Capítulo 80
1096palavras
2023-09-29 00:01
Ponto de Vista da Kathy
Cada partícula do meu corpo dói. Não sei se existe alguma parte de mim que não grite de dor. Já fazem pelo menos duas horas desde que acordei neste lugar e não consigo descobrir onde estou. Eu posso jurar que estou no subsolo ou embaixo de gelo. Nada faz sentido pelo que vejo aqui.
'Gelina.' Eu chamo baixinho. 'Você está aí?'
'Estou... Acabei de acordar.' Ela responde, e eu sinto que ela está um pouco tonta. Não que eu esteja melhor do que ela.
'Pela Deusa da Lua! O que aconteceu conosco?' Pergunto em pânico.
'Acho que eles atiraram em nós, Kathy. E não foi apenas um tiro, mas os d*sgraçados nos nocautearam com uma boa dose de acônito.'
Acônito? Devo admitir que não esperava reagir desta forma com isso. Eu ouvi minha mãe falar sobre o poder desse veneno e como ele incapacita os lobos, mas estou simplesmente chocada. A dor é desumana, está além de qualquer descrição.
'Gelina, você sabe onde estamos?' Pergunto, já ficando estressada. Eu estava em casa antes. Pelo amor da Deusa! Minha família! Eles estão bem?
'Gelina, por favor, se recupere. Precisamos sair daqui!' Digo, agitada, e tento me levantar. Imediatamente, percebo que não tenho chance. Minha mão direita está amarrada a uma cama, com algemas de prata.
'Pela Deusa da Lua! Quando eu levantar daqui, vou matar todos eles!' Grito, irritada, mas ouço a porta se abrir no mesmo instante. Na minha frente, está o rosto que conheço por fotos, é Alfa Mario Ravel.
"Você está acordada!" Ele me diz, em um tom frio. O homem me analisa da cabeça aos pés, de um jeito que faz eu me sentir desconfortável. Não consigo descrever o que sinto, mas é como se ele enxergasse fundo dentro de mim.
"Onde estou?" Questiono, mirando seus olhos desafiadores. Faço exatamente o que meu pai me ensinou a fazer no caso de um confronto com algum Alfa. Ele pode ser um Alfa, mas eu sou a filha do Rei e tenho poderes extraordinários, como qualquer herdeiro da família real. No momento, a única coisa que me deixa fraca são essas m*lditas algemas de prata, que a cada pequeno movimento cortam a minha carne.
"Você não me pergunta quem eu sou?" Alfa Mario começa a rir, mas não responde à minha pergunta. Eu o encaro e tudo que sinto agora é um ódio profundo.
Levanto-me na beira da cama e tento ignorar a dor terrível, mas sei ele consegue observá-la em meu rosto. Alfa Mario se aproxima de mim e ergue meu queixo, mirando bem os meus olhos.
"Então, você é a companheira predestinada do meu filho..." O homem me analisa cuidadosamente. "Você é linda." Ele engole em seco. "Eu me pergunto por que aquele idiota não conseguiu marcar você..."
O quê? Espero que ele seja brincadeira. Seu plano é me marcar?
"Guardas!" Alfa Mario grita e, imediatamente, a porta se abre. Dois lobos renegados aparecem na porta. "Tragam-no! É hora de seguir com o plano."
"Não sei o que você tem em mente." Digo, cheia de autoridade. "Mas é melhor você parar antes que seja tarde demais." Mas já é tarde demais, tenho certeza. É tarde demais para ele e seu filho. Desde o momento em que decidiram me sequestrar, eles atraíram toda a raiva do meu pai.
"Você tem um pouco de coragem, garotinha." Mario me diz. "Suponho que se você não estivesse amarrado, pularia em mim e tentaria me atacar." Ele ri histericamente, mas para assim que a porta se abre e os dois renegados trazem um homem visivelmente doente para dentro do quarto. Sua cabeça está caída, ele mal consegue suportar o próprio peso. Não consigo ver o rosto dele. Seu corpo é horrível olhar para seu corpo; tem muitas feridas, algumas delas são mais antigas, outras tão recentes que chamam a atenção.
'Prata.' Gelina chama, de repente, e então ela logo começa a gritar em minha mente, 'Não, não, não.' Ela fica repedindo e chorando. Ver este homem parte o meu coração. Ele está terrivelmente magro, como se não comesse há muito tempo. Deve ser por isso que suas feridas estão tão feias. Ele é um lobisomem, mas seu lobo está muito fraco, como se ele estivesse em um grande sofrimento mental.
Os dois renegados o colocam na minha frente e o soltam para ficar em pé sozinho, mas o homem cai no chão de imediato.
'Kathy! Por favor, ajude-o, por favor!' Gelina exclama. Fico confusa, o que há de errado com ela?
Eu vou para a beira da cama e tento me inclinar para ajudá-lo a se levantar de alguma forma; mas não consigo tocá-lo, ele está muito longe.
"Marque ela!" De repente, Alfa Mario comanda o pobre homem que caiu na minha frente.
"Você está louco?" Eu pergunto, com raiva. "É assim que você e seu filho querem se vingar do meu pai? Forçando um lobo renegado a me marcar? Você está delirando?" Grito cheia de raiva, sem tirar os olhos do homem à minha frente, que mal consegue se ajoelhar ou se apoiar nos próprios braços. Sua cabeça continua inclinada na minha frente, como se ele não fosse digno de me olhar nos olhos.
"Marque ela, eu mandei!" Alfa Mario grita e o chuta, derrubando-o no chão e o fazendo gemer de dor.
"Você vai matá-lo! Pare com isso!" Grito para Alfa Mario, mas o homem começa a rir histericamente.
"Você é tão burra!" Ele diz ao agarrar o cabelo do homem e o arrastar até a minha frente.
"Eu vou cuidar de tudo!" Alfa Mario me diz. "E você!" Ele grita com o homem, dando-lhe outro chute no estômago. "Espero encontrá-la marcada quando eu voltar." Ele vai embora, rindo.
Eu sei que este homem é apenas um renegado, mas ninguém merece ser torturado assim. Ninguém merece ter uma vida assim.
O homem caído na minha frente e, de alguma forma, sinto necessidade de tocá-lo. Sinto necessidade de me levantar e ajudá-lo. Angel está chorando sem parar desde que o viu.
Saio da cama, então me afasto até sentir as algemas prateadas apertarem meu pulso e começarem a queimar. Estendo a mão e toco a cabeça do renegado, tentando confortá-lo. Contudo, nada poderia ter me preparado para este momento. Meus olhos se enchem de lágrimas no mesmo instante e toda a dor de Angel se torna minha dor de repente. Se, até agora, eu penso que sei o que é dor, bem, eu estava redondamente enganada.
Assim que minha mão tocou sua cabeça, uma coisa ressoa em minha mente: 'Ajude nosso companheiro!'