Capítulo 19
1445palavras
2023-10-10 14:00
Ponto de vista da Madrina
Comecei a caminhar ao lado de Santiago, lutando para acalmar as batidas do meu coração, e ele limpou a garganta assim que descemos as escadas. "Está tão escuro aqui." Afirmei, olhando ao redor, e suspirei de alívio quando vi uma luz fraca acendendo acima de nós.
"Por que você não está dormindo?" O vampiro me questionou, virando-se e me lançando um olhar sério. "Não é seguro..." Ele acrescentou, e eu gemi, sentando-me no último degrau da escada. "Não consegui... Não sei por quê." Respondi, e ele sentou-se ao meu lado.
Seus olhos azuis brilhavam na escuridão, e tentei ao máximo evitar contato visual, mas mesmo assim o questionei. "Posso te perguntar uma coisa?" Santiago assentiu, virando-se para mim. "Fale..." Abri um leve sorriso e continuei. "Por que todo mundo tem medo do Derek?" O vampiro riu baixinho antes de enfiar a mão nos bolsos para pegar alguma coisa.
"Ele não é tão perigoso quanto algumas pessoas acham..." Ele respondeu, pegando uma pequena injeção cheia de líquido vermelho, o que me deixou bastante surpresa. "Mas essa é a imagem que ele prefere ter." Eu ia continuar a conversa, mas engasguei ao vê-lo arregaçando as mangas e perfurando a pele com a agulha.
"O que você está fazendo?" Ele retirou a agulha após injetar o líquido, depois murmurou com um sorriso. "É sangue." Eu o encarei perplexa, com a confusão estampada no rosto. "Dessa forma não preciso me alimentar dos humanos." Ele explicou, e eu lhe lancei um olhar de dúvida. Um vampiro injetando sangue em vez de se alimentar de humanos? Até parece!
"Como? Eu pensei que vampiros fossem fortes, como a agulha conseguiu penetrar na sua pele?" Ele grunhiu baixinho antes de abrir um leve sorriso.
"A injeção está misturada com verbena." Santiago abaixou as mangas, e eu assenti com a cabeça devagar. "Entendi... ok." Murmurei, esfregando as mãos nervosa.
"Derek já matou alguém…?" Perguntei do nada, e Santiago coçou a parte de trás da nuca, fazendo meu coração bater mais forte. "Ele já esteve muito perto disso." Ao ouvir a resposta, minhas mãos começaram a tremer, e engoli em seco. Ok, nova regra Madrina, nunca irrite Derek Brunswick.
"Ele só recorre à violência por nós, todas suas lutas foram para nos proteger até agora." O vampiro continuou, e eu voltei meu olhar para o chão. Então por que ele estava me tratando tão mal? "Ele me odeia, não é?" Perguntei baixinho, e o ouvi rir novamente, balançando a cabeça com pena. "Você não tem se comportado muito bem ultimamente, então o que esperava?"
Estreitei os olhos para ele. "Eu não vim aqui por vontade própria, Santiago. O que você teria feito no meu lugar?" Eu o questionei com o tom bastante sério, e sua expressão mudou completamente em segundos. "Eu não teria como saber, não é?" Ele de repente ficou todo frio, e eu zombei antes de me virar. "Você não quer me ouvir porque sabe que estou certa, e qualquer pessoa em sã consciência não concordaria com tudo isso que acontece aqui." Fiz uma careta, e ele me fitou, estendendo a mão para beliscar as minhas bochechas.
"Desculpe." Santiago sorriu, mas de alguma forma percebi que estava só tentando me agradar. Seu sorriso era forçado, falso e nada genuíno, chame como quiser, definitivamente era tudo menos sincero.
"Sobre o Derek..." Tentei voltar ao assunto, mas Santiago me interrompeu. "Não posso falar mais nada sobre isso." Ele se levantou, e olhei para ele. "Não o irrite, ele não hesitaria em matar você se quisesse." O vampiro, por fim, avisou-me, e eu já ia bombardeá-lo com perguntas, quando ele desapareceu de vista.
"Santiago?!" Comecei a chamá-lo, levantando-me da escada, porém desisti ao perceber que ele havia ido embora. Com o coração acelerado, vire-me para voltar para o meu quarto, quando ouvi a voz de Daisy gritando pela mansão e fiquei paralisada, com o coração quase saindo do peito.
'Ignore, é a hora que eles se alimentam, Madrina.' Outro grito de dor interrompeu os meus pensamentos, e antes que eu pudesse refletir no que estava fazendo, vi-me correndo em direção à sala de jantar, presumindo ser de onde os gritos ecoavam.
