'Ajude-o, por favor!' Gelina grita.
"Ted?" Eu pergunto, com uma voz trêmula. Pela Deusa da Lua! O lobo renegado é Ted? O meu companheiro predestinado?
Estendo a mão para tocá-lo, sem nem perceber o que estou fazendo. Assim que o toco, Ted se afasta de mim e rasteja para o outro canto da sala, tentando ficar o mais longe possível de mim.

"Olhe para mim!" Grito, mas ele não me responde. Ele fica se encosta à parede na minha frente, deixa a cabeça contra ela e fecha os olhos exausto.
Isto é um pesadelo. Como é possível que Ted chegue a tal condição?
"Ted Ravel!" Eu grito com minha voz de Alfa. "O que é isso? É uma tentativa patética de me manipular?" Pergunto com raiva.
Tem que ser um novo joguinho dos Ravel, é um novo esquema para se aproximar de mim.
'Kathy Labels!' Angel me repreende. 'Mais uma palavra sua, e eu juro que você nunca mais vai ouvir falar de mim!'
'Gelina...' Tento me acalmar. 'Você não pode acreditar que isso tudo aqui é real. Diga-me que você não caiu nessa armadilha deles.' Suplico.

'Não é uma mentira, Kathy.' Gelina responde. 'O lobo dele está tão fraco que mal consigo mantê-lo consciente.'
Eu me viro para Ted no mesmo instante.
Pela Deusa da Lua, isso não pode acontecer! Não pode ser real!
"Ted!" Chamo. Pela primeira vez, ele olha para cima e mira os meus olhos. Ele está tão triste, nunca vi olhos tão tristes em minha vida. Ele parece estar possuído por seus próprios demônios e travando uma luta interior.

