Capítulo 31
1313palavras
2023-08-07 15:38
Ele não sabia o que fazer quando ouviu aquelas palavras que saíram da língua dela e atingiram seus ouvidos como um estrondo.
'Eu me recusei a tr*nsar com ele!', o que ela gritou alto ecoava em sua cabeça.
Ele fez uma pausa, parou de andar.
Cada elemento do tempo congelou para ele. Sua mandíbula se apertou, seus dentes cerraram, e ele escondeu seu punho que estava fechado dentro de seus bolsos para que ela não os visse.
Então, ele se virou para ela.
Ele tinha pensado que ela era uma covarde, uma mentirosa pelo que havia feito. Mas, agora que ela estava ali, visivelmente perturbada e com uma dor que só ela poderia compreender.
Ele percebeu que tudo o que ela havia falado poderia ser verdade. Havia dor, desespero e feixes de memórias que ela queria apagar da sua mente.
Ele estava com raiva. Mas, dentro dele, Ziko rosnava inquieto.
'Como é? Quem quer que tenha ousado se aproximar dela dessa maneira pagaria por isso.'
Mas, ele não podia amolecer agora. Ele ainda não tinha sentido a satisfação por ter se vingado.
E assim, quando ele abriu a boca para falar, ele o fez se certificando de que iria machucá-la ainda mais.
"Mentirosa. Se isso fosse verdade, eu saberia", ele deixou escapar, virando as costas para ela imediatamente. Se ele assistisse seu desamparo, ele não seria capaz de continuar sendo maldoso com ela.
Ao falar isso, ele se afastou dela e não se virou mais. Ele havia decidido não olhar para ela.
Quando chegou onde seu carro estava estacionado, Peter, sentiu o mau humor de seu chefe, e achou melhor abrir a porta para ele.
Peter se afastou para trás depois de abrir a porta por dentro, se recostou no banco de couro, observando Lancelot em silêncio.
Lancelot entrou no carro e fechou a porta com firmeza. Peter esperou que seu chefe desse alguma instrução para ele, mas ficou claro em sua expressão facial que ele não estava disposto a falar.
Peter suspirou fundo e se inclinou para o banco do motorista.
"Vamos para o hotel onde o chefe está hospedado, por favor. Hotel e suítes na Romênia", ele disse em voz alta, antes de se recostar no banco.
"Tudo bem, senhor", o motorista disse, ligando o carro.
Lancelot continuou a pensar no que tinha acabado de acontecer. Agora que ele havia ignorado ela totalmente, o que ele iria fazer? Ele havia atravessado o Atlântico de avião só para que ela viajasse com ele para Londres. Ele tinha apenas alguns dias para conseguir isso, mas acabou de dispensar ela da pior forma possível.
Ele pensou sobre muitas coisas. O que ele deveria fazer agora? Talvez ele devesse encontrar ela amanhã e propor a oferta de Londres? Não, isso seria muito estranho, ele não sabia o que Roxanne pensaria de tal gesto.
Mas ele tinha que fazer alguma coisa.
"Eu fiz uma reserva para o senhor jantar no restaurante do hotel. Eles iriam hospedar apenas vinte e cinco pessoas essa noite, eu tinha que ter certeza de que você fosse adicionado à lista. Eu sei o quanto você absolutamente odeia comer comida de hotel", Peter soltou uma risada forçada. Lancelot sentiu calor dentro do carro, apesar do ar condicionado estar mais baixo.
Peter havia falado com esperanças de que Lancelot lhe desse uma de suas respostas espirituosas. Seu chefe sempre dizia as coisas certas nas ocasiões certas. Ele esperava que Lancelot acomodasse seu corpo esguio no banco de couro do carro e relaxasse, ele precisava relaxar.
Mas Lancelot não disse nada. Ele não pronunciou uma única palavra, nem poupou a Peter um dos seus breves olhares.
Tudo o que ele fez foi se sentar no banco do carro e lamentar. Com o maxilar cerrado e os punhos fechados. Qualquer que tenha sido o resultado do encontro do seu chefe com a mulher desconhecida, Peter percebeu que isso não agradou a Lancelot. E essa era a última coisa de que Lancelot precisava agora.
