Ponto de vista da Madrina
"Você não ousaria..." Mal consegui retrucar, e não desviei os olhos do seu rosto quando ele deu um passo à frente, diminuindo o espaço entre nós. "Experimente, cara de boneca." Ele desafiou, inclinando-se levemente para mais perto, enquanto eu vasculhava seus olhos azuis, procurando por qualquer sinal de blefe, mas não havia nenhum. Ele estava sendo sincero.
"Por que você está fazendo isso?" "Volte para o seu quarto." Ele me interrompeu, dando um passo para trás. "Agora!" Derek gritou, fazendo com que eu saltasse no lugar e saísse correndo da sala como um cachorrinho assustado.
Bati a porta assim que entrei no quarto, liberando toda a raiva que ainda sentia, jogando-me na cama. Enterrei o rosto nos travesseiros, repassando as ameaças do vampiro.
Ele não ousaria me transformar em um deles. Não só porque tenho um coração fraco, mas também porque ele não poderia arriscar a própria imagem. "Que irônico, tornar-me a coisa que mais desprezo. O que acha?" As palavras ecoaram na minha mente por um bom tempo, até minhas pálpebras cederem, e eu cair em sono profundo.
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"Quanto tempo temos que esperar?" Anthony choramingou do outro lado da mesa, e olhei para o assento vazio ao lado do meu, onde Derek normalmente se sentava. Todo mundo queria tomar o café da manhã, mas Derek ainda não tinha acordado, o que era bastante incomum, pois ele quase nunca se atrasava.
"Madrina, por que você não vai chamá-lo?" Santiago sugeriu, e meu coração quase saiu do peito com suas palavras. "Eu..." "Eu vou, pode deixar ela aí." Alice interveio na conversa, impaciente, e eu me senti aliviada. "Não foi pra você que eu pedi, não é?" Santiago retrucou calmo, mas com o tom inesperadamente sério e irritado, o que era estranho porque ele costumava ser doce e gentil quando falava comigo. Sempre achei que ele escolhia as palavras com cuidado quando se tratava de mim, mas essa poderia ser só a maneira dele de me agradar.
"Desculpe." Ouvi Alice murmurar antes de se sentar e olhei para Santiago, lançando-lhe um olhar suplicante, porém logo vi que ele não aceitaria um "não" como resposta. "Vá, você não quer se dar melhor com ele? Esta é a sua chance." Ele afirmou, colocando os cotovelos sobre a mesa e entrelaçando os dedos enquanto me lançava um sorriso encorajador.
"Eu nunca quis..." "Madrina, você vai ou não? Vamos começar a comer sem ele, e se ele ficar chateado com isso, você será a culpada." Daniel rosnou, então saí da cadeira e apressei-me em direção à porta. "Isso era mesmo necessário?" Ouvi Santiago falar antes de eu sair da sala e praticamente correr escada acima.
Sinceramente, eu não podia causar mais problemas, e certamente não podia ser culpada por algo que não tinha relação nenhuma comigo. "Qual é o quarto dele, afinal?" Ponderei, tentando lembrar a última vez que vira Derek entrar no seu quarto, e tudo que me veio à mente foi a porta de madeira preta.
Então, ao passar pelo corredor, virei à esquerda e me deparei com a familiar porta preta de madeira, que presumi ser o quarto dele. Respirando fundo pela última vez, bati à porta várias vezes, mas não houve resposta, então entrei devagar, rezando para não irritar o vampiro ao entrar sem sua permissão.
Para minha surpresa, Derek ainda estava deitado, sem camisa, com os músculos fortes à mostra, sem mencionar o tanquinho. 'Pare com isso, Madrina.' Caminhei rápido até a cama e olhei para seu corpo perfeitamente imóvel, o braço tatuado abraçado no travesseiro.
Ele parecia até inocente nessa perspectiva, seus lábios estavam posicionados da maneira mais pura, e ele parecia genuinamente em paz. Eu me aproximei para chamá-lo, quando percebi suas pálpebras se contraindo de repente, e seus lábios se curvando em desgosto ou preocupação antes que ele soltasse um gemido abafado.
"Afaste-se... dela..." Ele falou como se estivesse sofrendo, e notei suor escorrendo de sua testa e ao longo do seu queixo perfeitamente estruturado. "Ter..." Ele engasgou, a cor de seu rosto desaparecendo, e, não me contendo, estendi a mão para tocar seu rosto, esperando que ele se acalmasse com o meu toque.
