Capítulo 32
1531palavras
2023-08-29 09:04
Eu estraguei tudo, fodi completamente tudo com Magie e o olhar magoado dela me dizia isso. Como eu fui deixar aquela merda acontecer? Ela já estava pronta para sair da casa, principalmente depois que eu congelei quando ela confessou o que sentia por mim.
Se apaixonou por mim? Aquilo foi mais do que inesperado, eu não tinha a menor ideia que ela sentia isso, na minha cabeça não havia a menor chance dela se apaixonar por mim. Por isso quando as palavras sobre estar apaixonada por mim, vieram logo depois dela dizendo que tinha arrumado uma casa, eu entrei em pânico, não conseguia nem pensar direito.
— Magie, por favor, vamos conversar! — pedi, pronto para implorar o quanto fosse necessário, não estava disposto a deixá-la sair dali sem que resolvêssemos isso. — Isso foi antes, antes de dormimos juntos pela primeira vez.
Mas ela se apoiou nos braços de Luke e se levantou do degrau se virando para subir as escadas.
— Está mentindo! — ela falou parada, mas se manteve de costas. — Isso foi antes de você se enfiar entre minhas pernas, mas não antes de tudo, não antes de dormimos juntos ou de dizermos que nos queríamos!
Então ela começou a andar subindo e tendo Luke a escoltando.
Eu queria arrancá-lo de perto dela, segurá-lo pelos ombros e jogar seu corpo bem longe dela. Nunca imaginei que sentiria ciúmes de Luke algum dia, muito menos nesse nível.
Achei que as coisas tinham se resolvido no batizado, a tarde na casa do Patrick foi tranquilo, ela sorriu pra mim e ficou ao meu lado, nada de olhares tortos e raiva. Imaginei que chegaríamos em casa e poderíamos conversar sobre nossos sentimentos e que tudo se resolvera, mas não que ela iria embora daquele jeito, pronta para fugir.
— O que você fez garoto estúpido? — a voz da minha mãe soou atrás de mim antes que a mão dela acertasse minha nuca. — Eu disse que se continuasse com essa merda ia perdê-la! Porque fez isso? Porque não disse que a ama e contou para todos hoje no almoço?
Porque a verdade é que eu não sabia se a amava, ainda não tinha decifrado meus sentimentos. Como eu ia saber se a amo quando a única mulher que me fez sentir algo destruiu meu coração?
Além do mais, o que eu sentia por Magie era diferente, com Gabriela eu nunca precisei decifrar o que sentia, nós crescemos juntos, sempre diziam que nós dois íamos ser namorados já quando éramos crianças, foi algo quase decidido antes mesmo que soubéssemos o que era namorar.
— Eu não sei como descobrir o que sinto, não sei se é amor. — murmurei baixo de mais com medo que a Barbie ou Luke me ouvissem, podia não saber o que sentia, mas não queria que ela saísse dali.
— Então é bom que ela vá, quem sabe perdendo você se toca e enxerga o que tem nas mãos! — minha mãe afirmou e saiu do quarto marchando para a cozinha e me deixando ali plantado no pé da escada sozinho.
Estava em um verdadeiro dilema, não queria perdê-la, não podia deixar que Magie saísse de casa e da minha vida, mas por outro lado sabia que a tinha machucado e que ainda não tinha uma resposta para os meus sentimentos por ela.
Meu coração se apertava ao pensar nela longe, Magie tinha se tornado minha Barbie. O gosto amargo invadia minha boca travando minha garganta em pensar que não teria mais a risada irritante dela pela casa, os cômodos da casa não estariam mais impregnados com o perfume dela, mexendo com a minha cabeça a todo instante.
Tudo isso me tornava um babaca egoísta, eu estava agindo como o tipo de homem que eu sempre detestei, nunca imaginei que um dia agiria assim e olhem só eu agindo como um verdadeiro filho da puta, com a mulher com o passado mais fodido que já conheci.
Mas que se foda! Subi os degraus de dois em dois desesperado para chegar até o quarto dela e implorar mais uma vez para que ela me escutasse, me deixasse explicar toda aquela merda que eu tinha feito.
— Ele sabia de todos os meus segredos, sabia das coisas que passei com Charles e ainda sim fez isso. — foi o choro vindo de dentro do quarto me fez parar na porta e ouvir a conversa deles. — Eu contei pra ele como me sentia suja e usada, porque Charles me fez dormir com outros homens e logo depois ele vai e faz praticamente o mesmo!