Ele desejou silenciosamente que seu chefe esquecesse de tudo sobre essa mulher e se concentrasse nas coisas mais importantes que tinham que resolver pela frente. No entanto, eles já haviam percorrido por um logo caminho, não faria mal conseguir o que eles foram buscar.
Com esse pensamento, Peter decidiu perguntar sobre a entrevista.
"Então, como foi a entrevista, senhor? O que você acha dos novos recrutas? E a mulher... hum. Qual era mesmo o nome dela...?"
Foi uma pergunta retórica, mas foi a que mais chamou a atenção de Lancelot.
"Roxanne", Lancelot disse o nome dela e nada mais.
'Ótimo', pensou Peter. Esse era um sinal de que a raiva não o havia mergulhado em um abismo profundo a ponto dele não ouvir ou ver ninguém.
"Sim, Roxanne. Como ela se saiu na entrevista?", com essa pergunta, o olhar de Peter pousou no rosto de Lancelot. Ele estava planejando ler todas as expressões faciais que seu chefe expressasse. Era a única maneira de entender Lancelot Dankworth.
Lancelot fixou o olhar na janela e suspirou.
"Eu não acho que isso seja da sua conta", ele falou, categoricamente.
"Você está certo, senhor, não é. Mas, visto que tive que feito grande parte do desempenho para tornar essa reunião possível, pensei que tinha... bem, uma chance de ver ela ter bons resultados".
Peter fez questão de escolher suas palavras com cuidado. Se ele falasse uma frase errada, poderia ser demitido sem sequer levantar o dedo de Lancelot. Quando Lancelot não respondeu, ele viu isso como uma chance de continuar falando.
"Eu trabalhei para você por cinco anos da minha vida, senhor. Nesses cinco anos, aprendi uma coisa, você nunca foi um homem de desistir com tanta facilidade. Quando você quer algo, você vai atrás, vence seus concorrentes, e você consegue o que quer. Se você voltasse lá e chamasse essa garota para sair com você, então não tenho dúvidas de que ela iria embora com você".
Peter falou, sorrindo de forma tranquilizadora. Mas, novamente, Lancelot o poupou apenas com um breve olhar, antes de olhar novamente para a janela.
"Mas, temos um problema que precisa de atenção imediata", Peter falou em voz alta. Ele fez bem em acariciar o ego e a mente perturbada de Lancelot, agora era hora de falar sobre os negócios.
"O quê é agora?", Lancelot perguntou. Sua atenção se voltou para Peter.
"Sobre Albert".
O nariz de Lancelot se contorceu. O que seu primo canalha fez dessa vez.
"Se ele tiver criado outra confusão com os negócios, resolva tudo", ele respondeu, agora desviando o olhar. Albert nunca foi um problema para ele, ele era pequeno demais para criar problemas para Lancelot.
Peter riu nervosamente. Lancelot olhou para o homem novamente.
Algo definitivamente não estava certo.
"Fale logo", Lancelot mandou.
Peter se endireitou, se inclinando para fora do seu assento.
"Recebi uma ligação de James hoje. Albert fez questão de contar a todos os membros da família e a qualquer um que quisesse ouvir, que você fugiu de Londres por medo do que poderia acontecer com você depois que ele te batesse na caçada... ele disse que você fugiu por causa da aposta. Ele contou isso para várias pessoas, e acreditaram nele. Sua mãe não ficou de fora, a Luna está furiosa, e..."
Lancelot queria rir e franzir a testa ao mesmo tempo.
Ele queria rir do quão ridículo seu primo deve ter soado, dizendo todas aquelas palavras id*otas. E ele queria franzir a testa porque havia sido insultado.
Então, Albert se considerava um homem digno da rivalidade? Ele mostraria ao primo que não era absolutamente nada.
"Ache um vôo para partirmos em dois dias", Lancelot interrompeu.
Os olhos de Peter se arregalaram.
"Mas senhor...?"
"Certas pessoas precisam ser lembradas onde deve ser o lugar delas", Lancelot respondeu secamente.
Em dois dias.
Ele partiria.
E ele faria questão de levar ela junto.
Ela era dele, e assim permaneceria. Ela querendo ou não.