Capítulo 35
1312palavras
2023-08-11 09:03
Depois da longa e silenciosa viagem até sua casa, Lancelot parou o carro em frente a um pequeno prédio.
Ele desligou o carro e olhou para ela novamente.
"É aqui?", ele perguntou, só para ter certeza.

Roxanne acenou com a cabeça. Ele suspirou fundo e relaxou no banco do carro.
Ela não havia dito uma palavra desde que ele apareceu. Ela também não demonstrou nenhuma emoção: nem gratidão, nem raiva, nem aborrecimento. Ela apenas continuou a olhar para um ponto fixo.
"Obrigada, por me deixar em casa", ela finalmente falou. Lancelot apenas conseguiu assentir com a cabeça antes de observar ela sair do carro.
Mas, de jeito nenhum, ele não iria deixá-la sozinha com seu atual estado.
Então, ele abriu a porta do carro e saiu também.
Roxanne observou o homem sair do carro enquanto também. Ele caminhou lentamente em direção a ela. Seu corpo, alma e mente registravam o som de cada passo dado por ele. A presença dele ao seu redor parecia aguçar seus sentidos o tempo todo, pois ela sempre estava atenta a tudo, até o padrão de sua respiração.

Sua sobrancelha esquerda se ergueu em duvida.
"Eu preciso ter certeza de que você está bem".
"Eu tô", ela respondeu, mordendo o lábio inferior.
Os olhos de Lancelot analisaram os lábios dela. Seu pequeno gesto foi mais do que suficiente para deixar Ziko excitado.

