Capítulo 68
1619palavras
2024-01-10 04:14
Oz
Em um mundo um pouco antigo em uma história onde a humanidade representa um papel de destaque foi a crença em uma divindade que ligada a esperança é o destino que culpamos por nossa miséria já na felicidade é dizendo é nos convencendo que merecemos o que por noites desejamos com fervor que sem ao menos possuir uma mente apegada aos bons costumes homens e mulheres de todas as etnias lutam para ser a melhor versão do que um dia chegou a ser
Dizem que até nas trevas um pouco de luz se infiltra mas e se a escuridão que preenche um coração solitário for tão forte e tão intensa que apagando o brilho da vida o que sobra como atitudes muito questionáveis é a morte como uma fiel companheira? Mathias como o filho primogênito de Sérgio é o seu direito buscar a grandeza como consequência de possuir um sobrenome que carrega grande peso mas foi ainda muito jovem que perdendo a sua mãe para a violência que seu pai impôs que vivendo por muito tempo sob o olhar atento de sua avó que Sérgio nem ao menos reconhecia a mulher que o gerou e seu filho que renegou a favor de fazer de Miguel a sua imagem e semelhança e crescendo para odiar cada vez mais as suas origens foi abdicando as suas vontades que Mathias ficou escondido da vida que levamos
Dois irmãos unidos pelo sangue
Mas tão distante um do outro como poderiam ser
Miguel o odeia seu relacionamento com Mathias nunca foi bom mas é nutrindo uma profunda inveja por não ser o filho mais velho e por tanto ter em suas mãos o direito de comandar a sua família que almejando um status que nunca terá ele fez de seu objetivo fazer tudo que seu pai ordenar para que assim algum dia Sérgio descida passar o comando para quem não muito distante no tempo arruíne tudo que arduamente conquistou
- Eu sei o que você quer - Mathias se volta para mim - Eu soube o motivo de sua visita sem ao menos precisar dizer uma palavra ninguém realmente se importa com a minha avó então desconfiei no exato segundo em que me avisaram que você estava aqui
- Não vamos fingir não é mesmo? - decidindo que ser direto é a melhor tomada de decisão eu não tento trocar mais amenidades - Eu quero a destruição de sua família
- Sim, Sim, Sim. Você não é o primeiro a me dizer isso meu pai e Miguel não exatamente cultivam a boa amizade - torcendo os lábios Mathias parece considerar as minhas palavras
O jardim com suas lindas flores e chafariz de quatro pratos nos proporciona um ambiente sem perturbações e sem um único som é o seu silêncio que me diz que não estou longe de alcançar o meu objetivo já que caso contrário seria a sua recusa em colaborar que teria que refutar para assim o convencer que o seu tempo de inatividade por fim não é mas necessário
- Eu quero que assuma no lugar de Sérgio quero que seja o único a tomar as decisões e por fim desejo que possamos ter uma boa relação nos negócios
Estou propondo muito mais que uma ajuda para subir ao poder
Eu estou oferecendo a camaradagem que uma amizade pode proporcionar
Já perdemos muito dinheiro por que nossas mercadorias não podem passar pelo território de Sérgio assim como já tivemos prejuízos por conta de nossa inimizade meu pai para revidar a sua hostilidade ele a toda oportunidade faz do pai de Mathias um homem irritado quando para se vingar nossa família intercepta as suas mercadorias
Ao todo eu diria que ambos iremos nos beneficiar com esse acordo
- Você quer uma aliança?
- Sim eu não vejo o ponto em permitir que a rivalidade dos nossos pais também se estenda a nós
Se meu pai soubesse o que estou fazendo ele surtaria
Olhando para o caixão a velha senhora que deitada ela esta inapta para a vida ela enquanto consciente foi o seu amor e promessa de carinho que mantiveram Mathias em uma coleira enquanto encara a mulher que o criou o homem diante de mim parece indeciso por que é ainda sob os efeitos do luto que sua mente perdida para a dor ele ainda não consegui ir contra ao que foi ensinado para ser e nem concordar com o que a sua natureza pede
- Eu não sei o que fazer - ele admite
- Deixe que por hoje você lamente a sua perda chore, grite e sofra por quem não tem mas ao seu lado amanhã é um novo dia eu irei esperar a sua resposta - colocando uma mão em seu ombro eu o aperto levemente - Eu realmente sinto muito que esteja sozinho Mathias sua mãe partiu muito jovem sua morte não pode ser lembrada já que era muito pequeno mas saiba que sua avó fez o possível para que se sentisse verdadeiramente amado
Hum...
