Lancelot não ficou surpreso ao vê-la dentro do elevador depois que as portas se abriram. Ele acabou ficando entediado e decidiu ir embora. Afinal, ele cumpriu seu propósito ao ir para a empresa: para fazer ela sentir a mesma dor que ele sentiu depois que ela foi embora da sua cama sem nem deixar um recado.
Nem mesmo a cortesia de um adeus.
Ver ela novamente, o deixou ainda mais estressado.

Por que ela ainda não tinha ido embora? Mas ele não perguntou isso a ela. Em vez disso, ele entrou no elevador e ficou ao lado dela.
Ele evitou o olhar dela.
Lancelot não tinha certeza se Ziko seria capaz de se controlar se seus olhares se encontrassem. Na verdade, ele não estava medo que Ziko fizesse isso, era medo dele mesmo.
Com tudo o que sentia por ela, ele não tinha certeza se seria capaz de se controlar se olhasse para ela.
A última vez que eles estiveram sozinhos juntos...
Ele balançou a cabeça, ele não iria pensar nisso novamente. Ele não pensaria nela.

"Eu não imaginei que você fosse o tipo de homem que não consegue separar a vida pessoal da profissional", ele finalmente a ouviu dizer, com um tom de sufocamento pelas lágrimas.
Lancelot apenas debochou.
Ele não lhe daria nenhuma explicação.
O elevador, de repente, parecia apertado. O calor entre eles crescia a cada segundo.

"Você sabe muito bem que eu sou perfeita para aquele trabalho! Você sabe que eu mereço! Por que você faria uma coisa dessas comigo? O que eu fiz pra merecer isso? Se você tem algum problema comigo, por que não me diz? Por que me punir dessa maneira se você sabe o quanto isso é importante pra mim?!"
Tão importante para não deixar ele ver ela chorar.
Agora, enquanto ela estava de frente para ele, lágrimas escorriam pelo seu rosto. A frustração continuou crescendo dentro dela.
Apesar de sua raiva e lágrimas, ele nem se virou para ela.
Roxanne sentiu seu coração partir em vários pedaços.
"Eu não fiz nada pra merecer toda a crueldade que você está me dando. Eu não fiz absolutamente nada, Lancelot, e você sabe disso!"
As portas do elevador se abriram.
Enquanto ela olhava para sua figura forte, ela o viu se virar para ela.
"Você teria feito pior se eu que tivesse ido embora de sua cama, sem sequer deixar um bilhete de despedida".
Foi tudo o que ele disse, antes de sair do elevador.
Roxanne não pôde acreditar no que tinha acabado de ouvir.
Foi realmente por isso que ele fez tudo isso? Só porque ela foi embora sem seu conhecimento?
O quê, p*rra?
Roxanne o seguiu rapidamente. Ela não se importava com os olhos que a observavam — ou melhor, os dele — ela continuou seguindo ele.
"Sr. Lancelot, por favor, espere!"
"Não temos nada a discutir, Srta. Harvey", ele respondeu, por cima do ombro.
"Você não precisa fazer isso só por causa de uma noite que passamos juntos. Podemos conversar sobre isso com calma!"
"Não quero, senhorita Harvey".
Ele gostava que ela estivesse correndo atrás dele, mas ele desejou silenciosamente que ela parasse de fazer isso.
Agora, eles estavam em frente as portas de saída da empresa.
Dois seguranças abriram as portas para que Lancelot saísse. Roxanne notou como seus olhos pousaram sobre ela, ela os ignorou e correu atrás dele.
"Sr. Lancelot! Por favor, apenas me escute! Eu realmente preciso desse emprego, eu imploro", ela estava chorando incontrolavelmente agora.
Quando eles se aproximaram do estacionamento, Lancelot não parou para falar com ela, nem mesmo se virou para ela.
"Eu te fiz uma pergunta simples, mas senhorita Harvey, você não me respondeu".
Roxanne parou de andar. De tanto chorar a sua visão estava ficando embaçada.
Sua mandíbula se apertou. Se ele quisesse uma resposta, ela lhe daria uma.
"Porque eu me recusei a tr*nsar com ele!", ela gritou de raiva.
Ela não se importava com o que ele pensaria dela agora, o que importava era que ela sabia que estava dizendo a verdade.
Lancelot parou abruptamente. Algo dentro dele se iluminou com a declaração dela.
"Ele me demitiu, porque eu me recusei a tr*nsar com ele, o cara do RH".
A mandíbula de Lancelot se contraiu. A dor em sua voz fez com que Ziko rosnasse.
Ele conseguiu manter uma expressão fria no rosto, enquanto se virava para ela.
A esperança brilhou dentro dos olhos de Roxanne quando seu olhar pousou nela.
Talvez, apenas talvez, ele reconsiderasse e lhe desse uma segunda chance, uma segunda chance de provar que ela era capaz.
Lancelot deu dois passos para ficar mais perto dela, antes de parar.
"Mentirosa. Se isso fosse verdade, eu saberia", foi tudo o que ele disse a ela.
Enquanto seu coração se partia em um milhão de pedaços pelo que parecia ser a milionésima vez hoje, ela o observou se afastar dela lentamente.
Ela não se moveu, ela não conseguia.
Mais lágrimas escorreram dos seus olhos quando ela percebeu que não tinha conseguido o emprego.
Mentirosa. Ele tinha acabado de chamar ela de mentirosa.