Capítulo 39
1538palavras
2023-08-29 09:07
Eu tinha sido socado, chutado, meus pés foram feridos com a porra de um chicote ou algo do tipo, enquanto eles tentavam enfiar na minha cabeça repetindo por horas o que iriam fazer se eu tentasse qualquer gracinha ou se incentivasse minimamente Magie a fazer algo.
Eles deixaram bem claro como a estripariam, abririam sua barriga e me deixariam vê-la sangrar até a morte, como fariam revezamento entre os homens para abusar dela me obrigando a assistir o sofrimento dela, essas e outras coisas tenebrosas que eu não queria nem mesmo pensar novamente.
Mas no meio de tudo isso eu entendi o que eles queriam, precisavam que eu mantivesse Magie calma e obediente, o que significava que iriam mantê-la aqui por muito tempo. E eu não entendi o motivo, não até ouvir o chefão dizer que a manteria ali por nove meses.
Então tudo se encaixou, eles queriam o nosso filho, iriam esperar que nosso bebê nascesse para o levar. E isso era uma coisa que não ia acontecer, mesmo se eu tivesse que fazer um pacto com o capeta e voltar do inferno, eles não levariam meu filho ou machucariam Magie!
Mas quando a vi ali tentando fingir que não existia um bebê, que não estava grávida, apenas para me proteger e tentar destruir o plano deles, mexeu de mais comigo, porque mesmo que não existisse um bebê eu daria minha vida por ela, deixaria que me esfolassem vivo, que me matassem um pouco a cada dia só para poder salvá-la.
— Me desculpa. — ela falou com o queixo tremendo enquanto tentava segurar o choro.
— Não por isso meu amor, nunca se desculpe por isso! — me movi querendo poder chegar mais perto dela, mas as correntes presas no teto, segurando meus braços não me deixavam nem mesmo por os pés no chão.
E estar naquela posição fazia meu corpo doer em lugares que nunca imaginei, se eu não soubesse que ela estava ali talvez eu já teria desistido, se Magie não estivesse em perigo eu provavelmente já teria me rendido a toda a dor que estava sentindo no momento, me entregando a morte.
Mas ela precisava de mim, o olhar assustado e marejado, o queixo tremendo, enquanto o corpo todo parecia tão encolhido e o semblante triste de um jeito que eu nunca vi.
— Por favor! Solta ele, coloca ele na cela amarrado como eu, prometo que vou colaborar. Por favor, pai! — aquela palavra me chocou e eu ergui o rosto tentando encarar o homem, mesmo que não estivesse conseguindo enxergar direito.
— Vai ser uma boa menina? — ele esticou os dedos e tocou a bochecha dela em uma carícia que a fez estremecer. — Se prometer se comportar eu deixo que ele fique aqui com você. — Magie acenou com a cabeça, afirmando desesperadamente. — Mas se fizerem alguma coisa estúpida, se tentarem qualquer gracinha eu vou cortar os dedos dele e te obrigar a assistir.
— Eu prometo. — Magie conseguiu dizer mesmo depois de engolir em seco, parecendo realmente assustada com a ameaça.
— Ótimo. — o homem que deveria protegê-la sorriu de forma diabólica e acenou para os homens ao meu lado.
As correntes foram soltas e eu ouvi o barulho delas correndo pelas vigas antes que meu corpo caísse no chão com um baque doloroso, me fazendo soltar um grunhido de dor. Por mais que eu quisesse ser forte e não demonstrar dor para minha Barbie, nesse momento foi impossível.
— Ale. — ouvi o murmúrio dela e tentei me erguer, exigiu mais força do que eu imaginei, mas consegui erguer meu tronco e olhar para ela tentando acalmá-la.
— O levem logo pra cela, acabem com essa cena ridícula! — o pai de Magie ordenou e os dois brutamontes me ergueram do chão pelo braço e me arrastaram para a cela, atirando meu corpo lá dentro de qualquer jeito. — Agora lembre-se, se comportem crianças!
Minha Barbie já estava ao meu lado, puxando meu rosto com cuidado e o apoiando em seu colo.
— Ale, meu Deus! Olha só o que fizeram com você! — ela exclamou desistindo de passar as mãos por meu rosto e enfiando os dedos em meus cabelos massageando, exatamente como fez quando eu estava preso no elevador de carro.
— Oi Barbiezinha. Não consegue viver longe de mim, não é? — com a visão mesmo embaçada eu consegui ver a confusão tomar o rosto dela. — Ainda acha que sou o homem mais irritante que conheceu? — repeti as palavras que ela usou naquele momento e ela abriu um pequeno sorriso.
