Capítulo 9
1891palavras
2023-07-24 03:46
Minha mãe chegou e Magie saiu correndo do meu quarto, se dona Rosa tivesse demorado um pouco mais eu teria convencido a Barbiezinha que a dor que eu senti não era nada comparada a minha ereção dolorida.
Mas não tinha saído como eu quis, agora eu estava sozinho no meu quarto e repassando o que tinha acontecido ali. Magie confessou que o marido babaca nunca a tinha feito sentir prazer, ela nunca havia gozado com o idiota.
Isso não podia me deixar mais do que feliz, quero dizer era triste ter vivido em um casamento de mais de dez anos, tendo relações com um animal abusivo e que nunca deu um mínimo de prazer para ela, mas ao mesmo tempo me deixava feliz saber que eu era o primeiro cara a fazê-la gozar.
A expressão de surpresa no rosto dela me disse isso, foda-se se inflou o meu ego, estava pronto para fazer ela gozar mais um milhão de vezes, dar todos o prazer que foi negado a ela durante todos esses anos.
— Tudo certo por aqui filho? — minha mãe perguntou me tirando dos meus pensamentos.
— Tudo perfeito. — ela não tinha ideia do quão bem as coisas estavam.
E era melhor que continuasse assim, ou ela começaria a ter ideias casamenteiras e nós dois sabíamos que eu e Magie não tínhamos nada em comum, éramos dois opostos e duas pessoas que só queriam curtir e se render a atração que sentíamos.
— Magie veio aqui? Ou ela está no quarto chorando de novo?
Eu quis rir e dizer que chorar era a última coisa que ela estava fazendo naquele minuto, mas fiquei quieto.
— Ela veio, me trouxe o jantar que ela mesmo fez e foi até o quarto fazer alguma coisa pouco antes de você chegar. — resumi o que tinha acontecido ali.
— Vocês brigaram de novo? — minha mãe questionou estreitando os olhos na minha direção.
— Não, tudo na mais perfeita paz. Eu juro.
— E que marca vermelha é essa no seu peito? — as palavras dela me chocaram e eu desviei os olhos procurando a marca. — É de dente que eu sei! Foi parar aí como?
Esfreguei a marca como se fosse resolver alguma coisa, mas claramente os dentes da Barbiezinha estavam marcados em minha pele.
— Isso aqui n é nada, foi só uma irritação, eu cocei e ficou assim. —insisti, mas minha mãe parecia a inquisição espanhola, quando colocava uma coisa na cabeça ia até o fim. — Não tem nada de dente aqui, pode ficar tranquila.
Ela me ignorou desviando os olhos pelo resto do meu corpo procurando qualquer outra marca, e eu sabia que ela provavelmente encontraria nos meus ombros, onde Magie enfiou as unhas.
Foi por isso que eu tratei de gemer levando as mãos a perna e fingindo estar com dor, só para mudar o foco da atenção dela.
Se Magie e eu íamos ter uma amizade colorida secreta, precisaríamos esconder melhor esses pequenos detalhes, ou nada ficaria em segredo por muito tempo.
— Vou pegar um remédio pra você.
— Não, não precisa. Magie já me deu, eu! — exclamei rápido de mais, fazendo ela franzir a testa em dúvida. — Mãe eu só preciso dormir, foi um longo dia.
Isso pareceu amolecer um pouquinho o coração dela, minha mãe suspirou e se aproximou me ajudando a me acomodar melhor contra os travesseiros.
— Tenha uma boa noite filho. — ela plantou um beijo na minha testa e apagou as luzes pronta para sair. — E juízo!
Eu tinha juízo e muito, se eu não tivesse juízo iria sair mancando daqui até o quarto de Magie e me esgueirar na cama dela, só para terminar o que começamos aqui.
Mas como eu tinha a porra de um juízo fiquei ali, repassando na minha mente a imagem dela gemendo e se esfregando contra minha mão. O rosto perfeito se contorcendo e ficando ainda mais vermelho enquanto ela gozava pra mim. Peguei no sono com uma ereção mais do que dolorida, só para ter uma noite de sonhos quentes com Magie.
Eu tinha planejado uma boa manhã, tranquila e calma pra variar, foi uma surpresa pra mim acordar com Magie abrindo as cortinas do meu quarto enquanto o cheiro de café invadia as minhas narinas.
— É uma bela visão. — falei olhando para o vestido curto subindo enquanto ela destravava as janelas.
— Você é um safado, sabia? — ela se aproximou da cama e colocou a bandeja com o café do meu lado. — Luke quer falar com você, estava meio apressadinho hoje cedo.
— Hoje cedo? Que horas são? — eu não dormia até tarde, sempre abria a oficina cedo.
— Já passa das dez, os remédios fizeram efeito e te derrubaram de jeito. — ela tinha razão, tinha me feito dormir de mais até. — Toma o seu café que eu vou levar a bandeja lá pra baixo antes de sair.
Franzi a testa começando a comer o pão recheado que ela tinha feito, olhei a roupa dela tentando decifrar para onde ela iria com aquele vestido. Até que um estalo me bateu, ela não ia sair pra vender bolos sem que eu pudesse acompanhar, não ia mesmo.
— Onde você vai? — perguntei já sabendo que me arrependeria da resposta dela.
— Vou vender bolo na vizinhança, fizemos o dobro hoje já que os do outro dia venderam rápido de mais. — a empolgação com que ela falou mexeu comigo, era injusto pra cassete que ela não pudesse sair e vender o trabalho dela segura de que nenhum babaca iria mexer com ela.
