Capítulo 84
609palavras
2023-10-01 00:01
Ponto de Vista do Ted
'Pela Deusa da Lua, cara.' Allen diz. 'Isso dói mais do que ser rejeitado. Ela nos marca e, agora, se arrepende!'
Miro os seus olhos e vejo o desespero.
Ela não me quer. Simplesmente, não me quer... Começo a me afastar de Kathy, observando o pânico em seus olhos.
Gostaria que ela gritasse comigo, que ela me desse um tapa, que reagisse de alguma forma. Porém, tudo que vejo em seus olhos é o desespero total de ter cometido um erro infeliz.
'Podemos lutar contra essa marca?' Pergunto ao Allen.
'Não... porque nos primeiros momentos depois que ela nos marcou, nós a aceitamos como nossa companheira. Não era algo que indesejado.'
Encosto-me na parede e me sento no chão frio.
'O que vamos fazer agora, Allen? Somos marcados e rejeitados ao mesmo tempo. Como poderíamos sair do êxtase à agonia em apenas alguns segundos?'
Kathy fica imóvel, tão chocada que não consegue nem reagir. Por mais que isso me machuque, o fato de ela ter se arrependido do que fez não é tão ruim quanto vê-la tão arrasada.
Levanto-me, vou até ela e pego sua mão. Levo Kathy de volta para a cama. Eu a envolvo no lençol, sem me atrever a tocá-la novamente.
"Eu sei que é quase impossível, mas juro que farei de tudo para quebrar esse vínculo. Vou encontrar uma solução para desamarrar você de mim." Digo a ela, meu coração se dilacera pela dor que sinto ao pronunciar essas palavras.
Eu gostaria de dizer como a amo e adoro, jurar que a farei feliz, mas tudo o que posso dizer nesta situação é: "Calma, vou dar um jeito." Eu logo me afasto dela.
Sento-me novamente. Desta vez, no canto mais afastado do quarto, onde sei que ela não pode me ver e começo a chorar.
"Mas o que é isso?" Eu ouço de repente. "O que é essa palhaçada?" Meu pai pergunta, olhando para mim. "Ela marcou você?" Ele chuta a cadeira ao lado da cama de Kathy, onde havia um prato de comida e um copo de água.
"Você, seu inútil! Você tinha uma coisa simples para fazer e nem consegue! Como vou controlá-la agora se você foi marcado por ela?" Ele vem na minha direção e me bate no rosto com força, fazendo meu sangue escorrer pelo nariz.
'Esta é a minha chance.' Eu penso. 'Se eu morrer hoje, ela vai estar livre.' Assim, eu me recuso a me defender.
Kathy olha para nós em pânico e vejo lágrimas escorrendo por seu lindo rosto.
Papai me bate sem parar. Começo a sentir as velhas feridas reabrindo.
"Pare com isso!" Kathy grita. Ela se levanta e começa a puxar as algemas, machuca sua mão. "Você vai matá-lo!" Grita o mais alto que pode. "Por favor, pare! Faço o que você quiser, mas pare!"
Mas meu pai está furioso e continua me batendo.
'Resista, Allen!' Imploro a ele. "Mais um pouco e tudo acaba." Ouço seu uivo de dor.
Caio no chão e vejo Kathy mirando meus olhos, vejo o desespero dela. Por que ela está desesperada? Ela vai conseguir o que quer. Ela vai ficar livre.
Sinto uma faca perfurar meu peito.
Meu pai faz isso. Ele matou a mãe e vai me matar da mesma forma agora.
Lentamente, todo o barulho ao meu redor desaparece. Tudo fica embaçado.
"Eu amo você, Kathy..." Digo tão fraco que não sei se ela me ouve. "Você está livre agora." Fecho os olhos, sinto como se estivesse preso em uma explosão de luz. Tudo gira e sinto que estou no meio de um tornado.
Morrer não parece nada com que ouvi falar...