Capítulo 85
1751palavras
2023-10-01 00:01
Ponto de Vista do Santiago
"Aqui é o covil." Mickey diz. "É o local onde Mondez disse que eles estão escondidos." Um dos Alfas que nos acompanha diz, "Mas não vejo nenhuma entrada. Será que erramos o lugar?"
"Garanto que é aqui." Eu digo. "Rehana, onde você está?" Eu pergunto através de uma ligação mental.
Não consigo contatá-la desde que ela me ligou de Dawson.
De repente, um vento forte começa a soprar. Somos envolvidos pelo que parece ser uma tempestade de neve.
"Estamos f*rrados!" Um dos Alfas grita. "É aqui que vamos morrer!"
Mas, em meio a todo o rugido da tempestade, eu ouço um leve, "Senti sua falta."
"Fiquem quietos!" Eu berro e vejo o que está acontecendo ao nosso redor. É uma nevasca, mas o vento não nos afeta. Tudo parece um holograma, uma distração.
"Silêncio!" Meu pai grita... O que está acontecendo?
"É Rehana." Eu explico. "Ela é a tempestade."
William imediatamente olha em volta, assim como quem nos acompanha. Todos se acalmam, então vejo, vindo do meio da tempestade, aquela de quem tanto senti falta.
"Meu amor!" Corro na sua direção. "O que é com toda essa loucura?"
"Eles viram vocês chegando, eu tive que impedi-los de atacar vocês de alguma forma. Todo mundo aqui tem medo de tempestades de neve. É assim que escondi nos últimos dois dias."
Eu a tomo em meus braços e a beijo.
"Eu sabia que você nos esperaria e sem se arriscar. Você sabe como entrar?"
Rehana nos convida a segui-la pela neve. Perto de uma montanha, fica a entrada para uma mina muito bem escondida.
"Eles estão no subsolo?" Todos nós questionamos, pasmos.
"Poderíamos ficar anos procurando por eles e nunca encontrá-los." Nelson comenta.
"Vou direto para o local onde guardam Kathy, já senti a presença dela. Vocês conseguem lidar com o exército de renegados ou precisam de ajuda?" Rehana nos pergunta.
"Vou com você." Minha mãe afirma. Rehana pega a mão dela e, imediatamente, elas começam a correr para a mina.
Pelo amor da Deusa! Não posso deixá-las sozinhas.
"Pai! Você pode fazer isso sem mim?" Indago, estressado ao ver mamãe e Rehana desaparecerem sem mim.
"Vá atrás delas!" Meu pai grita assustado. Começo a correr na direção em que elas sumiram, mas ouço os gritos de uma luta começarem atrás de mim. "Ataquem!" Meu pai berra, dando o sinal de batalha. Sinto o inferno se soltar atrás de mim.
No meio da mina, Rehana e mamãe estão paradas olhando ao redor.
"O que foi?" Eu pergunto.
"Não sei, algo está errado." Mamãe responde. "É Kathy... algo está errado." Ela me encara, em pânico.
"É como se ela estivesse morrendo, mas não é ela quem está morrendo. Eu não entendo." Mamãe explica.
Nunca corri tanto na vida, mas ouço Kathy atrás de uma porta, gritando de dor: "Pare, você vai matá-lo!" Sinto o chão sumir por debaixo dos meus pés.
No mesmo instante, Rehana desaparece através de uma explosão de luz. Entendemos que ela se teletransporta para o meio do quarto de onde vem a voz de Kathy. Há um silêncio e a mesma luz irradia por baixo da porta.
A porta se abre, mas nada pode nos preparar para o que nos espera dentro do quarto.
Alfa Mario está morto. Não sei o que aconteceu, mas só posso presumir que seja a obra de Rehana, pois seus ferimentos não parecem causados por um lobisomem.
Há sangue por toda parte e, apesar disso, dá para ver um brilho estranho no ar. Procuro por Kathy de imediato e a encontro no canto do quarto, segurando um homem extremamente fraco nos braços.