Meus dedos mal roçaram sua pele, quando ele agarrou os meus pulsos com força, com os olhos abertos, e eu engasguei ao ser puxada, mas de alguma forma consegui recuar ao tempo de evitar cair em cima dele. "O que você está fazendo?" Ele me questionou, sentando-se reto enquanto eu dava um passo para trás, mantendo as mãos juntas para estabilizá-las.
"Só vim aqui para te acordar." Respondi suavemente, e ele me olhou de relance antes de levantar um dos joelhos e apoiar um braço sobre ele, deixando escapar um longo suspiro. "Estávamos te esperando, e ficaram preocupados." Expliquei, e ele ficou em silêncio por alguns segundos, o que foi foi algo realmente surpreendente e novo para mim.
'Acho que o pesadelo realmente o abalou. Engraçado, eu não sabia que vampiros tinham pesadelos.' "Ok." Ele respondeu bastante calmo, outro sinal de um Derek atípico.
"Você parecia perturbado. Estava tendo um pesadelo?" Acabei o questionando por curiosidade, e observei Derek me fitar pelo canto dos olhos antes de desviar o olhar. "Não é algo que você precise saber..." Ele murmurou, com a voz voltando ao normal. "Pode ir..." O vampiro resmungou, e eu fiz uma careta antes de suspirar. "Sinto muito, só fiquei curiosa." Baixei os cílios e o ouvi murmurar algo baixinho antes de olhar para mim.
"Foi algo com a minha ex-namorada." Ele começou, e meu queixo deu uma leve caída com a revelação. Não sei o que foi mais surpreendente, o fato de ele estar realmente se abrindo comigo ou de alguém como ele ter conseguido uma namorada.
"O que aconteceu com ela?" Perguntei, sentindo-me um pouco estranha por estar realmente disposta a ter uma conversa com aquele cara. "Você vai ficar aí parada como uma idiota ou vai se sentar?" Ele perguntou sem me olhar, e eu pensei se deveria realmente me sentar ou não.
"Desculpe..." Murmurei, sentando-me ao lado dele na cama e ele "tsc" antes de se virar. "Pare de se desculpar por tudo, é irritante." Acabei balbuciando outro pedido de desculpas ao qual ele respondeu com um silvo, lançando-me um olhar de advertência.
"De qualquer forma, o que aconteceu com ela?" Mudei de assunto, e ele se recostou um pouco. "Ela foi assassinada." Ele disse brevemente, e meus olhos se arregalaram com suas palavras. "Por quem..." "Pelo meu melhor amigo." Ele mal conseguiu falar e, nesse momento, fiquei sem saber o que dizer. O homem com certeza não sabia ir devagar, não é?
"Mas como... e por quê?" Eu o questionei, aproximando-me. "Ela me traiu com ele e acabou sendo brutalmente assassinada, simples." Suas respostas continuaram curtas, e mais perguntas começaram a surgir na minha cabeça, mas consegui manter-me calada.
Afinal, não achava que era minha função fazer perguntas pessoais a ele. Sem falar que estava tendo dificuldade em acreditar naquela história. "Sinto muito pela sua perda." Finalmente disse, não querendo continuar a conversa.
Não me entenda mal, eu me sinto mal pela garota e pelo o que aconteceu com ele, porém isso não é desculpa para ele ter virado um monstro sem coração. O passado não deve definir quem somos, mas acho que essa é provavelmente a desculpa dele para ser um idiota impiedoso e de temperamento explosivo. De qualquer forma, é boa o suficiente para justificar seus erros? Não, de jeito nenhum! Pelo menos para mim, não.
"Sabe..." Ele começou a falar com delicadeza, aproximando-se do meu corpo, e meu coração disparou quando percebi que a cama afundou quando ele se acomodou atrás de mim. "Você me lembra muito ela."
Congelei quando senti sua mão fria deslizar em volta do meu queixo, sua respiração atingindo minha nuca; meu coração pulou. "Ela era uma lutadora, assim como você, gentil, linda e sedutora..." Ele sussurrou no meu ouvido, e minha respiração falhou com suas palavras.
Eu queria sair dali, mas não consegui, era como se o meu corpo estivesse colado. Engoli o nó na garganta, tentando encontrar as palavras certas para dizer. "Ela era incrivelmente linda." Ele sussurrou, com o tom perturbadoramente suave e sexy, devo acrescentar, mas fiquei feliz por não estar sendo afetada. "Assim como você."
Ele terminou, e meus olhos se arregalaram quando senti seus lábios roçarem meu pescoço antes de ele lhe dar um beijo suave, causando arrepios por todo o meu corpo.