Capítulo 40
2129palavras
2023-08-29 09:08
— O levaram! — foi a primeira coisa que eu disse a Patrick quando ele atendeu. — Ele se entregou para o levarem até ela, coloquei um rastreador nele antes que fosse levado, mas não vai gostar de saber onde eles estão.
— Venha pra cá, vamos dar um jeito nisso juntos!
Manquei até o carro do outro lado da rua, mas antes de entrar dei uma última olhada na casa em chamas, a casa onde alguns dos meus homens estavam queimando.
No momento em que aquele homem disse que precisava de Alejandro eu soube o que iria fazer, por isso o puxei para trás e grudei um dos adesivos de rastreamento em seu peito, sabia que iriam levá-lo até Magie, por algum motivo doente.
E assim que sumiram nas escadas eu corri, me apressando em quebrar a madeira do chão com um dos martelos que trouxe para a tortura, só parei quando consegui um buraco que me coubesse, nem mesmo com a fumaça me cegando e sufocando eu parei.
Foi questão de segundos e a casa já estava em chamas, quente como o inferno, as vigas caiam, a madeira toda se desfazendo sendo consumida pelo fogo, caindo pedaços em chamas em cima de mim.
Mas o bom daquelas casas de madeira era que tinham um espaço entre o chão e o piso da casa, por isso assim que abrir me obriguei a me livrar de todo equipamento, antes de passar no maldito buraco e me esgueirar no chão de terra até sair nos fundos da casa.
Meus homens no andar de cima não tinham tido essa sorte, tendo que escolher entre morrer queimados ou correr para as balas daqueles desgraçados.
Se antes isso já era uma coisa pessoal, agora era ainda mais, ia fazer cada um deles pagarem por isso!
Quando cheguei na casa de Patrick ele veio rapidamente para a porta me abraçando forte ao ver meu estado.
Os meus homens que haviam sobrado estavam na casa de Elizabeth e eu não podia tirá-los de lá, não a deixaria desprotegida por nada nesse mundo, não me perdoaria se algo acontecesse com a minha amada ou com a nossa menina, nossa porque era minha agora, eu definitivamente estava indo pedir aquela mulher em casamento depois de hoje.
Mas eu tinha conseguido reunir alguns amigos antigos, alguns já aposentados, mas em plena forma para a missão que tínhamos pela frente e estavam todos ali na sala de Patrick me olhando em expectativa.
— Que bom que você está bem, Cris. — a voz doce de Sophie me tirou do modo combate por um instante e eu desviei meus olhos para a baixinha com Sebastian no colo. — Traz nossos amigos de volta!
— Pode deixar, eles vão pagar por tudo!— me aproximei do pessoal, tirando um tempo só para tomar a água que Holly me trouxe e contei tudo a eles. — O adesivo é quase imperceptível e tem uma ótima precisão, seria nossa melhor chance de encontrá-los. Ao menos foi o que eu pensei no momento, mas agora olhando no rastreador eu não tenho mais essa certeza. — falei virando a tela do tablete para eles.
— Isso é...
— Sim, o pátio de containers no pier. — respondi sem vontade, porque aquilo era quase uma derrota.
— Levaria semanas para vasculhar todos os containers, tem ideia que eles já vão estar bem longe daqui? — um deles soltou a questão e eu sabia que estava certo.
— Não me leve a mal, mas desse jeito só vamos encontrar as carcaças.
— Não vamos! — ouvi uma mulher entrando acompanhada de John, provavelmente era Carla. — É o meu irmão lá, minha cunhada e meu sobrinho! E vou mover a porra do mundo se for preciso para encontrá-los.
— É muito bom ouvir isso lindinha, mas não vai ajudar caralho nenhum se não tiver o número do container ou ao menos em que sessão estão!
— Não vai falar com ela assim porra! — John praticamente rosnou se colocando na frente dela. — Ela tem um contato na polícia e ele vai mobilizar o batalhão todo, só precisamos falar a hora e o lugar. — ele informou calando a boca do homem.