Mas infelizmente era o que acontecia, não queria nem imaginar o que teria acontecido com ela se eu não estivesse chegado na hora.
— Não vai não. A última coisa que quero agora é algum babaca atacando você na rua. — ela ergueu a sobrancelha esquerda como se não acreditasse no que eu estava falando.
— Quem você acha que é pra me impedir de fazer alguma coisa? — o desafio misturado com raiva transbordou na voz dela e eu até imaginava o por que.
Magie tinha vivido por anos presa naquela casa, impedida de fazer qualquer coisa que quisesse, então o medo de acabar em um lugar igual era compreensível.
— Eu sou um amigo, que não quer que nada de ruim te aconteça. — ela bufou e jogou as mãos pra cima, mostrando que estava irritada, mas não retrucou. — Lembra o que aconteceu, aqueles babacas indo pra cima de você. É disso que estou falando, quero evitar que aquilo se repita.
— E você quer o que? Que eu fique trancada dentro de casa porque o mundo está cheio de homens nojentos e abusivos?
Ela tinha razão em estar chateada, era a porra de uma injustiça, mas eu não podia mudar isso, só podia tratar de protegê-la e evitar que essas merdas acontecessem.
Fui tentar me mexer para me aproximar dela e a dor subiu por minha perna me fazendo gemer e trincar os dentes.
Magie correu até a cama, me empurrando contra os travesseiros e me impedindo de me mexer, o olhar mortal sobre mim era uma ameaça bem eficaz.
— Escuta... Eu não quero que você fique presa. — murmurei sobre a dor. — Se eu pudesse te acompanhar eu iria de bom grado, mas enquanto a porra da minha perna estiver engessada eu não posso fazer isso.
— E eu não posso ficar esperando um guarda costas, preciso trabalhar para ter meu próprio dinheiro, não vou ficar morando na sua casa de favor para o resto da vida só porque sou inútil de mais para não saber fazer nada da vida.
Fechei os olhos respirando fundo odiando a forma como ela falava sobre si mesma.
Eu tinha escutado essa merda enquanto crescia, largar a escola pra ajudar a cuidar dos irmãos acabava com a vida de uma pessoa e eu descobri isso do pior jeito. Ser latino não ajudou muito também, as pessoas me viam como um inútil preguiçoso, ou burro de mais para qualquer coisa que não fosse tirar a roupa.
— Você não é inútil Barbie, já te disse pra parar de falar isso. — agarrei o rosto dela a puxando para perto, querendo que ela encarasse meus olhos até que aquilo entrasse em sua mente. — O mundo é que é mal e podre, quebrado de um jeito que nunca vamos entender. O mundo errou com você desde cedo, não se esqueça disso.
Magie suspirou e mordeu o canto dos lábios, abaixando a cabeça e desviando os olhos dos meus. Era difícil fazer uma pessoa que sofreu o abuso físico e psicológico que ela sofreu entender que não era ela o problema ou a culpada de tudo.
— E o que você quer que eu faça? Que eu fique sentada até você melhorar? Você tem uma vida Alejandro, tem um trabalho, não pode viver atrás de mim como um segurança! — ela exclamou se levantando e se afastando de mim de novo.
— Nós vamos dar um jeito, vamos arrumar uma solução pra isso sem que você fique em risco andando em um bairro que não conhece.
Ela estava prestes a protestar quando o barulho no portão a fez correr até a janela. Uma voz alterada e choro era o que eu conseguia entender de onde estávamos. Mas que o que podia ser agora?
— Acho que é sua irmã mais nova. Pelo menos é muito parecida com ela nas fotos.
— Inferno! Só pode ser briga com o marido outra vez! — rosnei querendo sair da cama mesmo sabendo que não podia.
Ignorei toda a dor se alastrando e me levantei, apoiando meu corpo na mesinha de cabeceira.
— Como assim o marido? Que diabos você está fazendo Alejandro? Que inferno de homem. — Magie agarrou meu corpo me impedindo de dar qualquer outro passo. — Onde pensa que vai?
— Minha irmã precisa de mim, eu tenho que descer! — rosnei, não me importava com nada, com as complicações que teria na perna, no tornozelo, nem com a dor, minhas irmãs eram minha vida desde que eu me entendia por gente e elas só tinham a mim para protegê-las.
Magie piscou parecendo surpresa e por um segundo eu vi ela quase ceder a minha vontade e me deixar sair do quarto. Mas no instante seguinte ela apontou com a cabeça para a cama e me empurrou gentilmente.
— Sua mãe já a colocou para dentro, ela vão subir e você vai descobrir o que está acontecendo aqui, vai resolver o problema daqui, não vou deixar você sair dessa cama.
— Mas...
— Você também precisa de cuidados sabia? Não pode querer ajudar a todo mundo e se esquecer de você mesmo.
Engoli em seco sabendo que ela estava certa, mas era o meu jeito, eu colocava as pessoas que amava em primeiro lugar, não sabia como evitar isso ou fazer diferente.
Eu segurei a lateral do rosto dela, pronto para beijar aqueles lábios carnudos.
— Alejandro! — minha mãe gritou do corredor nos interrompendo.
Ela e minha irmã entraram no quarto e quando eu vi Carla meu estômago se afundou e meu sangue ferveu no mesmo instante. Eu ia matar alguém, ia acabar com o desgraçado!