Eu estou dizendo as palavras certas?
A pesquisa que fiz dizia que Mathias era muito apegado a velha
- Sim - se segurando para não voltar a chorar Mathias toma para si uma expressão dura - Ela foi a melhor
- Descanse um pouco e tente se alimentar
- Pare Oz eu não sou ingênuo eu sei que você não esta realmente preocupado comigo - suas sobrancelhas se franzem
Bem...
Não estou mesmo
- Não somos inimigos e por tanto eu não desejo seu mau só compartilhamos a mesmo dor e por isso sei o que o luto pode fazer meu pai até hoje não superou a minha mãe e é com um olhar de saudades que ele me fez miserável já que foi eu quem a matou
Isso está funcionando?
Me desculpe mãe mas eu preciso usar o nosso passado triste
- Ela morreu no parto - Admito - Você pode imaginar o tamanho da minha culpa?
- Sim certo - bufando Mathias revira os olhos - Eu já entendi nenhum de nós dois conhecemos nossas mães agora o que devemos segurar a mão um do outro e sentar para lamentar?
- Não eu não penso assim - tento me recompor e limpando a garganta eu continuo - O que espero de nosso acordo é o fim na inimizade que cultivamos você ainda sofre por sua avó e por isso não vou pressiona-lo mas desejo que possa tomar uma decisão e juntos possamos comandar boa parte do estado
- Eu vou pensar sobre o assunto assim que souber o que fazer eu entrarei em contato
É
Isso é o melhor que vou conseguir por hoje
- Ficarei em espera - direcionando um último olhar a pequena idosa que repousa na morte eu o dou as minhas costas e caminhando para longe eu só posso imaginar o tumulto de seus pensamentos já que dividido entre o que foi ensinado pela mulher que mais ama nesse instante Mathias deve escolher entre se esconder ou se mostrar na luz para colher os frutos de sua herança
Meus passos seguem para uma única direção e ainda lembrando e relembrando que usei a minha própria mãe para manipular um possível aliado mentalmente eu começo a pedir perdão meu pai se soubesse ele faria de suas ações um modo de me disciplinar afinal usar a mulher que por anos vem amando não é o correto mas é sabendo dos limites estabelecidos e o quão alto são as minhas fronteiras que ultrapassar a linha que demarca o certo do errado já virou uma ocorrência quase que diária
- Davika - a chamo no exato segundo em que atingindo os grandes portões eu dou um passo para o lado de fora a brisa gelada sopra os meus cabelos os galhos das árvores que se erguem nas calçadas balançam mas sem a mínima pista de onde minha mulher está a fria sensação que me percorre ao ver seus sapatos jogados em um canto sem qualquer cuidado é o que me alerta que algo está fora de lugar
Não, não, não.
Isso não pode estar acontecendo
O medo a raiva e o desamparo por saber que um bem tão inestimável foi arrancado de mim ameaça prevalecer sobre a razão e é me agachando que segurando o seu sapato meus olhos se fecham quando a percepção de que deixar os sentidos humanos de lado se faz tão necessário que chamando em meu interior a voz que proclama a destruição eu já entendo que sangue será derramado quando ao me reunir com Davika ninguém ficará de pé para lamentar as suas escolhas
Não
Eu só darei poder a uma ideia que nunca está distante
- Não vou permitir que sofra qualquer dano - me levantando de onde estou agachado é observando uma das câmeras de segurança de Mathias que com a clara intenção de aniquilar quem ousa tocar no que é meu que suas transgressões só poderão ser pagas com a morte
Davika ficara bem
Ela precisa ficar
As sombras que por anos lutei para afastar do meu coração nesta noite com a lua como testemunha não tenho como impedir que intenções obscuras se apodere do que sou hoje os enganos as mentiras e a trapaça que nunca estiveram distantes nada mais funcionaram como uma bela cobertura mas é arrancando a imagem de bom garoto que me permitindo influenciar pela energia nervosa que percorre cada parte do meu corpo que a mascará cuidadosamente colocada em meu rosto cai para assim eu venha a luz com todas as minhas trevas
- Está na hora de caçar - sussurro ao voltar para a casa de Mathias e passando pelos portões é quando dou a largada