Ótimo, tínhamos conseguido mais gente para vasculhar, mas ainda sim era uma área enorme, não sabíamos quanto tempo eles tinham.
— E se usarmos detectores de calor? — um deles perguntou causando um burburinho.
— Ainda sim demoraria muito tempo para vasculharmos cada centímetro a pé. Se ao menos tivéssemos alguns drones, facilitaria a busca em horas, talvez um dia no máximo.
— Mas isso custaria uma nota preta, ter a polícia do nosso lado já tira um problema da nossa cola, não iriam nos parar.
— E dinheiro também não é um problema! — Patrick se pronunciou colocando um fim na conversa. — Consigam tudo o que precisam para encontrá-los e o dinheiro deixem comigo.
Dei as ordens aos homens para mexerem as bundas preguiçosas e logo todos estavam em ação, casa um fazendo uma coisa. Então me virei olhando para o puto do meu amigo, tinha mudado tanto depois de Sophie, nem mesmo a máscara estava mais usando mesmo estando cercado de estranhos.
— O amor tem dessas merdas no fim das contas, não é? — murmurei chamando a atenção dele, que se virou depois de pegar a pequena dos braços da Holly. — Você aí esquecendo o passado de merda babando nos filhos e na esposa, Alejandro se entregando a morte certa pela amada.
— E você, o cara que disse que nunca ia se apaixonar, sabe o que sobre isso? — ele questionou vindo para o meu lado e se sentando com a neném no colo, me lembrando tanto a pequena em casa.
— Vai dizer que você não sabe que a CEO o pegou pelas bolas? — foi Sophie quem soou aparecendo nas nossas costas com a tropa. — Ele está completamente rendido por ela.
Sophie, Carla e a mãe se sentaram a nossa frente, todos tinham um semblante preocupado e triste, e eu sabia que o que mais doía era estarmos fazendo todo o possível e ainda sim parecia que estávamos de mãos atadas.
— É verdade, acho que foi praga de vocês, de tanto falarem que uma hora ia chegar a minha vez. Vou ter que me casar com aquela mulher ou não vou sossegar!
Todos riram deixando o clima um pouco menos pesado, mas não o suficiente para nos fazer relaxar, o estado de incertezas estava deixando todos em uma tensão horrível.
— Vai tomar um banho enquanto os outros não voltam, você está coberto de sujeira e parece ter fugido do próprio inferno! — Sophie mandou e eu não hesitei, precisava respirar um pouco melhor depois de toda aquela fumaça e fuligem.
Mas assim que entrei no quarto de hóspedes eu peguei meu celular e liguei a câmera ligando para Beth, precisando ouvir a voz dela e ver aquele rosto lindo.
— Oi mia bella.
— Aí meu Deus! Che cazzo ti è successo? — ela gritou misturando os idiomas assim que me viu e eu tive que sorrir. — Não ria, me responde logo o que aconteceu com você?
— Foi um incêndio, apenas isso. — respondi sem conseguir esconder o sorriso, só ela mesmo para me acalmar no meio daquela merda toda. — Eu estou bem.
— Não está! Venha pra casa logo, deixe seus homens resolverem isso. — e lá estava o lado que ela queria esconder, o lado que eu sabia dizer me amar, mas ela negava.
— Se casa comigo, diz que sim e eu volto pra casa agora! — Elizabeth abriu e fechou os olhos chocada de mais e o som de risada do outro lado a fez se virar pegando Angel no colo. — Veio dizer "oi" para o papai?
Ela explodiu em uma gargalhada mostrando a língua e babando tudo quando ouviu minha voz fina.
— Quando você voltar conversamos sobre isso. — a morena me falou séria, mostrando que não ia ceder tão fácil. — Mas volta pra casa agora.
— Se casa comigo, não me importo se não disser que me ama, não preciso disso eu já sei! Só quero que se case comigo, seja minha esposa e que Angel seja minha filha.
— Quantas vezes tenho que repetir que não vou me casar de novo nunca mais?
— ela sabia ser firme no que queria, não era atoa que tinha se tornado uma das poucas CEO mulheres no mercado e tão boa no que faz.
