alterada, olhando ao redor, paranóica de que alguém pudesse estar nos ouvindo, e ele riu baixinho e enfiou a mão dentro dos bolsos com calma.
Ele não estava usando moletom dessa vez, então seu cabelo castanho bagunçado e espetado estava à vista. Alías, combinava bastante com seus olhos, que eram azuis e tão atraentes que complementavam seu rosto perfeito.
"Relaxa! Eu vi os caras saindo, querida." Ele me acalmou, enquanto passava por mim e ia até os antigos quadros pintados pendurados na parede. "Mesmo assim, você pode se meter em encrenca!" Sibilei, agarrando seu braço, e ele olhou para minha mão antes de me encarar, abrindo um pequeno sorriso.
"Você tirou a pulseira?" Meu pulso acelerou com a pergunta, e congelei. 'Espera aí, como ele sabe disso?' "Como... como você..." "Porque fui eu quem a deu pra você." Ele me interrompeu, rindo abertamente, e eu olhei para ele com medo e confusa enquanto dava um passo para trás.
"Ah, vamos lá, relaxe. Eu te encontrei naquela noite e dei a pulseira pra você. Achei que seria útil." Ele explicou, virando-se e dando um passo à frente. "Não se preocupe, não estou te perseguindo, só quero ajudar."
Eu o mirei por um longo tempo, até assentir com a cabeça devagar. Além disso, não era o momento certo para bombardeá-lo com perguntas, Derek poderia chegar a qualquer minuto. "É melhor você ir embora, não é seguro para humanos aqui." Ele gemeu de forma brincalhona antes de sorrir. "Não se preocupe, tenho que ir de qualquer maneira."
Eu assenti. "Aliás, da próxima vez que nos encontrarmos, quero que explique o que aconteceu naquela noite. Quero saber onde você se encontrou comigo e por que me deu aquela pulseira." Comecei, e ele estava prestes a dizer alguma coisa, quando continuei.