Ele desviou os olhos dos lábios dela. Esse não era o momento nem lugar para pensar nessas coisas.
"Acho que não tá, vamos".
Roxanne franziu a testa. Ele estava fazendo isso de novo, dando ordens como se ela fosse sua criada. Antes que ela tivesse a chance de reclamar, Lancelot agarrou seu braço direito e se virou para a porta.
Ela não podia fazer nada além de seguir ele. Ela tinha que ficar quieta. Ela não podia começar a chorar.
Quando ela abriu a porta e acendeu as luzes, Lancelot entrou junto com ela. Era um espaço pequeno com quatro sofás, uma mesa de centro e uma televisão. À direita ficava a cozinha e à esquerda uma escadaria.
Toda a casa dela não tinha metade do tamanho do quarto dele, ele percebeu. Antes que ele olhasse para ela. Ela se acomodou em um dos sofás e continuou quieta.
Lancelot ficou perturbado ao ver ela de mau humor. Em silêncio, ele foi até a cozinha, abriu a geladeira e pegou uma garrafa de água para ela. Quando ele entregou a ela, ele viu que ela ficou surpresa.
Roxanne foi pega de surpresa. Primeiro, ele a expulsou de sua empresa. Depois, ele magicamente apareceu no restaurante e a resgatou de Jeremy, depois a levou para casa, insistiu em ficar com ela e serviu-lhe água.
O que estava acontecendo?
Ela não conseguia mais se conter. Sua curiosidade era maior do que a vergonha. Mas quando ela abriu a boca para perguntar, ela escutou alguém bater na porta.
O olhar de Roxanne se desviou para a porta.
Ele se virou para ir abrir a porta. Roxanne ia protestar, mas, mais uma vez, não conseguiu encontrar forças para fazer isso.
Lancelot foi até a porta e a abriu ligeiramente.
Seu olhar ficou rígido ao ver a figura masculina na frente dele.
O que ele estava fazendo aqui?
Roxanne se perguntou por que Lancelot estava parado em frente á porta. Talvez fosse um vizinho.
Com esse pensamento, ela se levantou e caminhou até a porta.
Quando os olhos de Jonah pousaram nos dela, o coração de Roxanne desmoronou.
Poderia ficar pior?
Jonah passou por Lancelot e correu em direção á Roxanne.
Pela expressão do seu rosto e pela firmeza dos seus passos, ela sabia que ele não estava bêbado. Esse não era outro erro de embriaguez, ele foi para a casa dela de propósito, mas pra quê?
"Jonah..."
"O que ele tá fazendo aqui?!", Jonah reclamou, apontando o dedo para Lancelot, que estava parado na porta. Seus olhos se moveram para ele, e de volta para Jonah.
Aquilo era demais para ela, simplesmente demais.
"O que você está fazendo aqui? Vá embora agora, ou eu vou chamar a polícia", Roxanne falou calmamente. Não importava o quanto ela queria gritar, ela parecia não ter vontade de fazê-lo.
Os olhos de Jonah escureceram ao olhar para ela. Ele soltou uma risada amarga enquanto se aproximava dela.
Lancelot estava parado na porta, observando tudo em silêncio. Ele deixaria Jonah falar, mas se ele ousasse tocar nela, ele se livraria dele.
Roxanne deu um passo para trás quando Jonah se aproximou dela.
"Você está trans*ndo com ele agora?"
Os olhos de Roxanne se arregalaram de choque e desgosto. Sua falta de vergonha a irritou mais do que qualquer outra coisa.
"Como você ousa?"
"Você não pode confiar nesse homem! Roxanne acredita em mim. Nós não éramos apenas amantes, você era minha melhor amiga. Eu sei que estraguei tudo e te machuquei muito, mas isso não mudou o fato de que eu amo e me importo com você... esse homem é um mentiroso e ele vai te machucar, você tem que acreditar em mim".
Atrás dele, Lancelot riu amargamente.
"Uma acusação e tanto, vindo de um infiel".
Foi alto o suficiente para Jonah ouvir. Ele se afastou de Roxanne e concentrou sua atenção em Lancelot.
"O que você disse?", Jonah perguntou, avançando firmemente em direção a Lancelot.
Lancelot não se mexeu, apenas ficou parado, ele ergueu uma sobrancelha enquanto observava Jonah avançar em sua direção. Oh! Como ele desejava que Jonah impusesse a mão sobre ele. Isso lhe daria um bom motivo para mandar o nariz e a mandíbula do homem para o chão.
Roxanne, de repente, começou a se sentir tonta de tanta raiva. Ela não aguentava mais. Todos precisavam deixar ela em paz.
"Saia daqui agora!", ela finalmente gritou, mandando Jonah ir. Ela agarrou seu pulso direito, ganhando um olhar de choque dele.
Com o resto de sua energia, ela o levou até a frente de sua porta e o atirou para fora.
Jonah ficou pasmo, nunca tinha visto Roxanne ficar com tanta raiva antes.
Ela não disse mais nada enquanto batia a porta no rosto dele. Ela colocou as costas na porta depois de fechá-la.
Finalmente, ela soltou as lágrimas que estava segurando.
Ela correu até o sofá e deitou nele. Ela pressionou o rosto contra as palmas das mãos e chorou amargamente.
"Eu tô cansada, muito cansada", ela continuou a chorar amargamente.
Lancelot foi até ela. Ele se abaixou para abraçar ela enquanto ela chorava.
"Se você quiser uma saída pra tudo isso, há um trabalho pra você", ele pronunciou em voz alta.
Com os olhos cheios de lágrimas, Roxanne olhou para ele. Ele estava realmente oferecendo a ela um emprego?
Quando ela olhou para ele, Lancelot continuou.
"Em Londres".
Londres? Os olhos de Roxanne se arregalaram quando ela se afastou dele.
Vendo a hesitação dela, Lancelot se levantou, endireitando a postura e enfiando as mãos nos bolsos.
"Eu mando uma mensagem pra você com o endereço do hotel que eu tô hospedado, se você estiver interessada nos detalhes", ele deu uma última olhada ao redor da casa, ele não queria deixar ela assim, mas ele tinha que deixar ela sozinha, pelo bem de sua sanidade.
Ele a fitou novamente.
"Você pode decidir antes de amanhã".
Com isso, ele se afastou dela e se dirigiu até a porta. Ela não disse nada, apenas o observou em estado de choque.
Quando ele segurou a maçaneta da porta, ele se virou para ela.
"Roxanne, eu não vou perguntar de novo".
Com isso, ele foi embora. Ela mudou de posição quando a porta se fechou, zombando em descrença.
Ele tinha acabado de pedir a ela que se mudasse para o outro lado do mundo? E saiu da casa dela como se isso não significasse nada?
Ela se recostou no sofá, finalmente grata pelo silêncio.
"O que têm de errado com esse homem?", ela se perguntou.