"Ted..." Eu falo com muito mais delicadeza desta vez. "Seja sincero comigo, toda essa loucura é outra coisa do plano do seu pai?" Eu o encaro, vejo um sorriso amargo no seu rosto.
"Bem que eu gostaria que fosse algo assim." Ele responde com dificuldade, fraco demais para falar.
Não suporto vê-lo assim. Ele me machucou? Sim. Isso feriu meus sentimentos? Sim. Eu jurei que nunca o perdoaria? Definitivamente, sim. Mas sofro ao vê-lo nesta condição. Gostaria de trazê-lo para perto, de ajudá-lo de alguma forma a parar de sofrer. Lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto de novo. Começo a puxar as algemas com força, machucando-me ainda mais. Sinto meu pulso queimar, novas bolhas se formam ao redor da minha mão.
"Dói demais!" Grito, nervosa, Ted se aproxima de mim, rasteja para minha cama. "O que você está fazendo?" Pergunto, em pânico, ao ver que ele pega minha mão machucada e levanta as algemas para não encostarem minha pele.
"Ted? Você está louco?" Pergunto, puxando minha mão. Logo, sinto dor quando a prata toca minha pele novamente.
Ted olha em volta, ele levanta os lençóis velhos da cama e rasga um pedaço deles. Ele se inclina contra a cama e se senta na beirada, ao meu lado. Ted segura minha mão machucada e sinto milhões de arrepios passearem pelo meu braço, como uma corrente elétrica. O vínculo de companheiros ainda está aqui.
Ele me encara e diz: "Vai doer um pouco, mas depois vai ser melhor para você. A prata não vai tocar sua pele diretamente, mesmo que eu não consiga soltá-la, pelo menos não vai machucar mais."
"Está tudo bem." Fala devagar e coloco minha mão sobre dele. Ted levanta as algemas com uma mão e, com a outra, ele faz curativos sobre as feridas no meu pulso, com os trapos que rasgou.
Olho para a mão com que ele segura as algemas, vejo queimaduras em seus dedos, mas ele não demonstrar sentir nenhuma dor.
Em poucos minutos, todas as queimaduras ao redor do meu pulso estão enfaixadas, e a prata não está mais em contato direto com a minha pele. Já sinto o processo de cura começar. Ted solta minha mão e a coloca com cuidado no meu colo. Ele tenta se levantar, mas, sem que eu perceba, Gelina assume o controle de mim e segura sua mão, puxando-o na minha direção.
"Fique comigo." Eu a ouço dizer.
Ted olha para ela um pouco confuso. Ele admira os meus olhos, que provavelmente estão brilhando.
"Por favor, solte-me!" Ele diz levemente.
"Não!" Gelina responde.
"Mas você me odeia." Ted diz, mirando bem os meus olhos.
"É Kathy odeia você. Eu não!!" Gelina afirma.
'Você é uma grande traidora, Gelina! Você é!' Brigo com ela.
Ted me olha surpreso, como se o que a situação fosse surreal.
"Mas ela vai ficar infeliz se você fizer isso…" Ele diz à Gelina.
"Somos quatro neste vínculo. Eu e Allen, Kathy e você. Três de nós querem ficar juntos, então talvez ela simplesmente possa parar e me deixar ficar com você." Gelina diz a ele, calando-me.
'Gelina, você não pode estar falando sério...' Fico chocada.
'Kathy, há meses venho dizendo que sinto falta dele. Depois disso, só o encontramos no pior lugar do mundo e à beira da morte. Pode me dar um tempo? Se ele morrer por não ter a força para se curar, juro que nunca vou perdoar você.' Angel me diz.
'E a minha dor, Gelina?' Eu pergunto. 'E minha dor?'
'Ele não sabia o que estava fazendo.' Ela diz simplesmente. Gelina me leva à força até Ted e coloca as minhas mãos em volta dele, puxando-o para mim. Ted não reage e, como um boneco, fica em meus braços, como se ansiasse por essa atenção. Pela Deusa da Lua, continuo chocada com o quão fraco ele está.
Eu me levanto levemente da cama e me encosto na parte de trás dela. Puxo Ted para mim e coloco a sua cabeça no meu colo. Ele não emite nenhum som.
Cada toque me faz derreter, sinto como a energia surgir onde quer que eu o toque. Passo a mão pelos seus cabelos e observo cada uma de suas características. Embora, agora, ele esteja muito fraco e fora de forma, além de ter me chateado e roubado minha razão de viver, ele continua lindo demais. Seus olhos são tão penetrantes me sinto encarar a sua alma a fundo.
Cada vez que olho para ele, vejo o arrependimento, a dor e o seu desejo de estar comigo. Ao mesmo tempo, vejo sua vergonha e medo.
Afago sua cabeça com gentileza, enquanto ele está deitado em meu colo. Ted adormece e, pela primeira vez, nas últimas horas ele parece estar respirando com calma.
'Não o mande para longe de nós, Kathy.' Angel me pede. 'Deixe-o em paz. Se você afastá-lo agora, você vai pesar na sua consciência, porque não sei como ele vai sobreviver.'
'Eu simplesmente não consigo perdoar o que ele fez.'
'Você vai aprender a perdoar, porque eu o quero e mais ninguém.'
'Loba nojenta!' Eu digo em minha mente.
'Ah, sim… humana burra!' Ela retruca. 'Eu ouvi você!' Ela some, devolvendo-me o controle total sobre meu próprio corpo.
Sinceramente, sinto vontade de jogá-lo para fora da cama. Ted não merece meu, mas, ao mesmo tempo, há algo errado nessa loucura toda. Estou ciente e convencida de que, por melhor ator que seja, Ted não teria se permitido chegar a essa situação em que se encontra se tudo fizesse parte de um plano de vingança seu. Neste momento, ele é um lobo renegado. Neste momento, ele sente uma dor terrível, e eu sei disso porque sinto a dor dele. Ele realmente me deixa louca. Não suporto vê-lo assim. Nosso vínculo de companheiro continua ativo, embora eu o tenha rejeitado. E, mesmo que eu o rejeite, eu o quero. Eu não quero admitir, mas eu o desejo de volta.
Estou mesmo encrencada!