Meu queixo caiu assim que entrei lá, pois me deparei com Derek enterrado no pescoço de Daisy, que gritava de dor, a cor de seu rosto desaparecendo enquanto ele continuava sugando seu sangue.
"Está doendo..." Tive vontade de correr ao vê-la quase sufocando, mas meus pés se recusaram a sair do lugar. 'Faça alguma coisa, qualquer coisa!' "Pare..." Falei, arfando, e Derek parou o que estava fazendo para me olhar.
Seus olhos encararam os meus por apenas alguns segundos antes de ele apertar ainda mais os ombros dela por trás. "Derek..." A voz de Daisy estava quase inaudível, e, em questão de segundos, eu a vi perdendo ainda mais a cor. Por isso, saí correndo até Derek e arranquei suas mãos dela.
O corpo de Daisy caiu no chão, enquanto eu me virava para brigar com ele. No entanto, antes que eu pudesse perceber o que estava acontecendo, duas mãos grandes agarraram os meus ombros com força e bateram minhas costas na parede mais próxima, fazendo-me gritar. Foi quando mirei Derek, cujos olhos estavam repletos de emoções conflitantes.
"Você a estava matando, então eu..." Comecei a me explicar, mas parei e comecei a tremer ao me deparar com o ódio explícito nos olhos do vampiro. "Quem você pensa que é?!" Ele esbravejou, inclinando o rosto tão perto do meu que eu podia literalmente sentir seu hálito quente e mentolado nos lábios.
"Ela poderia ter morrido!" Comecei a me defender, com um desespero explodindo dentro de mim que eu sabia que não iria durar muito, porque lágrimas já estavam começando a transbordar. "Ela parece morta para você?!" Ele perguntou, soltando-me e apontando para Daisy, que agora se levantava com a mão na lateral do pescoço enquanto sangue escorria pelo pescoço e pelo vestido.
"Você a estava machucando..." "Foi ela quem pediu por isso, até implorou, por que d*abos você tinha que se intrometer?!" Ele levantou a voz, e eu olhei para Daisy, que me lançou um olhar bastante descontente antes de se virar.
"Se você não consegue nem se oferecer para nós, por que..." "Se ela realmente quisesse, não estaria gritando de tanta dor!" Rebati com a última gota de coragem que tinha e engasguei quando Derek agarrou os meus pulsos e me puxou para mais perto dele.
"Eu tentei ser legal com você, realmente tentei, Madrina." Ele começou com os dentes cerrados, seus olhos ficando um pouco mais escuros, enquanto eu tentava me controlar. "Eu não me alimentei de você nem deixei meus irmãos te forçarem. Também deixei você fazer aprontar tudo o que quis na semana passada, tentei ser tolerante com você, mas talvez seja hora de parar de bancar o bonzinho."
Lágrimas reprimidas rolaram pelo meu rosto assim que ele terminou de falar, e puxei mão, deixando a raiva que eu estava segurando explodir de repente. Afinal, eu não tinha nada a perder, ele provavelmente iria me matar de qualquer maneira. E tolerante? Ele estava brincando?
"Eu não me importo, p*rra! Eu odeio tudo isso aqui mesmo, então me mate! Mate-me e acabe com isso!" Gritei, dando um passo à frente e batendo repetidamente no peito dele. "Você vai matar todas nós de qualquer maneira, então por que se preocupar em esperar?! E desde quando você foi tolerante?!" Gritei ainda mais alto. e estava prestes a bater nele novamente quando ele agarrou meus pulsos e me puxou para mais perto. Então, um grunhido suave escapou dos seus lábios, e eu engoli o nó na garganta e mirei o chão, impotente.
"Matar você seria muito fácil." Seu tom ficou surpreendentemente suave, e eu o encarei com ódio e raiva. "Então eu mesma farei o trabalho!" Esbravejei, sem realmente querer dizer aquilo. Eu não ia realmente me matar, mas tinha que contra-atacar com alguma coisa e, sendo teimosa como sou, essa foi a melhor resposta que consegui elaborar na hora.
Observei Derek estremecer um pouco antes de estreitar os olhos para mim, como se duvidando das minhas palavras. "Se você fizer isso, ainda sairei ganhando." Ele concluiu de repente, aproximando-se ainda mais, tão perto que eu podia sentir o calor irradiando do seu corpo.
"Você pode até tentar acabar com a sua vida, mas eu definitivamente vou trazer você de volta, cara de boneca." Ele sorriu, fixando os olhos frios nos meus, e eu ri mentalmente. Ele é poderoso, admito. Mas nem por isso pode trazer de volta os mortos. "Vou trazer você de volta como uma vampira." Ele terminou, e meus olhos se arregalaram enquanto eu absorvia suas palavras.