"Pelo amor da Deusa!" Minha mãe cai de joelhos ao lado de Kathy.
Eu me apresso e corro até elas. "Mãe!"
Mas mamãe pergunta à Kathy, em lágrimas: "Ele está morto? Ted está morto?" Ela repete.
O quê?
Eu logo me aproximo dele e me sinto mal. Como pode aquele ser o Ted Ravel?
"Ele não está morto." Rehana diz. "Mas ele está perto de morrer. Ted vai precisar da sua ajuda, Kathy. Você vai ajudá-lo?"
"Diga, o que devo fazer?" Kathy pergunta sem pensar. "Eu farei qualquer coisa."
"Use o vínculo de companheiro. Conecte-se com ele, pois sinto que ele não quer lutar pela vida agora. Neste momento, ele quer morrer, não, viver."
"Por que ele ia querer isso?" Mamãe indaga, chocada. "Estou convencida de que ele ama Kathy, por que ele deveria morrer?" Ela olha para Kathy.
"Porque eu o rejeitei de novo. A morte é sua maneira de demonstrar seu amor por mim. Isso me liberta do nosso vínculo de companheiros."
"Isso é loucura!"
"Kathy, você tem que fazer algo agora ou será tarde demais!" Rehana explica.
Kathy se senta ao lado de Ted e o levanta do chão para que possa apoiá-lo no colo. Ela o pega nos braços e, curvando-se, beija seus lábios ensanguentados.
"Sinto muito." Kathy choraminga. "Agora é a minha vez de pedir desculpas."
Vejo lágrimas escorrerem pelo seu rosto.
"Desde que nos conhecemos, você sempre me mostra o quanto me ama. Você me decepcionou, mas eu também não fui muito melhor, porque tudo que tenho feito ultimamente é magoá-lo. Por favor, não me deixe." Ela começa a chorar, histérica. "Por favor, fique. Por favor, não desista. Por favor, Ted... Por favor, fique comigo..." Kathy faz algo inimaginável. Ela levanta o queixo e noto que Ted está marcado por minha irmã, mesmo sem haver nenhum sinal no pescoço dela.
O que, pelo amor da Deusa, aconteceu aqui?
Kathy se inclina e exibe suas as presas. Ela as enfia na garganta de Ted, exatamente onde já o marcou. Então levanta a cabeça dele e o abraça contra o peito, como se tentasse se fundir a ele.
Ela lambe a marca dele e, chorando, diz: "Eu marquei você de novo, Ted! Você é meu! Não se atreva a me deixar." Ela grita bem alto.
Nenhum de nós se atreve a se aproximar dela, pois tememos perdê-la junto com Ted.
"Por favor..." Kathy diz e coloca os lábios sobre os dele. Ela o beija com gentileza. "Por favor, volte para mim..."
"De volta para você..." Ted murmura devagar. "Você realmente chora por mim?" Ele pergunta, como se estivesse se afogando nas próprias palavras.
O rosto de Kathy se ilumina no mesmo segundo. "Você voltou para mim!"
"Você realmente me quer ao seu lado?" Ted pergunta, mirando os olhos dela.
"Não sei do que você está falando." Kathy diz, enxugando as lágrimas e olhando para nós.
"Nesse caso, voltei em vão." Ted afirma e fecha os olhos.
"Não!" Kathy berra, mas Ted não reage de forma alguma.
"Por favor volte! Eu amo você!" Ela afirma. Ted imediatamente abre os olhos e a puxa em sua direção, chocando-a. Kathy não tem tempo de reagir, pois Ted a beija logo.
"Tenho que tomar muito cuidado com você. Vejo que você aprendeu a morder." Ele começa a rir de leve.
Mamãe se aproxima dele e pega sua mão ao sorrir.
"Você nos assustou, Ted."