— Você é! O mais irritante, maluco, idiota, cabeça dura, corajoso e... lindo, amoroso, carinhoso. — então o choro começou, as lágrimas escorrendo por seu rosto e me destruindo por dentro. — Você não devia estar aqui! Não... não devia...
— Ei, ei Barbiezinha. — falei tentando atrair a atenção dela. — Eu estou exatamente onde deveria estar, meu lugar é do seu lado. — ela fungou prestando mais atenção agora e eu usei toda minha força para erguer minha mão até o rosto dela. — Demorei tempo de mais para perceber isso, para me dar conta que meu lugar é ao seu lado. E agora ninguém vai me tirar dele.
Os dedos dela intensificaram a massagem me fazendo fechar os olhos por um instante e finalmente relaxar em seu colo.
— Você está dizendo isso porque sabe do bebê, está aqui pelo nosso filho. — ela murmurou, mas agora já não estava chorando mais.
— Não poderia estar mais enganada! Já tinha ido atrás de você bem antes de saber do bebê, Eu, Cris e os homens dele estávamos de procurando desde o minuto que sua voz desapareceu no celular. — a boca dela se abriu em surpresa, como se aquilo fosse a coisa mais impossível de acontecer. — Quando minha mãe me contou já tínhamos capturado os homens que invadiram a casa e te levaram.
— Mas como? Porque? Porque foram atrás de mim?
Aquela pergunta fez um milhão de pensamentos cruzarem minha mente. Magie não tinha noção do quanto era amada, de quantas pessoas se importavam com ela, naquela cabecinha linda ela ainda acreditava estar sozinha no mundo.
— Porque eu te amo! Te amo e iria até o fim do mundo por você! — acariciei a bochecha dela, tomando cuidado em não tocar no corte ali, já acabava comigo vê-la ali chorando e machucada sem que eu pudesse fazer nada. — E isso não tem nada haver com o nosso filho, é tudo sobre você, nunca mais vai estar sozinha Barbie, te amo e não vou te deixar ir nunca mais.
Ela soltou uma risada nervosa misturada com as lágrimas que voltaram a escorrer. Me surpreendendo ela se curvou e plantou um beijo rápido em meus lábios.
— Então quer dizer que você se apaixonou bombeiro? — ela perguntou sorrindo e me animou um pouco ver aquele brilho naqueles olhos, se era tudo o que eu podia fazer por ela eu continuaria com aquilo.
— Acho que estava com medo de assumir o que sentia, porque não me achava suficiente para você. Pensei que uma menina rica, que cresceu com tudo de bom na vida, não iria querer nada com um homem que não tem muito a oferecer. — antes que eu pudesse notar ela acertou um tapa em meu peito. — Aaai merda!
— Desculpa, desculpa! Eu não quis fazer isso é que você é tão burro que me irrita. — Magie se apressou em dizer enquanto eu respirava fundo tentando controlar minha dor. — Eu nunca quis nada de você, nada de dinheiro e boa vida, tudo o que homens ricos fizeram a minha vida toda foi me ferir. Acha mesmo que eu ia buscar um rico?
— Não pensei por esse lado...
— Não pensou, você não pensa! — lá estava a nervosinha de volta e toda aquela conversa estava me distraindo da nossa situação e eu tinha certeza que com ela acontecia o mesmo. — Eu só quero amar e ser amada, crescer na vida juntos, ter uma família de verdade e agora, mais do que nunca, ser uma boa mãe!
Respirei fundo juntando todas as minhas forças e ergui meu tronco, me segurando no chão para não desabar então a puxei contra mim, a envolvendo com meus braços.
— Você vai ser, vai ser a melhor mãe desse mundo! Nós dois vamos criar esse bebezão como pais corujas, vamos ser o caralho de perfeitos.
Com o rosto contra o meu peito ela sorriu me aquecendo ainda mais por dentro e me dando forças de continuar ali agarrado a ela. Enquanto a tivesse assim eu poderia aguentar toda essa merda, podia aguentar essa dor dos infernos e tudo mais por ela.
— Acho que vamos ter que te ensinar a ter uma boca limpa primeiro. — eu soltei uma lufada de ar, que deveria ser uma risada, mas minhas costelas ainda reclamavam. — Também tenho quase certeza que vai ser uma menina e Luke vai ser o padrinho. Aí meu Deus! — ela exclamou se afastando e me olhando com o rosto tomado por tristeza novamente. — O Luke está morto?