Estava prestes a discutir com ela, mas uma batida na porta me parou.
— Temos algumas novidades Cris, você não vai gostar de saber! — John gritou da porta me forçando a respirar fundo.
As notícias ruins não iam acabar?
— Preciso ir amor, conversamos quando eu voltar. — falei apressado não querendo que ela ouvisse nada de ruim. — Amo vocês!
Desliguei antes que ela pudesse dizer qualquer coisa e tratei de tomar um banho em tempo recorde antes de descer.
Três dos homens que haviam saído com John para investigar mais sobre a vida da família da Magie estavam de volta e pelas expressões tinham uma enxurrada de notícia ruim.
— Quem a pegou foi o pai. — John soltou de uma vez me fazendo paralisar por um instante. — O homem que você descreveu foi esse, não foi?
Ele me estendeu o tablet e lá estava a cara do patife desgraçado que entrou no porão da casa cheio de confiança.
— É ele, foi esse verme mesmo!
— Bem é aí que piora. Encontramos registros de containers ligados a ele pelo mundo todo, não estão diretamente no nome dele, mas a empresa dele faz carregamentos neles quase todos os meses dos últimos dez anos. — franzi a testa olhando os relatórios que eles tinham conseguido reunir na última meia hora.
— O que está tentando dizer? Tráfico de drogas? Contrabando? — perguntei mesmo sem querer saber a resposta.
— Acreditamos que seja tráfico de pessoas. — foi outro homem quem respondeu e eu virei a cabeça para o lado sem acreditar.
— Não pode ser. — Sophie entrou na conversa. — Magie me disse que eles fecharam um contrato com Charles porque estavam falidos.
— Isso foi a exatamente onze anos atrás e um ano depois desse acordo eles começaram a lucrar muito de forma repentina. — John se aproximou mostrando a ela também os balanços das contas.
Porra, estávamos fodidos! Esfreguei as mãos no rosto, se eles estivessem certos estávamos nos metendo em algo bem maior do que pensamos.
— E tem mais um motivo para acreditarmos nisso. — o outro homem passou na frente no mesmo instante que John virou para mim o aparelho com uma certidão de nascimento, junto com um laudo médico de abortos espontâneos. — Magie não é filha deles, ela foi comprada de forma clandestina, provavelmente de pessoas do tráfico de criança.
— Inferno! — gritei querendo socar algo. — Eles provavelmente entraram em contato com as pessoas que a venderam quando era um bebê e começaram a trabalhar junto.
Respirei fundo calculando tudo o que teríamos que fazer, quais medidas tomar, isso era maior do que nós, maior do que a polícia. Não, dessa vez eu não ia poder fazer tudo por baixo dos panos, ia ter que chamar um velho amigo.
— Aí meu Deus! Vocês acham que vão vender o bebê da Magie? — dona Rosa gritou assustada, mas trataram de tranquilizá-la, dizendo que o bebê ainda era um feto não podia ser traficado, mas eu comecei a imaginar que era exatamente isso o que eles queriam com Alejandro.
"ela o quer e eu preciso que ela se comporte." As palavras do pai dela se repetiram em minha mente. Pai não, aquele era um verme que hoje estaria comendo terra de baixo da terra se dependesse de mim.
— Vou chamar meu pai. — soltei saindo da sala e Patrick veio atrás de mim no mesmo instante.
— Tem certeza? — ele me puxou pelo braço me parando no lugar. — Pensei que depois de recusar seu lugar como Don na máfia e deixar seu irmão gêmeo assumir, teria que ficar longe deles.
Meu amigo me conhecia muito bem e sabia que eu não queria ter nenhum envolvimento com aquela merda de máfia, mas era um caso que eu não tinha escolhas.
— É o meu último recurso! Ou fazemos isso ou seus amigos somem no mundo do tráfico humano? — o questionei encarando seus olhso. Não queria ter que ligar, ainda mais depois de ser praticamente banido da família.
— Os drones chegaram! — alguém gritou da sala nos alertando.
— Vamos acabar com esses filhos da puta!