Capítulo 82
1074palavras
2023-09-30 00:01
Ponto de Vista do Ted
Acordo de um sono em cima de uma nuvem fofa. Já faz meses desde que me sinto tão relaxado. Abro os olhos lentamente, pois não quero sair desta sensação em que estou.
Olho para cima devagar e vejo aquela por quem meu coração bate todos os dias.
"Kathy..." Eu sussurro baixinho.
Ela dorme na cama, com os dedos pousados no meu cabelo.
Este é o paraíso para mim. Encontro o paraíso no meio do inferno. A vida, às vezes, pode ser totalmente irônica.
Levanto-me um pouco e me afasto do colo dela com muita dificuldade. De alguma forma, eu me sinto mais forte agora.
'É por causa dela.' Allen explica. 'Ela ajudou a curar nossas feridas. Senti muito a sua falta.' Ele está quase chorando.
'Eu sei, cara.' Digo. 'Eu também senti falta dela. Não acredito que estou olhando para Kathy.' Eu me afasto e sento encostado a parede na frente dela. Sento-me e a observo dormir em paz.
Eu acompanho as suas caretas. Acho muito engraçado como ela franze a testa durante o sono, o jeito que ela franze os lábios e faz um biquinho, como se estivesse aborrecida. Ela é simplesmente adorável. Gostaria de me levantar e tomá-la nos braços, beijar seus lábios, que me atraem como um ímã. Eu gostaria de fazer muita coisa, mas…
A loba dela nos quer, mas ela, não. Não quero forçar nada.
"Ted..." Eu a ouço murmurar ao acordar. Kathy olha em volta, confusa.
"Oi!" Eu sorrio para ela do outro lado do quarto. Kathy me olha um pouco perplexa e parece querer dizer alguma coisa, mas engole as suas palavras.
"Você parece melhor." Ela comentando, olhando-me com atenção.
"Graças à você." Respondo, com um sorriso "Allen, o meu lobo, encontrou forças para lutar e me curar."
"Entendi." Ela diz, depois continua a me encarar.
Não digo absolutamente nada. O que há para dizer? Não precisamos falar nada agora.
"Por quê?" Ela questiona e direciona o olhar para as próprias mãos, analisando o pulso enfaixado.
"O por quê importa?" Eu pergunto. "Isso muda o que aconteceu?"
"Não, mas tenho o direito de entender melhor a forma como você agiu. Por que você escolheu me machucar? Eu não fiz nada contra você." Kathy reclama, sem olhar para mim.
"Durante toda a minha vida, eu não fui nada aos olhos do meu pai. Durante toda a minha vida, tentei agradá-lo e deixá-lo orgulhoso de mim. Desde o momento em que ele matou minha mãe. Na minha frente, eu sabia que tinha que fazer de tudo para sobreviver." Kathy parece chocada e horrorizada com o que digo.
"No entanto, nunca fui bom o suficiente para ele." Afirmo com calma, como se o que eu fosse algo normal.
"Quando ele me propôs o plano de usar você para a vingança dele, eu sabia que isso era algo no que eu poderia ter sucesso. Era minha chance de mostrar a ele que eu poderia fazer algo para agradá-lo. Toda a minha vida, eu procurei alguém que me amasse. Passei por vários relacionamentos e me deitei com muitas mulheres, tentando encontrar o amor. Toda vez, eu me sentia ainda mais vazio do que antes, só queria que alguém me dissesse que eu merecia amor e coisas boas."
Kathy não diz nada, apenas me olha com atenção. Não consigo interpretar nada de sua expressão. Acho que ela me odeia muito, porém, ela merece saber de toda a história.
"Então segui o plano de acordo com a vontade do meu pai. Planejei o ataque dos dois renegados, o seu resgate, a nossa aproximação e o momento em que eu ia tirá-la do seu pai. Mas muitas coisas aconteceram. Evan Swift é difícil de descrever… Tenho que admitir que aquele homem é uma enciclopédia ambulante. Mas, o que mais me chocou não foi o conhecimento de Evan, foi o fato de que, em poucos dias, eu me apaixonei perdidamente por você. Na noite em que pedi que você me escolhesse, fui muito sincero. Voltei para o meu quarto e orei para a Deusa da Lua me escolher como seu companheiro."
Já posso sentir as lágrimas se acumulando em meus olhos.
"No dia seguinte, quando descobri que você é minha companheira predestinada, já era tarde demais. Tudo havia sido revelado. Fiquei envergonhada na frente da sua família, que pareciam saber quem eu sou desde começo e ainda assim me permitiu eu entrar nas suas vidas. Deram-me uma chance de escolher fazer o bem. A sua mãe é uma santa. Estou falando sério!" Ela sorri ao ouvir isso.
"Espere até vê-la lutando." Kathy diz, e começa a rir. Eu acabo sorrindo.
"Então... foi por isso que fiz tudo aquilo. Eu sei que nada justifica as minhas ações e prometo que, quando estiver forte o suficiente, vou romper o vínculo entre nós. Vou aceitar a sua rejeição, mas isso me mataria se eu tentasse fazer agora." Eu explico.
"Sinto muito por tudo que fiz... Prometo que vou consertar as coisas e sair da sua vida o mais rápido possível." Completo.
"Você realmente me amou?" Kathy pergunta, mirando os meus olhos.
"Não." Digo bem sério, ela parece decepcionada. "Eu não amei você. Eu continuo amando." Vejo seus olhos se encherem de lágrimas, que ela enxuga no mesmo segundo.
"Chegue perto de mim, por favor." Ela me pede.
"Não acho que seja uma boa ideia."
"Não é uma boa ideia mesmo, mas Gelina vai quebrar minha mão tentando alcançar você. Também não aguento ouvi-la gritar em minha mente. Sinto que estou enlouquecendo. Então, por favor, para minha paz de espírito, venha e fique comigo antes que Gelina decida assumir o controle total sobre mim de novo."
Eu a encaro e percebo que ela fala sério.
Levanto-me devagar, usando a parede de apoio, depois vou até ela e me sento na beira da cama.
"Deite-se ao meu lado, por favor." Ela me pede. "Eu quero dormir."
Eu me deito ao lado dela de imediato. Kathy fica de costas para mim porque as algemas a obrigam a se acomodar nessa posição. Um pouco trêmulo, estendo as mãos e puxo-a para perto do meu peito, ficamos de conchinha. Sinto o cheiro de seu cabelo e enfio meu nariz entre as mechas, respirando fundo o seu cheiro, como se eu fosse viciado nela.
E, pela primeira vez em seis meses, eu me sinto normal novamente e meu coração se acalma.
Por favor, Deusa da Lua, estou pedindo muita coisa?