— Não foi assim, Magie! — gritei entrando no quarto e pegando os dois abraçados, enquanto ela chorava contra o peito dele.
— Não foi? Em uma noite eu abro meu coração, te conto todas as minhas inseguranças e na outra você pede ao seu amigo para me levar pra casa e transar comigo. Não foi assim? — ela jogou a verdade na minha cara, se afastando de Luke e me encarando de frente. — Você me jogou na cama de outro homem para conseguir o que desejava, e tudo o que você queria naquele momento era que eu mudasse meu foco de você para ele!
— O que...
— Você fez como ele, quis me fazer dormir com outro cara para conseguir o que queria! — eu nem tinha argumentos para rebater porque eu sabia que ela estava certa, a usei para conseguir algo que eu queria.
— Magie, por favor só fica mais um pouco e vamos conversar. Tudo mudou depois que ficamos juntos, antes disso eu não achei que eu fosse o cara certo para estar com você, minha mente estava uma confusão e eu acreditei que Luke seria a melhor pessoa para você...
— Porque ele fazia programas? Por isso achou que seriamos perfeitos um para o outro? — ela questionou soltando um som de escarnio e então se soltou dele e colocando a mão na mala que estava no canto.
— Não! Por Deus, claro que não! — eu gritei, mas até mesmo Luke estava parecendo desapontado comigo aquela altura.
— Eu sei que é exatamente isso, Alejandro. Você jogou e não sei o que aconteceu depois que te fez me querer, mas isso não muda o fato de que você me usou! — ela respirou fundo e apertou os lábios, achei que ela estivesse tentando se manter firme e não chorar, mas de repente minha Barbie começou a ficar pálida. — Essa conversa está me deixando enjoada.
Dei dois passos até ela querendo ajudá-la a se sentar, mas Magie deu um pulo para trás se afastando de mim.
— Barbie você está pálida, o que aconteceu? O que está sentindo?
— Fique longe de mim! — ela gritou erguendo as mãos e se afastando ainda mais. — Só quero que fique longe de mim!
— Me deixa te ajudar Magie...
— Ele tem razão loira, você está mais branca que o normal. O que está acontecendo? — Luke entrou no meio da conversa e a segurou pelos ombros.
O toque dele não pareceu causar repulsa nela, pois ela ficou tranquila e até ergueu o rosto o encarando nos olhos.
— Só me tira daqui Luke, me tira daqui o mais rápido possível. — ouvi o sussurro dela e me causou ainda mais revolta.
— Não! Ele não vai te levar a lugar nenhum! — protestei tentando chegar mais perto dela, mas dessa vez meu amigo entrou no meio me barrando. — Não vai a lugar nenhum, não sem antes conversarmos e resolvermos isso! Não vou deixar que saia assim.
— Você... você não... — Magie tentou falar, mas se calou apertando as mãos contra a boca dessa vez.
— Cara, dá um tempo pra ela. Espera até que ela esteja mais calma e se sentindo melhor antes de conversarem. — Luke tentou argumentar, mas meus olhos estavam focados nela.
Atrás dele Barbie se curvou e vomitou no chão surpreendendo a nós dois. Luke se virou no mesmo instante e eu me aproximei já agarrando os cabelos e tirando do caminho do vomito.
— Viu só, eu disse que ela não estava bem! — afirmei esfregando as mãos nas costas dela, tentando inutilmente acalmá-la.
— Saiam os dois agora! — minha mãe ordenou aparecendo na porta de forma inesperada. — Me deixem a sós com Magie e vão.
— Mas...
— Sem reclamar, Alejandro! — ela interrompeu meus protestos. — Luke, leve a mala dela para o carro.
Queria abrir minha boca e discutir com ela, mas o olhar que minha mãe nos lançou não estava abrindo espaços para discussão, ela com certeza estava fazendo o melhor e o certo, mesmo que eu não me sentisse assim.
Dei uma última olhada em Magie, que continuava curvada, mas não parecia haver mais nada para colocar para fora. Eu não queria deixá-la ali assim, não queria me distanciar dela nesse momento. Só que as coisas ali não eram mais sobre o que eu queria ou não, ela vinha em primeiro lugar.
— Ok menina, senta aqui. — ouvi minha mãe falando antes de fechar a porta. — Precisamos conversar.