"Sinto muito, senhora." Ele responde. "Mas, ao mesmo tempo, não sinto muito, porque parece que conquistei a minha garota assim." Ted puxa Kathy de volta para si e a beija de leve.
"Rehana, ele vai ficar bem?" Pergunto, aproximando-me dela e a abraçando.
"O amor faz milagres." Ela coloca as mãos em volta de mim. "Pela primeira vez na minha vida, fiquei com medo quando cheguei a este lugar. Tive medo de que você não tivesse sucesso em encontrar este inferno." Ela encosta a cabeça no meu peito.
"O que aconteceu aqui?" De repente, ouvimos meu pai à porta. Atrás dele, vem todo mundo.
"Quem é esse aí?" Nelson pergunta, olhando para Kathy.
"Pela Deusa da Lua!" Helens exclama. "O que aconteceu com ele? Parece que foi atropelado por um tanque. Onde estão seus músculos, cara?" Ele percebe que o homem é Ted.
"Eu não concordo com isto!" Meu pai fica nervoso, mas minha mãe vai até ele e o beija.
"Eu não…" Ele tenta se afastar dela, mas a mamãe o beija de novo e o faz calar a boca. "Eu não estou..." Desta vez, minha mãe coloca os braços em volta do pescoço dele e o beija com tanta paixão que nos faz corar.
Pela Deusa da Lua! Nós, lobisomens, deveríamos aprender o que é ter vergonha…
"Ah, p*rra!" Meu pai se conforma. "Vamso conversar em casa." Ele levantou a mamãe e coloca as pernas dela em sua cintura. Ele a carrega para fora dali e faz todos rirmos.
Rehana se vira para mim e, olhando ao redor, sussurra: "Você pode esperar por mim um pouco? Eu preciso encontrar alguém..."
"Você não vai a lugar nenhum sozinha, meu amor." Eu seguro a sua mão e me deixo ser conduzido por ela.
Seguimos um sinal invisível para olhos destreinados, Rehana me leva até uma porta. Ela coloca a mão nela e, milagrosamente, a abre.
Nosso coração se parte diante da imagem diante de nós.
Uma jovem com cabelo loiro natural e olhos azuis está quase morta no chão. Seu corpo está cheio de feridas, dá para ver vestígios do abuso que sofreu.
"Ela é humana?" Eu pergunto, chocado. "Como uma simples humana pode sofrer tanto? Pelo amor da Deusa!" Fico horrorizado.
"Você vai me ajudar a tirá-la daqui?" Rehana pergunta.
"E para onde vamos?" Eu questiono.
"A mãe dela morreu junto com Alfa Mario. Ela o matou, mas o nojento a amarrou a ele com uma pulseira mágica. Ao matá-lo, ela também morreu. Ela era uma mulher espetacular. A bruxa híbrida mais poderosa que existia. Graças a ela, nós estamos aqui hoje e Kathy está a salvo."
Nós nos aproximamo da jovem, mas ela imediatamente se afasta.
Rehana se aproxima dela e sussurra, com leveza na voz: "Amanda." E se aproxima, com calma. "Eu sou Rehana, Ziara me mandou para ajudá-la."
"Mamãe mandou você?" Ela pergunta.
"Mandou, sim." Rehana confirma e pega a mão dela para ajudá-la a se levantar. "Meu companheiro vai ajudar. Por favor, não tenha medo."
'Meu companheiro'... Ouvir isso é incrível!
Imediatamente, eu a pego nos braços e começo a carregá-la para fora da mina.
Depois de dias nesse pesadelo, vamos voltar para casa. Após dias atormentados, companheiros se juntam, e o sol parece brilhar para nós também.
Olho para a garota em meus braços, e meu coração se parte.
"Será que ela vai conseguir se recuperar algum dia?" Pergunto a Rehana.
"Vai, sim." Ela responde, sorrindo. "O futuro dela é brilhante. Vamos torcer para ninguém incomodar com isso."